Richard Cándida Smith - PUC-Rio



Richard Cándida Smith junho 2010

Department of History

University of California, Berkeley

candidas@berkeley.edu

TRADUÇAO E OUTROS OBSTACULOS PARA

A CULTURA INTER-AMERICANA:

ERICO VERISSIMO NOS ESTADOS UNIDOS

Eu vou lhes apresentar um fragmento de uma investigação mais ampla e ainda inacabada. Eu não tenho respostas às todas das minhas próprias perguntas, se eu jamais as tiver. Hoje a palestra enfoca Érico Veríssimo e a experiência dele nos Estados Unidos. Ele teve uma estreita relação que durou de 1940 até a morte dele em 1975. O livro narrando a primeira estada nos Estados Unidos, Gato Preto em Campo de Neve, é um clássico da literatura brasileira moderna, certo da narrativa da viagem. Ele morava nos Estados Unidos duas vezes por estadas estendidas, entre 1943 e 1945, e posterior entre 1953 e 1957. A filha dele se casou com um norte-americano, e Érico Veríssimo tinha três netos ianques vivendo em Virginia perto de Washington. Claro havia muitas viagens, as vezes bem estendidas, para visitar “o ramo norte-americano da família.” Ao menos dois romances de Veríssimo, os dois escritos no década do 1960, surgiram direitamente da relação que ele tinha com a “grande república da norte”. Além disso, eu vou mostrar que a obra-prima dele, O Tempo e o Vento, que narra a história de uma família do Rio Grande do Sul durante duzentos anos, tomou forma como ele se tornou o primeiro escritor latino-americano a alcançar o sucesso comercial no mercado de livros nos Estados Unidos.

Mas primeiro, eu preciso lhes apresentar uma questão histórica, uma enigma para resolver. Todo mundo, ao menos todo mundo culto, no mundo lusófono conhece o nome de Érico Veríssimo. Ele fica entre os romanceiros brasileiros mais importantes do século XX, provavelmente das todas as épocas. Antes de começar a minha investigação de intercambio cultural entre os Estados Unidos e o Brasil e outros países da América Latina, eu nunca ouvi falar sobre ele. Eu nunca li a obra dele, ou, o melhor de memória, li sobre a obra. Eu tenho lido livros da América Latina por mais de quarenta anos. Claro, eu não sou especialista da história nem da literatura da América Latina, mas eu conheço muito bem a literatura, inclusive romances brasileiras por muitos escritores. Para mim não saber quem era Érico Veríssimo, seria como um brasileiro razoavelmente informado sobre a literatura norte-americana não saber quem Ernest Hemingway ou William Faulkner eram. Dada que Érico Veríssimo foi bem conhecido nos Estados Unidos entre 1940 e 1960, a falta de conhecimento dele hoje em dia no país representa um mistério histórico exigindo uma explicação. Não tenho a certeza que eu ainda tenho uma boa explicação, mas a questão da reputação póstumo de um escritor é só um dos três enigmas.

O segundo centra-se em estratégias para aumentar a tradução de literatura latino-americana nos Estados Unidos entre 1915 e 1965. As datas não são arbitrarias. Os esforços começaram durante a primeira Guerra Mundial. Ao longo dos cinqüenta anos posteriores, organizações filantrópicas, governos e as grandes editoras comerciais trabalharam para remover os obstáculos. Só em meados dos anos 1960, entre os diversos mudanças culturais da época, a tradução dos livros latino-americanos tornou-se comum, e escritores latino-americanos se estabelecerem no mercado de livro norte-americano. Érico Veríssimo teve um papel deste processo, mas é óbvio que ele não foi o vencedor da corrida. Eu acho que para atender a menor questão do que aconteceu com Érico Veríssimo, é preciso responder a pergunta maior de por que havia tantos obstáculos, e andando mais alem, o que os obstáculos significam para a relação das nações americanas e para a relação entre olhares nacionais e trans-nacionais durante o grande parte do século XX.

O que nos leva ao terceiro enigma. Desde os meados do século XIX, pensadores importantes, bem como lideres políticos e jurídicos, falaram de uma nova forma de organizar as relações entre os povos do mundo. Eles falavam em termos de uma esfera pública internacional, onde a sociedade civil poderia controlar como os governos nacionais agem nas relações internacionais. Muito do que eles imaginavam vir a passar, e por causa de trabalho intensivo por quase dois séculos. O laboratório para o mundo do futuro desejado pelos norte-americanos foi a União Pan-Americana. Ao analisar os esforços para construir mercados culturais interamericanos, vemos as ligações entre o idealismo e as práticas do poder, bem como as dificuldades de construção de instituições precisadas para uma sociedade civil internacional a funcionar, uma sociedade civil internacional que poderiam requer que os governos atuar com responsabilidade.

Nós não chegamos lá, mas foi um sonho que motivava muitos, inclusive o Érico Veríssimo que nunca desistiu escrever livros que podem acordar o público dele a ligação entre a vida social com a vida espiritual. Por mais de vinte e cinco anos Érico Veríssimo viu o público norte-americano como um público ele pôde alcançar. Ele funcionou igualmente durantes estes anos como escritor nacional e internacional—igualmente—antes de entender que o público único que ele teve em realidade foi só o brasileiro. Agora, vamos atrás no tempo ao inicio do século XX. 10 mins

Em 1908, o primeiro Congresso Cientifico Pan-Americano reuniram-se em Santiago, Chile. Entre as recomendações do encontro foi que os governos americanos criar uma bolsa para apoiar a tradução. Praticamente nenhum livro do Brasil ou da América da fala espanhola já tinha sido traduzido em inglês, e devida às mudanças no mercado internacional de livros a tradução dos livros norte-americanas em espanhol ou português começou diminuir rapidamente depois 1900. A bolsa nunca chegou, e o intercambio cultural ficou para discutir em dezembro 1915 quando 1.500 delegados vieram a Washington para a segunda Congresso Cientifico. A guerra europea moldava a discussão. Discursos proclamaram que as Américas tinham tornar-se a esperança da civilização. O Congresso acabou com uma declaração que as nações americanas aumentem imediatamente programas coordenados do intercambio cultural. As universidades, as bibliotecas, e os museus foram para assumir a liderança. As organizações privadas filantrópicas, sobretudo a Carnegie Endowment que recentemente tinha terminado a construção de um sistema nacional de bibliotecas públicas nos Estados Unidos, oferecem de pagar programas bem-definidas do intercambio cultural. A iniciativa teve resultados impressionantes ao menos do lado norte-americano:

Em 1915, aulas em espanhol e português praticamente não existia. Até 1925, mais alunos nos Estados Unidos estudaram espanhol do que qualquer outra língua estrangeira (e este continua a ser o caso hoje). Claro menos estudantes estavam aprendido português, mas cursos na língua foram disponíveis em mais de setecentas faculdades em 1925; em 1915 o número foi exatamente três.

Até 1925, mais de mil professores e estudantes pós-graduados por ano estavam participando nos programas para pesquisar e ensinar nos países latino-americanos. Funcionários de museus e bibliotecas receberam bolsas para visitar América Latina e conhecer colegas lá, e, como resultado, algumas exposições de arte vieram aos Estados Unidos e o pais começou aprender mais da cultura das Américas. Atividades iniciadas durante os anos de 1920 definiram os objetivos e os procedimentos do programa de intercambio cultural que depois da segunda Guerra Mundial se tornou em o Fulbright Program. Durante a segunda Guerra Mundial, o governo nacional dos Estados Unidos substituiu as agências filantrópicas como o financiador mais importante. A construção de uma sociedade civil inter-americana que poderia ser forte e independente manteve-se para muitos dos participantes, mesmo dentro do governo, o objetivo esperado, o ideal para acabar, mas o financiamento do governo garantiram que os programas foram subordinados cada vez mais à política externa dos Estados Unidos.

E mesmo a tradução da literatura latino-americana se tornou um interesse do Departamento de Estado. Os esforços anteriores para aumentar tradução não tiveram êxito. Editoras universitárias receberam bolsas filantrópicas para publicar livros latino-americanos. As publicações muitas vezes foram importantes. Por exemplo, em 1922, Columbia University Press em Nova York publicou o primeiro livro jamais de Gabriela Mistral, Desolación, em edições espanhola e inglesa para distribuição simultânea em todas partes das Américas, um evento bem importante para a poetisa chilena e a carreira dela posterior. Mas em geral as editoras universitárias tinham poucos leitores, mesmo entre a população que tinha estudado nas faculdades. Algumas editoras comerciais tentaram publicar livros latino-americanas na tradução. Henry Holt & Co. teve uma série, com romances mexicanos sobre a revolução de 1910, romances argentinos sobre as Pampas e a vida gaúcha, romances por Rômulo Gallegos de Venezuela e também romances por Machado de Assis. Os livros de Machado de Assis foram os únicos na série sem a tema fundamental de uma cultura agrícola, atrasada e violente, mas vital e autêntica, enfrentando-se com a modernidade inautêntica. Até 1940, um duzentos livros por escritores latino-americanos foram traduzidos em inglês e publicados por editoras universitárias ou comerciais norte-americanas. O romance mexicano por Mariano Azuela, Los de abajo teve a maior venda, cerca de 10.000 de copias.

Ao mesmo tempo, o mercado de livros sobre a América Latina por autores norte-americanos cresceu enormemente. O livro de 1914 por John Reed, Insurgent México (México Insurgente), que contou das viagens de Reed com Pancho Villa no meio da guerra mexicana, definiu o padrão: espirituoso, repleto de ação e violência, simpatia para o oprimido e a causa dele, um narrador que aparece ao primeiro visto mais simples do que ele era, ele tem simpatia mas ele sabe também que a pobreza gera uma cultura da crueldade imprevisível. Simpatia e compaixão estão misturadas com reconhecimento das diferenças talvez essenciais entre as culturas das Américas. O jornalista Carleton Beals publicou quase cada ano um livro sobre as lutas sociais na América Latina que tipicamente vendou 500.000 de copias cada titulo. Anita Brenner escreveu uma série de livros sobre a cultura folclórica do México para explicar aos leitores o que faz os mexicanos mexicano; o mais exitoso, Idols Behind Altars (Ídolos por trás dos Altares) vendou mais de dois milhões de copias. O livro mais exitoso da época foi México: A Study in Two Cultures (México: Um Estudo em Duas Culturas) por Stuart Chase que vendou mais de quatro milhões de copias em 1932. Stuart Chase apresentou o México pós-revolucionário como um modelo da reforma social e política o que os Estados Unidos deveriam emular nos meados da Grande Depressão. 20 mins

Dada a disparidade nas vendas entre os livros em tradução e os livros pelos autores norte-americanos escrevendo sobre as Américas, é óbvio que as editoras comerciais preferiam publicar autores norte-americanos que narram dos encontros com outros países. Muitas vezes, talvez tipicamente, os livros norte-americanos sobre América Latina apresentaram perspectivas fortemente criticas dos Estados Unidos, das políticas externas da nação ou mesmo das formas da vida quotidiana. A interpretação das sociedades estrangeiras sempre voltou aos Estados Unidos para perguntar o que somos, e o que podemos aprender das outras nações para melhorar a vida daqui. A literatura contribuirem a construção de formas nacionais de olhar o mundo. O objetivo sempre foi apresentar interpretações da identidade nacional dos leitores. Uma dedução tentativa que podemos fazer a partir do estado do mercado de livros é que um autor estrangeiro para captar grande atenção (ou ao menos grandes vendas) deve ser capaz de dizer aos leitores norte-americanos algo sobre eles mesmo e do pais deles.

O Érico Veríssimo foi o primeiro autor latino-americano que descobriu o segredo e então ganhou o primeiro êxito nos Estados Unidos. Ele começou escrevendo quando a mídia de massa estava desenvolvendo no Brasil. Quando jovem o pai dele perdeu todo o dinheiro e toda a propriedade da família. Veríssimo deixei a faculdade para trabalhar num jornal em Porto Alegre. Ele aprendeu comunicar a um público amplo, nos jornais e nas revistas, e como tradutor de romances policiais norte-americanos. Em 1930, ele publicou o seu primeiro romance para um mercado de livros bem pequeno. Contudo, em 1938, o quinto romance de Veríssimo teve vendas inesperadas de 40.000 copias. O livro, Olhai os Lírios do Campo foi o primeiro “best-seller” na história do Brasil. Nunca antes, nenhum livro conseguiu uma venda igual. O êxito mostrou que um novo leitor estava surgindo no Brasil, um leitor da classe media em vez dos elites bem cultos. O êxito atraiu outros leitores no Bureau of Cultural Affairs no Departamento de Estado em Washington. O nome de Érico Veríssimo aparece no topo da lista de cinqüenta e tantos escritores latino-americanos identificados com o talento para produzir “best-sellers” nos Estados Unidos.

Durante a Política da Boa Vizinhança, o governo dos Estados Unidos quis aumentar intercambio cultural entre os Estados Unidos e outros países americanos. Entre os objetivos foi a promoção da tradução dos livros norte-americanos em espanhol e português. Outro objetivo estabelecido foi apresentar autores latino-americanos aos editores norte-americanos. O objetivo de promover um mercado cultural sem fronteiras serve os interesses econômicos e geopolíticos dos Estados Unidos e teria estender-se o domínio cultural que o Hollywood ganhou nos anos anteriores aos mercados crescentes de livros e revistas. O objetivo declarado foi mais simples, promover contato pessoal entre escritores e editores através fronteiras nacionais. Mais além de Veríssimo entre outros escritores identificados para ajuda do governo norte-americano foram Martín Luis Guzmán de México, Germán Arciénegas de Colômbia, José Lezama Lima de Cuba, bem como muitos jornalistas.

As normas de qualidade literária com que os funcionários de Departamento de Estado estavam operando não foram escritas em nenhum documento. Os memorandas preparados sobre os autores avaliados são resenhas curtas; elas se parecem como obra para cursos universitários na literatura ao nível de graduação. Os funcionários em grande parte foram jovens, sem duvida recentemente diplomados e recrutados para serviço patriótico. O memoranda sobre o Érico Veríssimo identificou o autor brasileiro como o primeiro “best-seller” do Brasil, foi ponto destacado, e continuou com sinopses dos livros, inclusive os livros que Veríssimo escreveu para crianças. O memoranda notou que Veríssimo era do Rio Grande do Sul e o comparou aos escritores nos Estados Unidos que escrevia na vida dos pioneiros no oeste do pais. O autor comparou o Veríssimo com Edna Ferber, uma das escritores mais leidos do dia, autora de Oklahoma, Show Boat, e mais tarde, Giant. Os memorandas foram anônimas, mas o contato de Veríssimo com o Departamento de Estado foi Richard Pattee, cujas cartas mostrou que ele dominou a língua portuguesa. Um detalhe importante, a irmã dele, Dóris Pattee, foi editora na Macmillan Company, uma empresa gigante no mundo dos livros na idioma inglês.

Em 1939, Veríssimo recebeu uma convite do Departamento de Estado para visitar os Estados Unidos, todos gastos pagados. Ele aceitou, e em janeiro 1940, ele fui de barco para uma estada de três meses nos Estados Unidos. Ele visitou todas partes do pais. O relatório da viagem foi publicado em 1941 como Gato Preto em Campo de Neve, também um “best-seller,” com uma venda de 20.000 de copias nos primeiros dois meses. Gato Preto não é investigação profunda do caráter norte-americano como feita por Alexis de Tocqueville ou José Martí no século anterior, tampouco não é uma visão do “futuro” decifrado através os Estados Unidos como escrita por Blaise Cendrars, Aldous Huxley, Evelyn Waugh e outros escritores europeus depois a primeira Guerra Mundial. Veríssimo escreveu um relato pessoal do que lhe aconteceu durante a viagem. Ele se aparece como o homem comum brasileiro explorando um pais que, graças a Hollywood, era muito familiar mas igualmente sempre foi surpreendentemente diferente do que ele imaginava. As novas impressões fomentou mudança de idéias sobre os Estados Unidos, geralmente num sentido mais positivo. Talvez o centro do livro não são os Estados Unidos, mas o Brasil mesmo enfrentando-se a guerra na Europa e divido sobre se os pais tiver que envolver-se nos assuntos mundiais. Críticos brasileiros entenderam bem que o sujeito do livro foi o Brasil, e as descrições dos Estados Unidos permitiram Veríssimo para falar mais livremente, se não abertamente, sobre Brasil no mundo de uma forma que poderia contornar a censura do Estado Novo. Jorge Amado mesmo disse que o livro não tem nada de fazer com os Estados Unidos, por que todo funciona com um critico intenso do Getúlio Vargas.

Neste sentido, o Veríssimo trabalhou dentro das convenções da literatura de mídia de massa para promover um modo nacional de olhar o mundo. Países estrangeiros permitem que nós nos vemos no espelho do outro. O personagem de Veríssimo no livro mostra atitudes que a voz do autor reconhece como “brasileiro,” ela reagiu para todos os compatriotas. Se ele está encantado de encontrar estrelas de cinema, ou ele está chateado quando ele se enfrenta norte-americanos intolerantes da diversidade do mundo, o pior indiferentes e ignorantes, ele reage como ele imagina qualquer brasileiro. Ele repete muitas vezes que os norte-americanos podem aprender dos brasileiros os segredos da vida conciliada e descontraída. Mas tão logo que ele orgulha de harmonia racial famosa do Brasil, ele admite com um pouco de vergonha que as relações entre as raças no Brasil não são tão bons quanto nós, os brasileiros, queremos acreditar. O personagem simples do livro de repente revela complexidades no pensamento, mas sempre com humor leve.

E ele revela também desejos fortes de promover-se e agir dentro de um mundo mais amplo. Ele gostou muito de encontrar os autores que ele admirava, e eles o trata como igual. Como autor é, no mercado de livros ainda não, mas na reunião com os lideres da Macmillan Company, ele aprende que eles valorizam o que ele tem conseguido como autor. Publicação em inglês de repente pode acontecer. Mais alem, eles lhe disseram de dois livros que a empresa de Macmillan já publicou, Gone with the Wind (E o Vento Levou) por Margaret Mitchell, autora do estado de Geórgia totalmente desconhecida antes do que ela começou trabalhando com Macmillan; e How Green Was My Valley (Como Era Verde Meu Vale) por Richard Llewellyn, autor do Pais de Gales também desconhecido antes do que ele se tornou um autor de Macmillan. E os dois livros têm filmes maravilhosos de Hollywood para estimular novos leitores em todos partes do mundo. Lê estes livros, lhe disseram, e pense nas histórias destes autores. Por que um autor brasileiro narrando os conto do povo dele não se torna famoso? Claro, o episodio narrado por Veríssimo nas varias ocasiões durante mais de vinte e cinco anos foi impressionante para ele. De repente o Veríssimo viu que ele poderia participar num mundo muito mais grande do que já tinha imaginado.

Os funcionários do Departamento de Estado estavam emocionados com Gato Preto e com a receptividade dos leitores brasileiro. Eles concluíram que o livro mudou da opinião pública dramaticamente. Os comentários críticos dos Estados Unidos no livro ajudam a causa norte-americana no Brasil porque mostram que o autor foi pensador independente. Veríssimo manteve em comunicação com o Departamento de Estado, e com editores norte-americanas. Ele começou de comprar os direitos dos livros norte-americanos para publicação no Brasil. Ele preparou um livro para crianças norte-americanas de contos folclóricos brasileiros. Macmillan decidiu publicar Caminhos Cruzados em inglês e os editores lá continuaram pedir Veríssimo de pensar num livro grande apresentando a alma brasileira ao mundo enteiro. Em 1943, Caminhos Cruzados estava para aparecer nos Estados Unidos, Veríssimo determinou que uma estada nos pais ao norte seria excelente para a sua carreira e garantiria que os filhos dele dominar o inglês. O Departamento de Estado organizou emprego para ele à Universidade da Califórnia onde ele ensinou e o governo pagou os gastos da mudança para a família. Durante os dois anos da estada, Veríssimo aprofundou a suas ligações com a sociedade norte-americana. Se tornou autor exitoso. Caminhos Cruzados recebiu criticas superiores e mais de 50.000 de copias vendou. Não foi E o Vento Levou, mas segundo os comentários da época e os documentos no acervo de Macmillan, Caminhos Cruzados foi o primeiro romance latino-americano que obteve vendas comparáveis com as dos autores norte-americanos exitosos. Macmillan publicou mais dois romances, O Resto e Silencio e Olhai os Lírios do Campo, cada um alcançou mais de 50.000 de copias em vendas. Macmillan também publicou A Literatura Brasileira, uma série de palestras que Veríssimo deu em Berkeley. 20.000 de copias da história foram vendidos, surpreendente para um livro acadêmico. As resenhas dos livros dele mencionou que Veríssimo foi brasileiro e que o cenário dos livros foi o Brasil. Mas o críticos não discutiram os livros como símbolos do Brasil, menos da América Latina. Eles elogiaram Veríssimo como contador com conhecimento profundo sobre a “condição humana.” Se ele foi símbolo, foi da união toda gente decente contra o fascismo da, das nações do mundo unidas lutando para um futuro sem ditaduras, sem guerra, sem pobreza, uma visão ele projetou com freqüência como portavoz viajante para a Política da Boa Vizinhança.

Ele foi menos conhecido pelo público norte-americano do que Carmem Miranda mas ele deu mais de duzentas palestras em todas partes do pais, ele falou na radio com freqüência, e ele começou de escrever para as revistas de mídia da massa nos Estados Unidos. Nem outro brasileiro pôde falar tão facilmente com o público do pais durante a guerra. Para dar um exemplo da Política da Boa Vizinhança na vida quotidiana, do aspecto alem de ser um estratagema geopolítica, eu vou descrever o evento do março 1944, em Abilene, Texas, uma cidade de cerca 50.000 ao centro do pais do gado e de petróleo. Na terra da Bíblia, Abilene não foi cosmopolita, nem tem muita diversidade. Contudo, 600 pessoas chegaram para ouvir Érico Veríssimo dar uma palestra. Bandeiras brasileiras e norte-americanas adornaram o auditório, junto com equipamento vaqueiro de Texas e do Brasil. Depois de cantar o hino nacional dos Estados Unidos, o público aprendeu a cantar o hino nacional do Brasil em inglês. Em seguida, há um concerto das canções folclóricos norte-americanas e brasileiros com os músicos acompanhados pela platéia cantando a letra em inglês projetada numa tela. Duas canções foram cantadas em português para dar à platéia o som dos originais.

Érico Veríssimo estava próximo no programa. Ele apresentou uma palestra de cinqüenta minutos titulada “Brasil, o gigante gentil.” Veríssimo falou com muitos piados para açúcar, ele disse, as pílulas venenosas de crítico dos Estados Unidos ele sempre teve que dar ao público norte-americano. Ele falou da história de ódio racial e do dano tremendo o sistema da segregação fez ao pais. Ele comparou a violência nos Estados Unidos exigida pelo racismo com a história da mistura racial no Brasil. Ele gostou de falar do trabalho excessivo nos Estados Unidos, da falta da informação correta na mídia norte-americana sobre outros países, e ele ilustrou o argumento com exemplos recentes da representação do Brasil nos filmes e nos jornais Ele concluiu a fala com a esperança que a comunicação entre os dois países vá aumentar rapidamente e que os norte-americanos saibam tanto sobre o Brasil como eles sabem da Inglaterra ou da França. Os seus ouvintes lhe deu uma ovação de pé. O evento terminou com um buffet da “comida brasileira típica” (nenhum cardápio incluso no acervo). 40

Veríssimo escreveu aos amigos que o público gostou muito dele em qualquer comunidade onde ele falou. O relatório enviada a Washington pelo escritório em Texas do Bureau of Cultural Affairs sobre o dia em Abilene elogiou o Veríssimo para sua habilidade como orador. O consenso dos relatórios sobre os portavozes do programa foi que Veríssimo deu os seus ouvintes o sentido imediato da ligação direito com o Brasil. Cidades como Abilene, Texas, foram importantes para os objetivos da administração. O povo lá tinha sentimentos isolacionistas antes da guerra e continuaram de desconfiar-se do mundo externo. Se o novo papel dos Estados Unidos como líder internacional for durar, o governo precisasse convencer o povo de Abilene que eles e os povos dos outros países compartilharem muitos valores e sentimentos. E Érico Veríssimo teve o jeito para ganhar a confiança.

Ele gostou a vida pública da sua vida nos Estados Unidos, bastante diferente da vida mais restrita e privada que ele vivia no Brasil. Quando a guerra estava para o fim em 1945 e o dia de voltar ao Brasil aproximou, ele se perguntou se ele seria mais feliz ficar nos Estados Unidos. Ele ganhou mais dinheiro da venda dos seus livros na América do Norte do que ele ganhou no Brasil. Ele estava escrevendo O Tempo e o Vento e esperava que o livro teria ser publicado simultaneamente em português e inglês. Ele poderia ser escritor internacional como os amigos dele Aldous Huxley e Hendrik Van Loon. Ele poderia ser cidadão do mundo. Ele decidiu voltar em casa, porque ele teve saudade do Brasil, porque ele se preocupou que os filhos estavam tornando-se norte-americanos, e porque Getúlio Vargas já não era presidente do Brasil. O Estado Novo acabou, e Veríssimo quis participar na construção do Brasil democrático.

Macmillan esperava que O Tempo e o Vento teria vendas mais grandes do que os livros anteriores, mas a empresa não conseguiu o objetivo. Os críticos nos Estados Unidos gostaram muitíssimo do primeiro tomo do livro, outra vez umas 50.000 de copias foram compradas. Os editores lá lhe pediram que ele voltasse por outra estada longa para promover o livro. Ele sentiu saudade para a vida nos Estados Unidos e com o Getúlio outra vez no Palácio Catete, Veríssimo outra vez quis fugir. Em 1953, ele e a família voltaram aos Estados Unidos para uma estada sem fim definida. Ele veio para servir em Washington como diretor da Oficina dos Assuntos Interculturais, agencia da Organização dos Estados Americanos. Outra vez, os dias passavam com muita atividade: palestras, entrevistas na televisão e radio, reuniões, testemunha para agencias internacionais. Ele estava dirigindo as atividades do pessoal da Oficina trabalhando em Washington e através o hemisfério. Ele teve responsabilidade para intercambio cultural e intelectual mais também para escolas, clinicas da saúde, escavações arqueológicas, projetos da renovação de edifícios históricos, projetos de construção, e mais alem. Ele disse que não teve tempo para escrever. Não obstante, ele publicou outro romance, Noite, e outra narrativa de viagem, México, e continuou escrevendo os segundo e terceiro tomos de O Tempo e o Vento. Macmillan publicou cada livro em inglês, as vendas ficaram boas, as criticas foram ainda melhores do que livros anteriores.

Durante o década de 1950 houve mudanças grandes no mercado de livros dos Estados Unidos. Os gastos aumentaram, mas os ingressos estavam mais instáveis. Em 1951, Publisher’s Weekly aconselhou aos editores que bom escrever não era bastante para vender livros. Leitores da época preferiram “a terapia de choque.” Mais sexualidade se seja possível mas em todo caso escandalizar. Se um livro tratar tópicos políticos ou sociais, o mais forte a critica os mais leitores procurarem o livro. E houve livros importantes publicados sobre o racismo, a pobreza, a conformidade, o militarismo, o meio ambiente, a discriminação contra mulheres, e muitos destes livros foram “best-sellers.” As mudanças tiveram importância também para a publicação dos livros por autores latino-americanos. Em 1953, os editores de Avon Books lançaram uma nova série dos livros traduzidos da América Latina. Eles escolheram autores para a qualidade da escritura mas igualmente importante foi oposição ao mundo que os Estados Unidos criaram depois a guerra. Os autores Avon Books publicou incluírem Jorge Amado, Alejo Carpentier, Julio Cortázar, mais tarde Gabriel Garcia Márquez e Manuel Puig. A publicidade enfatizou os elementos exóticos, as controvérsias perspectivas políticas dos autores, a critica ultra-radical do mundo contemporâneo que eles fizeram. Participando no “mainstream” da sociedade ou interesse na “condição humana” não venda nada, não vale a pena. E o formula funcionou. Até 1960, autores publicados por Avon Books tipicamente ganhou mais de 300.000 de copias cada titulo. Com alguns autores, inclusive Jorge Amado, houve vendas nas milhões de copias. Interesse na literatura da América Latina saltou depois da revolução cubana, mas o programa de marketing já estava desenvolvido. Outras casas editoriais copiaram o formula, e nos Estados Unidos o grande público descobriu a literatura revolucionária do continente.

A ironia foi que os êxitos anteriores do Veríssimo, o posto da responsabilidade que ele assumiu para promover a cultura da América, e o seu oposição forte às ditaduras todas inclusive comunistas, todos diminuíram a atração dos seus livros aos críticos e leitores nos Estados Unidos. Claro, ele mesmo não gostou dos Estados Unidos que durante a guerra fria se tornaram mais belicosos, complacentes, e feios. Tampouco ele gostou o que estava acontecendo no Brasil, ele se desconfiou de todos os partidos lá. Em vez da cidadania internacional, ele poderia tornar-se homem sem pais, e disso ele não gostou.

Ele deixou o posto em Washington para viver outra vez no Brasil. Ele continuou visitar os Estados Unidos para visitar a filha, o cunhado, e os netos; para dar palestras; para falar com os editores. O debate simultânea que ele teve com a sociedade decepcionante dos Estados Unidos da guerra fria e com os revolucionários latino-americanos inspirados pela revolução cubana moldou O Senhor Embaixador, romance publicado em português e inglês em 1965. Foi o ultimo livro dele publicado nos Estados Unidos e foi o primeiro romance com os Estados Unidos como tema. As criticas foram severamente negativas. Os críticos não entenderam se o Veríssimo apoiar o opor os Estados Unidos. O livro precisa, disseram as resenhas, ser mais fortes, mais cruéis. As vendas foram poucas. O projeto para um filme fracassou. Macmillan decidiu de abandonar Veríssimo e rejeitou o seu livro seguinte, O Prisioneiro.

Este romance de um sargento norte-americano em Vietnã que captura, tortura, e mata em sangue fria um soldado de Viet-Cong perguntou qual processos históricos e psicológicos tornaram “o bom soldado” da segunda Guerra Mundial em monstro a despeito de si mesmo. Por que a militarização de uma sociedade sempre mina a decência pessoal e o respeito para a lei. Talvez outra vez, ele escreveu dos Estados Unidos para descrever igualmente o Brasil porque nesta época, a ditadura militar no Brasil, instalado em 1964 com a ajuda dos Estados Unidos, se enfrentou com uma insurgência esquerdista e decidiu a combater sem lei, sem princípios humanitários. Nos Estados Unidos a análise no O Prisioneiro não foi considerado por falta da tradução na época quando os problemas se intensificaram. Veríssimo ainda teve uma vida norte-americana, mas foi vida privada, foi a vida do avô e nada mais. Macmillan suspendeu a relação com Veríssimo porque a empresa não sabia como comercializar idéias heterodoxas. No período quando o público que leu quis jamais do que nunca livros sobre América Latina, as vozes liberais não cabia num mercado estruturado através diferença radical em vez da busca do entendimento.

Para Veríssimo o mercado de livros no Brasil tinha aumentado dramaticamente durante o meio século da sua carreira. Ele tinha bastante leitores lá, mas ele ficou decepcionado pela falta dos leitores nos outros países, mesmo dentro América Latina. Criticando a ditadura para a conduta da guerra contra os guerrilheiros esquerdistas e para a censura previa, ele poderia contribuir a luta para a restauração da democracia no Brasil porque como “velho” ele se tornou monumento da cultura brasileira, e a ditadura o excluiu junto com Jorge Amado da aplicação da lei de censura previa. Se ele não foi contento nem tranqüilo como cidadão brasileiro, ele achou o público pronto a ouvir o que ele aprendeu da vida.

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