Ladislau Dowbor



IMAGENS DO PASSADO E DO?FUTURO HYPERLINK "" \o "9:49 pm" May 21, 2016Ladislau Dowbor*O meio ambiente tem tudo a ver com economia. Primeiro, porque a sustentabilidade envolve o ambiente de vida em geral, ou seja, tanto o clima, o solo, as florestas, a biodiversidade, as op??es energéticas – vitalmente ligados aos processos produtivos – como a desigualdade de renda e de riqueza, os dramas da miséria, os conflitos sociais – estes profundamente associados aos processos distributivos. Entender a dimens?o econ?mica da sustentabilidade é vital; leva-nos da descri??o dos dramas à compreens?o dos mecanismos.? importante que as pessoas, digo os seres humanos comuns, n?o os economistas, entendam que economia n?o é um “setor” de atividades misteriosas, e sim uma dimens?o de tudo o que fazemos. A política de seguran?a envolve custos e interesses econ?micos, como, por exemplo, os presídios privatizados nos EUA, contrários à legaliza??o da maconha, uma vez que a manuten??o de seu combate contribui para o aumento do que poderíamos chamar de seus “clientes”. Aqui vemos como economia, interesses políticos e financeiros, além dos impactos sociais, misturam-se. N?o há uma “ciência econ?mica” independente, existem ferramentas de análise econ?mica que contribuem para o enriquecimento da compreens?o das din?micas sociais em geral.A riqueza de apresentar a dimens?o econ?mica da sustentabilidade em documentários é justamente decorrente da linguagem documental, das imagens cotidianas e dos dramas analisados, através dos quais os mecanismos s?o compreendidos mais facilmente do que quando lidamos com a linguagem das equa??es. Equa??es, aliás, que, em geral, tanto s?o mais utilizadas em economia quanto menos deseja-se que as pessoas entendam. Tudo tem suas raz?es.Cena de “?gora”Antes de entrar nos filmes, alguns parágrafos sobre a dimens?o econ?mica da sustentabilidade: em 2016, come?amos a aplicar as resolu??es das três cúpulas mundiais de 2015, tra?ando o que seriam, esperan?osamente, novos rumos. Em Nova Iorque foram aprovados os ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que nos guiar?o pelos próximos 15 anos, até 2030. Em Paris, nesta sucess?o de mais de 20 “conferências das partes”, tratou-se, desta vez, de uma política planetária para enfrentar o caos climático. Em Adis Abeba, a cúpula definiu com clareza a sua impotência para assegurar regras de financiamento que viabilizem as decis?es tomadas nas outras conferências. Esta última também declarou-se esperan?osa.Vamos por partes: os ODS, centrados nos equilíbrios sociais, confrontam-se com mecanismos reais de concentra??o de renda e riqueza. Este mecanismo é simples: quem ganha pouco ou relativamente pouco, o que engloba três quartos da popula??o mundial, gasta rapidamente a renda recebida. Quem ganha muito, especialmente quem ganha rios de dinheiro, n?o tem como gastar tudo o que recebe, e aplica as sobras no chamado mercado financeiro, onde os papéis rendem, como ordem de grandeza, 7% ao ano. Como a produ??o de bens e servi?os aumenta apenas 2% ao ano no planeta, quem especula no mercado financeiro ganha muito mais do que quem produz. Ou seja, o sistema financeiro permite que seja muito mais lucrativo apropriar-se do trabalho alheio do que trabalhar. Para traduzir isto em graúdos, um bilionário que aplica um bilh?o de dólares em papéis com rendimento de 5% ao ano, uma porcentagem modesta, está ganhando, isto é, aumentando sua fortuna, em 137 mil dólares ao dia. O resultado de tal mecanismo é a cifra estarrecedora que a Oxfam apresentou em Davos, que aponta que 62 bilionários disp?em de uma riqueza acumulada maior do que a riqueza total da metade mais pobre da popula??o mundial, 3,6 bilh?es de pessoas. N?o há política social efetiva quando queremos que o dinheiro flua rio abaixo para os mais pobres, o chamado?trickling down,?mas a dinheirama continua subindo o rio. A boa vontade social defronta-se diretamente com o interesse econ?mico maior.No plano ambiental mais estrito, e em particular o da mudan?a climática, as coisas n?o s?o muito mais promissoras, apesar do entusiasmo e alívio natural da conferência de Paris, com um grande sentimento de “desta vez vamos”. O planeta continuará a aquecer pelo menos até 2040, os efeitos das emiss?es s?o de longo prazo. Ademais, as grandes corpora??es mundiais, que regem as op??es tecnológicas, claramente preocupam-se essencialmente com a manuten??o dos processos produtivos na linha do que é mais barato ou mais rentável, e continuam a pressionar os governos, por exemplo, para que mantenham os bilionários subsídios aos combustíveis fósseis. N?o lhes basta o dinheiro que tiram do petróleo, que, aliás, n?o foi por eles produzido, ainda buscam o dinheiro dos nossos impostos.A conferência do clima diz o que devemos fazer, e o faz com competência, mas as corpora??es permanecem em silêncio e fazem o que querem. O interesse econ?mico, por enquanto, simplesmente domina. O mecanismo aqui também é ululante; quando um engenheiro diz à Samarco que é necessário refor?ar o dique, a Samarco, simples terceirizada, ouvirá a Vale e a Billiton, que, por sua vez, consultar?o suas controladoras financeiras, e, em algum lugar, alguém que nunca conheceu Mariana e sabe pouco de minera??o, porém muito de finan?as, vai reiterar os objetivos financeiros: a Samarco deve render o que foi dela exigido, se virem.Assim, o processo decisório empresarial divorciou-se do nível produtivo, migrou para a alta finan?a internacional. Hoje, 147 grupos – mundo suficientemente pequeno para que se conhe?am e interajam nos campos de golfe – controlam 40% do mundo corporativo do planeta, e 75% deles s?o grupos financeiros. N?o é quem vê na sua frente um problema técnico iminente, na empresa efetivamente produtora, que toma as decis?es, e sim quem se preocupa com o rendimento financeiro e o b?nus. O processo decisório da pir?mide de poder corporativo fragmentou-se; no campo de golfe ninguém é responsável, pois segue-se apenas os resultados financeiros.A dimens?o econ?mica ajuda bastante a compreender os dramas vividos. Com a crescente desigualdade mundial e a concentra??o do processo decisório em alguns grupos financeiros globais, os objetivos absolutamente vitais para o planeta, capazes de promover equilíbrio social e ambiental, ou seja, o desenvolvimento sustentável, tornam-se, em grande parte, inviabilizados. Alguns números ajudam a entender a dimens?o do drama: em Paris, chegou-se ao bom propósito de arrecadar 100 bilh?es de dólares anuais para o financiamento de políticas de reconvers?o tecnológica que permitam reverter a mudan?a climática, em particular nos países mais pobres, os quais, aliás, n?o s?o os responsáveis por ela. Confrontem esses 100 bilh?es com os 49 trilh?es de dólares de ativos financeiros, correspondentes, além disso, aos 50 trilh?es de dívidas públicas no planeta. Os grandes grupos financeiros brincam com dezenas de trilh?es; nós precisamos mobilizar o planeta para tentar arrancar 100 bilh?es. Ademais, temos ainda de 21 a 32 trilh?es de dólares aplicados em paraísos fiscais, pelos afortunados do planeta, dinheiro que n?o apenas n?o é investido nos países de origem a fim de promover o desenvolvimento, como sequer é tributado. N?o à toa, Joseph Stiglitz saiu da conferência mundial sobre o financiamento do desenvolvimento, em Adis Abeba, completamente desiludido. Quem tem dinheiro gosta dele, e o dinheiro em grande escala é poder, permitindo, assim, assegurar decis?es políticas que o protejam. Wall Street proclamou seus valores para o mundo:?Greed is good!?O planeta que se vire.Este pano de fundo francamente pouco promissor ajuda a entender as dimens?es reais dos desafios. Estamos neste mundo real, promotor da destrui??o do planeta, para assegurar os privilégios e o poder de minorias. Chamamos isso de democracia, sendo que os pobres n?o têm peso algum. As futuras gera??es n?o votam contra a tragédia que lhes preparamos, e a natureza é silenciosa, n?o vota. O sistema em que vivemos nos fez avan?ar muito, sem dúvida, quando muitas pequenas empresas competiam entre si para a melhor presta??o de servi?os. Hoje, porém, o sistema tornou-se disfuncional. Há momentos em que as mudan?as s?o indispensáveis, n?o porque nos agradem ou n?o, ou porque somos de direita ou de esquerda, mas porque o processo atual nos leva para o brejo. A situa??o é particularmente interessante pois temos todas as análises sobre os dramas, temos os recursos financeiros, temos as tecnologias, sabemos o que deve ser feito, e continuamos nessa impotência institucional, na qual todos declaram-se favoráveis à mudan?a e nada muda, ou pelo menos n?o muda no ritmo correspondente à janela de tempo que temos.Cena de “Sonhos do Lago Salgado”Neste plano, a conscientiza??o do planeta, em termos de promover a compreens?o das amea?as e a clarifica??o das medidas, tornou-se vital. Enquanto n?o tivermos mais gente, em diversos níveis, conscientes da dimens?o e da urgência, n?o haverá for?a política correspondente às medidas necessárias. O filme, nesse plano, tem um papel fundamental a desempenhar. No plano da conscientiza??o e da compreens?o dos mecanismos, vejamos o impacto obtido por filmes t?o simples e ricos como?Ilha das Flores,?ou?A história das coisas, mensagens claras que qualquer professor pode passar em sala de aula para abrir a discuss?o sobre coisas realmente importantes. Os filmes est?o disponíveis online, dimens?o vital nesta era da internet, gratuitos e legendados.Temos aqui “marcos” importantes. O documentário?A Corpora??o?abriu a cabe?a de milh?es de pessoas ao apresentar um painel geral de como funcionam as grandes corpora??es. Trabalho Interno?tornou-se um clássico para compreendermos como funciona a dimens?o financeira do processo, em particular para esclarecer pessoas ainda crentes de que o chamado “mercado” funciona segundo leis de mercado, isto é, que ganha quem presta melhores servi?os. Aqui ganha quem mais se serve. O filme?Oceans?nos deslumbra ao apresentar em detalhe o funcionamento dos três quartos do planeta que s?o mares. Chomsky&Cia,?na linha do documentário-entrevista, é uma pérola para entender como se manufaturam os “consensos” mundiais, generaliza-se a mentira e a verdade é encoberta. Enfim, cito de memória alguns muito presentes. ? notável a import?ncia de?Muito além do peso?no esclarecimento da popula??o acerca do massacre alimentar a que submetemos (e as corpora??es agroalimentares em especial) nossas crian?as, ou ainda de?Quem se importa?,?ao mostrar como as organiza??es da sociedade civil articulam-se na base da sociedade, na busca de um desenvolvimento com bom senso. Estamos, na realidade, subutilizando o imenso potencial do documentário ou filme/documentá a facilidade de acesso, com grande parte das escolas já dotadas de meios audiovisuais (45 milh?es de alunos nos diversos níveis), com a conectividade global, é possível potencializar esta forma de transforma??o cultural – que, ao fim e ao cabo, é o necessário – que o filme permite. No Brasil, onde 97% dos domicílios têm televis?o, apenas primeiros passos est?o sendo dados com canais como Arte1, Curta, TV Brasil, TV Escola, TV5Monde, BBC – todos discretos e assistidos por privilegiados, frente à cacofonia absurda dos chamados canais abertos. Imagine o instrumento de mudan?a cultural que poderia ser o uso inteligente e generalizado da televis?o. Os aparelhos já foram comprados pelas famílias, os sistemas de retransmiss?o existem, trata-se de concess?es públicas, as ondas eletromagnéticas s?o da natureza: tantos avan?os tecnológicos para ver PMs perseguindo moleques nas favelas, como se ca?assem coelhos? Assistir ao Faust?o? Além da produ??o, no mundo dos documentários, precisamos conquistar a comunica??o.Na produ??o, nesta edi??o 2016 da Ecofalante, surgiram belos filmes que trazem a dimens?o diretamente econ?mica das transforma??es em curso.O italiano?A Sopa do Dem?nio,?de Davide Ferrario, traz uma vis?o desiludida porém realista de como a din?mica industrial transformou o mundo no decorrer do século XX, com a for?a avassaladora da máxima: “o progresso sempre tem raz?o”. Imagens em preto e branco, fragmentos de antigos filmes empresariais que mostram os monstros do a?o e do cimento da indústria pesada surgente, os discursos de Mussolini sobre a potência da Itália, camisas negras que só veem o futuro glorioso quando a guerra se aproxima. Atrás das fábricas, as cidades, a polui??o, a vida urbana “senza cielo sopra, senza anima dentro”.??? um tipo de saga do século XX vista pela base industrial que forja também os seus valores; século de imensa confian?a de que produto é a solu??o. “Vogliamo il prodotto” como lema de uma era.O também italiano?Sonhos do Lago Salgado,?de Andrea Segre, focaliza um estranho e poético paralelo entre o surgimento incontido do chamado progresso, com AGIP, gás e petróleo na regi?o de Veneza, em essencial nos anos sessenta, e um processo semelhante no Cazaquist?o na atualidade. Deslocamento das popula??es, juventude dividida entre a expuls?o do campo e as esperan?as de empregos nas empresas de extra??o, “l’emozione dello sviluppo, l’uscita della povertá”. Com as imagens de popula??es marginalizadas n?o há como n?o pensar nas popula??es miseráveis ao lado dos grandes empreendimentos no Brasil. Fica como denominador comum esta estranha superposi??o do século XXI e do passado que parece eternamente fixado em ritmos rurais. Jovens que voltam dos estudos na capital, Astana, e olham com fascínio e descren?a as choupanas dos seus pais. Eu diria que é um ensaio sobre o tempo, ou os t?o diferentes tempos, das nossas transforma??es, para o bem ou para o mal; as novas disritmias econ?micas e sociais.Duas Irm?s,?de Chloé Ruthven,?é um poderoso documentário sobre como a industrializa??o e o consumismo ocidental impactar?o as atividades econ?micas na ?ndia. Unidades produtivas instalam-se em Bangalore, e, com a ajuda de um organismo de forma??o profissional ocidental (GTET), passam a recrutar mo?as no interior. Uma viagem de trem as leva de um meio familiar pobre, mas intenso, para dormitórios com seguran?as que autorizam saídas diárias de uma hora, das 18 às 19 horas, luzes apagadas às 22 horas, ritmos surreais de trabalho junto à máquina de costura, como costurar de 400 a 500 bolsos idênticos por jornada, por exemplo. Em algumas empresas, 60% dos contratados abandonam o emprego em até seis meses. Os gastos com comida e o dormitório n?o deixam sobrar quase nada. Elas s?o substituídas por outras novatas, sina de jovens mulheres que precisam escolher entre o massacre da fábrica ou o casamento imposto. ? o reverso da medalha das elegantes blusas ou cal?as de?grifes?importantes que iremos vestir com orgulho.?This is really fucked up,?comenta um dos organizadores do sistema.Jardins nas Margens,?de Amel el Kamel, é um curta que podemos descrever como poema em palavras e imagens. As palavras fazem realmente parte de um poema, falado alguns trechos em árabe, com a linda sonoridade da língua, e outros em francês. O cenário é um bairro abandonado de Roubaix, no norte da Fran?a, antigo centro têxtil din?mico, hoje t?o abandonado como Detroit, nos Estados Unidos. No bairro, resta um bar, de um argelino chamado Salah, homem teimoso, que diz que permanecerá nem que seja para vender um trago de vinho por dia. De certa forma, o abandono do bairro outrora t?o din?mico representa o reverso simétrico das atividades febris de Bangalore, para onde a indústria migrou. As transforma??es, aqui, também aparecem como inevitáveis, impostas ao ser humano, este apenas observador submisso. “Quem me dera ser uma pedra, parada no tempo”, comenta o filho de Salah, o narrador.A Experiência Cecosesola?se passa na Venezuela atual, na cidade de Barquisimeto, e narra a experiência de uma grande cooperativa, criada inicialmente por jesuítas, em 1976, e que evoluiu, na era do chavismo, para um sistema radicalmente diferente de gest?o, com igualdade salarial e a substitui??o do conceito de chefia pelo da lideran?a participativa. Situada na cidade, a cooperativa que transporta, transforma e comercializa 500 toneladas de alimentos por semana, gera, na realidade, uma nova din?mica de articula??o entre campo e cidade, na qual o salário dos intermediários passa a ser repartido de maneira equilibrada entre os participantes do ciclo completo de reprodu??o. Uma das vantagens é que tal sistema, baseado na confian?a e na colabora??o, tem “fugas” de produto limitadas a 1%, enquanto no sistema privado tradicional, elas s?o de 6%. Para além da eficiência, trata-se aqui de estudar a mudan?a da cultura empresarial, das rela??es de produ??o no sentido mais amplo.(R)Evolu??es Invisíveis,?de Philippe Borrel, faz um exercício extremamente rico ao apresentar numerosas experiências alternativas de desenvolvimento, provenientes de diversas partes do mundo. Trata-se, por exemplo, de cooperativas de crédito, onde n?o há clientes e sim participantes; de experiências de moedas locais (lembremos aqui que no Brasil já temos 107 bancos comunitários de desenvolvimento, muitos deles com moedas próprias e, em 2016, evoluindo para moedas eletr?nicas); de desenvolvimento de tecnologias locais e assim por diante. Outros exemplos s?o as frentes de luta contra a constru??o do túnel sob os Alpes (Lyon-Torino); contra o?High Frequency Trading?do sistema financeiro moderno, que aloca recursos segundo algoritmos de especula??o em vez de financiar o desenvolvimento. Em geral, é contra a correria generalizada que nos priva do tempo de vida, um capitalismo “divorciado de uma agenda realmente humana”. Riqueza de exemplos, imagens de quem assume a constru??o de alternativas.De certa forma, os filmes, desde a pincelada geral do avan?o descontrolado da indústria pesada, da globaliza??o dos processos produtivos com impactos inversos e duros na Itália ou no Cazaquist?o, na Fran?a ou na ?ndia, até as iniciativas alternativas em uma experiência concreta na Venezuela ou diversificadas pelo mundo, trazem um painel extremamente rico do que fazemos e do que poderíamos fazer. De certa forma, no conjunto, um tratado de economia aplicada.?Ladislau Dowbor, professor titular de economia da PUC-SP,?e consultor de várias agências das Na??es Unidas. ? autor de numerosos livros e estudos, todos de livre acesso online em?. ................
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