Um sonho de presente - Contos e Historias



disse a minha mãe. — Nessa altura, contas-lhe tudo o que quiseres.

Eu olhei para a avó e ela piscou-me o olho. Estávamos os dois a pensar na mesma coisa...

— O Sebastião tem um presente muito espe-

cial para a irmã — disse, então, a minha avó.

Os meus pais olharam um para o outro e depois para mim, mas não me perguntaram o que era o meu presente. Ainda bem! Porque é só para a Maria.

Então, fui almoçar depressa para, logo a seguir, poder contar o meu sonho à Maria. De repente, fiquei com a certeza de que ela iria entender, pelo menos algumas partes!

E pronto, esta é a história de como eu recebi a minha irmã. Agora, tenho um plano: vou desenhar, pintar e recortar borboletas e pássaros cor de fogo como os que havia no planeta perfeito do meu sonho. Depois, vou colá-los no quarto da Maria. Ela vai adorar!

Se vocês vão ter um mano ou uma mana, podem ficar muito contentes, porque os bebés são incríveis. A sério!

Maria Teresa Maia Gonzalez

Um sonho de presente

Lisboa, Editorial Presença, 2008

Um sonho de presente

Um nome para a minha irmã

Olá! Bem-vindos à minha história!

Eu sou o Sebastião. Tenho 7 anos e aconteceu-me uma coisa fantástica que quero contar a toda a gente:

— Eu acabo de ter uma irmã!

Já há uns tempos que eu andava a pensar como seria bom ter uma irmã, ou melhor, um irmão, porque o que eu preferia era um irmão.

Como toda a gente sabe, as meninas não gostam muito de jogar à bola, pelo menos as da minha turma, e choram imenso quando caem do escorrega, além de que às vezes gritam mais alto do que a sirene dos bombeiros. Por todas estas razões, eu pensava que era melhor ter um irmão – um menino, como eu.

Quando a minha mãe me chamou à cozinha e disse que ia ter um bebé, eu pedi-lhe logo para ser um rapaz. Então, ela chamou o meu

pai e os dois disseram-me que ainda não sabiam como iria ser o bebé. De qualquer maneira, avisaram-me logo de que gostavam tanto que nascesse um menino como uma menina e que até era divertido que fosse menina, porque já têm um filho – eu!

Um dia, a minha mãe foi ao hospital e lá tiraram, com uma espécie de computador, uma fotografia ao bebé que estava dentro da barriga dela. Viu-se, então, que era uma menina... Foi esta a notícia que os meus pais me deram naquela noite, ao jantar.

Primeiro, senti-me um bocadinho zangado, por causa daquilo que já vos contei. Então, fiquei calado durante algum tempo a pensar e, depois, tive uma ideia que transmiti aos meus pais:

— Se, no dia em que a minha irmã nascer, lá na maternidade, nascer também um bebé rapaz, pode ser que os pais dele não se importem de trocar!

Os meus pais olharam um para o outro e não me responderam logo. Depois, o meu pai resolveu explicar-me:

— Não se pode trocar um filho ou filha, Sebastião! Não é coisa que se faça! Nós vamos todos gostar muito do bebé que a mãe traz na barriga. Tanto faz que seja menino como menina! Nunca vamos querer trocá-lo, por nenhuma razão! Vamos gostar tanto do bebé que vai nascer como gostamos de ti.

O meu pai falou com uma cara tão séria que eu achei melhor não dizer mais nada e ficar só a pensar naquilo que ele disse.

Então, antes da sobremesa, a minha mãe sorriu para mim e pis-

Quando a mãe veio ao quarto, viu-me ao pé da alcofa e perguntou-me:

— Então, querido? Já reparaste que a tua irmã é parecida contigo?

Eu não tinha reparado. Não tinha mesmo.

Voltei a olhar para a cara da Maria, muito redonda e rosadinha. Nesse momento, ela sorriu para mim. Tenho a certeza de que sorriu! Talvez me tenha reconhecido do sonho, quem sabe?

— Eu acho que ela é parecida com um coelhinho — respondi. — E é simpática! Acabou de sorrir para mim!

— Os bebés só aprendem a sorrir mais tarde, filho. O que viste não foi bem um sorriso…

Eu ia dizer que foi mesmo um sorriso, sim, mas achei que não valia a pena. Era um segredo entre mim e a Maria.

Então, a minha mãe riu-se e, com cuidado, tirou o bebé da alcofa.

— Daqui a uns dias, já podes pegar um bocadinho na tua irmã, queres, Sebastião?

— Claro!

— Já lhe disseste que foste tu que escolheste o nome dela, filho? — quis saber o meu pai, assim que entrou no quarto, ao lado da avó.

— Ainda não. Não me deram tempo de falar com ela!

— Depois do almoço, podes vir aqui ficar ao pé da tua irmã —

Está parecido com uma barriga, ou melhor, com a barriga da minha mãe.

Do lado direito, desenhei tudo o que encontrei no meu sonho. Fui buscar os meus lápis de cera e pintei tudo com as cores que eu vi.

Para os pássaros com as caudas cor de fogo tive de usar três cores: amarelo, laranja e vermelho.

Para a pele do bebé usei cor-de-rosa clarinho.

Acho que ficou bonito. A minha mãe gostou muito, mas ainda não teve tempo de ir colá-lo no espelho do quarto, onde costuma pôr as coisas que faço para ela e para o pai!

Agora tenho de vos contar como é a minha irmã!

Ela vinha embrulhada numa manta branca e amarela, dentro de uma alcofa que o pai trazia.

Quando o pai pousou a alcofa sobre a cama do quarto, eu fui logo espreitar...

Não é que a Maria é mesmo igualzinha ao bebé que eu vi no meu sonho?!

Só que eu ainda não tinha percebido como um bebé é mesmo pequenino... Julguei que fosse um bocado maior.

As mãos dela são minúsculas! E os pés também! Tem as bochechas rosadas e ainda não consegue abrir bem os olhos, por isso não sei se já consegue ver-me bem.

Acho que ela se parece com um coelhinho acabado de nascer, mas é um bocado mais bonita.

cou-me o olho, porque tinha tido uma ideia:

— Se quiseres, podes escolher o nome da tua irmã, Sebastião!

Eu não estava à espera daquilo e agradeci:

— Obrigado! Vou já tratar disso!

Em seguida, fui a correr para o meu quarto e pus-me a escrever num caderno de capa cor-de-laranja os nomes que eu conhecia. Comecei a lembrar-me das minhas primas, das raparigas da minha escola, das professoras e das vigilantes do 1º andar, que são as que eu conheço melhor.

Acabei por escrever uma data de nomes, embora alguns tivessem erros porque são muito difíceis, como o da senhora Miquelina, que tira fotocópias numa saleta ao lado da biblioteca.

Depois de ter uma folha inteirinha escrita com nomes de rapariga, pus-me a riscar aqueles que não acho muito bonitos. Fiquei apenas com três: Clementina (que é a minha professora de piano e me oferece os meus caramelos preferidos), Rita (a única menina da minha turma que é ruiva e tem tranças) e Maria (o nome da minha avó materna, que é a pessoa mais simpática do mundo).

Rita é engraçado, pensei. Mas... e se a minha irmã não for ruiva e nem sequer usar tranças? Se, por acaso, for loira, como os meus pais e eu, não vou gostar nada de lhe chamar Rita.

Então, já estão mesmo a ver o que escolhi... Maria, claro!

Escrevi o nome, em letras grandes, numa folha limpa do caderno, dobrei-a e fui metê-la por baixo da porta do quarto dos meus pais.

Naquela noite, quando a minha mãe veio dar-me um beijo ao quarto (a minha mãe faz sempre isto, mesmo quando está um bocado zangada), disse que ela e o meu pai tinham visto a folha com o nome.

— E então? — perguntei.

— Então, fica Maria, claro.

— De certeza?!

— Eu não te disse que podias ser tu a escolher o nome da tua irmã, Sebastião?

— Sim, mas eu pensei que talvez tu e o pai preferissem outro nome...

— Decidimos deixar-te fazer uma escolha importante porque sabíamos que ias ter uma boa ideia, filho.

— E se eu tivesse escolhido... Clementina?...

— Bem, nesse caso, teríamos de arranjar rapidamente um diminutivo para chamarmos à tua irmã, não era?... — respondeu a minha mãe, rindo-se. — Agora dorme, que são horas. Bons sonhos, filho!

A escolha do nome do bebé parece que levou o meu sono para longe, porque, naquela noite, eu nunca mais adormecia, o que não é costume. Normalmente, nem chego a acabar a oração ao anjo-da-

-guarda que a minha avó me ensinou e que nem sequer é muito grande.

Na verdade, fiquei muito contente por ter sido eu a escolher o nome que a minha irmã vai ter.

— disse a avó, levantando-se.

Eu fui ver e o bolo já estava enorme e castanho-dourado. A avó tirou-o com cuidado do forno e pô-lo num prato bonito. E eu pensei: é preciso esperar até um bolo estar cozido, como se espera para um bebé nascer. Só que, para um bebé, demora muito mais tempo!

O presente

Hoje foi um dos dias mais bonitos da minha vida. Sabem porquê? Pois, já estão a adivinhar: a minha irmã chegou a casa!

Logo de manhã, o pai telefonou a avisar que ia chegar em breve com a mãe e a Maria. Estavam já a sair da maternidade!

O meu coração ficou aos pulos!

Fiquei mesmo contente! Há tanto tempo que estava à espera da minha irmã! Desde o meu sonho que não a via! Já tinha saudades.

A avó foi preparar o almoço e eu fui fazer um desenho para oferecer à mãe, porque me lembrei de que ela também devia receber um presente de boas-vindas.

Ao desenho que fiz chamei «O planeta perfeito». Tem duas partes. Do lado esquerdo da folha, desenhei o planeta visto de longe.

sei foi que podia contar o meu sonho à Maria quando ela estiver deitada no berço, antes de adormecer. Seria o meu primeiro presente para ela...

— Talvez não seja preciso esperares até a tua irmã saber falar como tu, Sebastião. Eu acredito que ela há-de compreender, de alguma maneira, o teu sonho. E, aquilo que ainda não puder perceber, tu contas-lhe mais tarde. Tenho a certeza de que ela vai gostar muito do teu presente! Sabes, os bebés gostam que falem com eles...

— Eu também gostava, avó?

— Podes crer! Os teu pais iam muitas vezes ao pé do berço e ficavam ali a dizer-te coisas para te fazerem rir ou para deixares de chorar. E a verdade é que tu te acalmavas e sorrias para eles!

— Não me lembro...

— Pois claro. Eras ainda muito pequenino!

— Mas então tu achas que eu posso contar o meu sonho à Maria quando ela vier para nossa casa, e que serve de presente para ela?

— Eu acho que sim, Sebastião. Vai ser um presente muito especial!

— Avó...

— O que é, querido?

— Eu dantes não gostava muito de pensar que ia ter uma irmã, mas depois de a ter visto no meu sonho, estou desejoso de poder pegar nela ao colo!

— Agora, vamos ver se o bolo já está pronto para sair do forno

Nunca tinha pensa-

do em como um nome é importante. Até o que escolhemos para um animal de estimação! Por exemplo, um vizinho que mora no 4° andar do meu prédio tem um basset chamado Salsicha. Claro que toda a gente se ri quando o ouve gritar «Vem ao dono, Salsicha»! Eu nunca chamaria Salsicha a um cão, disso tenho a certeza.

Bem, mas eu não tenho um cão, embora gostasse. De qualquer maneira, o que interessa é que fui eu que escolhi o nome para a minha irmã e parece-me um óptimo nome para rapariga. Espero que ela goste e que, quando crescer, seja parecida com a avó Maria, que isso era o melhor de tudo!

Antes de adormecer, virei-me para o tecto e comecei a imaginar a cara da minha irmã, dentro da barriga da mãe...

O tecto do meu quarto é assim uma espécie de televisão onde vejo o que quero. Tudo o que eu quero!

A certa altura, pus-me a pensar que a minha irmã ainda não sabia que já tinha um nome! Na manhã seguinte, ao pequeno-almoço, havia de encostar-me à barriga da minha mãe e dar a grande notícia! Tinha esperança de que ela me ouvisse e gostasse do nome que escolhi para ela, que gostasse do som do nome.

É que, não sei se vocês já repararam, há nomes com um som muito mais bonito do que outros. O meu, por exemplo, lembra-me uma trovoada. Ora eu gosto de ouvir os trovões, porque me ponho a imaginar o que as nuvens, zangadas, estão a dizer umas às outras, lá no céu, e isso é divertido.

Maria também tem um som bonito. Faz-me lembrar (além da minha avó, claro) uma flor branca – não uma rosa, mas uma das flores pequeninas que os meus pais e eu encontrámos uma vez que fomos fazer um piquenique ao campo, no dia de anos da minha mãe.

Pois é, um nome é mesmo muito importante. Só espero que a minha irmã fique contente com a ideia que eu tive!

O sonho

Ontem acordei muito animado!

Era sábado e, por isso, pude ficar até mais tarde na cama. Normalmente, levanto-me logo, porque tenho fome e quero tomar o pequeno-almoço, que é a minha refeição preferida. Só que ontem fiquei mesmo algum tempo deitado, depois de acordar. Tinha tido um sonho incrível e queria pensar nele para não me esquecer de nada.

Não sei se com vocês se passa o mesmo, mas eu fico sempre um bocado triste quando não consigo lembrar-me de um sonho bom que tive, e isto acontece-me uma data de vezes! Naquele momento, não

resto do teu sonho!

Estava a chegar à parte final e queria contar tudo à avó, sem me esquecer de nada.

— Então, aproximei-me e vi que era uma menina. Quis pegar nela ao colo e trazê-la comigo para fora do lago, mas aconteceu uma coisa um bocado estranha: quando estendi as mãos, ela desapareceu na areia, como se fosse uma conchinha das que surgem à beira-mar.

— E o que fizeste a seguir, Sebastião?

— Bem, ainda fiquei ali algum tempo para ver se a via aparecer, mas depois percebi que tinha de me ir embora...

— Ainda não era a altura de a bebé vir para o teu colo, certamente.

— Acho que deve ter sido por isso que acordei nesse momento, avó. Depois, ainda deitado na cama, pus-me a pensar...

— Sobre o teu sonho?

— Sim, e sobre uma outra coisa: é que eu ainda não tenho nenhum presente para dar à minha irmã quando ela chegar da maternidade!

— E tiveste alguma das tuas ideias excelentes, aposto! — disse a avó.

— Acho que sim, mas não sei se vai dar resultado...

— Diz lá!

— Bem, é que, como tu disseste, os bebés não falam a nossa língua e só outros bebés e as mães os entendem... Ora, o que eu pen-

— Talvez fossem campainhas, papoilas, malmequeres... — ima-

ginou a minha avó, que sabe os nomes de todas as plantas.

— Não sei, mas eram tantas que era preciso ter cuidado para não pisar nenhuma. Então, sem eu estar à espera, aconteceu aquilo outra vez...

— Voltaste a ouvir a tal voz fininha, não foi? — adivinhou a avó, enquanto colocava a forma com o bolo no forno.

— Pois foi. E, como continuava sem ver ninguém, lembrei-me de que talvez a voz viesse do fundo do lago... Ora, como até estava calor, decidi tirar a camisola e os sapatos para dar um mergulho.

— E o que aconteceu então? — perguntou a avó, sentando-se à minha frente, do outro lado da mesa da cozinha.

Eu dei um longo suspiro. A parte melhor vinha mesmo a seguir!

— Oh, foi incrível! — disse eu à avó. — Quando estava lá no fundo, abri os olhos e fiquei muito admirado por encontrar ali um bebé. Um bebé dentro de uma cova na areia! À volta, iam nadando uns peixinhos como os que há no aquário da minha sala de aulas. São uns peixinhos pequenos e cor-de-laranja, com algumas manchas escuras. Então, o bebé que estava na cova da areia começou a falar e eu percebi logo que era a mesma voz que eu tinha ouvido antes, só que, infelizmente, não conseguia perceber as palavras...

A avó explicou:

— Eram palavras de bebé, Sebastião. Só um bebé pode entender as palavras de outro bebé, para além da mãe, claro. Mas conta-me o

queria esquecer-me de nenhum pormenor!

A certa altura, tive uma vontade enorme de ir ter com a minha avó para lhe contar tudo. Então, saltei da cama e fui procurá-la.

A avó Maria estava na cozinha e preparava-se para fazer um bolo...

— Qual é que vais fazer? — perguntei-lhe, já com água na boca, porque os bolos da minha avó são uma das maravilhas do mundo, como diz a minha mãe.

— Um pão-de-ló apetitoso para recebermos bem o teu pai, logo, quando voltar para casa.

— É verdade, onde estão os pais, que ainda não os vi hoje?

— Já foram para a maternidade, porque o bebé vai mesmo nascer hoje, Sebastião...

Fiquei muito animado. A minha irmã estava quase a nascer! Aquele ia ser mesmo um grande dia!

Sentei-me à mesa da cozinha, servi a minha taça com flocos e leite e, antes da primeira colherada, disse à avó:

— Tive um sonho incrível, na noite passada! Queres ouvir?

— Naturalmente que sim, Sebastião! Conta lá, enquanto eu vou preparando a massa.

E comecei a contar:

— Sabes, ontem, antes de eu adormecer, a mãe foi ao meu quarto dar-me um beijo e disse-me assim: «Boa noite, Sebastião. Sonha com os anjos»! A mãe costuma dizer-me isto todas as noites.

Então, antes de ela sair, olhei para a barriga dela, que estava mesmo enoooorme! Parecia uma bola das grandes, como aquela azul e vermelha que levo para brincar na praia. De repente, fiquei com muito sono e, logo a seguir, comecei a ver a barriga da mãe, só que ainda maior! Tão grande que eu não conseguia ver mais nada! E parecia que estava no ar, ou antes, no céu, como... um planeta. É isso mesmo: um planeta!

— Que sonho engraçado, Sebastião! — disse a avó, enquanto separava as claras das gemas para fazer o bolo.

— Mas ainda não acabou, avó — avisei. — O meu sonho foi enorme! Vou contar-te o resto. A seguir, aconteceu uma coisa fantástica: a barriga-planeta começou a girar muito depressa e eu, sem dar conta, saltei para ela e comecei também a girar! Parecia um carrossel, como os da feira, sabes? Foi nessa altura que percebi que ia fazer uma viagem... Primeiro, não ouvia nada, mas não demorou muito até começar a ouvir uma voz fininha de alguém que parecia estar ali perto. Pus-me a olhar à volta. Só que não vi ninguém. Depois, comecei a andar e foi então que reparei no que havia ali naquele planeta...

— E o que é que lá havia, Sebastião? — quis saber a minha avó, enquanto batia as claras para ficarem branquinhas e mais ou menos com a forma de um castelo.

— Reparei primeiro nas borboletas, avó. Não é de admirar: eram maiores do que a minha mão! Eu nem sabia que podia haver borboletas assim. E as cores delas não eram sempre as mesmas, quero dizer,

com a luz a bater-lhes nas asas, iam ficando de várias cores brilhantes, como o pisa-papéis de cristal que está na secretária do escritório do pai.

— Que borboletas bonitas! — exclamou a avó, enquanto deitava as claras batidas na taça onde estava a massa do bolo.

— Pois eram, mas havia mais coisas! Ao mesmo tempo que eu caminhava, voavam sobre a minha cabeça dois pássaros com caudas cor de fogo. Parecia mesmo que estavam a arder! De repente, voltei a ouvir a voz fininha e, quando olhei em volta, mais uma vez não vi ninguém, por isso continuei a andar.

— Com os pássaros a voar sobre a tua cabeça? — perguntou a avó, mexendo o conteúdo da taça com uma colher grande.

— Não. Nessa altura, o que eu vi foram esquilos muito divertidos a brincar na relva, ao meu lado. Ao fundo, uma cascata caía num lago verde-claro e foi para lá que caminhei. Sabes no que reparei nessa altura? É que não se via fumo nem lixo em parte nenhuma! O ar tinha um cheiro bom que fazia lembrar o da mata onde fui passear com os meus colegas e a nossa professora, no primeiro dia de Primavera. Quando cheguei perto do lago onde caía a cascata, encontrei um tapete feito de flores pequeninas e bonitas. Tenho pena de ainda não saber o nome delas…

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