PAPER PREPARATION GUIDELINES - Prodam



|TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: |

|ACESSIBILIDADE À COMUNIDADE SURDA NO CIBERESPAÇO |

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|Juliane Adne Mesa Corradi, Mariângela Braga Norte |

|Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP - Universidade Estadual Paulista, |

|Marília-SP |

|julianeped@ |

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|RESUMO: A globalização, os avanços tecnológicos e a Internet motivaram mudanças em diversas áreas de atuação. O meio digital |

|tornou-se a forma mais utilizada para transmitir, receber e buscar informações através da Internet e de seu sistema de hipermídia. |

|Nesse cenário, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) disponíveis imprimem a necessidade do desenvolvimento de pesquisas |

|sobre as interfaces voltadas para pessoas com deficiência. O objetivo desse trabalho é identificar as interfaces e possíveis |

|tecnologias assistivas que permitam a acessibilidade de sujeitos surdos à sociedade da informação, garantindo o adequado acesso às |

|TICs. Por meio de pesquisa exploratória de análise documental, realizamos levantamento bibliográfico referente à usabilidade e |

|acessibilidade da Comunidade Surda às TICs. Desta forma, apresentamos alguns estudos nos quais as necessidades do usuário e suas |

|preferência são valorizadas dentro dos princípios do “design for all”. |

INTRODUÇÃO

Há trinta anos não existiam indústrias interessadas na produção e vendas bases de dados em linha, tampouco Internet. Entretanto, no contexto atual estamos dominados pela cultura Internet (Robredo, 2003), na qual o meio digital tem sido a forma mais utilizada para transmitir, receber e buscar informações através do sistema de hipermídia.

A realidade informacional contemporânea aponta grandes mudanças no fazer e no pensar do profissional da informação: o fenômeno da globalização, o rápido crescimento das novas tecnologias e a imagem do usuário mais exigente e interativo. (Guimarães, 2004).

Neste cenário, a área de Ciência da Informação tem pesquisado questões relacionadas às tecnologias de informação e comunicação (TICs), destacando aspectos quanto aos conteúdos informacionais que utilizam os recursos tecnológicos como meio de armazenagem, organização, recuperação e disseminação de dados, informações e conhecimentos a diferentes públicos.

A Ciência da Informação (Robredo, 2003, p. 72), deve se preocupar com o comportamento dos usuários e com os meios que utilizam para satisfazer suas necessidades de informação.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) 10% da população mundial são formados por pessoas com necessidades especiais (PNEs). O senso demográfico de 2000 aponta que 24.537.984 brasileiros possuem alguma necessidade especial. Estima-se que deste percentual, 5.750.809 possuem algum problema auditivo. (IBGE, 2003 – disponível em ).

A preocupação com a democratização e não-exclusão social de minorias que usam as tecnologias da informação e comunicação para fins educacionais, domésticos ou profissionais torna-se fundamental e evidente. Tal sistema de exclusão é reforçado por sistemas de livros, edições, bibliotecas, laboratórios científicos e pelas próprias TICs. (Freire, 2003).

A interface de um sistema computacional é o meio pelo qual as pessoas e computadores se comunicam, demandando o uso cognitivo da linguagem. Assim, o acesso dos Surdos ao material digital e TICs é possível aos sujeitos que dominem, mesmo que parcialmente, o português na modalidade escrita. Entretanto, há uma baixa incidência de surdos letrados e as interfaces dos softwares não contribuem para o uso independente e produtivo do sistema. (Freire, 2003).

Assim, no caso da surdez (minoria lingüística envolvida neste trabalho) se faz necessário identificar recursos tecnológicos que permitam a inclusão desses sujeitos e sua acessibilidade no ciberespaço.

2. OBJETIVO

O objetivo desse trabalho (em andamento) é identificar as interfaces e possíveis tecnologias assistivas que permitam a acessibilidade de sujeitos surdos letrados à sociedade da informação, garantindo o adequado acesso às TICs.

3. MÉTODO

A presente pesquisa apresenta-se como exploratória baseada em análise documental. Neste artigo, mostraremos o levantamento bibliográfico referente à usabilidade e acessibilidade da comunidade Surda letrada às TICs.

Para tanto, foram utilizadas diversas fontes de informação como referência:

• livros (vide referência);

• dissertação de mestrado de Eduardo Tanaka (2004), disponível em http:/pan.nied.unicamp.br/~hagaque/

• periódicos eletrônicos disponíveis em ;

• Anais do I e II Seminário ATIID – Acessibilidade, Tecnologia da Informação e Inclusão Digital, São Paulo-SP, 2001 e 2003 (respectivamente), disponíveis em ;

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados apresentados neste trabalho quanto à usabilidade e acessibilidade à comunidade surda no ambiente digital, motivam a reflexão sobre o papel do profissional da informação neste contexto, além da relação entre estes conceitos na efetivação da inclusão digital a partir do princípio do design for all.

Torres e Mazzoni (2004) observaram que no projeto de conteúdos digitais hipermídia usados com intenção de aprendizagem, são importantes dois critérios de qualidade: usabilidade e acessibilidade.

Usabilidade pode ser entendida como o grau de facilidade de uso de determinado produto por um usuário não familiarizado com o mesmo.

Acessibilidade consiste em considerar a diversidade de seus usuários e suas potencialidades na interação produto-pessoa. Tais potencialidades podem se manifestar em relação às preferências, às restrições à qualidade do equipamento utilizado ou quanto à existência de necessidades educativas especiais, as quais não devem ser ignoradas.

No contexto e projeto de páginas Web, a acessibilidade pode ser considerada como uma medida facilitadora no acesso, leitura e entendimento das páginas, garantindo que uma ampla variedade de usuários e de dispositivos possa acessar a informação. (Accessibility, 2002 apud Tanaka, 2004).

Com isso, usabilidade e acessibilidade agregam qualidades a um conteúdo digital, em que as possibilidades deste espaço, criado pelas TICs tendem a proporcionar o atendimento a distintas formas de interação das pessoas com a informação, considerando suas preferências e limitações.

Discutir esses dois aspectos corresponde à aplicação do

princípio de design for all (desenho para todos), procurando beneficiar um conjunto vasto de usuários da rede.

É importante destacar que, quando tratamos de acessibilidade de um conteúdo digital, não nos restringimos à necessidade de um usuário em específico. O que este estudo visa é focar tecnologias assistivas e interfaces voltadas para a inclusão da comunidade Surda no acesso à informação, considerando a globalidade e diversidade de usuários e a não-exclusão de minorias.

Neste aspecto, encontramos o W3C (World Wide Web Consortium, ) e o Bobby Approved como requisitos de acessibilidade. Estes possuem selos que visam avaliar a qualidade de páginas na Web. O Bobby é o pioneiro no tema e o W3C disponibiliza três graus distintos de qualidade reconhecidos internacionalmente. (Torres e Mazzoni, 2004).

O W3C atua como gestor de diretrizes da Internet. Apresenta algumas recomendações tanto para a construção de páginas na Web, quanto à disponibilização de documentos no espaço digital, incluindo ainda documentos de interesse público, seja em bibliotecas ou suportes digitais (cd-rom, disquete, DVD).

As duas recomendações básicas do W3C referem-se a (Torres et al., 2002):

• Assegurar uma transformação harmoniosa da informação: compreende a apresentação da informação de mais de uma maneira;

• Fazer o conteúdo compreensível e navegável: usar estímulos simples, observar a estrutura lógica do documento (compreender os diversos pontos de enlace), evitando que o usuário não compreenda a informação.

A flexibilização da apresentação em formas distintas (textos, imagens, som) é considerada por Torres (2004) uma questão de necessidade e de preferência do usuário.

Assim, a acessibilidade à informação se efetiva na combinação entre apresentação de formas múltiplas com o uso de ajudas técnicas (sistema de leitura de tela, sistemas de reconhecimento da fala, simuladores de teclado) que viabilizam as habilidades dos usuários com limitações associadas às deficiências orgânicas.

Jordan (1998 apud Torres e Mazzoni, 2004) aponta dez princípios relacionados à usabilidade na produção de conteúdos digitais, os quais serão brevemente citados: consistência (conteúdos digitais devem guardar semelhanças entre si, evitando desperdício de tempo na exploração do novo ambiente); compatibilidade (hábitos adquiridos interferem na interação do usuário); recursos do usuário (devem-se evitar sobrecargas sensoriais); feedback (conteúdos digitais não-acessíveis proporcionam ausência de feedback a quem os acessa mediante ajuda técnica); prevenção e recuperação de erros (aconselha-se confirmar ações de resultados mais determinantes, facilitando a compatibilidade do usuário com outros ambientes digitais); controle do usuário (o usuário deve ter autonomia, controle e interagir com o produto); clareza da informação apresentada (qualidade e precisão da informação transmitida, devendo ser percebida pelo usuário sem equívocos); priorização da funcionalidade e da informação (utilizar recursos sonoros, de animação e visual na elaboração de conteúdos digitais sem sobrecarga de informações, podendo tal informação ser acessada também na ausência de tais recursos); transferência de tecnologia (um produto eficiente e eficaz pode ser apropriado por usuários diferenciados de seu público-alvo); auto-explicação (um produto bem projetado – design for all -proporciona ao usuário o aprendizado independente, na interação com o mesmo).

Torres et al. (2002, p. 88) apontam quatro adequações de acessibilidade para usuários com limitações auditivas no acesso à biblioteca:

• Materiais audiovisuais devem ser legendados, tanto com legendas em texto como em LIBRAS;

• Opções para controle de volume, no hardware disponibilizado pela biblioteca para utilização desses usuários;

• Acesso visual à informação sonora (transcrição de equivalentes textuais ou pictóricos) e uma sinalização visual para os eventos dos sistema em utilização (envio e recepção de mensagens na Internet):

• Serviço de transcrição em texto de documentos digitais orais.

Torres et al. (2002) destacam que nem todos os surdos se comunicam pela LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e que as recomendações citadas visam atender a usuários surdos e com baixa audição.

Campos e Silveira (1998 apud Tanaka, 2004) realizaram um levantamento quanto às tecnologias e interfaces empregadas na educação especial. Aqui destacaremos à “interface versus necessidade especial auditiva”, as quais privilegiam:

• uso da língua de sinais;

• ícones e mensagens na forma gráfica;

• textos pequenos e claros, com verbos no infinitivo;

• animações e filmes;

• vídeo colorido de alta resolução, microfone (treinamento de voz).

Contudo, apresentamos alguns estudos que abordam questões relativas à usabilidade e acessibilidade no ciberespaço, entre os quais se podem verificar aspectos de enlace no que se refere ao atendimento às necessidades do usuário e respeito a suas preferências, independente de suas necessidades especiais orgânicas, incluídos no princípio de design for all.

Trouxemos à tona reflexões quanto à inclusão de pessoas com necessidades especiais, especialmente a comunidade Surda, no ambiente digital, o que tem merecido atenção e aprofundamento em estudos na área de Ciência da Informação. Estamos dedicando nossa atenção no mestrado a este fim: usabilidade e acessibilidade do sujeito Surdo ao ciberespaço.

Agradecimento

Agradecemos à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio e incentivo à pesquisa.

5. REFERÊNCIAS

FREIRE, F. M. P. Surdez e tecnologias de informação e comunicação. In:

SILVA, I. R.; KAUCHARKJE, S.; GESUELI, Z. M. (orgs.). Cidadania, surdez e linguagem: desafios e realidades. São Paulo: Plexus Editora, 2003.

GUIMARÃES, J. A. C. As políticas de indexação como elemento para a gestão do conhecimento nas organizações. In: VIDOTTI, S. Ap. B. G. (coord.). Tecnologias e conteúdos informacionais: abordagens teóricas e práticas. São Paulo: Polis, 2004.

ROBREDO, J. Da ciência da informação revisitada: aos sistemas humanos de informação. Brasília: Thesaurus, SSRR Informações, 2003.

TORRES, E. F.; MAZZONI, A. A. Conteúdos digitais multimídia: o foco na usabilidade e acessibilidade. Ci. Inf. [periódico online], maio/ago 2004; 33 (2), p. 152-160. Disponível em [2005 jul 04].

TORRES, E. F.; MAZZONI, A. A.; ALVES, J. B. da M. A acessibilidade à informação no espaço digital. Ci. Inf. [periódico online], Ci. Inf., set./dez 2002; 31 [3], p.83-91. Disponível em . [2005 jul 04].

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