Falar de Nós



Falar de Nós

Grupo Musical do Club Amigu di Macau em terras portuguesas

Jorge A. H. Rangel *

“Sem esquecer o sucesso da sua digressão a Macau em 2004, o Grupo Musical do ADM (Amigu di Macau) concretiza outro sonho ao visitar Portugal para comemorar o 15.º aniversário da sua fundação e atua em vários pontos do país sob o tema ‘Difusão de Culturas’.”

José Cordeiro, no opúsculo de apresentação

O Fórum da Maia, centro cultural da cidade nortenha em cuja área municipal se situa o Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro (do Porto); a RTP, no seu popular programa matinal “A Praça”, transmitido de Vila Nova de Gaia; a Academia de Música de Espinho, com o apoio do município local; o Largo do Intendente, em Lisboa, em sessão promovida pela Junta de Freguesia de Arroios e pela Fundação INATEL; a Casa da Cultura da Ericeira, com organização e patrocínio da Câmara Municipal de Mafra; e o auditório do Museu do Oriente, em Lisboa, foram os locais que acolheram os seis concertos do Grupo Musical do Club Amigu di Macau, de Toronto (Canadá), cuja digressão decorreu de 21 a 27 de Maio, sempre com muito boa resposta de variados públicos que manifestaram alto apreço ao grupo pelas suas bem conseguidas actuações.

Especialmente significativa foi a interpretação de conhecidos trechos de música portuguesa com recurso a instrumentos tradicionais chineses. Como muito bem referiu o Cônsul-Geral de Portugal em Toronto, Dr. Luís Barros, na mensagem que dirigiu ao Club Amigu di Macau, tratou-se da “expressão de uma cultura sincrética, caldeada em quase 500 anos de entrelaçamento – ou abraço – entre, e alicerçada em, duas culturas, a portuguesa e a chinesa”. No mesmo contexto, foram muito apreciadas as canções em patuá, da autoria de Armando Santos, que também cantou em português em todos esses concertos.

Esta deslocação a Portugal, para comemorar o 15.º aniversário da criação do Grupo Musical, resultou da louvável persistência de José Cordeiro, presidente do Club Amigu di Macau, e de um enorme esforço pessoal e financeiro do grupo, cujos elementos comparticiparam nas despesas, uma vez constatada a ausência de subsídios oficiais. Apoios locais relevantes foram recebidos da Fundação Jorge Álvares, que assegurou o alojamento hoteleiro em Lisboa e estabeleceu contactos consistentes com diversos municípios e com a RTP, além de proporcionar os transportes para os locais onde o grupo actuou, ao mesmo tempo que garantiu a necessária e eficaz coordenação da digressão.

Além dos patrocínios das autarquias atrás identificadas, a Fundação Casa de Macau organizou um agradável convívio para receber o grupo na sede da Casa de Macau em Portugal, a Fundação Oriente promoveu o concerto no Museu do Oriente e o Instituto Internacional de Macau assumiu os encargos com algumas refeições. Além destas, umas poucas entidades de Toronto são também mencionadas na página de agradecimentos contida no opúsculo de apresentação: a Toronto Chinese Music School, a empresa Viana, a Aliança dos Clubes e Associações Portuguesas do Ontário e a Camões TV e Rádio.

Um interessante programa

O Grupo Musical, constituído por profissionais e amadores, tem como director musical o conhecido artista Guochan Chen. Natural de Taishan, Província de Guangdong, e formado no Conservatório de Xangai, integrou diversas orquestras e actuou como solista em numerosos concertos, tendo obtido importantes prémios em concursos e festivais realizados no continente chinês, em Hong Kong e em Macau. Em 1998, acompanhou a Orquestra Chinesa de Macau numa memorável deslocação a Portugal, onde as suas maviosas interpretações de erhu e gaohu foram muito elogiadas. Está radicado no Canadá desde 2007.

Colaborando intimamente com ele, como directora artística e conselheiros artísticos, destacam-se também Xiaomei He, Zhuoming Xu e Di Zhang, exímios intérpretes de pipa, dizi e yangqin, respectivamente, todos com formação especializada obtida na China continental, invejável currículo musical e notável experiência internacional.

O interessante e sugestivo programa abrangeu interpretações pelo grupo e também a solo. Trechos de música chinesa, como “A primavera do Sudeste da China”, “A dança da serpente dourada”, “Reflexos aquáticos de flores primaveris ao luar”, “O cantar dos pássaros na floresta” e “Despedida de Yang Guan” contrastaram harmoniosamente com conhecidas canções portuguesas, como “Coimbra”, “Lisboa antiga”, “Verde vinho”, “Uma casa portuguesa” e “Canção do Mar”, não faltando também algumas macaenses, como “Bastiana”, “Macau sã assi”, “Macau, terra minha”, “Aqui bôbo” e “Mamã sã filo”.

Por estarmos no mês de Maio, em consonância com as celebrações do Centenário das Aparições em Fátima e a visita do Santo Padre, a orquestra arrancou fortes e continuados aplausos quando, ao encerrar vários dos concertos, surpreendeu a assistência com um inédito “A Treze de Maio”, solenemente tocado por todos. Um dos espectadores, admirado e comovido, pediu a palavra para expressar um sentimento que era geral: “Surpreendente e magnífico! Mais do que isso, foi divino!”, exclamou, estimulando outra prolongada vaga de aplausos.

Canções de Armando Santos

A voz, a letra e as composições de Armando Santos reforçaram a componente “maquista” desta digressão. Natural de Macau e radicado no Canadá desde 1988, Armando Eugénio de Sousa Santos toca guitarra, piano e bateria, compõe e canta em várias línguas. Actuou nos melhores hotéis de Macau e em acções promocionais de Macau no exterior e continua a apresentar-se, como instrumentista e intérprete musical, em Toronto, onde reside e marca presença constante em festas de associações macaenses.

Vários eventos inseridos nos Encontros das Comunidades Macaenses, que têm lugar na terra-mãe de três em três anos, contaram com a sua participação, tendo ele lançado dois CD em 2006 e 2007, cujos títulos que escolheu foram “Lembranças de Macau”, em português e patuá, e “Memórias de Macau”, totalmente em patuá. Tem já no seu repertório mais de duzentas canções em patuá, português e inglês.

As canções que apresentou agora em Portugal são “Iou sã maquista”, “Macau maquista”, “Comizaina” e “Macau de uma voz”. Parabéns, Armando Santos, pelo seu valor e talento e pela continuada e meritória divulgação do patuá e da música macaense.

Outras actividades

Os membros do grupo, nos tempos livres entre concertos, aproveitaram para conhecer monumentos e atracções turísticas das terras onde estiveram, bem como a variada gastronomia portuguesa. Também visitaram Fátima e a costa do Estoril e Cascais, o Palácio Nacional de Mafra e, em Lisboa, a zona histórica de Belém, o Palácio da Independência, o Museu do Oriente e a Casa de Macau, onde se encontraram com responsáveis de várias entidades ligadas a Macau, como o General Garcia Leandro, presidente da Fundação Jorge Álvares, e membros dos órgãos sociais da Casa de Macau e da Fundação Casa de Macau.

Em todos os lugares e momentos deixaram uma lembrança muito positiva, pela simpatia e cordialidade que souberam irradiar. Também fizeram uma ampla distribuição de folhetos turísticos de Macau, juntamente com o opúsculo “Difusão de Culturas”, produzido por José Cordeiro, contendo mensagens, notas sobre o Club Amigu di Macau e o seu Grupo Musical e o programa geral dos concertos.

* Presidente do Instituto Internacional de Macau.

Escreve neste espaço às 2.ªs feiras.

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