Linguagem e Mídia: o Caso do Globo Esporte 1

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XVII Congresso de Ci?ncias da Comunica??o na Regi?o Sudeste ? Ouro Preto - MG ? 28 a 30/06/2012

Linguagem e M?dia: o Caso do Globo Esporte1 Lucas Torres de Oliveira AFFONSO2 Eduardo REFKALEFSKY3

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ

Resumo

Este artigo se dedica a analisar os principais recursos utilizados pela TV Globo na cobertura das transmiss?es esportivas. Seu objetivo principal ? discutir sobre as novas formas de relato e descri??o do jornalismo esportivo, com foco voltado a uma an?lise do Globo Esporte (GE), discorrendo sobre as mudan?as em seu grau de formalidade, sobre a linguagem utilizada e sobre os crit?rios que definem o que ? ou n?o not?cia, passando ainda pela distin??o de o que ? jornalismo e o que ? entretenimento.

Palavras-chave: futebol; entretenimento; jornalismo esportivo; Globo Esporte.

Introdu??o

A inten??o deste artigo ? fazer uma an?lise, sem pretens?o de ser definitiva, sobre o jornalismo esportivo e suas modifica??es ao longo do tempo, com foco dirigido ao Globo Esporte. Seu objetivo ? estimular o debate sobre uma ?rea em constante transforma??o e que se faz presente na vida de nossa sociedade, cada vez mais cercada pelas diversas m?dias e seus conte?dos em profus?o.

Nos ?ltimos anos, temos acompanhado diversas mudan?as nos programas esportivos da TV Globo. As modifica??es podem ser verificadas n?o s? nos est?dios (espa?o f?sico de onde as atra??es s?o apresentadas), mas tamb?m no ?mbito da linguagem jornal?stica utilizada, no vestu?rio dos apresentadores, e nos recursos utilizados para edi??o e narrativa das mat?rias.

O futebol, esporte mais popular do pa?s, ? o destaque dos programas esportivos da TV Globo. O Globo Esporte, um dos mais tradicionais da televis?o brasileira e cuja

1 Trabalho apresentado no IJ01 ? Jornalismo do XVII Congresso de Ci?ncias da Comunica??o na Regi?o Sudeste realizado de 28 a 30 de junho de 2012. 2 Estudante de Gradua??o 2? semestre do curso de Comunica??o Social da ECO-UFRJ, email: lucas_torres_bjc@. 3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunica??o Social da ECO-UFRJ, email: ref@ufrj.br

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atra??o principal s?o os acontecimentos futebol?sticos, foi criado h? mais de 40 anos, e se mant?m vivo at? hoje. Desde a sua estreia, em 1978, o programa sofreu diversas mudan?as no modo de fazer jornalismo e na apresenta??o das reportagens. As transforma??es acompanham n?o s? desenvolvimento tecnol?gico que proporciona novos recursos para as reportagens, mas tamb?m as transforma??es nas exig?ncias do p?blico advindas de sua renova??o ao longo do tempo.

Bezerra (2008, p.80) afirma que essas mudan?as nos paradigmas do jornalismo, iniciadas no fim do s?culo XX e abrangendo o terceiro mil?nio, tem como causa o fator econ?mico, fonte propulsora de fen?menos sociais, culturais, pol?ticos e tamb?m comunicacionais do mundo globalizado.

Com isso, h?, atualmente, uma discuss?o em voga no meio acad?mico. Perguntase, com frequ?ncia, sobre as fronteiras que dividem o que ? jornalismo e o que ? apenas entretenimento.

Futebol: um espet?culo planejado pela televis?o

Primeiramente, h? de se considerar que o futebol ?, de fato, um espet?culo. N?o ? toa, Fiori Gigliotti, radialista e locutor esportivo, iniciava as transmiss?es das partidas de futebol com uma frase que se tornou um bord?o: "Abrem-se as cortinas e come?a o espet?culo". Outra frase largamente utilizada para se referir ao futebol trata o esporte como "o maior espet?culo da Terra".

Na transmiss?o televisiva desse espet?culo, nada ? feito por acaso. Tudo ? estrategicamente planejado e organizado at? chegar ao espectador.

Nas transmiss?es esportivas vemos placas, faixas e pain?is, estrategicamente colocados no ?ngulo de vis?o da TV. As camisetas dos atletas esportivos tamb?m t?m espa?os reservados para o nome dos patrocinadores. Tudo ? pensado como forma de espet?culo e faz parte da ind?stria que o esporte movimenta. (BEZERRA, 2006, p.78)

Al?m disso, desde o in?cio das transmiss?es dos jogos h? apelo pra emo??o e a espetaculariza??o. Na hora das escala??es, por exemplo, a Globo utiliza recursos de arte para cativar o espectador. A disposi??o dos jogadores em campo ? descrita ao som de uma vers?o do hino do clube aliada a um pequeno v?deo do jogador beijando a camisa, cumprimentando a torcida ou simplesmente sorrindo, apresentando-se a quem assiste aos jogos em casa. Uma cerim?nia que n?o aconteceria se o torcedor comparecesse ao

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est?dio. No momento do gol, mais esperado pelo torcedor, a narra??o dos locutores

esportivos sempre funciona como um modo de valorizar o momento mais importante da partida. ? quando as marcas que patrocinam o espet?culo s?o mais evidentes, quando o torcedor mais exibe suas emo??es, deixando aflorar sua interioridade, e se identifica com os jogadores que est?o em campo. Outra vers?o do hino do clube toca, enquanto a repeti??o do lance ? executada sob diversos ?ngulos e velocidades.

O fato pode ser modificado com uma carga elevada de drama na entona??o da voz, emo??o exagerada da narra??o, m?sica, diversas met?foras na constru??o do relato, tecnologia avan?ada de c?meras que pegam lance a lance, entre outros artif?cios. (BEZERRA, 2008, p.84)

As mat?rias produzidas para o Globo Esporte sobre as partidas ocorridas recentemente ou n?o; sobre um caso espec?fico de reportagem que trate apenas de um jogador; ou que se refira a uma an?lise do padr?o t?tico, dentre outras especificidades de um time, incluindo retrospectos de confrontos com outras equipes, costumam apresentar trechos das narra??es tais como foram descritas nas transmiss?es no momento em que aconteceram.

A repeti??o desse material faz parte de uma estrat?gia para induzir o telespectador a relembrar suas emo??es e despert?-las, mantendo-o entretido com o programa, que conquista credibilidade por se tornar a pr?pria mem?ria do torcedor, relembrando-o de acontecimentos dos quais n?o se recordava.

Outros recursos tamb?m s?o usados para adquirir a credibilidade. Segundo Bezerra (2006, p.85), "Para ilustrar o imagin?rio do torcedor e conquistar a sua audi?ncia, narradores utilizam formas criativas, inventam bord?es e buscam no pr?prio povo, express?es que podem facilitar a identifica??o com o que est?o falando.".

Em maior escala, sabe-se que o futebol ? criador de identidades e que h? entre cada torcida a ideia de constitui??o de uma na??o, conceito definido em dicion?rios como reuni?o de indiv?duos que t?m os mesmos costumes e que obedecem ? mesma lei, como pertencimento a um conjunto peculiar.

O torcedor tem a sensa??o de que n?o est? s?, de que tem algo em comum com os outros espectadores que tomam partido, a favor do mesmo esportista ou da mesma equipe que ele, e, nestas condi??es, n?o se envergonha de manifestar em voz alta seus sentimentos e opini?es. (BEZERRA, 2008, p.70)

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Sobre o conceito de Na??o, Anderson (1989, p.14) afirma que se trata de uma comunidade imaginada, limitada e soberana, o que, de fato, aplica-se ?s torcidas de futebol. "A comunidade ? imaginada porque nem nas menores na??es seus membros conhecem seus compatriotas. H? apenas a imagem de comunh?o desse conjunto na mente de cada um.".

Nesse contexto, a figura do rep?rter se concretiza como o respons?vel por descrever os lances nas reportagens, teoricamente de maneira imparcial. Entretanto, a pr?pria sele??o dos lances para as mat?rias j? envolve uma edi??o que segue um ponto de vista do editor sobre o que importa e ? interessante ou n?o.

Mesmo seguindo edi??o e descri??o convenientes a seus interesses e opini?es, rep?rter e locutor, al?m de terem legitimidade para descrever as situa??es, tamb?m adquirem a credibilidade da emissora em que trabalham.

A credibilidade ? algo que se conquista ao longo do tempo pela capacidade de ser cr?vel, dependendo, portanto, de um reconhecimento do p?blico. Charaudeau (2006, p.86) afirma que a informa??o midi?tica visa a gozar da maior credibilidade poss?vel com o maior n?mero de receptores. Para o autor, a credibilidade estaria ligada a uma racionalidade afastada do espet?culo na transmiss?o da informa??o. Pelo fato de o jornalismo esportivo lidar com a produ??o de emo??es ? o que se pode perceber como tend?ncia a predominar no Globo Esporte ?, Charaudeau exp?e uma contradi??o do processo.

Assim, o contrato de informa??o midi?tica ?, em seu fundamento, marcado pela contradi??o: finalidade de fazer saber, que deve buscar um grau zero de espetaculariza??o da informa??o, para satisfazer o princ?pio de seriedade ao produzir efeitos de credibilidade; finalidade de fazer sentir, que deve fazer escolhas estrat?gicas apropriadas ? encena??o da informa??o para satisfazer o princ?pio de emo??o ao produzir efeitos de dramatiza??o. (CHARAUDEAU, 2006, p.92)

Dessa forma, as apari??es de locutores e rep?rteres nos programas esportivos, relatando o que de mais relevante aconteceu, tornaram-se indispens?veis ao telespectador, como observa Bezerra (2008, p.85). "A imagem j? n?o basta, ? preciso ser acompanhada de um contador da hist?ria, relatando o fato que est? ocorrendo naquele momento: O jogo."

Sobre isso, Lage (1999, p.45) afirma que o p?blico deixou de interpretar por si pr?prio os acontecimentos do jogo, justamente pela figura dos rep?rteres e locutores.

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J? no esporte, agressividade e impulso de posse (a competi??o) est?o regulamentados. O p?blico a que se destinam notici?rio e reportagem esportiva sofre processo de disfun??o narcotizante, isto ?, dispensa-se interpretar cada lance ? espera da palavra do narrador ou comentarista. E, ao mesmo tempo, assume atitude ativa, isto ?, projeta-se no atleta ou na equipe e se identifica com seus favoritos como se estivesse diretamente envolvido na disputa. (LAGE, 1999, p.45)

Desta forma, o futebol ? um produto de uma ind?stria que movimenta milh?es de reais, na qual a emissora investe ao comprar a posse de seus direitos com o intuito de tirar o m?ximo proveito. Sendo assim, as modifica??es no padr?o Globo de Jornalismo Esportivo fazem parte de uma estrat?gia que visa ? atra??o de um p?blico maior e ao aumento da audi?ncia da empresa. A cria??o de uma identidade nova e radicalmente modificada do Globo Esporte ? consequ?ncia dessa reformula??o no jornalismo.

A not?cia forjada de acordo com o inusitado

Nos ?ltimos anos, a defini??o do que ? ou n?o not?cia passou a depender n?o do dever de informar o que ? relevante, e sim pelo que ? interessante ao p?blico, pelo que atinge o maior n?mero de pessoas, o que gera lucro por gerar audi?ncia e ser demanda social.

Como em qualquer produto jornal?stico, a sele??o da not?cia esportiva ? um processo norteado pelos crit?rios de noticiabilidade universais ? atividade de produ??o e transforma??o de acontecimentos em fatos notici?veis. Tamb?m no notici?rio esportivo tem mais chances de se tornar not?cia o que ? factual, que desperta o interesse do p?blico, que atinge o maior n?mero de pessoas, que seja inusitado ou curioso, que seja novidade e que apresente bons personagens. (SOUSA, 2005, p.2)

Assim, torna-se not?cia n?o o que prioritariamente ? utilidade p?blica, mas o que pode gerar maior repercuss?o e audi?ncia de acordo com uma abordagem sensacionalista, que tenda ao espet?culo e ? produ??o de emo??es em quem assiste. No caso do esporte, que, como apontam Barbeiro e Rangel (2006, p. 13), ? confundido com entretenimento, j? existe uma predisposi??o para a espetaculariza??o: a manipula??o de algo que ? "paix?o nacional", ou seja, em que j? h? emo??es envolvidas.

Nascimento (2009, p.54) explica que a narra??o ? a forma redacional predominante na linguagem jornal?stica. Embora o relato jornal?stico tenha como caracter?stica a objetividade aliada a uma "base cient?fica" (NASCIMENTO, 2009, p.54), nota-se atualmente o predom?nio do relato baseado em uma narrativa com

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elementos como lugares em que a hist?ria se passa e personagens bem definidos, criando um terreno prop?cio ? dramatiza??o da not?cia. "Ainda que o relato jornal?stico procure se calcar em bases `cient?ficas' e objetivas na busca pela informa??o, h? que se considerar que a estrutura??o narrativa tamb?m lhe ? inerente, o que equivale a dizer que seu potencial ficcional tamb?m o ?." (Id., ibid.).

Nesse sentido, percebe-se que o Globo Esporte atualmente tamb?m parece ter adotado essa dramatiza??o como recurso principal nas reportagens exibidas. Ater-se aos fatos somente tornou-se dif?cil, pois n?o atrai o p?blico. Assim, as mat?rias centrais do programa sempre procuram algo inusitado, como algu?m nas arquibancadas com uma hist?ria curiosa sobre a qual alguma rela??o possa ser forjada com os jogos de futebol; lances "espetaculares" ou "inacredit?veis"; um jogador que tenha se destacado por ter protagonizado algum lance incomum; por penteados, uniformes inesperados, e at? mesmo por hist?rias de funcion?rios de clubes que possam render um bom drama.

A edi??o carioca do Globo Esporte do dia 30 de Abril de 2012, por exemplo, cujo acontecimento central foi a conquista da Ta?a Rio pelo Botafogo FR, teve a gandula Fernanda Maia como convidada. A funcion?ria do Botafogo FR foi o destaque do programa por ter feito seu trabalho de maneira correta ? repor a bola em campo com maior agilidade poss?vel. Por?m, como a reposi??o da gandula acabou originando o primeiro gol do time na partida final, o que constituiu um lance inesperado, Fernanda Maia esteve no est?dio ao lado do apresentador Alex Escobar e ainda foi tema de algumas reportagens da emissora.4

No caso acima, percebe-se a cria??o de uma narrativa semelhante a um roteiro de novela, quando passa a ser not?cia o cotidiano de uma funcion?ria de um clube de futebol. Isso mostra a aproxima??o da not?cia com um g?nero de fic??o, que garante um apelo mais leve e descontra?do ?s reportagens, que em vez de exibirem fatos objetivos, t?m foco dirigido a uma situa??o peculiar que se torna relevante por gerar interesse no maior n?mero de pessoas.

Entretanto, a narrativa nem sempre acontece de forma linear e cronol?gica nas reportagens do programa. Muitas vezes, as mat?rias come?am por fatos que aconteceram no fim do jogo e que, por terem um car?ter curioso que possa ser utilizado para humor ou dramaticidade, servem de ponto de partida para o relato.

4 V?deo dispon?vel em: . Acesso em: 8 de maio de 2012.

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Al?m disso, a edi??o das reportagens apresenta outros recursos t?picos de obras ficcionais: a m?sica ? um deles. As mat?rias relatando jogos que aconteceram ou o dia a dia de um clube s?o editadas com diversos trechos de m?sica ao fundo. A edi??o das imagens tamb?m se d? em sincronia com as m?sicas, como em um trabalho cinematogr?fico, dependendo da emo??o e o sentido que o editor deseja garantir ? mat?ria.

Desta forma, ao se assistir ?s reportagens de destaque do programa, tem-se a sensa??o de se estar assistindo a um videoclipe, j? que h? manipula??o de m?sicas em harmonia com as imagens. Assim, se a m?sica escolhida para um trecho da reportagem tiver batidas r?pidas, denotando algo eletrizante, as imagens tamb?m ter?o cortes bruscos para que o telespectador seja contextualizado, de uma maneira conveniente ao que o rep?rter deseja na situa??o.

O rep?rter ?, portanto, mais do que um agente inteligente, tal como descreve a atual teoria da intelig?ncia artificial. Al?m de processar dados com autonomia, habilidade e recreatividade, modela para si mesmo a realidade, com base no que constr?i sua mat?ria. (LAGE, 2001, p.28)

Analisando a reportagem sobre o jogo Fluminense x Botafogo5, exibida no dia 7 de maio de 2012, ? n?tido esse trabalho de edi??o. O jogo j? come?a sendo relatado com imagens em preto e branco de idosos no est?dio e uma m?sica instrumental. ? feita uma rela??o entre os torcedores e o jogo cl?ssico, apelidado de "cl?ssico vov?". Para garantir um tom eletrizante ? partida, os editores utilizam trechos de rock e m?sica eletr?nica enquanto as imagens s?o cortadas e montadas. Os acontecimentos do jogo s?o relatados ou descritos pelo rep?rter, ao mesmo tempo. Nos momentos de gol, ? acrescentada a narra??o do locutor esportivo Luis Roberto (ocorrida na transmiss?o da partida) no momento em que a jogada aconteceu, somada a uma vers?o do hino do clube executada como m?sica de fundo das imagens, para transmitir a carga emocional do lance aos torcedores que assistem ao programa.

A contextualiza??o da situa??o em que o jogo se passa, a descri??o dos torcedores, dos uniformes, penteados dentre outros aspectos subjetivos na reportagem se assemelha ? t?cnica do nariz de cera, abolido dos jornais escritos em substitui??o pelo

5 V?deo dispon?vel em: . Acesso em: 8 de maio de 2012.

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lead e pelo princ?pio da pir?mide invertida, modelo "em que a hierarquiza??o dos fatos partia do mais importante para o secund?rio." (REFKALEFSKY, 1997, p.14).

Em uma analogia, pode-se dizer que a moderniza??o do jornal escrito levou ? implanta??o da objetividade no texto por meio do lead (tamb?m chamado de lide), enquanto no Globo Esporte, ao contr?rio, a moderniza??o direcionou a uma subjetividade que lembra a do nariz de cera.

Na televis?o, apesar de haver mais liberdade de estilo do que no jornal, observamos que existe um esquema b?sico de ordena??o dos dados, composto pelo resumo, contextualiza??o, apresenta??o do fato principal, detalhamento, avalia??o e informa??es adicionais. Esse formato assemelha-se ao chamado nariz de cera, modalidade em desuso no jornalismo impresso di?rio. (CAVALCANTI, 1999, p.320)

Globo Esporte: reformula??o em nome da audi?ncia

Desde a sua estreia em 1978, o Globo Esporte sempre foi apresentado em um est?dio simples, com apenas o apresentador a frente de um fundo com o nome do programa sendo enquadrado na c?mera. L?o Batista era o apresentador titular do programa.

At? 2007, o Globo Esporte continuava em um est?dio simples, em que o apresentador ficava de p? em frente a uma parede na qual eram exibidos aos telespectadores escudos dos times, fotos de jogadores, dentre outras imagens, al?m da montagem de um est?dio virtual por meio de Chroma key.6 O teleprompter apresentava o texto que seria falado e os apresentadores se movimentavam pouco.

Renata Cuppen, atual editora de texto do Globo Esporte SP, em entrevista contida em Bezerra (2009, p.4), afirma que a linguagem utilizada era muito dura, e que o uso de apenas uma troca de c?mera deixava o apresentador muito est?tico. ? o que se pode conferir na edi??o carioca de 21 de mar?o de 20077, em que a apresentadora Mylena Ciribelli parece seguir o texto planejado integralmente, com entona??o bem marcada por pausas possivelmente planejadas, e sem nenhum improviso, uma caracter?stica que se mantinha desde a estreia do programa.

6 T?cnica utilizada em v?deos nos quais h? substitui??o do fundo original por algum outro v?deo, foto ou cen?rio virtual. 7 V?deo dispon?vel em: . Acesso em 9 de maio de 2012

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