ALBERTINA GOMES RODRIGUES



ÍNDICE

INTRODUÇÃO 2

1 CAPITULO I – OPÇÕES METODOLÓGICAS E ENQUADRAMENTO TEÓRICO CONCEPTUAL 5

1.1 A metodologia e a construção da amostra 5

1.1.1 A amostra Geral 5

1.1.2 A aplicação dos inquéritos, o tratamento e a análise dos dados 6

1.2 Elementos teóricos sobre a socialização do indivíduo 7

1.2.1 A dimensão social da comunicação 8

1.2.2 A dimensão social da educação 10

2 CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇãO DO OBJECTO DE ESTUDO 17

2.1 Breve história da televisão 17

2.1.1 O poder da televisão 18

2.2 O surgimento dos média em Cabo Verde 19

2.2.1 Televisão em Cabo Verde – nascimento e evolução 20

A TCV (Televisão de Cabo Verde) 20

2.2.2 A RTP África – nascimento e evolução 21

2.3 Ensino secundário em Cabo Verde 22

2.3.1 Objectivos do ensino secundário 23

2.4 Escola secundária do Palmarejo 23

2.4.1 Caracterização do corpo docente 24

2.4.2 Caracterização do corpo discente 25

3 CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO INQUÉRITO 26

3.1 Questionário aos docentes 26

3.1.1 Caracterização dos docentes em função da idade e do sexo 27

3.1.2 Os docentes e a televisão 28

3.1.3 Géneros de programas preferidos pelos docentes na TCV e na RTPÁfrica 31

3.1.4 Utilização de programas televisivos na sala de aula 33

3.2 Questionário aos discentes 35

3.2.1 Caracterização dos Discentes inquiridos 36

3.2.2 Distribuição dos discentes por zonas de residência 37

3.2.3 Distribuição doa alunos em função da profissão dos pais 37

3.2.4 Os discentes e o acesso aos instrumentos audiovisuais 38

3.2.5 A importância da televisão para os alunos 40

3.2.6 Os alunos e os canais de televisão 41

3.2.7 Horas em que assistem a televisão 42

3.2.8 Programas preferidos na TCV e na RTPÁfrica 43

3.2.9 A percepção dos alunos e professores em relação à televisão na escola 46

3.3 Sugestões para a exploração da programação televisiva no processo de ensino aprendizagem 46

3.3.1 O papel da escola 46

3.3.2 O papel do professor 47

4 CONCLUSÕES 50

BIBLIOGRAFIA 52

Ìndice de gráficos

Gráfico nº1- Distribuição dos alunos por anos de escolaridade................................................25

Gráfico nº 2 - Porquê da assistem da televisão diariamente ....................................................29

Gráfico nº 3 - Opinião dos docentes sobre a televisão……………..........................................30

Ìndice de quadros

Quadro nº 1 - Habilitação dos docentes do Liceu do Palmarejo ..............................................24

Quadro nº 2 - Idade, anos de docência e habilitações dos docentes.........................................28

Quadro nº 3 - Programas da TCV preferidos dos docentes......................................................32

Quadro nº 4 - Programas da RTPÁfrica preferidos dos docentes.............................................33

Quadro nº 5 – Televisão como recurso pedagógico em função do sexo…………….………..33

Quadro nº 6 – Televisão como recurso pedagógico em função da idade……………………..34

Quadro nº 7 – Propor aos alunos visualização em casa em função da idade…………………35

Quadro nº 8 - Distribuição dos alunos por anos de escolaridade……………………………..36

Quadro nº 9 – Profissão da mãe dos discentes………………………………………………..37

Quadron nº 10 – Profissão do pai dos discentes...…………………………………………....38

Quadro nº 11 – Equipamentos audivisuais mais utilizados pelos discentes……………….....39

Quadro nº 12 – Porque os alunos assistem a Televisão..……………………………………..40

Quadro nº 13 – Canais que seguem diariamente ......……..……………………………….....41

Quadro nº 14 – Horas que assietem a televisão diariamente……………..…………………..42

Quadro nº 15 – Programas preferidos na TCV……………………………………………….43

Quadro nº 16 - Programas preferidos na RTPÁfrica…………………………………………44

Quadro nº 17 – Como assistem os programs preferidos……………………………………...46

INTRODUÇÃO

Para obtenção de grau de licenciatura em Estudos Cabo-verdianos e Portugueses, o Instituto Superior de Educação exige a apresentação de um trabalho de fim do curso, que consiste no desenho e execução de uma pesquisa na área do estudo. O tema que nos propusemos investigar – “A Televisão em Cabo Verde e a Escola – Estudo de caso sobre a relação/influência da TCV (Televisão de Cabo Verde) e a RTPÁfrica (Rádio Televisão Portuguesa para África), no processo de Ensino-prendizagem na escola secundária do Palmarejo”, refere-se a influência e possível utilização dos Média, mais especificamente da televisão, nos processos de ensino-aprendizagem no ensino secundário.

A escolha da televisão em particular deve-se ao facto de que no decorrer da formação abordamos em diferentes ocasiões aspectos relacionados com papel deste na configuração dos nossos comportamentos. A cultura sob grande influência da televisão, podendo transformar a vida e a cultura geral dos telespectadores, na medida em que oferece referência diversas, Brougére, (1997).

Tendo em atenção esta questão, reflectindo a respeito dessa problemática e relacionando-a com a prática pedagógica, percebemos que, os nossos alunos são também telespectadores, pelo que são influenciados e estimulados pela televisão. Sendo assim, nos pareceu pertinente, procurar aprofundar os conhecimentos sobre essa problemática no sentido de conhecer como este média influência actualmente os processos de ensino-aprendizagem, se a sua relevância é tomada em consideração pelos docentes e como eventualmente pode ser potencializada a sua utilização na melhoria dos processos de ensino.

Decidimos assim, realizar um estudo sobre o modo como a televisão pode ser aproveitada para ajudar nessa nobre tarefa, que é a de ensinar, se pode ajudar o professor nas suas tarefas didáctivo-pedagógico. Por outro lado, ao colocar-nos a questão de como realizar a pesquisa, optamos pela delimitação do objecto de estudo. Nesse sentido, a nossa opção consiste em analisar as programações das emissões televisivas, que abrangem um público mais amplo no nosso país, num contexto bem específico: a Escola Secundária do Palmarejo.

A selecção desta escola deve-se ao conhecimento que já possuímos sobre a mesma e a facilidade de contactos, já que foi o espaço onde realizámos o estágio pedagógico.

No decurso da investigação tentaremos dar resposta a seguinte questão:

- Que impacto têm as programações da TCV e a RTPÁfrica, na vida dos alunos do ensino secundário e em que medida são aproveitadas para desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem?

Como hipótese de trabalho partimos do princípio que:

- Os alunos do ensino secundário ocupam grande parte do seu tempo livre a verem televisão e as mensagens que esta veicula influência as suas aprendizagens sociais;

- As técnicas pedagógicas utilizadas no ensino secundário, não permitem uma exploração adequada das possibilidades que a televisão oferece para o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem.

Os principais objectivos que pretendemos atingir com este trabalho monográfico, são os seguintes:

Gerais

- Compreender como a televisão influência os processos cognitivos dos estudantes do ensino secundário;

- Contribuir para a melhoria do ensino-aprendizagem no ensino secundário através da apresentação de sugestões que permitam capitalizar a programação da televisão no desenvolvimento desses processos.

Específicos

- Desvendar o lugar que possui a televisão na ocupação dos tempos livres, entre os alunos do ensino secundário;

- Revelar quais são as programações da TCV e da RTPÁfrica preferidas pelos jovens do ensino secundário;

- Examinar quais são as aprendizagens mais importantes que os jovens consideram adquirir através da visualização das programações destes canais;

- Estabelecer o grau de aproveitamento, por parte dos docentes das produções exibidas na televisão no desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem;

- Proceder ao levantamento das programações que podem ser exploradas em salas de aula, para o desenvolvimento desse processo.

O trabalho estrutura-se em três grandes capítulos:

No primeiro capítulo a “Opções Metodológicas e Enquadramento Teórico Conceptual”, visa a descrição das opções metodológicas, a partir da amostra geral e a descrição dos inquéritos aplicados. Seguido da apresentação dos elementos teóricos sobre a socialização dos indivíduos, abordagem sobre a dimensão social da comunicação e da educação, os tipos de comunicação, alguns dos principais agentes socializadoras e educativas, nomeadamente a família, a escola, os grupos de pares e a comunicação social.

No segundo capítulo fizemos a caracterização dos objectos de estudos, onde enquadramos uma breve história da televisão e o poder que ela exerce nos telespectadores. Surgimento dos Media em Cabo Verde, para uma fase posteriori mais especificamente centrar na Televisão de Cabo Verde (TCV) e a Rádio Televisão Portuguesa para a África (RTPÁfrica), o surgimento e evolução. Uma abordagem sobre o ensino secundário, os seus objectivos, e a caracterização da escola secundária do Palmarejo, onde fazemos a caracterização dos corpo docente e discente que o compõe.

O terceiro capítulo insere a apresentação dos resultados dos inquéritos, envolvendo a descrição dos questionários, a caracterização do público-alvo, em termos da idade, sexo, para os docentes, zona de residência, profissão dos pais, para os alunos. A relação que estes têm com a televisão e a sua importância nas suas vidas, os programas preferidos na TCV e a RTPÁfrica, horas e como preferem ver esses programas. Finalmente a percepção destes em relação a televisão/escola, seguido de algumas sugestões para exploração dos programas televisivas na sala de aula, para melhorar o processo de ensino-aprendizagem e finalmente a conclusão do nosso trabalho.

CAPITULO I – OPÇÕES METODOLÓGICAS E ENQUADRAMENTO TEÓRICO CONCEPTUAL

1 A metodologia e a construção da amostra

O nosso trabalho de investigação incide sobre diversas temáticas, designadamente sobre a comunicação, a educação e a escola, com maior destaque para a Televisão, razão porque a programação da Televisão de Cabo Verde e da Rádio Televisão Portuguesa para a África constituíram os eixos fundamentais da pesquisa. Optamos pelo estudo de caso como modalidade para a nossa pesquisa que é mais do que uma história ou uma descrição de um conhecimento, e segundo Bell, (2002) é especialmente indicado para investigações isoladas. Permite ao investigador concentrar-se num caso específico ou situação e identificar ou tentar identificar os diversos processos interactivos em curso. Seleccionamos os programas da TCV e da RTPÁfrica no intuito de identificar os conteúdos educativos e as contribuições destes no processo ensino-aprendizagem dos alunos.

Num primeiro momento a pesquisa centrou-se na colecta de dados entre os alunos e professores do liceu do Palmarejo com o objectivo de determinar o impacto que os programas dos canais em referência têm sobre os inquiridos e em que medida podem ser aproveitados. Segundo a autora referida supra, a aplicação dos inquéritos num trabalho científico tem como objectivo obter informação que possa ser analisada, para extrair modelos de análise e tecer comparações, na procura de respostas de um grande número de indivíduos previamente seleccionados, de modo que o investigador possa descrevê-las, compará-las, relacioná-las e demonstrar que certos grupos possuem determinadas características.

1 A amostra Geral

O público-alvo da pesquisa é o universo formado pelos alunos e professores da escola secundária do Palmarejo, tendo sido escolhidos uma amostra constituída por 26 professores com idade compreendida entre os 22 e 43 anos de idade 260 alunos, distribuídos pelas 26 turmas dos três ciclos (1º, 2º e 3º). Não consideramos a idade como uma variável, pelo que não fez parte do inquérito, uma vez que intrinsecamente se encontra definida no ano de escolaridade dos alunos.

Elegemos como universo da nossa pesquisa dois canais de televisão – a TCV e a RTPÁfrica. Para o efeito, assistimos a todos os programas diários que era-nos possível assistir, durante todo o tempo de investigação, de modo a acompanhar as mudanças progressivas dos respectivos canais.

2 A aplicação dos inquéritos, o tratamento e a análise dos dados

A aplicação dos inquéritos teve lugar de 7 de Maio de 2008 ao dia 12 de Maio para os alunos, tendo-se revelado necessário mais tempo para a aplicação aos professores, uma vez que estes fizeram a entrega dos inquéritos de acordo com as suas disponibilidades, de forma dispersa.

O questionário foi distribuído aos alunos para que fossem preenchidos durante as aulas, mercê da disponibilidade da direcção da Escola. Para o efeito contamos com a colaboração dos chefes das turmas seleccionadas a quem foram entregues 10 questionários por turma, os quais deveriam ser distribuídos aos colegas de forma aleatória, podendo também o chefe da turma ser um dos inquiridos. Os inquéritos eram devidamente preenchidos e devolvidos durante o intervalo.

Esta estratégia foi muito eficaz, pois fizeram questão de fazer um bom trabalho. Nem todos os questionários foram recebidos no primeiro dia, pois algumas turmas no momento estavam a fazer testes e outros, devido à falta de tempo devolveram as respostas aos questionários no dia seguinte. Dos seleccionados dois alunos não entregaram as respostas, outro esqueceu a sua em casa, tendo-lhe sido facultado outro questionário para preencher. Os inquiridos da última turma preencheram-nos durante o intervalo e sob a responsabilidade do subchefe da mesma, porque não foi possível encontrar o chefe da turma, tendo ficado por entregar três respostas, pelo que tivemos que escolher outros três alunos para os substituir. Actos que não colocaram em casa o sucesso da aplicação, pois os alunos colaboram e mostraram-se muito interessados no assunto.

No que se refere aos professores também a aplicação deu-se no dia 7 de Maio, com a ajuda de duas professoras, uma da manhã e outra da tarde, que se disponibilizaram para nos apresentar os professores seleccionados, tendo elas ficado responsáveis pela recolha dos inquéritos, já que alguns preferiram preenchê-los em casa. Outros preferiram preenchê-los durante o período das aulas e entregá-los nos intervalos. A recolha aconteceu durante mais ou menos três semanas, ou seja, não obstante todos se terem mostrado disponíveis e interessados em ajudar levaram algum tempo para entregar os inquéritos,

Para o tratamento das informações recolhidas através dos questionários, introduzimos as mesmas, numa base de dados, utilizando o programa “Statistical Package for the Social Science – SPSS for Windows”, que é uma ferramenta informática que permite realizar cálculos estatísticos complexos, e visualizar os resultados, em poucos segundos (Pereira, 1999), tendo procedido posteriormente à análise e formulação de algumas conclusões. Também o acompanhamento dos programas dos dois canais durante o processo, permitiu-nos posicionar a respeito da posição dos inquiridos.

2 Elementos teóricos sobre a socialização do indivíduo

Tendo em conta que o homem não possui um aparelho instintivo como o dos animais, diz Fromm (1983, p. 42-43) que “o primeiro elemento que o diferencia da existência animal é o processo de socialização”, significando que o indivíduo precisa ser socializado para sobreviver, isto é, ser educado, pelo que a “socialização é necessária para que o ser humano possa adaptar-se ao meio social onde se insere. É um processo a partir do qual os indivíduos interiorizam e se apropriam das estruturas objectivas e subjectivas da sociedade, ou seja, desenvolvem o sentimento colectivo, a solidariedade social e o espírito de cooperação com os outros, Dicionário Universal de Língua Portuguesa Contemporâneo, (2002). Por não serem herdados geneticamente os elementos que propiciam a adaptação espontânea ao ambiente social, os sujeitos sociais devem necessariamente adquirir, através de um processo de aprendizagem, uma série de saberes e habilidades que lhes permite entrar, fazer parte, relacionar-se nos diferentes grupos, sectores e ambientes nos quais participam desde que nascem. Este longo e permanente processo de aprendizagem no qual os indivíduos são preparados para serem membros efectivos da sociedade é que se denomina processo de socialização, Berger, P. e Berger, B. (1972).

A educação recebida antes do ingresso a escola, na maioria das vezes é recebida de forma informal. Assim chamada por não ser organizada, e é emanada da família, da religião, do trabalho, do lazer, dos meios de comunicação social. Com o ingresso no sistema de ensino inicia-se a educação formal, que implica uma variação das formas de transmissão dos comportamentos, sob a forma de modelos educativos, ancorados nas normas legislativas, ou nas regras dos grupos sociais que escolhemos para conviver.

1 A dimensão social da comunicação

A sociedade sendo um grupo extraordinariamente organizado, precisa que todos se comuniquem a fim de se conhecerem, de fazerem trocas de conhecimentos, de vivências, experiências e informações, pelo que necessita de um instrumento ou uma via que lhe permita a transmissão desses elementos. De acordo com, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (2002), a palavra comunicação no sentido etimológico do termo, tem a sua origem no latim (communicatio - õnis), que significa acção de transmitir e receber mensagens, usando os meios e códigos convencionados. Porém, desde o ponto de vista de Figueiredo (1939), citado por Trindade, (1990, p. 32), comunicar é “fazer comum, tornar conhecido, fazer participar (…). Ligar; pôr em contacto. Transmitir. Conviver com. Estar ligado. Ter contacto. Ter correspondência. Ter passagem comum”.

A comunicação invade todos os campos, desde a área das relações humanas, passando pela área do marketing, da esfera religiosa, da psicológica, a convivência, da educação principalmente, ou seja a ideia de comunicar se aplica em qualquer objecto, tanto materiais, como pessoais ou animais. A acontece a qualquer momento, mesmo não tendo intenção de se comunicar, portanto pode-se comunicar pelo gesto, pela palavra falada ou escrita, pela imagem, convencional ou simbólica, com som ou pelo silêncio, Freixo, (2002, P. 25).

Segundo Trindade, (1990, p. 33), dependendo da situação, existem várias formas de se comunicar, podendo ser de forma directa, implicando a presença física dos vários intervenientes, ou à distância, o que obriga a existência de meios capazes de transpor a separação física entre aqueles que se pretendem contactar. Podendo ser dirigida ou aberta, ou seja dirigida, a partir do momento em que se decide que a sua origem é destinada a um ou mais destinatários bem definidos, (carta, ou mesmo telefone), aberto, quando se destina a quem quer que queira e possa fazer uso dela, (a televisão, a rádio, etc.).

Tomando em consideração o âmbito e os objectivos deste trabalho, utilizamos o termo comunicação no seu sentido mais pedagógico, ou seja também como um processo de auto-compreensão:

“O conceito comunicação é de extrema importância para uma pedagogia crítica da emancipação”, (…) tendo em conta que a pedagogia na sua tarefa de educação, a formação do homem não pode limitar-se, somente ao ensino do comportamento linguístico, mas também a comunicação, como forma de estimular os intervenientes a não estarem somente informados de determinados factos, mas também chegar a sua compreensão, ou entendimento (in Vocabulário Fundamental de Pedagogia; 1969).

De acordo com essa concepção, o agir pedagógico e a acção comunicativa estão em harmonia, logo “o educando deve ser conduzido no processo educativo como um sujeito que é capaz de participar na vida comum, não só no sentido de uma capacidade de acção funcional, mas, também no sentido de capacidade de conhecimento Figueiredo”, (1939).

1 Tipos de comunicação

Há várias formas de se transmitir uma mensagem, pois cada um tem a sua expressão e maneira peculiar de se demonstrar e partilhar, dependendo do objectivo, da situação geográfica, da cultura e do meio social onde se encontra enquadrado, como parte fundamental dessa sociedade, pelo que existem diferentes tipos de comunicação:

a) Intrapessoal – é a comunicação que começa com a própria pessoa e com seu ambiente físico, psíquico, cultural e espiritual, a partir de um diálogo da pessoa com o seu coração e a sua consciência, através do qual a pessoa chega a uma consciência crítica e uma revisão de vida;

b) Interpessoal – é a conversa, o diálogo, que pode ser face a face, à distância, verbal e não verbal. É a troca de informações e conhecimentos, de experiências, entre pessoas, que têm objectivos, intenções em comum dentro do seu meio de convivência;

c) Grupal – é a comunicação em grupo, que acontece entre uma agremiação de pessoas que se encontram em reunião, convívio, onde todos os presentes participam do diálogo, sendo emissores e receptores;

d) Comunitária – é o tipo de comunicação que mantém vivos os laços de união e participação das pessoas em projectos comuns e que cria “consciência comunitária” e defendem os mesmos ideais.

e) Social – o processo de comunicação se realizar através dos grandes meios (televisão, rádio, cinema, imprensa...), e com grande público. Neste tipo de comunicação, no mundo actual, há uma certa ruptura entre o emissor e o receptor. O emissor, normalmente, é uma empresa ou organismo e o receptor é um público heterogéneo e anónimo, que recebe essas informações.

2 A dimensão social da educação

De acordo, com Sousa (1998), educação é originária do latim - educare, significa alimentar/ instruir, sinónimo de tirar para fora, conduzir para. A palavra educação tem duplo sentido:

- Educar consiste na pessoa se oferecer como modelo a ser educado, é crescer e evoluir de maneira a constituir-se ela própria como modelo.

- Na sua vertente socializante, a educação permite a transmissão da cultura, dos valores éticos e cívicos e o desenvolvimento económico e moralizante da sociedade, onde a escola exerce um papel fundamental, Freixo (2002, pg. 148):

- “Como processo educativo: a educação realiza-se através de uma interacção onde intervém directamente duas pessoas – educador e o educando – e indirectamente muitas outras;

- Como conjunto de aquisições: (conhecimentos, adestramentos, atitudes e comportamentos) que constituem um património comum de vários indivíduos e resultado de uma acção colectiva;

- Como uma acção orientada: para certas finalidades definidas pela sociedade e para a sociedade”.

Em suma a educação é um processo de construção de uma consciência crítica, que começa com a problematização, com a reflexão dos dados que nos chegam directa e indirectamente, através dos meios ideológicos, como a escola, os livros didácticos, os meios de comunicação de massa, a religião, a família, os grupos de pares, para dar resposta aos desafios de um mundo em rápida transformação.

1 Os principais agentes socializadores e educativos

O processo de socialização é necessariamente influenciado pelos agentes que o desenvolvem. Um indivíduo que vive em sociedade interage com vários agentes de socialização: a família, os vizinhos, o grupo de trabalho, a televisão, a igreja, os grupos de pares, etc. Para entender a dinâmica que se gera nos processos de recepção e as possibilidades para uma intervenção pedagógica na área da educação é preciso trabalhar com esses agentes, pois, sem eles não se pode falar no ensino-aprendizagem de qualidade por toda a vida.

A família

Segundo Bourdieu, citado por Freixo (2002, pg. 68), “a família é um conjunto de indivíduos aparentados ligados entre si ou por aliança, casamento, ou por afiliação, ou ainda e mais excepcionalmente, pela adopção (parentesco), que vivem sob o mesmo tecto (coabitação) ”. É um elemento essencial no processo de socialização, um construtor da realidade social, sendo que é na família que se dão os primeiros passos de socialização. O que significa que a família existe como suporte da aprendizagem das relações afectivas preparando o homem para as relações da sua maturidade.

A acção construtora da realidade social da família tem por base três factores fundamentais, que marcam a vida do indivíduo pelo resto da sua vida:

“Primeiro, porque ela ocorre desde dos primeiros anos de vida, onde ainda a personalidade da criança é mais maleável. Posteriormente essa acção é mais intensa, devido a convivência que existe entre familiares, e finalmente ela se desenvolve num clima afectivo, onde já está preparado para receber as novas aprendizagen, (Freixo, 2002, p.69)

Podemos assim, dizer que a família continua a ser o principal agente de socialização, de acordo com as palavras de Bourdieu, citado por Freixo, “a família desempenha (…) um papel determinante na manutenção da ordem social, na reprodução, não apenas biológica, mas social, quer dizer, na reprodução da estrutura do espaço social e das relações sociais”.

A família e a televisão

Neste mundo em constante mudança e sempre à pressa, ninguém tem tempo para conversar, dialogar, trocar conhecimentos e experiências, ou transmiti-las, escasseando assim o relacionalmente das pessoas. Hoje os pais não têm tempo para os filhos, pois eles estando esgotados pelo trabalho, conformam-se em entregar para entretenimentos variados, entre eles o audiovisual, deixando as vezes de acompanhá-los, o que implica a uma certa independência da parte deste em fazerem escolhas erradas, nomeadamente ficarem “entretidos” a frente da televisão, a ver todo e qualquer tipo de programas.

A televisão vem ocupando essa função, que era exercida antes pela família, pois ela fascina, encanta, cria expectativas, põe os neurónios a trabalhar, excita, como também inibe, e faz ter medo, a partir do contacto com o mundo, que se reflecte na formação da nossa personalidade, principalmente dos mais jovens. Neste sentido a televisão, como os demais média, devem ser transformadas em fonte de diálogo no seio da família, de forma a assegurar que não se tornem em elementos de desagregação, ao serem tomadas como um vício, como forma de acalmar os filhos, já que passam mais tempo em frente dela, do que da própria família.

A partir da televisão passam a ter contacto com as diversas realidades que os rodeiam, que nem sempre são bem interpretadas. Por isso, nunca é demais realçar e reconhecer a importância da televisão para o desenvolvimento e educação dos jovens, mas que contudo não substitui a família. Poderá porém, ser uma fonte de união familiar, que deverá ser explorada e desenvolvida para o benefício dos telespectadores, principalmente dessa camada.

A escola

A palavra escola é proveniente do Grego (scholé), que significa, descanso, estudo, estabelecimento de educação, público ou privado, no qual o ensino em geral ou especializado, é ministrado de forma colectiva e segundo uma planificação sistematizada. É ainda, um conjunto de alunos, professores e pessoal auxiliar de um estabelecimento, (Dicionário Universal). Porém, Trindade (1990, p. 53), caracteriza a escola, como “ uma entidade complexa cuja função principal é a de ministrar ensino e a educação, de forma organizada, a uma população com determinadas características, idade, perfil de conhecimentos e de experiências já adquiridas”.

A escola é o lugar de aprendizagem, por excelência, dos saberes intelectuais e de experiências de vida, onde o indivíduo vai desenvolver os seus princípios culturais, cultivar as suas capacidades intelectuais, desenvolver o espírito crítico e promover o sentido dos valores, preparando-se assim, para a vida profissional e social activa.

O papel socializador da escola

O papel socializador da escola é muito subtil, defende o sociólogo Anthony Giddens, citado por Freixo, (2002, p. 74), tendo em conta que ao lado do currículo formal, existe o currículo oculto, de que depende em grande parte a aprendizagem dos estudantes. A escola hoje está no alcance de todos, por isso ela sente a necessidade de se adaptar ao ritmo de desenvolvimento dos indivíduos, com o objectivo de conseguir a realização individual através do desenvolvimento das suas capacidades, favorecer a adaptação à família e aos demais grupos sociais, mobilizá-los para o trabalho e necessidades da sociedade e motivá-los para a participação activa, como cidadãos, na própria comunidade. A escola tem a responsabilidade de propiciar certos tipos de aprendizagens e, também, suplementar as informações vindas de outros agentes de socialização, se levarmos em conta que o processo de socialização visa preparar o indivíduo para viver em sociedade, Novaes, (1970).

O grupo de pares

A palavra grupo, significa um conjunto de objectos abrangidos num mesmo lance de olhos; conjunto de coisas que formam um todo; conjunto de indivíduos que têm interesses comuns (Dicionário Universal). A sociologia caracteriza grupo, como “totalidade reconhecível, estruturada e duradoira de pessoas sociais, que desempenham papéis sociais conjugados entre si de modo recíproco segundo normas, interesses e valores sociais em vista de objectivos comuns”, o que Piaget, denomina de “par” que significa “igual”, Freixo, (2002, p. 72).

Para alguns autores o grupo de amigos é um factor importantíssimo e de grande relevância/aceitação que prevalece no seu futuro. Os jovens aprendem nesses meios a desenvolver competências necessárias para a sociabilidade, para a intimidade. Ou seja, é onde intensificam as suas relações sociais e adquirem o sentimento de pertença, que muitas vezes os motiva e os ajuda a atingir a maturidade individual.

A escola e a relação entre pares

A integração escolar é sinónimo de novas amizades, novos grupos, sendo que ela constitui um espaço institucional privilegiado para a integração entre pares, e facilita a relação entre os estudantes. A escola facilita também, as relações sociais entre os adolescentes, desde da organização dos curricula e das actividades extra-curriculares, até da própria distribuição ou reorganização dos alunos na sala de aula, em grupos-turma, na exploração dos trabalhos de grupos, ou nos intervalos. Pode-se dizer que a escola é um espaço perfeito para desenvolver relações e experiências interpessoais entre os alunos.

São trocas, relações, que trazem a diferença, a diversidade de amigos e contactos, que podem acompanha-los por toda a vida. Assim, de acordo com Paiva, (1990), enquanto instituição educativa básica a escola, tem vindo cada vez mais valorizando o desenvolvimento de competências enquanto objecto educativo, a partir do desenvolvimento interpessoal entre pares, tendo em conta que os alunos não devem ser deixados ao acaso, devem pois, ser alvo duma intervenção intencional.

A comunicação social

Os Meios de Comunicação Social, são um conjunto de meios de difusão de informação de carácter jornalístico (escritos, audiovisuais e multimédia), que operam no interior de uma sociedade, (Dicionário de Ciências da Comunicação, p. 54). A Comunicação social abrange os meios e processos orais, escritos, sonoros, visuais e audiovisuais e quaisquer outros de recolha, tratamento e difusão da informação e sua comunicação ao público, (Comunicação Social, Colectânea de Legislação, p. 6). São considerados meios de comunicação social ou mass média – a rádio, o cinema, a televisão, os jornais e as revistas, websites, CD, DVD, videocassetes, etc.

Nos últimos tempos eles vêm sendo apontados como uma das principais instituições e fontes de informações que contribuem para à socialização. Eles promovem a socialização e contribuem para a formação da identidade do individiuo, a partir das suas influências, e ideologias, que reproduzem e reforçam. Contudo, cumprem esse processo de socialização, de maneira não formal, sem qualquer regra e/ou organização, mesmo sendo um intermédio da promoção de valores e de sistemas. Deste modo exerce uma subversão nos modos de sentir e pensar e de pensar do homem contemporâneo. Entretanto, segundo Freixo (2002, p. 77), tal como a instituição escolar, também os meios de comunicação de massas se inscrevem num contexto sociologicamente determinado.

Funções dos meios de comunicação social

Os meios de comunicação social possuem diversas funções, incorporando-se, assim como verdadeiros agentes responsáveis pela socialização dos indivíduos. Não possuem um objectivo pedagógico, mas é possível fazer deles uma utilização educativa, diz, Cazeneuve, (1996), pois pode-se aproveitar o que têm de melhor como estímulo educativo. Sendo assim os meios de comunicação social possuem as seguintes funções:

i. Divulgação de informação e notícias e do conhecimento;

ii. Difusão da cultura e reforço dos valores e da identidade nacional;

iii. Contribui para a correcta formação da opinião e educação cívica dos cidadãos;

iv. Educa através da transmissão de conhecimentos, na formação do carácter e promoção

de cultura e atitudes de vida, que colmata com a sua faceta de promoção cultural, no difundir de obras artísticas e culturais para preservar o património, ampliar o horizonte cultural, promover o intercâmbio entre as culturas, religiões, a língua;

v. Entretem, no sentido de distrair as pessoas, está ligado a apresentar o belo, o que é espectacular, sobretudo nas produções de televisão.

CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO DO OBJECTO DE ESTUDO

1 Breve história da televisão

A palavra Televisão, proveniente do grego “tele – distante”, e do latim “visione – visão”, caracteriza como um sistema electrónico de recepção de imagens e som de forma instantânea, que funciona a partir da análise e conversão da luz e do som em ondas electromagnéticas e da sua reconversão em um aparelho – o televisor, que pode ainda ser chamado de tv. Somente em 1907 o termo televisão começa a entrar na linguagem corrente, sendo pela primeira vez atestado nos dicionários, Rodrigues, (2000). Contudo, de acordo com Cazeneuve, (1996), é difícil precisar em que data surgiu a televisão e quem foi o seu inventor. A sua história deve-se aos grandes físicos e matemáticos que deram a sua contribuição às ciências humanas com a criação desse grande e poderoso veículo de comunicação:

1817 - O químico sueco Jakob Berzelius, descobriu o selênio, elemento químico brilhante e luminoso;

1842 - Alexander Bain, transmitiu uma imagem telegráfica sem movimento;

1873 - Na Irlanda, o operador de telégrafo Joseph May, descobriu o efeito fotoelétrico;

1875 - Em Boston / EUA, George Carey propôs um sistema que era baseado na exploração de cada ponto da imagem simultaneamente;

1880 - O francês Maurice Le Blanc descobriu que imagens sucessivas apresentadas em velocidade davam a impressão de movimento;

1884 - O alemão Paul Gottlieb Nipkow captou imagens divididas em pequenos pontos;

1897 - Karl F. Braun, da Universidade de Strasbourg inventou o tubo de raios catódicos;

1923 - Vladimir Zworykin, engenheiro eletrônico russo nacionalizado americano, patenteou o iconoscópio;

1926 - O engenheiro escocês John L. Baird conseguiu transmitir alguns contornos de imagens em movimento;

1927 - O engenheiro norte-americano Philo Taylor F. conseguiu transmitir imagens estáveis de um lugar para outro;

1928 - Construiram na Alemanha o aparelho “Telehor”, semelhante ao demonstrado por Baird em Londres;

1930 - A NBC, subsidiária da RCA, transmite experimentalmente nos Estados Unidos com a emissora W2XBS;

1935 - É realizada oficialmente a primeira transmissão na Alemanha, seguido da França;

1936 - Inauguração da BBC, em Londres;

1938 - A televisão chega a Rússia;

1939 - As transmissões regulares só começaram em 1939. A pioneira foi a NBC, e começaram a ser vendidos ao público os primeiros aparelhos de TV;

1941 - A CBS apresentou o primeiro noticiário da história da televisão;

1946 - Comercializam o primeiro aparelho de televisão popular, (630TS da RCA);

1948 - A TV a cabo foi utilizada pela primeira vez em 1948, na cidade de Oregon;

1951 - A CBS foi a primeira a levar ao ar a TV a cores nos Estados Unidos;

1954 - Foi padronizado o sistema a cores NTSC pela Associação das Industrias Eletrónicas;

1955 - A WNBT fez a primeira gravação mundial em videocassete, usando fita magnética de som e imagem;

1956 - O VT foi utilizado pela primeira vez pela CBS;

1962 – Realizaram nos EUA a primeira transmissão de TV via satélite.

1 O poder da televisão

A televisão é o mais importante e o mais completo dos média, visto que ela desempenha um papel predominante na formação dos indivíduos. É possuidora de um poderoso efeito sobre a sensibilidade do indivíduo, a partir da criação de um ambiente favorável de partilha emocional. A sua crescente difusão transmite uma excepcional capacidade de condicionar juízos, sentimentos, atitudes, preferências e correntes colectivas de opinião que tem que ver com os diferentes valores e regras culturais e políticas da sociedade.

Não obstante, ela dita a hora de comer, de deitar, de sair, de conversar, de conviver, ocupando o papel de verdadeiro gestor de comportamentos, fazedor de opiniões e condicionador de atitudes, através da sua linguagem dinâmica, que responde à sensibilidade dos que a vêem, Marinho (2001). A televisão oferece quase tudo já feito, desde a alegria de ver algo que fazem os telespectadores sentirem-se felizes, a excitação de assistir as emocionantes aventuras dos seus heróis, a tristeza de ver chorar determinadas personagens, e a vontade de contactar com certas realidades.

O importante é que se deve ter em conta que a televisão pode ter no seio dos jovens uma influência negativa, se as informações forem mal interpretadas, assim como pode ser um grande agente de transmissão de cultura, capaz de desenvolver a capacidade intelectual dos telespectadores, criando juízos de valores, socializando e levando-os a novos conhecimentos e valores, Marinho (2001).

2 O surgimento dos média em Cabo Verde

A história dos média em Cabo Verde acompanhou o percurso da imprensa cabo-verdiana, que começou em 1842, com a publicação do primeiro Boletim Oficial do Governo-Geral de Cabo Verde, na Boa Vista, onde funcionava a sede do Governo. A imprensa teve quatro fases diferentes; a primeira deu-se com a publicação do primeiro jornal “O Independente”, na Cidade da Praia, marcando assim, o inicio das actividades jornalísticas nas ilhas, que se estendeu até 1890. A segunda fase teve início em 1889, com a publicação de quatro jornais, três em Mindelo e um único na Praia, o “Jornal Cabo Verde”. Enquanto a terceira fase deu-se com a Proclamação da República em Portugal, em 1910, com outras publicações, nomeadamente o “Recreio”, em S. Nicolau e o “Mindelense” em São Vicente. Finalmente, a quarta fase, aconteceu com a Independência Nacional, surgindo jornais e revistas como, “Ponto & Vírgula”, “A Semana”, etc. A televisão só veio surgir 10 anos depois da independência nacional, como televisão experimental, a TEVEC.

1 Televisão em Cabo Verde – nascimento e evolução

A televisão nasceu em Cabo Verde, como uma televisão experimental, denominado, TEVEC, (Televisão Experimental de Cabo Verde). Entrou no “ar”, pela primeira vez a 12 de Março de 1984, tendo conhecido a oficialização somente a 31 de Dezembro do mesmo ano. Possuía na época as instalações mínimas, com apenas 22 profissionais e 3 emissões semanais, com poucas horas de transmissão. Começou a crescer até evoluir para a televisão pública, de natureza e vocação nacionais, graças a apoios de parceiros internacionais, nomeadamente Angola, Portugal, França e outros. Contudo, em Julho de 1990 com a abertura política e a vitória do MPD (Movimento para Democracia), a TEVEC passou a ser chamado de TNCV (Televisão Nacional de Cabo Verde), com direito a um segundo estúdio, aquisição dos primeiros carros de exterior, acompanhados com o crescimento e qualificação dos operadores e jornalistas.

De acordo, com a proposta do então Ministro da Comunicação, José António dos Reis, deu-se a fusão da rádio e da televisão (RNCV e TNCV). Desta fusão, criou-se os dois órgãos de comunicação, a RTC-FM e RTC, que passaram a pertencer uma única empresa – a Radiotelevisão de Cabo Verde. Não obstante, com o regresso do PAICV ao poder em 2001, a rádio passou a ser chamado de Rádio de Cabo Verde (RCV) e a televisão, Televisão de Cabo Verde (TCV), permanecendo até ainda com esse nome.

A TCV (Televisão de Cabo Verde)

A televisão de Cabo Verde tem a sua sede na Cidade da Praia, ilha de Santiago, mais concretamente na zona de Achada de Santo António. É propriedade do Estado, sob a responsabilidade da empresa Radioteleivisão Cabo-verdiana (RTC). Possui 90 funcionários, dos quais, 25 são jornalistas, 16 operadores de câmaras, 7 operadores de montagem, 5 realizadores, 2 produtores, 2 assistentes de produção, 2 supervisores, 9 operadores de emissão e 5 técnicos de manutenção. Em termos de espaços possui salas de administração, salas de informação, sala de redação, salas da técnica, restaurante e salas dos chefes de informação e direcção. Conta ainda, com garagens e armazéns onde guardam o matérial técnico. É uma televisão generalista, tendo como fonte de financiamento o Estado e a publicidade, com um sistema de Produção/Reprodução Hertziano de ondas e cabos submarinos de fibra óptica, para todo o país.

2 A RTP África – nascimento e evolução

A RTP África é um canal generalista produzido pela RTP, destinado aos habitantes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. Foi inaugurada a 16 de Fevereiro de 1997, tendo iniciado as suas emissões regulares no dia 7 de Janeiro de 1998, via satélite com retransmissão hertziana terrestre em todos os países referidos, com excepção de Angola, onde é apenas captável via satélite, sendo ainda distribuído nas redes de cabo em Portugal.

Produzida em parceria com os serviços públicos de televisão dos cinco países africanos da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), a RTPÁfrica é complementada pela NET RTP, um projecto que visa a troca recíproca de programas e de notícias entre Lisboa e as capitais dos PALOP, com 24 horas por dia de audiências e acesso em simultâneo à mesma programação, com especial destaque para as notícias do dia sobre Portugal e África. Este canal transmite, quer programas das televisões públicas e privadas portuguesas quer das televisões públicas africanas. Colabora com as Nações Unidas para a transmissão de programas de divulgação da organização.

A intensificação da produção das delegações foi crescendo à medida que a RTP África foi se afirmando. As diferentes delegações da RTPÁfrica nos PALOP contam com um delegado nomeado pela RTP, que tem a responsabilidade de gerir a Delegação e o trabalho que nele se efectua, contando com um staff nacional a trabalhar. A média é de 2/3 jornalistas por delegação, 2/3 operadores de câmara, 2/3 operadores de edição, 2 pessoas a apoiar as redacções, 1 motorista/assistente.

A RTPÁfrica em Cabo Verde

Em Cabo Verde a primeira co-producão foi estreada um ano após a sua inauguração, com, uma série ficcionada de 13 programas de poesia cabo-verdiana, “O Povo das Ilhas”, a cargo da RTC e da RTPÁfrica. A actividade diária da delegação da RTP África em Cabo Verde compreende a pesquisa de notícias em África, que possam interessar o público português. As temáticas são as mais variadas: política, desporto, cultura e todos os acontecimentos que possam interessar ou condicionar a sociedade portuguesa e cabo-verdiana. Os serviços jornalísticos são destinados aos diversos programas informativos dos vários canais da RTP: RTP1, RTP2, RTP Internacional e RTP África. Com um público potencial de 25 milhões pertencentes aos PALOP e diásporas e as televisões nacionais, na possibilidade de intercâmbio de notícias e programas. RTPÁfrica tem como objectivo a preservação e promoção da língua portuguesa, tendo sido mais uma voz, no panorama da comunicação social nesses países, feita por profissionais africanos em África.

4 Ensino secundário em Cabo Verde

O sistema de ensino cabo-verdiano compreende os subsistemas da educação pré-escolar, escolar e extra-escolar. A educação pré-escolar é de frequência facultativa e destina-se as crianças com idades compreendidas entre os 3 aos 6 anos.

A educação escolar é composta pelo ensino básico, secundário, médio e superior. O ensino básico está subdividido em três fases a distinguir: 1ª fase (1˚ e 2˚ anos de escolaridade), a 2ª fase (3˚ e 4˚ anos), 3ª fase (5˚ e 6˚ anos). O ensino secundário está subdividido por ciclos – 1˚ ciclo (7˚ e 8˚ anos), 2˚ ciclo (9˚ e 10˚ anos), 3˚ ciclo (11˚ e 12˚ anos). Já neste último, o aluno pode frequentar a via geral ou a via técnica.

A educação extra-escolar desenvolve-se em dois níveis distintos, a educação básica de adultos e a formação profissional.

O ensino secundário dá continuidade ao ensino básico possibilita a aquisição das bases científico-tecnológicas e culturais necessárias aos procedimentos de estudos e ingresso na vida académica, assim como a aquisição de qualidades profissionais para o mercado de trabalho.

1 Objectivos do ensino secundário

a) Desenvolver a capacidade de análise e despertar o espírito de pesquisa e de investigação;

b) Propiciar a aquisição de conhecimento com base na cultura humanística, científica e técnica visando a sua ligação com a vida activa;

c) Promover o domínio da língua portuguesa reforçando a capacidade de expressão oral e escrita;

d) Facilitar ao aluno o entendimento dos valores fundamentais da sociedade em geral e sensibilizá-lo para os problemas da sociedade cabo-verdiana e da comunidade internacional;

e) Garantir a orientação e formação, permitindo maior abertura para o mercado de trabalho sobretudo pela via técnica;

f) Promover o ensino de língua estrangeira.

5 Escola secundária do Palmarejo

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A escola secundária do Palmarejo é um estabelecimento de ensino situado na localidade do Palmarejo, ao lado do ISE (Instituto Superior de Educação). Iniciou as suas actividades lectivas em 14 de Outubro de 2002, contudo só foi inaugurada em 30 de Novembro de 2005, pela então Ministra de Educação e Ensino Superior, Dra. Filomena Martins.

Financiada pela Cooperação Portuguesa, possui uma moderna e complexa infra-estrutura escolar constituído por 30 salas de aulas, cabendo em média 37/38 alunos, duas salas de informática, 3 laboratórios devidamente equipados com materiais modernos e sofisticados (laboratório de ciências, física, química e biologia), uma sala de professores. Possui ainda três salas de arrecadações, uma casa de guarda e uma cantina, bem como um pequeno quiosque logo à entrada da escola, no momento alugada e em pleno funcionamento e uma papelaria.

Com uma sala de actos com capacidade para 130 pessoas, equipada com meios audiovisuais, e uma biblioteca. Catorze casas de banhos, um excelente ginásio que é ocupado permanentemente com práticas desportivas compreendendo um pavilhão e placa desportiva. A secretaria é composta por um bom espaço onde trabalham duas funcionárias, constatando-se assim que a escola secundária do Palmarejo reúne todas as condições adequadas ao processo Ensino/Aprendizagem.

1 Caracterização do corpo docente

O Liceu do Palmarejo possui um universo de 97 docentes, sendo 44 masculinos e 53 femininos. Dois desses docentes não estão a exercer a função, sendo que um trabalha biblioteca e outra na secretaria. Em relação as suas habilitações, somente 41 docentes são licenciadas, sendo 29 do sexo feminino e 12 do sexo masculino. Não obstante, 34 destes têm curso superior sem licenciatura, não há mestrados, nem doutorados, 2 professores com cursos médios, ambos masculinos, 18 que estão frequentar o ensino superior, sendo 4 do sexo feminino e 14 do sexo masculino, somente 1 docente com 12˚ ano/ano zero.

Quadro nº 1 - Habilitação dos docentes do Liceu do Palmarejo

| |Sexo |

|Habilitação | |

| |F |M |Total |

|Licenciatura |29 |12 |41 |

|Curso Superior sem Licenciatura |19 |15 |34 |

|Curso Médio |0 |2 |2 |

|Frequência de Curso Superior |4 |14 |18 |

|12º Ano/Ano Zero |1 |0 |1 |

|Outros |0 |1 |1 |

|Total |53 |44 |97 |

2 Caracterização do corpo discente

Provisoriamente o liceu do Palmarejo acolhe 2207 alunos, dos quais 1106 do sexo feminino e 1101 do sexo masculino, distribuídos por três ciclos, correspondendo ao todo 62 turmas. No primeiro ciclo compreende-se 24 turmas, estando matriculados um total de 900 alunos, (480 do sexo feminino e 420 do sexo masculino), sendo 307 no período de manhã e 598 à tarde. O segundo ciclo é constituído por 20 turmas, correspondendo um total de 711 alunos, 340 do sexo feminino e 371 do sexo masculino (188 no período da manhã e 523 à tarde). Finalmente o 3˚ ciclo abrange uma total de 596 alunos, distribuídos por 18 turmas, somente no período de manhã. Porém, no momento o liceu tem efectivo apenas 2055 alunos, para 31 turmas, 1087 alunos no período manhã e 1130 à tarde.

Gráfico nº 1 – Distribuição dos alunos por ano de escolaridade

CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO INQUERITO

1 Questionário aos docentes

Para que a aplicação do inquérito abrangesse todas as disciplinas leccionadas no liceu do Palmarejo, inquirimos 26 professores e as suas respectivas turmas, com objectivo de:

- Abranger todos os três ciclos e os dois períodos;

- Evitar repetição de disciplinas, tendo em conta que alguns professores leccionam duas ou mais disciplinas;

- Confrontar os pontos de vistas entre docentes/discentes, em relação à televisão, para analisar possíveis divergências de ideias;

No período de manhã foram seleccionados 14 docentes das seguintes disciplinas: Filosofia; Educação Visual e Tecnológica (EVT); Direito; História; Geometria Descritiva; Inglês; Biologia; Francês; Economia; Psicologia; Sociologia; Português e Cultura Cabo-verdiana. Enquanto, que no período de tarde foram aplicados o questionário à 12 professores das seguintes disciplinas: Desenho; Estudos Científicos; Desenvolvimento Económico e Social; Educação Física; Química; Física; Ciências Naturais; Mundo Contemporâneo; Formação Pessoal e Social, e Introdução a Actividade Económica (IAE).

O questionário primeiramente envolve perguntas de rotinas, nomeadamente a idade, o sexo, a habilitação literária, a disciplina e ano de escolaridade que leccionam e anos de experiência como docentes.

Posteriormente procuramos saber se acompanham frequentemente os canais da TCV e da RTPÁfrica, onde teriam que selectar uma das três opções (Sempre, Muitas vezes e Raramente). Confrontam com um quadro, onde se expõe os géneros de programas dos respectivos canais de televisão e escolher os programas preferidos, de acordo com as seguintes opções: (Sempre, Muitas vezes, As vezes, Nunca), distribuídos pelos seguintes géneros programáticos – noticiários, telenovelas, documentários, anúncios ou publicidades, jogos e programas desportivos, debates, programas criativos e filmes.

No que concerne, à prática educativa destes docentes, pretendemos saber se utilizam meios audiovisuais na sala de aula, se recorrem às informações veículadas pela televisão, se as trazem para a sala de aula, e se propõem aos alunos a sua visualização em casa, para fazerem comentários ou debates na sala de aula e se fazem uso destes para motivar as aulas. Caso isso não aconteça estes teriam que justificar o porque da não utilização, tendo aqui liberdade de resposta.

Teriam que se posicionar a respeito da televisão, e a sua relação com a escola, a partir de um leque de opções que aludiam a televisão como um meio que: “Torna as aulas mais recreativas”; “Leva os alunos à aquisição de novos conhecimentos”; “Desperta nos alunos curiosidade sobre os acontecimentos que envolvem a nossa realidade”; “Faz o tempo passar mais depressa” ou para “Reforçar as suas aulas”.

Finalmente teriam que expor os seus pontos de vistas sobre a relação televisão/escola, a partir dos seguintes princípios: “A escola deve aceitar a televisão como uma estratégia para enriquecer o ensino-aprendizagem”; “A escola tem que aprender com a televisão”; “ A televisão contribui para criar nos jovens um espírito crítico”; “A família, a escola devem orientar os jovens na selecção dos programas a assistir”; “A televisão facilita a aprendizagem dos jovens e os enriquece culturalmente”; “A televisão só traz más influências para os jovens”; “ A escola muitas vezes condena a televisão pelo mau comportamento dos educandos”; “A televisão não fornece nada de interessante para os jovens”; “A televisão distrai os educandos, ocupando a maior parte do seu tempo”; “A escola precisa trazer a televisão para sala de aula”; “Os docentes precisam apostar nos conteúdos programáticos para motivar as suas aulas” e por fim, “O uso de conteúdos televisivos só traz benefícios ao ensino, pois guia os alunos sobre a realidade da sociedade”.

1 Caracterização dos docentes em função da idade e do sexo

A idade dos docentes inquiridos oscila entre os 22 e os 45 anos. Não obstante, os professores inquiridos são na maioria jovens, com idade compreendida entre 22 a 39 anos, sendo que (36%) possuem idade compreendida entre os 22 e os 27 anos, (40%) possuem 28 a 39, apenas (16% ) possuem 40 a 45 anos.

No que diz respeito a temporalidade do exercício da docência, o tempo mínimo é de um ano e o máximo é de 24 anos, sendo que a variabilidade entre eles é (40%) para os que têm 1 a 6 anos a leccionar, (28%) para os com 13 a 17 anos e apenas (24%) para docentes que têm 7 a 12 anos de docência. Dos docentes inquiridos o número maioritário é feminino, com cerca de (76%) de professoras e apenas (24%) professores.

Quadro nº 2 – Idade, ano de docência e habilitações

| Distribuição dos docentes |

|Idade |Ano docência |Habilitações |

|Ano |% |Nº |

|Masculino |6 |24% |

|Feminino |19 |76% |

No que concerne as habilitações literárias, (68%) dos professores são licenciados e somente (4%) estão ainda em formação, enquanto, com Ano zero/12º ano e bacharelato são (12%) cada.

2 Os docentes e a televisão

Segundo Freixo, (2000) o aparecimento dos meios de comunicação de massas, para muitos docentes é considerado uma inovação hostil, tendo em conta que os alunos os procura com mais frequência, como monopólio de transmissão de conhecimento. Contudo, segundo este autor numa sociedade de informação, todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicarmos, a ensinar e a integrar o humano e o tecnológico, o individual, o grupal e o social, sendo assim, a utilização dos media, em especial da televisão, como um meio audiovisual no processo ensino/aprendizagem deve ser uma meta defendida por todos aqueles que se preocupam e defendem que a maior opção para um mudança qualitativa no ensino é a modernização e a tecnológica.

Gráfico nº 2 – Porquê assiste a televisão diariamente

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Para atingir o objectivo do nosso trabalho, questionamos aos professores inquiridos sobre a prática de verem televisão diariamente. A maioria respondeu positivamente, sendo (52%) alegando fazê-lo para, “obter informação e manter-se actualizado”, (28%) para “informar, relaxar e ocupar o tempo” e os (12%) opontaram por achar “a televisão informativa, educativo”, “para verem a telenovela e noticiários” e por ser uma “companhia”. No entanto, (8%) dos professores responderam negativamente a essa pergunta, justificando a não assistência por negligência e indisponibilidade. Pelo menos (64%) dos docentes acham que a televisão, “traz benefícios à sociedade, complementa a acção educativa, traz aspectos positivos para a escola e para a sociedade, propicia o desenvolvimento cognitivo dos alunos”.

Gráfico nº 3 – Opinião dos docentes sobre a televisão

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Quase metade (44%) dos docentes inquiridos, concordam que a escola deve aceitar os conteúdos televisivos, como estratégias para enriquecer o ensino/aprendizagem e para motivar as suas aulas. Mais de metade (52%) concordam, que a televisão contribui para criar nos jovens um espírito crítico, facilita a aprendizagem e os enriquece culturalmente, discordando, contudo que ela não lhes fornece nada interessante e gere más influências no seio destes.

Não obstante, (44%) destes docentes não concordam que a escola tem que aprender com a televisão, pois ela distrai os educandos, na medida em que passam a maioria parte dos seus tempos a frente da televisão. Concordando contudo, bastante (64%), que tanto a família, como a escola devem orientá-los na selecção dos programas a assistirem. Mais de metade (56%), não concordam que a escola condena muitas vezes a televisão pela má educação dos estudantes, pois traz benefícios ao ensino, ao servir-se de guia dos alunos a realidade social, (ver anexo).

3 Géneros de programas preferidos pelos docentes na TCV e na RTPÁfrica

No que tange aos programas preferidos pelos docentes introduzimos um leque de programas transmitidos pelos dois canais, a TCV e a RTPÁfrica, para assinalarem os preferidos, de acordo com as suas afinidades e interesses, mediante as seguintes variáveis; (sempre, muitas vezes, as vezes e nunca). A percentagem de visualização entre estes canais não é muito alta, tendo em conta que, (56%) dos docentes, acompanham a TCV diariamente e (48%) a RTP África.

a) Televisão de Cabo Verde (TCV)

Em relação aos programas da TCV constatamos que nem todos ganham atenção dessa classe.

O noticiário é o mais acompanhado, os documentários não despertam muito interesse dos docentes inquiridos, sendo que a percentagem mais alta nesses ponto é (28%), e para os documentários sobre história de Cabo Verde. Na mesma linha, estão os programas de debates, salvo alguns que dizem vê-los “às vezes”, sobretudo os homens, que escolhem debates sobre os problemas do país e da política, num parâmetro de (28% e 20%) respectivamente. As professoras têm mais afinidade com os programas como, concursos musicais e culturais, telenovelas e filmes (21%), programas que não despertam qualquer interesse aos professores.

Gráfico nº 3 – Programas da TCV preferido pelos docentes

|Programas mais preferidos dos docentes na TCV |

|Programas |Sempre |Nunca |As vezes |

|Notícias |88% |4% |8% |

|Telenovelas |12% |28% |52% |

|História de Cabo Verde |28% |28% |32% |

|Cièncias da Natureza |28% |48% |28% |

|História Universal |8% |48% |28% |

|Desenhos Animados |8% |28% |52% |

Rádio Televisão Portuguesa para África

A RTPÁfrica, é muito pouco visualizada, pois (48%) dos docentes afirmam que “raramente” o acompanham, e das raras vezes, o mais vizualizado é o noticiário. Verificamos um grande desinteresse em acompanhar alguns programas, sobretudo de debates, filmes , desenhos animados e telenovelas, mesmo que sejam conteúdos ou acontecimentos do mundo africano. Porém, (67%) dos professores afirmam que “muitas vezes” assistem “anúncios e publicidades”, enquanto as professoras preferem “progamas musicais”, mas somente “as vezes”

Quadro nº 4 – Programas da RTPÁfrica preferido pelos docentes

|Programas mais preferidos dos docentes na TCV |

|Programas |Sempre |Nunca |As vezes |

|Notícias |88% |4% |48% |

|Telenovelas |4% |76% |20% |

|História de Cabo Verde |4% |4O% |52% |

|Cièncias da Natureza |28% |48% |52% |

|História Universal |12% |40% |32% |

|Desenhos Animados |0% |80% |20% |

5 Utilização de programas televisivos na sala de aula

Para estabelecer uma ligação dos docentes com a televisão e o uso dos meios audiovisuais, como prática na sala de aula apresentamos um leque de questões, mediante as seguintes opções: sempre, muitas vezes, raramente e nunca. Neste campo (60%) alegaram que “raramente” fazem uso dos meios audiovisuais nas aulas, mas (56%) “muitas vezes”, recorrem as informações veiculados pela televisão (ver anexo).

Quadro nº 5 – televisão como recursos pedagógico, em função do sexo

|Durante as suas aulas recorre as informações televisivas? |

|Sexo |Sempre |Muitas vezes |Total |

|QFem |11% |58% |66% |

|Masc |17% |17% |33% |

Um hábito exercido mais pelas professoras numa escala de (66%), do que os professores, que só o fazem (33%), de acordo com o quadro anterior. Contudo, nem sempre propõe aos alunos para visualizar em casa e fazerem comentários nas aulas, tendo em conta, que somente (21%) das professoras assumam esses meios “muitas vezes, como recurso pedagógico, enquanto da parte dos professores, somente 17% o fazem “sempre”. Afirmando, no entanto, nunca os procura para passar o tempo lectivo, ou por falta de conteúdo, (ver anexo).

Quadro nº 6 – televisão como recursos pedagógico, em função da idade

|Durante as suas aulas recorre as informações televisivas? |

|Idade |Sempre |Muitas vezes |Total |

|22-27 |22% |22% |44% |

|28-33 |0% |20% |20% |

|34-39 |20% |60% |80% |

|40-45 |0% |100% |100% |

Em relação a idade, os professores com idade compreendida entre 34 a 39 anos recorrem as informações televisivas “sempre” e “muitas vezes”, como recursos pedagógicos, sendo que, (22%) o fazem “sempre” e (60%) “muitas vezes”. Os professores com idade compreendida entre 40 a 45 anos o fazem “muitas vezes” num total de (100%), como mostra o quadro anterior.

A maioria dos docentes concordam que esses recursos, “muitas vezes” tornam a aula mais criativa, leva os alunos a aquisição e interesse por novos conhecimentos, e os envolvem na realidade que os rodeia, além de servirem para reforçar as aulas leccionadas.

Quadro nº 7 – propor aos alunos a visualização em casas

|Propõe aos alunos para visualizar em casa e fazerem comentários na aula |

|Sexo |Sempre |Muitas vezes |Total |

|Fem |18% |21% |39% |

|Masc |17% |0% |17% |

Os meios audiovisuais segundo, António Moderno citado por Freixo (2000), não devem ser analisado separadamente, mas na sua relação com todos os parâmetros intervenientes no processo pedagógico é necessário que os docentes tenham algum domínio técnico e pedagógico na manipulação dos instrumentos técnicos de ensino, conhecer e saber explorar os aspectos pedagógicos, além de saber ligá-los ao domínio da linguagem cónica. Ou seja, “não constitui um refúgio de um poder magistral em ruína, constitui um meio, entre outros, de expressão (que serve para ler, escrever, dialogar, criar e jogar com sons e imagens) e de informação, que tem sobre os outros meios a vantagem da sua actualidade, da sua riqueza de possibilidades, da sua incrível potencialidade de aperfeiçoamento”.

2 Questionário aos discentes

Foi aplicado inquérito a 260 discentes, sendo que recebemos 254, pelas razões anteriormente mencionadas. O objectivo era abranger todos os ciclos, a partir das turmas dos docentes seleccionados. Para caracterizar os sujeitos da amostra começamos por introduzir algumas questões básicas como, o ano de escolaridade, a zona de residência, a profissão dos pais. Seguidamente procuramos saber que materiais electrónicos dispunham em casa, nomeadamente televisão, DVD/Vídeo, telefone, computador, parabólica, play station, Mp3, I Pod.

Numa fase posterior introduzimos questões relacionados com o hábito de verem televisão, caso respondessem afirmativamente teriam de justificar de acordo com as seguintes sugestões: “porque me apetece; para me distrair; para ver os meus programas preferidos; para ajudar-me a resolver o tpc; para adquirir conhecimentos; porque os professores me pedem; porque os meus pais me obrigam”. Num outro plano, debruçamos sobre os canais que acompanham diariamente, mais concretamente a TCV, RTPÁfrica, Tiver, Record, TVI, TV5 e finalmente foi-lhes proposto uma estimativa de horas diárias de visualização dos canais televisivos nos períodos lectivos e nas férias.

1 Caracterização dos Discentes inquiridos

O quadro que se segue distribui os alunos pelo sexo e ano de escolaridade. O número de raparigas é maior que o de rapazes, sendo elas 148 e os rapazes 103, num total de 254 alunos inquiridos. Responderam ao questionário 70 alunos do 1º ciclo, representando (26%) dos inquiridos, 64 alunos do 2º ciclo, correspondendo a (34%) e 97 alunos do 3º ciclo, (22%).

Quadro nº 8 – Distribuição dos alunos por anos de escolaridade

|A no |Nº |% |

|7º |30 |11,8% |

|8º |40 |15,7% |

|9º |51 |20,1% |

|10º |38 |15% |

|11º |39 |15,4% |

|12º |56 |22% |

|Total |254 |100% |

2 Distribuição dos discentes por zonas de residência

A maioria dos alunos inquiridos reside na zona do Palmarejo, num total de 119, correspondendo a (47%), distribuídos pelas diferentes periferias dessa zona, nomeadamente Casa Lata, Fonton, Monte Vermelho e Cidadela e alguns bairros adjacentes, como, Tira Chapéu, contando 45 inquiridos, correspondente a (18%), e um grupo reduzido de residentes da Cidade Velha (6%), distribuídos pelas localidades como, Gouveia, João Varela, Porto Mosquito e S. João Baptista. Uma percentagem não menos significativa reside em Achada de Antão.

3 Distribuição doa alunos em função da profissão dos pais

Profissões da mãe – Mais de metade (60%) das mães dos alunos são domésticas, na grande variedade de profissões que deparamos, pelo que distribuímo-los por áreas, sendo 23% funcionários, contando (10%) privados e (13%) públicos. Encontramos ainda, uma série de actividades informais, abarcando uma percentagem de (12%), desde de vendedeira, costureira, peixeira, comerciante, cozinheira, cabeleireira, agrónoma, missionária. Entretanto, cerca de (15%), dos estudantes desconhecem a profissão da mãe, (0,8%) são falecidas, outras (0,8%) reformadas e (0,4%) emigrantes entre outras justificações.

Quadro nº 9 – Profissão da mãe dos discentes

|Profissão da mãe dos discentes |

|Profissão |Nº |% |

|Doméstica |152 |60% |

| Funcionária |Pública |29 |13% |

| |Privada |27 |10% |

|Outos justificações |5 |2% |

|Não responderam |41 |15% |

|Total | |100% |

Profissão do pai - A profissão predominante é a de pedreiro, representando (25%), seguido de condutor com (13%), carpinteiro, polícia (9%), funcionário e doméstico (8%) cada. As restantes profissões variam desde servente ao embaixador. Um dado preocupante é que mais de ¼ desses alunos desconhecem a profissão do pai, o que equivale a (26%), demonstrando algum grau de afastamento ou desconhecimento (ver anexo).

Quadro nº 10 – Profissão do pai dos discentes

|Profissão do pai dos discentes |% |

|Pedreiro |25% |

|Condutor |13% |

|Polícia |9% |

|Carpinteiro |9% |

|Funcionário |8% |

|Doméstico |8% |

4 Os discentes e o acesso aos instrumentos audiovisuais

Meio audiovisual vai desde de um vídeo, um filme, um retroprojector, um gravador, a internet, uma rádio, uma televisão, um mp3, um Ipod, ou seja “relativo simultaneamente à audição e à visão; que associa som e imagem no processo de comunicação ou de ensino”, de acordo com Dicionário Universal de língua portuguesa, (2002). Com intuito de saber se os estudantes têm acesso aos meios de comunicação audiovisuais, em casa, ou mesmo fora dela, disponibilizamos um leque de equipamentos electrónicos, para assinalarem, de acordo com as seguintes categorias; o básico - tv/vídeo e telefone; os sofisticados - tvcabo, internet, computador, mp3 e ipod. Destes inquiridos 2/3 possuem o básico em casa (41%).

Quadro nº 11 – Equipamentos audiovisuais mais utilizados pelos alunos

|Equipamentos audiovisuais que dispõem ou têm acesso |

|Equipamentos básicos |Total |Em função ano escolaridade |

| | |

|Não responderam |20% |

|Para distrair e ver os meus programas preferidos |15% |

|Para me distrair |14% |

|Para adquirir conhecimentos |13% |

|Para ver os meus programas preferidos |12% |

|Porque me apetece |11% |

|Para ver os meus programas preferidos e adquirir conhecimento |11% |

|Para me ajudar a resolver o tpc |5% |

|Para ajudar-me a resolver os tpc e porque meus professores me pedem |4% |

|Para me distrair e ajudar-me a resolver os tpc |2% |

As razões da busca dessa companhia são para distrair e ver os programas preferidos (15%), aquisição de conhecimentos (13%), assistência de programas preferidos (12%), ou ainda por que lhes apetece (11%). Além de que a maioria não responderam a essa questão, alguns alegaram que assistam televisão para ver programas preferidos e adquirir conhecimento (11%) ao mesmo tempo.

De uma forma geral a televisão em Cabo Verde possui um lugar de destaque na ocupação dos tempos livres dos jovens no ensino secundário, na medida em que, entre os cinco tipos de ocupação dos tempos livres mais assinalados por essa camada, (84%) vai para prática de ver televisão, segundo o exemplar “A saúde e estilo de vida dos adolescentes cabo-verdianos frequentando o ensino secundário”, (p.39 e 40).

5 Os alunos e os canais de televisão

Para termos noção dos canais preferidos pelos alunos, indicamos os mais comuns, como a TCV, a RTPÁfrica, a SIC, a TV5, a TIVER, a TVI e a RECORD, a fim de escolherem os que mais acompanham. A RECORD e a TCV ocuparam o topo das escolhas, com (80%) e (74%) respectivamente, enquanto a TIVER e a RTPÁfrica ocuparam o segundo e terceiro lugar com (48%) e (33%). Especificamente a TCV e a RTPÁfrica, em termos de género os rapazes seguem mais os programas da RTPÁfrica (93%) e as raparigas mais a TCV (89%).

Quadro nº 13 – Canais que seguem diariamente

|Canais que seguem diariamente |% |

|Record |78% |

|TCV |74% |

|Tiver |56% |

|RTPAfrica |48% |

|SIC |33% |

|TV5 |12% |

|TVI |7% |

|Outros |19% |

Em relação caracterização destes canais, uma boa percentagem, “concorda/concorda bastante”, que tanto a TCV (69%), como a RTPÁfrica (61%), leva-os a terem consciência dos problemas do país. Contudo, RTPÁfrica os ajuda mais na compreensão das diferenças linguísticas do continente africano, sendo que somente (52%) assinalam “concorda/concorda bastante” com a afirmação em relação a TCV e (67%) a RTPÁfrica. A maioria “concorda/concorda bastante”, que esses canais os ajuda melhor a compreender a história mundial e a origem das coisas, assinalando (65%) para TCV e (45%) para RTPÁfrica. A TCV (73%) é vista como aquela que de melhor forma os ajuda na compreensão da cultura cabo-verdiana, do que a RTPÁfrica (59%), apesar de acharem que ambos podem exercer essa função (ver anexo).

6 Horas em que assistem a televisão

Durante o período lectivo, os alunos assistem a televisão mais aos fins-de-semana, isto porque, (45%) afirmam assistir de 4 a 7 horas de televisão diariamente. Enquanto nas férias essas percentagem tende a aumentar de (45%) para, (48%).

Quadro nº 14 – Horas que assistem televisão diariamente

|Durante o período das aulas |

|Horas |Diariamente |Fim-de-semana |

|1 – 3 |47% |30% |

|4 – 7 |39% |45% |

|Mais horas |11% |22% |

|Não colocaram |2% |2% |

|Durante as férias |

|1-3 |30% |30% |

|4-7 |48% |48% |

|Mais horas |17% |17% |

|Não colocaram |6% |6% |

7 Programas preferidos na TCV e na RTPÁfrica

As programações da TCV são acompanhadas por (86%) dos discentes, enquanto (55%) acompanham as da RTPÁfrica. Os desenhos animados são os mais vistos pelos alunos do 1º ciclo, enquanto, 2º e 3º ciclo preferem os clips nacionais e internacionais.

Na TCV os dados recolhidos mostram que, nos fins-de-semana os filmes lideram as preferências dos alunos com uma percentagem de (60%), sobretudo do 1º ciclo, seguido da NBA Actions, ficando para trás as séries como, Sous le soleil, Sete palmos de terra, 24 Horas.

Quadro nº 15 – Programas preferidos na TCV

|Programas |Sempre/Quase sempre |As vezes/ Poucas vezes |

| |% |

|Clips Internacionais |57% |24% |

|Desenhos Animados |47% |25% |

|Clips Nacionais |43% |23% |

|Futebol |40% |27% |

|New Wave |37% |22% |

|Telejornal |37% |28% |

|Sitio do pica-pau amarelo |36% |41% |

|Documentários |14% |47% |

|Séries |13% |74% |

Os rapazes preferem, programas desportivos, com destaque para o futebol, sendo que, (40%) afirmam assistirem “sempre” ou “quase sempre”. As meninas têm preferência para clips internacionais (80%), desenhos animados (60%), a telenovela Páginas da vida, (47%) e New Wave, (61%). Os documentários não lhes despertam muita atenção, pois as “vezes” ou “poucas vezes” acompanham esse tipo de programa, (33%) e (37%) respectivamente. O telejornal, também faz parte da lista com (20%) declarando ver “sempre” e (37%) “quase sempre”, de acordo com o quadro anterior.

Ao considerar os programas da RTPÁfrica os discentes mostram poucas afinidades por programas como: Bom dia Portugal, Àfrica Sport, Ossos do Barão, Olhos d´água, Artes e espectáculos, Trio d´ataque, Forum RTPÁfrica, Pérola do Oceano e Latitudes, praticamente metade dos inquiridos não acompanha estes programas. Constituindo unanimidade pelos géneros e ciclos. O interesse vai para os programas como, Conversas no quintal, o mais visto, seguido de Top crioulo e Dança comigo. Em relação à escolaridade, os alunos do 1º ciclo assistam mais o Top crioulo, Músicas d´àfrica e ZigZag, enquanto os dois outros ciclos preferem, Quem quer ser milionário, conforme o quadro seguinte.

Quadro nº 16 – Programas preferidos na RTPÁfrica

|Programas |Sempre/Quase sempre |As vezes/ Poucas vezes |

| |% |

|Conversa no Quintal |56% |23% |

|Top Crioulo |50% |26% |

| Dança comigo |36% |28% |

|Quem quer ser milionário |28% |29% |

|Músicas d´àfrica |27% |27% |

|Contra Informção |23% |34% |

|Nha Terra Nha Kretcheu |22% |33% |

|Telejornal |21% |35% |

|A Minha Sogra é Uma Bruxa |21% |30% |

|Reporter RTPÁfrica |14% |38% |

2 Como assistam os programas preferidos

Quase metade dos discentes inquiridos, (48%), preferem ver os programas que mais gostam acompanhados dos irmãos e/ou colegas, para poderem discutir as cenas e assuntos. Não obstante, uma outra percentagem de (40%) preferem sozinhos, na tranquilidade do quarto. A nível de géneros os rapazes (54%) preferem ver acompanhados dos irmãos e/ou colegas e as raparigas não têm uma preferência, ou seja assistam ou sozinhas na tranquilidade do quarto, ou acompanhadas (43%).

Além disso, a nível da escolaridade a maioria, não mostraram preferência em visualizar na companhia dos pais, principalmente o 2º e 3º ciclo, pois já o 1º ciclo teve algum balanço, para as duas opções, e em relação a género, as raparigas revelam algum interesse (11%), em relação aos rapazes (7%). Contudo, metades dos alunos não escolheram nenhuma dessas opções.

Quadro nº 17 – Como assistem os programas preferidos

|Em relação ao género |

| |Sozinho, na tranquilidade do meu |Com os meus irmãos e/ou colegas para |Com os meus pais, para que eles me |

|Género |quarto |podermos discutir as cenas |possam tirar dúvidas |

|Fem |43% |43% |11% |

|Masc |36% |54% |7% |

|Escolaridade |

|1ºciclo |73% |51% |37% |

|2ºciclo |86% |87% |17% |

|3ºciclo |76% |100% |10% |

8 A percepção dos alunos e professores em relação à televisão na escola

A opinião é unânima por parte dos inquiridos, a respeito da relação que existe entre a televisão e a escola. Consideram a televisão, um transmissor de informação, que só traz benefícios e aspectos positivos para escola e sociedade e complementa a acção educativa, ou seja mais um acessório para o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Sendo assim, a escola deve trazer a televisão para a sala de aula com o fito de aprender com ela, aceitando-a como um elemento importante e estratégico para aliciar o espírito crítico dos jovens e ajudá-los de melhor forma a compreenderem a realidade que os envolve.

Porém, mesmo defendendo esta opinião, os professores assumem alguma negligência ao fazerem mau uso dos meios audiovisuais, pois “raramente”, são tidas como estratégia educativa, justificando a falta de interesse ou porque a disciplina que leccionam não permite ligação com programas televisivas, além de que (70%) não responderam a essa questão. Facto que os alunos consideram ser uma pena, pois gostam de ver a televisão e aprendem muito com ela.

3 SUGESTÕES PARA A EXPLORAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO TELEVISIVA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

1 O papel da escola

É preciso aceitar que a informação não está somente na escola, está na vida, nos meios de comunicação, nas relações, nos problemas da vida quotidiana. A escola precisa fazer o uso da pedagogia da comunicação ou seja, trabalhar com as diferentes linguagens comunicativas, tais como cinema, televisão, rádio, histórias em quadrinhos, revistas, computadores, internet, entre outros, para que o aluno não encontre tanta diferença entre a escola e a sociedade.

Por outro lado, os alunos precisam perceber que, a realidade não se limita ao que é mostrado na tela, logo a escola preciso seleccionar as informações para lhes monstrar a diferença entre o real e o fictício, concreto e o abstracto, sendo assim ela deve:

a. Promover processos que auxiliem o aluno a criar, criticar, correr riscos, soltar a imaginação, relacionar assuntos como valores e relações, que se identificam;

b. Levar os professores a utilizarem temáticas que saem dos programas educativos, dos documentários e discuti-las não só com os alunos, mas também com os professores da escola, numa busca de temas da vida quotidiana do aluno;

c. Discutir problemas vividas pelos adolescentes, como o despertar da sexualidade, os amores, os amigos, as relações com os pais e irmãos e que a televisão desmistifica a partir dos programas.

d. Fazer o aluno observar assuntos da televisão em casa e trazer para escola, os relacionados com a sua cultura, seus valores, conhecimentos e atitudes adquiridos para o professor promover diferentes aulas de acordo com os assuntos.

e. Observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula discutindo-o com os colegas, ajudando-os a perceberem os aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto.

A televisão aqui será encarada como uma ferramenta pedagógica que pode facilitar a interpretação, amplia a visão dos alunos e do próprio professor na percepção de outras culturas e outras vivências. Contudo, em Cabo Verde, esse meio pedagógico é muito pouco explorado pelos docentes e pela própria escola, que a vê muitas vezes como um concorrente.

2 O papel do professor

O professor deve desenvolver o pensamento científico dos educandos assistindo com eles programas televisivas, pois os alunos precisam ser esclarecidos, o porquê, que são expostos a imagens e mensagens que ultrapassam a sua capacidade de interpretação e compreensão. O objectivo é fazê-los compreender que a imagem nem sempre se identifica com a realidade, isto é, trata-se de uma representação da realidade, mas não da realidade em si. Eles precisam bem cedo ter essa consciência, com o intuito de não imitar, ou pensar que aquilo que assistem seja um bom exemplo a seguir.

Para que o uso da televisão produza resultados positivos na aprendizagem, segundo Moran (2002), antes de ligar o aparelho os docentes devem:

- Gravar o programa e seleccionar as cenas que serão exibidas aos alunos, fazendo o recorte dentro dos objectivos a alcançar;

- Planear as aulas propondo exercícios e actividades relacionadas com vídeo, pois eles não podem ser exibidos como se fossem auto-explicáveis;

- Observar a qualidade da imagem e do som, estar preparado e parar a exibição sempre que necessário para comentários ou explicações;

- Pedir para os alunos anotarem as cenas mais importantes, as falas e os detalhes mais marcantes e rever em conjunto e observar as reacções do grupo para voltar aos pontos da exibição em que a turma mais se deteve;

- Elaborar estratégias, instrumentos, actividades facilitadoras como teatro, entrevistas, exposições, filmes, diálogos, que os permitam aprender;

- Gravar materiais da televisão e inserir esses materiais e actividades nas aulas para que estas sejam dinâmicas, interessantes, mobilizadoras e significativas;

- Incentivar que os alunos filmem, apresentem suas pesquisas em vídeo, em CD ou em páginas WEB (páginas na Internet), analisar as produções dos alunos e a partir delas ampliar a reflexão teórica;

- Avisar os pais ao adoptar a televisão como recurso pedagógico, pois eles podem ter preconceitos e achar que a escola está a colocar os alunos frente ao aparelho em vez de dar aula.

- Fazer re-leituras de alguns programas em cada área do conhecimento, partindo da visão que os alunos têm, e ajudá-los a avançar de forma suave, sem imposições nem manipulação;

- Utilizar mais os meios de comunicação social como materiais didácticos que, além de funcionarem como fonte de consultas mais actualizadas, podem ser uma forma de aproximar os alunos da realidade;

- O vídeo com temas geradores de discussão é um poderoso instrumento de dinamização e enriquecimento da aula, tanto do ponto de vista de conteúdo como da dinâmica participativa e interesse. Se não há tempo na aula para um debate imediato, pede-se aos alunos que façam em casa uma ficha de análise a ser apresentada e debatida na aula seguinte;

- Quando se tratar de telenovelas, séries, filmes ou ficção, é possível estimular a imaginação dos educandos pedindo à turma que escreva desfechos diferentes para as telenovelas ou seriados ou proponha outros começos para a trama.

O nosso sistema educativo possui disciplinas que fomentam essas práticas, nomeadamente a Formação Pessoal e Social (FPS) e a Cultura Cabo-verdiana, que alerta para a não inferiorização da cultura dos outros. A Sociologia, que realça a importância dos elementos que compõe a sociedade e a convivência. A psicologia, que explica o comportamento humano, levando à compreensão da personalidade do outro e a criação de um espírito solidariedade para com os problemas do outro e se os associarmos ao que é transmitido pela televisão em torno dos mesmos objectivos, a escola e os alunos só saem a ganhar.

CONCLUSÕES

Este trabalho tem como objectivo fundamental conhecer o impacto que os programas da TCV e a RTPÁfrica exercem na vida dos alunos do ensino secundário e em que medida a televisão é aproveitada no desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem.

A partir da investigação documental e bibliográfica relacionada com o tema, os inquéritos aplicados a docentes e alunos e análise dos mesmos, chegamos a algumas conclusões que nos permitiram dar resposta a hipóteses formulada.

1. A televisão ocupa um lugar de destaque no seio da ocupação dos tempos livres dos alunos do ensino secundário: das cinco actividades de ocupação de tempo livres dadas como opção de resposta, ela ocupa o terceiro lugar, correspondendo a (84%). A televisão está constantemente presente na vida desses alunos, tanto durante o período das aulas, como nas férias. Por divertimento e distracção (14%), aquisição de conhecimentos (12%), assistência de programas preferidos (17%), ou ainda para resolução dos trabalhos de casa.

2. A escola secundária do Palmarejo possui condições suficientes que permitem uma exploração adequada das potencidades que a televisão oferece para o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem. Porém, os professores inquiridos negligenciam a sua utilização como recurso audiovisual, pois “raramente”, é utilizada como recurso, ou considerada uma estratégia educativa. Esta falta de interesse justifica-se porque a disciplina que leccionam não permite ligação com programas televisivos. Os alunos consideram que esta atitude é uma pena, pois gostam de ver a televisão e aprendem muito com ela.

3. Os programas televisivos têm grande impacto na vida dos educandos, porém os assistem sem qualquer orientação. Por esta razão dão mais atenção a programas que lhes proporcionam apenas distracção e divertimento.

4. Tanto, os alunos como os professores demonstraram menos interesse em acompanhar os programas da RTPÁfrica do que os programas da TCV, mesmo aqueles com ligações culturais ou informações de Cabo Verde ou com a sua história. Os programas da TCV estão no leque dos mais seguidos, juntamente com os da RECORD, enquanto a RTPÁfrica e a TIVER ocupam um segundo plano nas preferências de canais mais visualizados pelos educandos.

5. Os programas de entretenimento preferidos são as telenovelas, os clips musicais internacionais e nacionais, desenhos animados, Conversas no Quintal, Top Crioulo, Quem Quer Ser Milionário e Músicas d´áfrica.

6. Os programas ligados a informações, documentários, debates, são vistos com menos frequência e as vezes nunca vistos. Preferem ainda assistir outros canais, por encontrar neles mais entretenimento, e informações que lhes permitem aprender e os ajuda a adquirir e desenvolver conhecimentos.

7. Os alunos preferem assistir os programas que mais gostam em companhia dos amigos ou dos irmãos, para discutirem as ideias e assuntos, ou sozinhos e não na presença dos pais.

8. É importante a consciencialização de que a televisão exerce uma grande influência na vida dos nossos jovens, o que implica uma maior atenção e responsabilidade dos agentes educativos e sociais, principalmente os mais próximos como a família, a escola e os professores. Ela pode ser um grande centro de conhecimento e de enriquecimento do ensino a partir de uma melhor exploração dos programas educativos e culturais, mas também um influenciador de coisas negativas.

9. É fundamental que se crie uma consciência no seio dos agentes socializadores, que a televisão domina os códigos de comunicação e os conteúdos significativos para cada grupo, tendo em conta que os pesquisa, os aperfeiçoa, os actualiza, enquanto os educadores fazem pequenas adaptações, dão um verniz de modernidade nas suas aulas, mas fundamentalmente continuam prendendo os alunos pela força e os mantém confinados em espaços barulhentos, sufocantes, apertados e fazendo actividades pouco atraentes.

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B.O” da Republica de Cabo Verde nº 25 e 38 – 18 de Outubro de 2002).

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