A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

REP?RTER GAIA

Sirlei Aparecida Lemos1 Karla Brumes2

RESUMO

Um dos grandes problemas enfrentados em sala de aula ? a leitura, e o educando, ao deparar-se com um texto, na maior parte das vezes l?, mas n?o o compreende. Para a Geografia, compreender o que est? escrito, ? de fundamental import?ncia na leitura do mundo. Neste sentido, foi necess?rio fazer com que os alunos aprendessem a ler o texto que a eles proporcionasse o entendimento claro de cada palavra, de cada express?o para ent?o, entender o contexto, a partir de uma maneira diversificada de ler o mundo e que fosse atrativa. Ap?s a leitura, os alunos em grupo, criaram os seus pr?prios textos para narr?-los em um Telejornal. Diante disso, o objetivo da proposta implementada foi fazer com que os alunos, a partir de um texto, aprofundassem seu conte?do, ampliando, efetivamente, seus conhecimentos, por meio da editora??o de um telejornal. Ap?s esse momento foi percept?vel que os alunos procuraram saber mais sobre os assuntos trabalhados. Entendemos que a partir desta experi?ncia que quando os alunos realizam atividades diferentes, din?mica, sobre o conte?do ministrado, eles aprendem mais.

Palavras-chave: Leitura; interpreta??o; telejornal.

ABSTRACT

A great problem faced in classroom is reading. The students many times, read a text but do not understand it. To study geography it is necessary the comprehension to understanding to read the world. Thus, it was necessary to make the students to read besides the words of a text. It was necessary to show them how to read to catch the meaning in a context in an attractive and different way. After reading, the students worked in groups, wrote their own text to tell in television news. So, the purpose of this work was to make the learners, from a text, went deeper into the contents, expanding their knowledge publishing television news. After that, it was realized that the students looked for more information about the subjects. It was noticed that after this experience, when the students participate in different, dynamic tasks, the learning becomes more effective

Key words: Reading; interpretation; television news.

INTRODU??O

1 Autora e professora PDE da disciplina de Geografia do Munic?pio de Prudent?polis ? PR. 2 Professora do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Orientadora do PDE, doutora em Geografia pela UNESP de Presidente Prudente-SP.

Ao iniciar o Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paran? (PDE) foi requerido a elabora??o de um projeto a ser implementado na escola, cujo objetivo era combater as problem?ticas do cotidiano escolar. Desde logo, se verificou que o principal problema que incomodava os professores, junto aos alunos era, a quest?o da leitura.

O educando ao deparar-se com um texto, em sua grande maioria das vezes, n?o l?, ou n?o quer ler porque acha a atividade cansativa e, quando o faz ? de forma t?o r?pida, pois, sua inten??o ?, acabar logo. N?o h?, portanto, o que se falar em interpreta??o textual e isso precisava ser mudado.

Primeiramente, o aluno deveria entender que a leitura ? uma atividade de paci?ncia, onde se exige, a cada momento de d?vida, como o n?o compreender determinada palavra ou conceito, que se pare para buscar o seu significado. Depois, ler, ler de novo, e, de novo, at? que ocorra a compreens?o textual, ou seja, que o aluno entenda, efetivamente, aquilo que leu.

? uma atividade "chata", conforme sempre afirmam os alunos. Por isso, o projeto estipulou, tamb?m, outra meta, a saber, a de criar um texto para ser apresentado em formato de telejornal, sempre apoiados na id?ia de que, o aluno gosta e at? anseia por desenvolver atividades diferentes em sala. Em s?ntese, o objetivo desta proposta foi fazer com que o aluno, atrav?s da leitura de um texto, aprofundasse o conte?do, ampliando seu conhecimento e, demonstrasse a sua compreens?o.

O que se percebe no dia-a-dia em sala ?, que quando se realizam atividades diferentes em cima de um conte?do ministrado, o aluno aprende mais, principalmente se a atividade realizada for diferente daquela que est? habituado. Portanto, ensinar o aluno a ler, de forma din?mica, permeou todo o desenvolver desta proposta e, a op??o de criar um telejornal e depois edit?-lo em DVD, atraiu os alunos, afinal, eles t?m contato com uma infinidade tecnol?gica nunca antes vista.

A problem?tica levantada est? presente, a Geografia, que ? uma disciplina, cuja leitura e interpreta??o s?o ? base de seu entendimento. Sem falar, que os alunos, de modo geral n?o gostam dessa disciplina, pois afirmam que para saber Geografia tem que "decorar".

Esse descontentamento com a Geografia tem a ver tamb?m com o

modo de trabalho do professor e, n?o apenas o entendimento do aluno que

acha que ? s? decorar e pronto.

Enfim, o que se prop?e com este trabalho ?, levar o aluno a ler, a

entender sem decorar, e, a ser capaz de relacionar o texto ao seu contexto.

A IMPORT?NCIA DA LEITURA

H? algum tempo, a dificuldade na interpreta??o de textos tem feito parte

do cotidiano escolar. Ao se realizar avalia??es que tem como base textos, a

dificuldade ? facilmente percept?vel, pois, a nota alcan?ada, geralmente, ?

inferior aquela conseguida com uma avalia??o que n?o utilizou compreens?o

textual. Quando se leva para a sala de aula, jornais, revistas e outros textos, a

inten??o dos alunos ? a de os ler "correndo", para terminar logo a leitura e a

atividade. Assim, n?o conseguem de forma clara e objetiva descrever o que

entenderam ou o que determinado texto quis dizer.

Outro ponto importante a ser considerado ? a quest?o da pr?pria

Geografia que durante muito tempo foi tida como uma disciplina que se

aprendia apenas decorando. Em Cavalcanti (2007), professoras de Geografia

ao indagarem alunos, sobre os motivos pelos quais eles afirmam n?o gostar de

Geografia, obtiveram como resposta:

"...eu nunca fui boa pra memorizar e a gente tinha de memorizar, n?? Ent?o eu acho que naquilo ali, s? voc? decorar e voc? n?o saber o que est? fazendo, eu acho que isso faz a gente n?o gostar das coisas...., dependendo do professor, o aluno gosta de Geografia, porque eles t?m mania de decorar, isso ? depress?o, decorar o que ? depress?o... (p.131).

Este pensamento, que o aluno tem acerca da Geografia, que apenas

decorando se aprende e, que ainda ? muito comum, h? que ser eliminado, pois

estudar Geografia ? conhecer, entender o mundo que nos cerca, sendo

necess?rio muita compreens?o. Nesta linha, afirma Cavalcanti (2007):

O aluno, em geral, n?o quer decorar fatos, nomes da Geografia, n?o porque ele n?o quer decorar nenhuma informa??o, mas porque ele ? n?o ? mobilizado para as informa??es da Geografia. ? claro que o ensino de nenhuma mat?ria pode se pautar apenas pela memoriza??o. Ensino ? um processo de conhecimento, ? mudan?a de qualidade no pensamento e a memoriza??o enquanto tal n?o ? conhecimento, nem provoca mudan?a na qualidade do pensamento (p.133).

Portanto, se ? preciso mudar a postura do aluno, demonstrado a

import?ncia de se adquirir conhecimento ?, preciso provocar a mudan?a de

pensamento, pensando na forma??o de um indiv?duo participativo e

conhecedor do mundo que o cerca, ? necess?rio retomar a quest?o da leitura

criando formas diferenciadas, din?micas e atrativas de ler e compreender um

determinado texto. Diante disso, ao prefaciar o livro "A import?ncia do Ato de

Ler", de Freire (2005), Antonio Joaquim Severino disp?em:

Este

(...) E aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se ?, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, n?o uma manipula??o mec?nica de palavras mas uma rela??o din?mica que vincula linguagem e realidade (p.8).

entendimento, onde a leitura ? uma rela??o din?mica de

aprendizado do mundo, de sua realidade ?, o que deveria permear toda a

educa??o escolar. Esta problem?tica tamb?m se faz presente nas aulas de

Geografia, pois o aluno ao trabalhar um texto em sala, o faz t?o rapidamente

que o resultado ? a sua n?o participa??o quando indagado sobre o que leu.

Dessa forma, o professor arca com ? responsabilidade de explicar ao aluno o

que o texto referenciava, acarretando a interpreta??o unicamente do professor.

Nesse sentido exp?em Freire (2005):

Desde o come?o, na pr?tica democr?tica e cr?tica, a leitura do mundo e a leitura da palavra est?o dinamicamente juntas. O comando da leitura e da escrita se d? a partir de palavras e de temas significativos ? experi?ncia comum dos alfabetizandos e n?o de palavras e de temas apenas ligados ? experi?ncia do educador (p.29).

Denota-se com isto, que os alunos n?o s?o entendedores da realidade

que os cerca, por n?o saberem interpret?-la, ou porqu? o texto n?o faz parte do

seu cotidiano, ent?o, apenas assimilam aquilo que o professor disse ser a

verdade. E, n?o ? esse o posicionamento que as diretrizes pol?ticas do Estado

requerem, nem ? esse o posicionamento de um cidad?o consciente, cr?tico e,

participativo.

Tamb?m, n?o h? o que se falar em descarte do conhecimento pr?vio do

aluno, daquela leitura que ele faz do mundo a sua volta, pois, suas viv?ncias

sempre devem ser consideradas. Muito mais que transmiss?o de conte?do e,

para al?m deste, se deve conduzir o aluno a partir de seu conhecimento,

juntamente com os conte?dos ministrados buscar a sua pr?pria interpreta??o

do mundo. Nesta linha, Freire (2005), relata que a import?ncia de ler ? um

processo que reside na necessidade de uma compreens?o cr?tica da leitura e,

n?o simplesmente o decodificar de palavras. Ainda, muito bem colocado,

complementa:

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, da? que a posterior leitura desta n?o possa prescindir da continuidade daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreens?o do texto a ser alcan?ada por sua leitura cr?tica implica a percep??o das rela??es entre texto e contexto (p.11).

Ao citar as rela??es entre texto e contexto, o autor se refere ? leitura de

mundo que o ser humano absorve durante sua vida, suas experi?ncias, sua

mem?ria, onde a compreens?o cr?tica j? se insere, mesmo antes de tomar

conhecimento do processo da leitura escrita. Essa leitura experenciada de

mundo j? se faz presente desde o momento do nascimento, quando do contato

do ser humano com o mundo a sua volta. Aos poucos, essa leitura

experenciada se acumula em forma de conhecimento. N?o h? como descartar

esse conhecimento adquirido.

Outro fator de grande relev?ncia no ?mbito escolar relacionado ? leitura

s?o os textos, ou seja, a qualidade daquilo que est? escrito. S?o variados livros

e textos que aparecem na escola, ou s?o levados pelos docentes, ou retirados

da internet, que muitas vezes s?o textos longos, onde a quantidade ultrapassa

a qualidade. Segundo Freire (2005):

A insist?ncia na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e n?o mecanicamente memorizados, revela uma vis?o m?gica da palavra escrita. Vis?o que urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada deste outro ?ngulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando identifica a poss?vel qualidade de seu trabalho, ou n?o, com a quantidade de p?ginas escritas. No entanto, um dos documentos filos?ficos mais importante de que dispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem apenas duas p?ginas e meia...(p.17-18).

? nesse sentido que se pode afirmar que a quantidade ultrapassou a

qualidade. N?o ? preciso ser um texto longo para ser bom. Isso se tornou

comum no cotidiano escolar. Parece que o "bom livro" ?, aquele "mais grosso".

E, mesmo os alunos quando fazem um trabalho escrito para o professor, ?

primeira pergunta ?, quase sempre: Quantas p?ginas professor? Isto j? est?

incrustado em suas mentes. Esta no??o distorcida de que a quantidade ? mais

valorativa que a qualidade h? que se findar.

A proposta implementada, "Rep?rter Gaia", pretendeu resolver esta

problem?tica fazendo com que o aluno, a partir de uma leitura, efetivamente,

compreendida, interpretada, mais o seu conhecimento da realidade, torne-se

mais participativo e poss?vel transformador social.

Entretanto, outro obst?culo se fez presente: Como, efetivamente, ler e

interpretar? Ora, o ato de ler implica, necessariamente, o ato de estudar, que

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