Jacinto Veloso acusa secretas do Leste europeu pelo seu ...



Jacinto Veloso acusa secretas do Leste europeu pelo seu afastamento

O dirigente histórico da FRELIMO Jacinto Veloso responsabilizou “serviços secretos do Leste

europeu” pelo seu afastamento da segurança do Estado moçambicano, de que foi responsável entre 1975 e 1983.

Jacinto Veloso, que em 1963 protagonizou uma acção espectacular, ao desertar a bordo de um avião militar da Força Aérea Portuguesa, de que era oficial piloto-aviador, para a Tanzânia,

onde se juntou à FRELIMO, fez as acusações no livro autobiográfico “Memória em voo rasante”, lançado recentemente em Maputo.

“Hoje, à distância, não tenho a menor dúvida que a neutralização da componente segurança na Socimo, assim como o meu afastamento da sua direcção estratégica se inseriu num programa de acção coordenada dos serviços secretos do Leste europeu para impedir que a empresa fosse demasiado independente, fugindo ao seu controlo operacional e financeiro”, escreve.

O ex-ministro e agora empresário refere-se à empresa Socimo, criada em 1977 para vender crómio da Rodésia (actual Zimbabué) retido nos portos de Moçambique pelo embargo internacional ao regime de minoria branca daquele país, e logo transformada em empresa chave num país que reivindicava ser um regime marxista-leninista.

“A Socimo era uma peça importante no contexto da segurança de Estado que estávamos a criar em Moçambique”, admite Veloso, sobre a recolha da chamada “intelligence económica” por uma empresa da qual foi afastado em 1987, em resultado de uma investigação à sua actividade.

“Em particular, a minha resistência de mais de 16 meses em agir contra a sede da CIA instalada em Moçambique, levaram os serviços do Leste a preparar um plano para me afastar da segurança

e cortar Samora (Machel) de uma fonte autónoma de informação económica”, adianta o ex-ministro.

“Não é, pois, para admirar que uma empresa que foge ao controlo da influência soviética no país, que tem uma grande autonomia de acção para realizar operações de segurança sem o conhecimento dos assessores do Leste, além de poder apoiar projectos políticos do interesse do Presidente da República (como, por exemplo, enviar missões discretas a Washington) seja definida como um alvo a abater”, acrescenta.

No livro, Jacinto Veloso critica por diversas vezes o forte peso da então União Soviética e dos seus serviços secretos em Moçambique, considerando “um erro” o Governo de Maputo ter temporariamente prescindido da cooperação militar chinesa em benefício da soviética.

De passagem, o ex-ministro da Segurança do Estado acusa igualmente organizações comunistas,

“nomeadamente o Partido Comunista Português”, de se terem aproveitado do ambiente de euforia pós-independência, “tentando tirar vantagens económicas da situação através da facilidade de realizar negócios”. “Toda esta actividade, quase de manipulação partidária, era

muito mal interpretada pelos nossos inimigos, estávamos, provavelmente sem o sabermos ou sem termos consciência disso, a jogar lenha na fogueira”, acrescenta Jacinto Veloso.

(Redacção) - DIÁRIO DE NOTÍCIAS(Maputo) – 11.12.2006

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