Em e eoom aplicada - Fundação Instituto de Pesquisas ...

issn 1678-6335

FUNDA??O INSTITUTO DE PESQUISAS ECON?MICAS

N? 399 Dezembro / 2013

an?lise de conjuntura

Pol?tica Monet?ria

Roberto Luis Troster

N?vel de Atividade

Vera Martins da Silva

p. 3 Roberto Luis Troster p?e em perspectiva a pol?tica monet?ria e discute

tend?ncias para 2014.

p. 6 Vera Martins da Silva analisa dados procurando elementos que permitam

antecipar o PIB de 2013.

temas de economia aplicada

Escassez de M?o de Obra: Dimensionamento e Caracter?sticas em Empresas no Brasil Parte 2

Angela Christina Lucas, Tobias Coutinho Parente, Wilson Aparecido Costa de Amorim,

Andr? Luiz Fischer

Das Biografias ao Big Data: Fronteiras de Informa??o na Economia da Cultura

Julio Lucchesi Moraes

Medidas Macroprudenciais em Um Modelo DSGE: Ancorando o Requerimento Contrac?clico de Capital

Leonardo N. Ferreira

Expans?o da Gest?o Municipal no Primeiro Ciclo do Ensino Fundamental e Externalidades Positivas Associadas ?s Regras Quanto ? Aplica??o de Recursos da Educa??o

Vivian Amorim

An?lise Espacial do Conhecimento no Brasil: Parte 1 ? Produ??o Cient?fica

Ot?vio J. G. Sidone

p. 9 Angela Christina Lucas e coautores, na segunda parte de artigo, revelam

as principais evid?ncias acerca da escassez de m?o de obra enfrentada por empresas brasileiras.

p. 16 Para Julio Lucchesi Moraes a disponibilidade de estat?sticas para o setor

da cultura ainda ? um fator limitante ? pesquisa.

p. 18 Leonardo Ferreira simula, por meio de um modelo DSGE, os impactos

macroecon?micos de medidas macroprudenciais referentes ao comportamento c?clico do capital.

p. 27 Vivian Amorim avalia os impactos do aumento da propor??o dos alunos

de primeira a quarta s?rie matriculados em escolas municipais.

p. 35

Ot?vio Sidone investiga padr?es espaciais de produ??o cient?fica no Brasil.

As ideias e opini?es expostas nos artigos s?o de responsabilidade exclusiva dos autores, n?o refletindo a opini?o da Fipe

Indicadores Catho-Fipe

Os indicadores Catho-Fipe, desenvolvidos pela Fipe em parceria com a Catho, oferecem uma vis?o mais aprofundada e imediata do mercado de trabalho e da economia brasileira. As informa??es dispon?veis em tempo real no banco de dados da Catho e em outras fontes p?blicas da Internet permitem agilidade na extra??o e c?lculo dos n?meros. Desta forma, ? poss?vel acompanhar a situa??o imediata do mercado de trabalho, sem a necessidade de se esperar um ou dois meses para a divulga??o dos dados oficiais. Todos os indicadores s?o divulgados no ?ltimo dia ?til de cada m?s, com informa??es sobre o pr?prio m?s.

O primeiro indicador ? uma estimativa para a taxa de desemprego calculada pelo IBGE, a Taxa de Desemprego Antecipada. A Fipe calcula tamb?m um ?ndice que acompanha a rela??o entre novas vagas e novos curr?culos cadastrados na Internet, o ?ndice Catho-Fipe de Vagas por Candidato (IVC). Este indicador ? mais amplo do que a taxa de desemprego, porque traz informa??es sobre os dois lados do mercado: a oferta e a demanda por trabalho. Al?m desses dois indicadores, o ?ndice de Sal?rios Ofertados permite o acompanhamento dos sal?rios oferecidos pelas empresas que est?o em busca de novos profissionais.

Maiores Informa??es:

: (11) 3767-1764

: cathofipe@.br

INFORMA??ES FIPE ? UMA PUBLICA??O MENSAL DE CONJUNTURA ECON?MICA DA FUNDA??O INSTITUTO DE PESQUISAS ECON?MICAS ? issn 1678-6335

Conselho Curador

Diretoria

Juarez A. Baldini Rizzieri

Diretor Presidente

(Presidente) Denisard Cn?io de Oliveira Alves

Carlos Antonio Luque Diretor de Pesquisa

Francisco Vidal Luna

Maria Helena

Heron Carlos Esvael do Carmo Pallares Zockun

Joaquim Jos? Martins Guilhoto

Sim?o Davi Silber

Diretor de Cursos

Jos? Carlos de Souza

Santos

P?s-Gradua??o Pedro Garcia Duarte

Secretaria Executiva Domingos Pimentel Bortoletto

Conselho Editorial

Heron Carlos E. do Carmo Lenina Pomeranz Luiz Martins Lopes Jos? Paulo Z. Chahad Maria Cristina Cacciamali Maria Helena Pallares Zockun Sim?o Davi Silber

Editora-Chefe Fabiana F. Rocha

Prepara??o de Originais e Revis?o Alina Gasparello de Araujo

Produ??o Editorial Sandra Vilas Boas

. org.br

dezembro de 2013

an?lise de conjuntura

3

Pol?tica Monet?ria

Roberto Luis Troster (*)

O mercado financeiro brasileiro experimenta um momento de esperas: pelo Ano-Novo, pelo que vai ocorrer no resto do mundo, pela defini??o da pol?tica de pre?os da Petrobr?s e pelos pr?ximos passos do Banco Central. ? uma oportunidade para ajustes.

A expectativa do fim do QE (Quantitative Easing), a pol?tica de juros baixos e compra de ativos pelo Banco Central dos Estados Unidos (FED) fizeram com que a cota??o do d?lar disparasse; houve at? quem projetasse a taxa a R$ 2,70 no fim deste ano.

O estresse foi consider?vel, causado pelas incertezas sobre a trajet?ria do c?mbio e seus impactos na

infla??o e na atividade econ?mica. Felizmente, o pior cen?rio n?o se materializou.

O FED comunicou que as altera??es no QE n?o ocorreriam em 2013, desvalorizando o d?lar no mundo inteiro. No Brasil, a a??o foi refor?ada com um programa de estabiliza??o do c?mbio. A cota??o da moeda norte-americana despencou, a volatilidade diminuiu e os temores dissolveram-se.

Ganhou-se um tempo com menos press?o. Mas ? apenas isso, alguns meses para fazer ajustes. A fragilidade cambial permanece e n?o interessa a ningu?m, um d?lar incerto e vol?til ? ruim para todos. Urge fortalecer o ponto mais fraco

com o exterior, que ? o mercado de divisas.

A estrat?gia do Banco Central do Brasil de estabilizar as cota??es com reservas altas e usando o mercado futuro funciona apenas num quadro de volatilidade moderada, como o ocorrido em agosto. Num cen?rio mais turbulento, como o de janeiro de 1999 ou setembro de 2008, ? inoperante.

? tamb?m onerosa a diferen?a entre a taxa interna e a internacional para carregar as reservas e, mesmo assim, o real ? uma das moedas com cota??es mais vol?teis entre os emergentes. ? poss?vel aprimorar a pol?tica de estabiliza-

dezembro de 2013

4

an?lise de conjuntura

??o da taxa de c?mbio, reduzindo custos e riscos.

A cota??o do c?mbio no Brasil depende de tr?s conjuntos de fatores: a) o ambiente externo; b) o lado real da economia brasileira; e c) a estrutura do mercado de divisas, em especial, a gest?o da liquidez internacional. Sobre o primeiro, nada pode ser feito al?m de se constatar que h? nuvens no horizonte anunciando tempos mais dif?ceis num futuro pouco distante.

O segundo conjunto ? o mais importante; sua din?mica depende de reformas, ganhos de produtividade, gastos e receitas do governo e decis?es do setor privado. H? muito a ser feito, ? fundamental que assim seja. Agravando o quadro, o desempenho macroecon?mico est? aqu?m do potencial e h? conting?ncias.

A mais grave de todas ? a fiscal. A d?vida bruta est? beirando os 60% do PIB; ? o limite considerado como ponto de inflex?o, acima do qual os efeitos dos gastos p?blicos na atividade econ?mica s?o cada vez mais danosos e pioram a percep??o de risco do Pa?s. Mas pouco ou nada ocorrer? nesse front num ano de elei??es.

Todavia, ? no terceiro conjunto, na estrutura do mercado de divisas, que h? distor??es que podem ser corrigidas. A primeira ? a pol?tica de reservas. Na ?ltima d?cada, o governo trocou o endividamento

externo pelo interno. A d?vida externa l?quida do setor p?blico consolidado caiu de positivos 15% do PIB para negativos 15%.

Politicamente, rendeu frutos e at? permitiu que o Brasil emprestasse recursos ao FMI. Todavia, financeiramente, ? caro, muito caro. Trocou-se uma d?vida que custa 1% ao ano (externa) por outra (interna) de 9% anuais. A diferen?a (15% + 15% = 30%) tem que ser paga ou com mais impostos, ou com menos gastos em outros setores, ou ainda com um endividamento maior. ? o equivalente a 2,4% do PIB por ano de recursos pagos a investidores por conta da estrat?gia adotada.

Outra desvantagem financeira ? que, para fechar o caixa, busca-se atrair investimentos em carteira ao Pa?s, mais vol?teis e incertos do que empr?stimos externos que t?m data certa para vencer. Isso obriga a autoridade monet?ria a ter um volume de reservas maior do que o que teria financiando-se com b?nus.

? conveniente desmontar essa estrat?gia, uma vez que o cen?rio ? de que a diferen?a de juros com o exterior permane?a a mesma ou ainda se amplie um pouco e a volatilidade dos fluxos externos aumente.

Uma segunda distor??o ? o processo de forma??o da taxa de c?mbio no Brasil. Ela ? definida pela intera??o de dois mercados: o futuro, flu-

?do e eficiente, e o de negocia??es ? vista, anacr?nico e burocr?tico. Como o primeiro tem comparativamente menos restri??es e volumes maiores, ? o determinante na fixa??o do pre?o do d?lar.

Isso faz com que a cota??o do c?mbio seja determinada predominantemente por fatores financeiros, que s?o mais vol?teis e imprevis?veis. A solu??o ? ampliar o mercado ? vista eliminando restri??es, desburocratizando e, por que n?o, permitindo contas em divisas - d?lares, euros e yuans. Al?m da economia fiscal e fluxos maiores de recursos para o Brasil, observar-se-ia uma estabilidade maior nos pre?os de moedas estrangeiras.

O programa de leil?es de c?mbio, anunciado pelo Banco Central do Brasil, foi um avan?o na dire??o de tornar mais transparente a atua??o da pol?tica cambial. Entretanto, se ao inv?s de volume de vendas, a meta fosse a varia??o m?xima da taxa por dia (por exemplo, 1%) com atua??o simult?nea nos dois mercados (? vista e futuro), haveria uma estabiliza??o maior da moeda nacional por conta da coordena??o de expectativas e um custo menor.

A incerteza sobre as varia??es da taxa cambial s?o mais danosas para a economia do que um patamar um pouco mais alto ou mais baixo. O Brasil apresenta bons indicadores de solv?ncia, reconhecido por analistas e empresas de classifica??o de risco (ratings); entre-

dezembro de 2013

an?lise de conjuntura

5

tanto, a gest?o da liquidez ? anacr?nica: ? do per?odo em que o grau de abertura da economia era baixo e o mercado financeiro menor.

No cr?dito, a press?o pol?tica por juros banc?rios mais baixos, sem uma redu??o de custos (leia-se compuls?rios draconianos, tributa??o distorcida e regula??o anacr?nica), induziu as institui??es a uma escolha ?bvia: se n?o se pode aumentar o pre?o a alternativa ? diminuir o risco. Os n?meros do setor ilustram o ponto.

Os balan?os divulgados e a nota ? imprensa de opera??es de cr?dito mostram um crescimento maior no consignado, no cr?dito imobili?rio e em empr?stimos a grandes empresas em detrimento de opera??es com risco de morosidade maior. Literalmente, os financiamentos bons s?o priorizados e os de risco elevado n?o s?o renovados.

o cr?dito pode ajudar ou atrapalhar o crescimento, depende de como est? estruturado.

A rela??o cr?dito dos bancos privados/PIB no Brasil deveria estar crescendo, uma vez que est? bem aqu?m do potencial; entretanto, nos ?ltimos 12 meses, caiu de 27,85% para 27,41%! ? um fato alarmante.

A realidade mostra, por um lado, que os bancos privados est?o seguindo ? risca pr?ticas hist?ricas para preservar sua solidez e rentabilidade. Por outro, mostra que a pol?tica banc?ria brasileira ? inadequada.

Uma nova estrat?gia para o mercado financeiro ? conveniente, mas n?o s? para ele.

O custo social dessa pr?tica ? alto, especialmente para o pequeno tomador. Em parte, os bancos p?blicos est?o aliviando o problema, mas n?o o suficiente. Uma em cada cinco fam?lias tem contas em atraso e um em cada oito reais devidos no cheque especial ou no financiamento de autom?veis est? em mora.

Numa economia que est? em pleno emprego, ? um absurdo observar inadimpl?ncia t?o elevada nas camadas sociais mais baixas.

Mais grave ? como isso est? afetando o Pa?s. O setor, que tem as condi??es de ser um propulsor da economia, est? se tornando um freio. S?culos mostram que

(*) FIPE. (E-mail: robertotroster@.br).

dezembro de 2013

6

an?lise de conjuntura

N?vel de Atividade: Queda do PIB no Terceiro Trimestre Desanima Expectativas Sobre o Desempenho da Economia em 2013

Vera Martins da Silva (*)

Os n?meros da atividade econ?mica medida pela Funda??o Instituto de Geografia e Estat?stica (FIBGE), para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2013 trouxeram mais des?nimo sobre o comportamento da economia em 2013, apesar da perman?ncia de n?veis relativamente baixos de desemprego no Pa?s. A queda do PIB entre julho e setembro foi de 0,5%, o que, em termos nominais, representa um movimento econ?mico de R$ 1.213 bilh?es. Do ponto de vista dos componentes da demanda, o que mais contribuiu para esse resultado negativo foi a redu??o de 2,2% na forma??o bruta de capital fixo e de 1,4% no desempenho da exporta??o. H? que se notar, contudo, que essas quedas s?o tamb?m fruto da compara??o com resultados positivos no segundo trimestre do ano, quando a forma??o bruta de capital fixo cresceu 3,6%, e a exporta??o, 6,8%. Sob o enfoque da oferta, a queda do PIB reflete a redu??o do setor agropecu?rio em 3,5% e uma atividade relativamente estagnada tanto na ind?stria como nos servi?os, ambos com crescimento de 0,1%. Tamb?m no caso da agropecu?ria, esse desempenho sofr?vel reflete a base de compara-

??o anteriormente favor?vel, quando houve crescimento de 4,2% no segundo trimestre de 2013. Esses resultados indicam que a economia brasileira continua se arrastando e, no caso do terceiro trimestre de 2013, n?o conseguiu nem mesmo repetir o desempenho do segundo trimestre.

Apesar dos dados trimestrais apresentados serem o resultado das estimativas com ajuste sazonal - o que, teoricamente, eliminaria os fatores espec?ficos ao longo do ano, mostrando a evolu??o atrav?s dos trimestres -, uma an?lise dos acumulados no ano deve ser tamb?m incorporada, de modo a se extrair uma tend?ncia mais clara dos rumos da economia. A taxa acumulada ao longo do ano de 2013 em compara??o com 2012 apontou um crescimento de 2,4%, o que n?o ? muito diferente da expectativa m?dia do mercado para o crescimento do PIB em 2013. ?, de fato, um crescimento baixo, especialmente se tivermos em conta que a pr?pria base de compara??o, o ano de 2012, foi um ano de economia fraca, cujo crescimento foi reestimado em 1%. A forma??o bruta de capital fixo, ou seja, o investimento, apresenta no acu-

mulado do ano um resultado positivo de 6,5%. No entanto, esse bom desempenho se apoia numa base de compara??o fraqu?ssima pois, ao longo de 2012, o investimento apresentou seguidas retra??es, de modo que esse resultado positivo indica mais uma recupera??o do que um movimento expressivo de aumento de capacidade produtiva. ? tamb?m um reflexo da postura pouco amig?vel do governo em rela??o a alguns setores produtivos, especialmente aqueles ligados a concess?es de servi?os p?blicos, e tamb?m do baixo dinamismo de outros tantos setores beneficiados com incentivos fiscais, que, ao que tudo indica, n?o t?m sido os bons "campe?es nacionais".

Fica claro, tamb?m, que boa parte do crescimento econ?mico acumulado ao longo do ano vazou para o exterior, com um crescimento expressivo das importa??es, de 9,6%, repetindo uma expans?o sucessiva desde o primeiro trimestre de 2010. J? as exporta??es apresentam trimestres com altos e baixos, em fun??o da ainda presente crise na economia internacional e da baixa competitividade de alguns segmentos produtivos. A aprecia??o cambial, ainda presente, seja

dezembro de 2013

an?lise de conjuntura

7

l? qual for o indicador utilizado, tem uma influ?ncia tanto no crescimento das importa??es como no inst?vel desempenho das exporta??es. H? tamb?m o impacto da pol?tica de conten??o dos pre?os de combust?veis e derivados, o que estimula sua demanda, que tem sido suprida em parte por importa??es, dado alguns problemas na extra??o do ?leo nacional. Al?m disso, os pre?os represados dos combust?veis atrapalham o fluxo de caixa da Petrobras, causando desconfian?a no mercado em rela??o ? capacidade dessa companhia de continuar a operar normalmente e fazer os investimentos necess?rios para viabilizar o petr?leo do Pr?-Sal.

Gr?fico 1 ? Consumo das Fam?lias ? Crescimento do Acumulado no Ano Contra o Acumulado do Ano Anterior ? 1? Tri 2004 ? 3? Tri 2013

O consumo das fam?lias continua sendo um motor de crescimento relevante, apresentando aumento desde o primeiro trimestre de 2004, por?m, j? desacelerando em 2013 (ver Gr?fico 1). Esse crescimento resulta do aumento da formaliza??o do emprego e crescimento dos sal?rios em geral, e do sal?rio m?nimo em particular, que agora possui uma regra de recomposi??o real. Esses dois elementos, associados ? amplia??o do cr?dito, t?m estimulado o consumo das fam?lias, que parece estar se esgotando em fun??o do j? elevado endividamento familiar e aparente equil?brio no mercado de trabalho.

Gr?fico 2 ? Evolu??o de Investimento e Importa??o ? Crescimento Acumulado no Ano ? 1? Tri 1996 ? 3? Tri 2013

O Gr?fico 2 apresenta o crescimento acumulado no ano da importa??o e da forma??o bruta de capital, ao longo dos trimestres, desde o primeiro trimestre de 1996. ? interessante notar como essas duas vari?veis apresentam um comportamento parecido. Isto ocorre pois boa parte das importa??es brasileiras refere-se a bens de capital e mat?rias-primas, cuja importa??o aumenta com a expans?o da capacidade produtiva. Ent?o, o vazamento do crescimento econ?mico para fora do Pa?s n?o ? totalmente negativo, pois representa tamb?m uma situa??o de oferta interna mais competitiva e uma press?o sobre o mercado cambial, para fazer os pagamentos ao exterior, o que ajuda a contrabalan?ar a aprecia??o do c?mbio.

Ainda no que diz respeito ao consumo, analisando-se a evolu??o do consumo da administra??o p?blica, o Gr?fico 3 mostra a oscila??o dessa vari?vel a partir do primeiro trimestre de 1996, per?odo do governo Fernando Henrique Cardoso - quando, em m?dia, o consumo da administra??o p?blica crescia em torno de 1,6% ao ano entre o primeiro trimestre de 1996 e o ?ltimo trimestre de 2003 - e a mudan?a na pol?tica

dezembro de 2013

88

temaans?dliseeedceonconmjuianatuprliacada

econ?mica a partir da administra??o petista, a partir

de 2004, quando a taxa de crescimento praticamente dobrou, passando a 3,3% ao ano.1

Gr?fico 3 ? Evolu??o do Consumo da Administra??o P?blica (APU) - Varia??o Acumulada ? 1? Tri 1996 ? 3? Tri 2013

Se h? diferen?a na condu??o do consumo da administra??o p?blica entre os governos dos dois partidos no poder desde os anos 90, h? uma tend?ncia comum de amplia??o da arrecada??o, especialmente no que se refere aos impostos sobre os produtos, que fazem parte do c?lculo do PIB. Vale lembrar que o Produto Interno Bruto, a pre?os de mercado, ? obtido pela soma do valor agregado gerado pela economia mais os impostos sobre os produtos. O Gr?fico 4 indica que esses impostos variam na mesma dire??o da produ??o, o que ? bastante razo?vel, por?m, t?m uma alta elasticidade em rela??o ao produto, crescendo ou diminuindo de forma mais forte do que o valor agregado produzido. E apesar dos recentes subs?dios ao consumo, notadamente a redu??o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre alguns setores, o conjunto das medidas tribut?rias tem tido como resultado uma cont?nua alta de impostos, o que tem viabilizado o aumento do consumo da administra??o p?blica apontado anteriormente. Ent?o, o ajuste fiscal do governo, em maior ou menor intensidade, tem sido obtido fundamentalmente pela amplia??o da receita governamental. Ser? que a letargia da economia brasileira n?o est? mostrando que esse modelo j? se esgotou? Tudo indica que sim, por?m, dificilmente haver? alguma mudan?a significativa no regime fiscal brasileiro em 2014, ano eleitoral que deve, ao contr?rio, gerar maior disp?ndio por parte do Poder P?blico.

Gr?fico 4 ? Evolu??o do Valor Adicionado (VA) e Impostos Sobre Produtos ? Varia??o Acumulada no

Ano ? 1? Tri 1996 ? 3? Tri 2013

1 O governo Lula come?ou formalmente em 2003, mas, naquele ano, ele trabalhou com o or?amento aprovado pelo governo anterior. A sua pol?tica fiscal efetivamente passou a vigorar no ano seguinte, com a aprova??o das pe?as or?ament?rias de sua equipe.

(*) Economista e doutora em economia pelo IPE-USP. (E-mail: veramartins2702@).

dezembro de 2013

................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download