Abre Horizontes - Porto Editora



Ficha 2 · Aprecia??o críticaLê com aten??o as duas aprecia??es críticas que se seguem, alusivas ao filme Uma RaparigaRegressa de Noite Sozinha a Casa.510152025Texto AUma Rapariga Regressade Noite Sozinha a CasaRealiza??o: Ana Lily AmirpourAtores: Sheila Vand, Arash Marandi, Marshall Manesh?????3707765-1627505Ana Lily Amirpour n?o precisou de muito tempo para mos-trar as garras (ou os dentes, se se preferir). Em “Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa”, aquela que é a sua primeira longa-metragem, a jovem realizadora americana de ascendên-cia iraniana cruza com enorme confian?a e gra?a referências e estilos muito diferentes. A cuidadosa composi??o espacial dos planos, a aten??o votada à música, à ilumina??o e à caracteriza-??o dos atores revela n?o só o domínio da estética e dos códigos de género (o filme de terror, o western1, o noir2), mas também uma originalidade que n?o se fica pelo pastiche3 ou a home-nagem.A atitude crítica e criativa de Amirpour está presente, desde logo, no título do filme, que joga com as nossas expectativas e preconceitos. Em “Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa” n?o é “a rapariga” (Sheila Vand) que corre perigo: ela é o perigo. O típico xador4 negro que a cobre da cabe?a aos pés n?o simboliza a sua submiss?o à lei patriarcal, n?o serve para esconder a sua beleza frágil mas antes para acentuar a natureza fantástica de uma predadora implacável.Totalmente falado em farsi5, o filme passa-se num qualquer subúrbio industrial a que se chamou, simplesmente, “Cidade Má”. Neste cenário desolado, entre bandidos, prostitutas e drogados, v?o-se cruzar dois seres solitários: ele (Arash Marandi), um jardineiro com ares de James Dean, ela, uma vampira muito cool6 que parece saída de um filme da nouvelle vague7.O magnetismo que a atriz empresta à personagem é absolutamente irresistível – n?o só para as suas vítimas como para a própria c?mara, que a segue avidamente.Em “Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa”, a quase ausência de diálogo é, sem prejuízo, substituída pela qualidade do detalhe visual. Como numa pequena alegoria, a ambi-guidade moral é servida pela fotografia a preto e branco onde o sangue se confunde com o batom e o recurso a velhas lentes anamórficas8 estica e distorce ligeiramente a imagem esbatendo os limites entre o bem e o mal. Será este um sinal de esperan?a ou de dana??o9?MAIA, Catarina, 2015. “Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa”. Metropolis, n.? 31, setembro de 2015 (p. 18)51015Texto B?UMA RAPARIGA REGRESSA DE NOITESOZINHA A CASADe Ana Lily AmirpourCom Sheila Vand, Arash Marandi (EUA)Terror M/12ESTREIA A primeira longa-metragem de Ana Lily Amirpour come?a por imporum décor10: o de uma desolada cidade industrial iraniana (trata-se, de facto, deBakersfield, na Califórnia, Estados Unidos), que se deixa dominar pelo vício.? sobre este fundo (fotografado num preto e branco opressivo) que se recortamas figuras centrais do filme: um rapaz sem eira nem beira e uma jovem vampiraque vai matando em série os pecadores da cidade. Na companhia destas silhuetas,vamos esperando que Ana Lily Amirpour desenvolva os vários elementosque p?e em jogo (a condi??o feminina no Ir?o, a adolescência).Mas n?o é preciso esperar muito até que se perceba que o cenário e as perso-nagens s?o só os suportes de um exercício de estilo, onde, à vis?o, se prefere o ‘visual’, isto é: a constru??o de um look11 de filme indie12, que se esgota na sua própria pose. Ficamos assim com um entediante pot-pourrie13 de géneros (o filme de vampiros, o western spaghetti14) […], que n?o olha a meios para camuflar o seu vazio, dando-se até ao luxo de oferecer, em c?mara subjetiva, um ponto de vista a um morto.MARQUES, Vasco Baptista, 2015. “Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa”.E (Expresso), n.? 2236, 5 de setembro de 2015 (p. 71)1. género narrativo caracterizado por cenas de tiroteio e de luta entre cowboys, índios, pistoleiros, etc.; 2. termo utilizado para designar o género fílmico desenvolvido em torno de crimes; 3. imita??o humorística ou satírica; 4. Traje feminino mu?ulmano, de origem iraniana, que cobre a cabe?a e o corpo, deixando o rosto descoberto; 5. Língua persa; 6. descontraída e sofisticada; 7. movimento do cinema francês, dos anos sessenta do século XX, caracterizado pelo intuito transgressor dos filmes, pela juventude dos atores e pela inspira??o na vida de uma individualidade humana; 8. que deformam as imagens; 9. raiva, fúria; 10. cenário; 11. ambiente; 12. desvinculado de grandes editoras ou produtoras e de características menos comerciais; 13. mistura de elementos; 14. género fílmico marcado pelos tra?os de western (cf. nota 1.) mas produzidos e realizados por europeus (inicialmente, italianos).Responde, de forma estruturada, às quest?es apresentadas.1. Os Textos A e B concretizam aprecia??es críticas do filme Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa.1.1. Delimita, em cada um dos artigos, o momento dedicado à descri??o sucinta do objeto em análise.1.2. Conjugando a informa??o recolhida em ambos os textos, sintetiza o argumento do filme.2. Classifica como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirma??es que se seguem, justificandoas que considerares falsas com recurso a elementos textuais.a. Ambos os textos qualificam o espa?o onde decorre a a??o de Uma Rapariga Regressade Noite Sozinha a Casa de forma idêntica.b. O recurso à “fotografia a preto e branco” (Texto A, l. 25) é destacado e valorizado enquanto op??o estética do filme nas duas aprecia??es críticas.c. O Texto A e o Texto B coincidem na caracteriza??o positiva dos protagonistas dapelícula.d. O autor do Texto B coloca em destaque a expectativa criada pelo início do filmerelativamente à hipótese de abordagem de temas de cariz social.e. ? “originalidade” (l. 9) do filme de Ana Lily Amirpour, referida no Texto A, o Texto Bcontrap?e o seu “vazio” (l. 14) de constru??o.f. O autor do Texto B elogia o trabalho da atriz que dá vida à personagem principalfeminina.g. A “quase ausência de diálogo” (Texto A, l. 23) é apontada, no Texto A, como um elemento menos bem conseguido no filme.3. Transcreve passagens de ambos os textos que evidenciem a distinta perce??o e aprecia??o dos críticos em rela??o à combina??o de estilos e de géneros concretizada em Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa.4. Atendendo à aprecia??o produzida ao longo do artigo, interpreta a primeira frase do Texto A,destacando:a. o recurso à express?o idiomática “mostrar as garras”;b. a expressividade do discurso parentético.5. Explicita a crítica feita ao filme nas frases finais do Texto B.6. Explica de que modo o título do filme de Ana Lily Amirpour “joga com as nossas expectativas e preconceitos” (Texto A, l. 12).7. Identifica a express?o valorativa que, na tua opini?o, em cada um dos textos sintetiza a aprecia??o crítica desenvolvida. ................
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