FORA DO AR: O DIA EM QUE O REPÓRTER ESSO FOI …



FORA DO AR: O DIA EM QUE O REPÓRTER ESSO FOI CENSURADO

KLÖCKNER, Luciano. Doutor em Comunicação Social. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS.

RESUMO: Por mais de 27 anos, O Repórter Esso informou o Brasil nos horários tradicionais e nas surpreendentes edições extras. Devido à censura militar, em pelo menos um momento histórico ele frustrou a sua audiência cativa: 1º de abril de 1964. Quando as tropas do Exército ocupavam as ruas e o presidente João Goulart havia deixado a Presidência da República, “a testemunha ocular da história” não pôde falar e os ouvintes ficaram sem saber o que acontecia nos primeiros instantes do golpe militar.

PALAVRAS-CHAVE: O Repórter Esso – Golpe Militar – Censura

1. O CONTEXTO HISTÓRICO E A NOTÍCIA NO RÁDIO

O Repórter Esso, considerada a primeira síntese noticiosa no Brasil, marcou época devido a uma série de fatores que consideraram a notícia em seus mínimos detalhes. Concebido pela agência de publicidade McCann-Erickson, inicialmente uma house agency da patrocinadora Standard Oil of New Jersey, a edição contava com informações exclusivas da agência United Press (UP).

Aliado ao esmero de forma e de conteúdo, o noticiário resumia os acontecimentos em linguagem própria, era sintético (5 minutos), ia ao ar na hora certa e apresentava-se em várias edições diárias, monitorando o que ocorreu nos quatro períodos do dia (manhã, tarde, noite, madrugada).

As pesquisas realizadas na época constataram que nos módulos onde O Repórter Esso estava inserido, os índices de audiência elevaram-se de forma expressiva[1]. Outro fator a considerar no contexto, era o hábito de reunir a família em torno do rádio. O veículo foi introduzido oficialmente no Brasil em 1922 e até os anos 30-40, os tamanhos dos receptores eram avantajados. Essa característica favorecia as reuniões de família e de amigos em torno do rádio, acentuando-se com O Repórter Esso.

O estilo objetivo, contrastando com a realidade da programação da maioria das emissoras, e a voz marcada de um único locutor, deram ao noticiário vibração, agilidade, garantindo credibilidade junto ao público. As notícias da Segunda Guerra Mundial, as primeiras transmitidas pelo noticioso, estimularam ainda mais a curiosidade dos ouvintes para o novo formato que estreava no rádio brasileiro.

A primeira edição foi ao ar na Rádio Nacional do Rio de Janeiro em 28 de agosto de 1941. Um mês depois era retransmitido também em São Paulo e, a partir de meados de 1942, ocupava as emissoras de outros três centros políticos e econômicos do País: Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte.

2. A PRIMEIRA TENTATIVA DE CENSURA

Nos primeiros anos, O Repórter Esso não chegou a ser alvo de qualquer censura. As notícias provinham de uma única agência, a United Press Associations (UPA)[2], facilitando o controle. Até 1945, as notícias procediam quase que exclusivamente do Exterior, sem causar problemas de eventuais proibições.

Ao contrário, certa vez o então presidente Getúlio Vargas perguntou a Heron Domingues o porquê de O Repórter Esso não divulgar notícias sobre a Força Expedicionária Brasileira (FEB). O locutor da Rádio Nacional respondeu que havia uma lei do governo proibindo a divulgação de notícias do País por agências internacionais que atuassem no Brasil, como era o caso da UPA. Na hora, o presidente Vargas prometeu revogar a lei e O Repórter Esso, a partir daquele momento, passou a divulgar as notícias dos pracinhas da FEB.

A política da Standard Oil New Jersey, patrocinadora do Esso, era cautelosa no sentido de não afrontar qualquer autoridade ou abordar temas polêmicos da realidade nacional, que pudessem causar antipatias e eventuais prejuízos econômicos à companhia.

A aplicação desse procedimento padrão ocorria nos locais onde O Repórter Esso era transmitido. No momento em que estreava no Brasil, o noticiário era levado ao ar em outros 14 países (Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Estados Unidos, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela). Em todas as 60 emissoras, a síntese obedecia a um único manual, que orientava redatores, editores e locutores sobre o processo completo de elaboração do boletim noticioso.

O manual preconizava alguns cuidados e ações da equipe de produção, visando a evitar problemas. Intitulado de Instruções básicas para a produção do Repórter Esso no rádio: orientação geral e sugestões para as estações de rádio, locutores e a United Press, era atualizado periodicamente, e foi inspirado no Manual Radionoticioso de la United Press em America Latina, editado em 1944. Nele, a primeira instrução alertava para a necessidade de isenção e de máxima imparcialidade, devido à associação natural de O Repórter Esso à Esso Standard do Brasil. “É justamente esta a razão pela qual as notícias não podem, não devem, de forma alguma, ter qualquer traço de partidarismo, qualquer caráter opinativo. Reportar as notícias por mais duras que elas sejam, expondo todos os fatos, esta é, realmente, a responsabilidade da nossa imprensa livre” (KLÖCKNER, 2003, P. 67).

As recomendações tinham por objetivo evitar problemas para a United Press, para as emissoras e para a Esso. Isso porque mesmo divulgando notícias, sem comentários, por mais de uma vez o patrocinador esteve envolvido em situações desagradáveis, por causa do programa. Um dos casos foi nos anos 50, durante a campanha do governo Vargas, O Petróleo é Nosso, pouco antes da criação da Petrobrás, pois justamente o noticioso era patrocinado por uma empresa multinacional interessada em que a exploração do petróleo não fosse nacionalizada.

Uma das normas redacionais vinculava que as declarações expressas das notícias somente poderia sair se partissem de altas autoridades (Presidente da República, Governadores de Estado, Ministros e Secretários de Estado). Também desestimulava a polêmica, que deveria ser descartada em detrimento do caráter puramente informativo da notícia.

O quinto locutor de O Repórter Esso na Rádio Farroupilha de Porto Alegre, Lauro Haggemann, recorda de um momento em que a censura recaiu sobre o noticiário. Foi em 1955, durante a tentativa de impedir que Juscelino Kubitschek assumisse a presidência. Embora as agências de notícias de São Paulo e Rio de Janeiro estivessem proibidas de fornecer qualquer informação sobre o movimento, a Rádio Farroupilha passou toda a noite transmitindo edições extraordinárias do Esso.

Através do noticiário internacional, vindo de Nova Iorque, transmitido por Montevidéo, a rádio foi ouvida em todo o País. Segundo Lauro Haggemann, apenas na manhã seguinte os censores perceberam, mas “ai a festa já tinha passado e o ambiente estava desanuviado”. (ESSO CONTA..., 1977, p. 18 e 19).

3. A TESTEMUNHA VIU O GOLPE, MAS NÃO PÔDE FALAR

Na manhã do dia 1º de abril de 1964, assustados com o desfile de soldados e tanques de guerra pelas ruas do país, milhões de brasileiros aguardaram, ansiosamente, uma hora sagrada. A primeira edição radiofônica do Repórter Esso, às oito em ponto, certamente passaria a limpo o Brasil daquelas tumultuadas horas. (O DIA EM QUE..., 1988, p.12 e 13).

O país vivia um momento conturbado, semelhante ao havido exatos 10 anos antes, com a morte do presidente Getúlio Vargas. Ao invés do suicídio, o então presidente João Goulart, o Jango, preferiu se retirar do País, pois segundo suas palavras “não queria derramamento de sangue” CHAISE, 2005). Um avião o levou de Brasília a Porto Alegre e depois a Montevidéo. Até aquele momento não havia sido disparado sequer um tiro.

A instabilidade no Palácio do Planalto era sentida desde que em 1961 o presidente Jânio Quadros havia renunciado. O vice Jango, pela proximidade com Getúlio Vargas e simpatia pelos comunistas, não detinha o prestígio de muitos segmentos da sociedade, especialmente de alguns políticos, entre eles Carlos Lacerda, do Exército e da Igreja.

Na antevéspera do golpe militar já havia rumores de que existia um movimento de insurreição no Exército. Conforme Fábbio Perez, locutor titular do Repórter Esso da Rádio Tupi de São Paulo, “até aquele momento esses rumores não haviam se consubstanciado numa censura a qualquer órgão de informação. O País estava funcionando com todas as liberdades democráticas” (PEREZ, 2006). E assim foi até 31 de março.

No dia 1º de abril, o Repórter Esso tinha cinco edições: 8 horas da manhã, 12 e 55, 18 e 30, 20, e 22 horas. Na primeira edição da manhã, Fábbio Perez foi para a redação às 7h45min. A Rádio Tupi estava localizada na rua Sete de Abril, em São Paulo. Logo na entrada da redação-estúdio ele foi barrado por um oficial do Exército, justificando que a Revolução tinha se consumado, ninguém entrava e tudo estava sob censura.

Apesar da presença do oficial, o redator do Repórter Esso, o Belmiro Madeira, repassou a Fábbio Perez o script da primeira edição, que não foi lido. Porém, Perez guardou o envelope consigo, contendo as cinco laudas com as 17 notícias que não foram ao ar.

Constituiu-se no primeiro, ou num dos primeiros atos da censura contra um órgão de comunicação naquele dia 1º de abril de 1964. Algumas tramitações foram realizadas entre a as direções da UPI e da McCann-Erickson com os militares, e o noticiário retornou na segunda edição, às 12 horas e 55 minutos. Fábbio Perez não sabe informar se nas outras praças (Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre) a primeira edição foi ao ar, “mas em São Paulo, as principais emissoras de rádio e televisão foram ocupadas pelos militares durante a madrugada. Houve, inclusive, algumas prisões”.

Quanto aos ouvintes, Fábbio Perez não tem uma idéia precisa, “pois todos ficaram muito desnorteados”. Para ele, não houve propriamente uma surpresa, uma vez que o golpe já estava se desenvolvendo há algum tempo, “mas as pessoas estavam muito confusas”. Fábbio Perez admite que a rádio recebeu muitos telefonemas e que os ouvintes queriam saber o que estava ocorrendo.

Todos estavam procurando informações. É claro que as emissoras de rádio recebiam muitos telefonemas, querendo saber o que ocorria, pois a divulgação dos fatos estava completamente proibida, estava censurada. E isso que foi mais dramático para nós radialistas e jornalistas. Justamente na hora que tudo estava acontecendo, ninguém sabia de nada. A censura foi geral, atingindo o Estadão, a Folha. Por isso, creio que a notícia de que o Repórter Esso não fora ao ar, também não saiu. E todos os veículos tiveram esse acompanhamento da censura por muito tempo. Houve uma reação dos jornalistas, uma reação branca, quando os jornais publicaram poesias, receitas de bolo e outros absurdos, nos lugares das notícias censuradas. Já o rádio e a televisão estavam sob censura total (PEREZ, 2006).

Assim como a segunda edição, as demais foram ao ar normalmente. No entanto, Fábbio Perez ao sentar na cadeira no estúdio estava ladeado por um militar, que fazia a censura prévia no script. Além disso, o oficial acompanhava a leitura no estúdio para verificar se não havia inclusões ou supressões de palavra, e mesmo alguma entonação inadequada.

Depois, veio a censura prévia, por telefone, de assuntos que não poderiam ser transmitidos. Deixou de haver aquela censura de presença física, de um censor, mas existia a censura através do telefone com a proibição de determinados assuntos. Esse procedimento se estabeleceu durante todo o regime militar. Durou anos. Naqueles primeiros dias, lembro que havia alguns assuntos proibidos, por exemplo, não era permitido falar de movimentos contrários à Revolução. Só poderiam sair notícias consideradas “normais”, informações internacionais, assuntos de interesse geral. Agora, de política quase nada, ou nada nos primeiros dias. Uma exceção: os pronunciamentos oficiais, do novo presidente Castelo Branco, das autoridades que estavam sendo constituídas. Isso era o noticiário, que provinha do governo, como sempre ocorre em momentos como esse. Agora, as vozes contrárias não tinham vez, nenhuma possibilidade de irem ao ar. O noticiário político se resumia na movimentação das forças da nova ordem, com informações do ministro da Justiça, os atos institucionais. Na verdade, havia muitas notícias. Era uma informação atrás da outra: cassações, etc. O forte do noticiário de natureza política era emanado do próprio governo, que estava ditando as ordens. Era um governo revolucionário (PEREZ, 2006).

Fábbio Perez permaneceu como locutor de O Repórter Esso de São Paulo até 1965. Dois anos antes, ele concorreu com outros 400 candidatos para a escolha do titular do noticiário no rádio e na televisão. Ele venceu para o rádio, substituindo o legendário Dalmácio Jordão, enquanto na televisão o escolhido foi Lívio Carneiro Júnior.

Eu fiquei mais de um ano no Repórter Esso e depois houve um certo desinteresse, pois estava tudo sob censura. A própria Esso já começava a se desinteressar. Tanto que anos mais tarde, o Repórter Esso acabou de vez. Até chegar ao fim,. Depois de 64 ele começou a perder prestígio, pois a censura no rádio e na televisão era muito severa. Eu fui locutor até 1965 e o próprio pessoal da Esso mostrava sinais de desinteresse. Quem produzia o noticiário não era a emissora, era a United Press, que era uma agência internacional. E esse pessoal da agência, que era o Armando Figueiredo, o Belmiro Madeira, todos aqueles velhos jornalistas que tomavam conta do Repórter Esso, achavam que, com essa nova ordem, o Repórter Esso não iria longe, como de fato acabou ocorrendo.

O fim de O Repórter Esso no rádio ocorreu em 31 de dezembro de 1968. Na televisão, O Seu Repórter Esso ainda permaneceu no ar até o final de 1970.

4. AS NOTÍCIAS QUE NÃO FORAM AO AR

O roteiro da edição das 8 horas de O Repórter Esso, de quarta-feira, dia 1º de abril, guardado por Fábbio Perez, teve o conhecimento de apenas três pessoas: do redator Belmiro Madeira, dele próprio e do censor que o impediu de ir ao ar. A seguir, as 17 notícias impedidas de ir ar pela censura:

(((*TUPI)))

/1/4/64 – 8:00/

Prezado ouvinte, bom dia! Aqui fala o Repórter Esso, um serviço público da Esso Brasileira de Petróleo e dos Revendedores Esso, com as últimas notícias da U.P.I.

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Tempo nublado na capital paulista. Temperatura estável. Na redação do seu Repórter Esso, o termômetro marca 22 graus. É de 92 por cento a umidade relativa do ar.

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Eis um resumo das últimas notícias da noite que passou:

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-1- Rio – O general Jair Dantas Ribeiro reassumiu suas funções de Ministro da Guerra. Pouco depois o titular distribuiu uma proclamação, informando que havia exonerado dos comandos, os generais Guedes e Olimpio Mourão Filho, sediados em Minas Gerais. Diz ainda o Ministro da Guerra: “Cerramos fileiras brasileiros, em torno dos princípios democráticos que regem nossos destinos e esta fase crítica em breve estará ultrapassada pelo bem da nossa pátria”.

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-2-S.Paulo –- A Assembléia Legislativa decidiu manter-se em sessão permanente, diante da gravidade da situação.

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-3- Brasília -– Em manifesto à Nação, o presidente do Congresso Nacional conclama o povo a reunir-se em torno das Forças Armadas, no respeito à Constituição.

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-4- S.Paulo –- Todos os estabelecimentos bancários da capital paulista estarão fechados hoje, amanhã e sexta-feira. A medida decorre de feriados bancários decretados pelo Governo Federal.

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-5-S.Paulo –- Em vista da gravidade da situação nacional, a Câmara de Vereadores decidiu permanecer em reunião permanente.

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-2- Esso - - 8 hrs – 1/4/64

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E agora, as primeiras notícias do dia:

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-6- S.Paulo –- É de absoluta tranqüilidade a situação em São Paulo apesar dos acontecimentos que se desenvolvem em todo o País. O comércio e a indústria deverão funcionar normalmente no dia de hoje. Também as repartições públicas, as escolas e outras atividades, estarão funcionando sem interrupção.--

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-7- S.Paulo – O governador Adhemar de Barros voltou a falar ao povo nas primeiras horas da manhã de hoje. O chefe do Executivo paulista chamou a atenção da população para a hora grave que atravessa o País e conclamou a todos a se manterem em calma e confiantes nas autoridades.—

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-8-S.Paulo -– O general Amaury Kruel, em manifesto às Forças Armadas e à Nação, anunciou que o Segundo Exército acabava de “assumir grave responsabilidade, com o objetivo de salvar a pátria em perigo, livrando-a do jugo vermelho”. “O Segundo Exércio –- declara o manifesto –- ao dar este passo, de extrema responsabilidade, para a salvação da pátria, manter-se-á fiel à Constituição e tudo fará, no sentido da manutenção dos poderes constituídos, da ordem e da tranqüilidade”.

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-9- Rio –- A Presidência da República distribuiu nota historiando os acontecimentos que tiveram início no estado de Minas Gerais. Finaliza a nota informando que espera “o Governo Federal comunicar oficialmente, dentro em pouco, o restabelecimento total da ordem no Estado”.

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-10- S.Paulo -- O Governador Adhemar de Barros expediu ordens para requisição de todos os depósitos de óleo combustível e de gasolina existentes no estado. Determinou também a imediata ocupação da Baixada Santista por contingentes da Força Pública.

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-11- S.Paulo -- Em contato com várias fábricas da capital paulista, a reportagem foi inteirada que a situação é de completa normalidade. Todos os parques fabris de São Paulo encontram-se em pleno funcionamento. O mesmo ocorre com o comércio e com os transportes.

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-12- Rio -- O Palácio da Guanabara informou hoje às três horas da madrugada, que fuzileiros navais se postaram ante aquele Palácio, que está sendo custodiado por forças da Polícia Militar do Estado. Acrescenta que os fuzileiros se limitaram a tomar posições ante o Palácio.

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-13- Recife -- O governador Miguel Arrais afirmou que reina calma em Pernambuco e assegurou que “nossa posição é a mesma, de apoio à Legalidade, aos princípios democráticos, às liberdades do povo e às prerrogativas do Presidente da República. Estamos lutando para que haja concórdia e se extinga o clima de desconfiança reinante.

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-14- Belo Horizonte -- Em manifesto à Nação, o governador Magalhães Pinto, reafirma o propósito do povo mineiro de assegurar a Legalidade. “A coerência impõe-nos solidariedade a esta ação patriótica e ao nosso lado estão os mineiros, sem distinção de classe e condições, pois não pode haver divergência, quando esta em causa o interesse vital da nação brasileira.

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-15- Rio -- O ministro Abelardo Jurema, da Justiça, confirmou que o almirante Araújo Suzano assumiu a chefia do Estado Maior da Esquadra.

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-16- S.Paulo -- Porta-voz da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí informou à UPI que todas as atividades daquela ferrovia estão paralisadas desde as primeiras horas da manhã de hoje. Não corre nenhuma composição nos troncos daquele ferrovia.

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... E agora ...

(TÉCNICA: JINGLE “FLIT”)

(PAUSA) – E eis a última notícia:

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-17-Rio—A Guanarabara amanheceu hoje sob os efeitos de uma greve geral. Estão paralisados os trens da Central do Brasil e da Leopoldina. Também estão paralisados os serviços de barcas e lanchas entre Rio e Niterói, os transportes coletivos, o porto, as empresas aéreas e outras atividades. A greve geral decretada pelo CGT terá duração indeterminada, abrangendo a Guanabara e diversos estados do território nacional.

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O Repórter Esso voltará ao ar logo mais às 12 horas e 55 minutos. Até lá, muito bom dia! ... E lembre-se ... Dá gosto parar num posto Esso.

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BM (iniciais do redator Belmiro Madeira)

Vinte quatro anos se passaram até que Fábbio Perez pôde ler, como se ao vivo fosse, as 17 notícias, da edição das 8 horas da manhã, do dia 1º de abril de 1964. Desde 1988, o documento sonoro consta do acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo.

5. OBRAS E FONTES CONSULTADAS

CHAISE, Sereno. Depoimento ao autor em 17/7/2005.

ESSO CONTA A GUERRA E ENSINA O PAÍS A OUVIR NOTICIÁRIOS. Cadernos de Jornalismo/1. Sindicato dos Jornalistas. Porto Alegre/RS, 1977, p. 18,19.

KLÖCKNER, Luciano. O REPÓRTER ESSO E A GLOBALIZAÇÃO – UMA INVESTIGAÇÃO HERMENÊUTICA. Tese de Doutoramento apresentada ao Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. Porto Alegre, janeiro de 2003.

O DIA EM QUE A TESTEMUNHA CALOU. Revista Imprensa, S. Paulo, janeiro de 1988.

O PRIMEIRO A DAR AS ÚLTIMAS. Revista da Comunicação, ano 9, número 32, maio de 1993.

PEREZ, Fábbio. Depoimento ao autor em 29/4/2006.

REPÓRTER ESSO. Roteiro completo da primeira edição do noticiário, às 8 horas, de 1º de abril de 1964.

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[1] De 1943 a 1952, o Ibope acompanhava a audiência em unidades de 15 minutos, o que impossibilita distinguir quem ouvia O Repórter Esso dos programas anteriores e posteriores. No entanto, fica claro que durante a Segunda Guerra, em especial, o noticiário era extremamente popular, pois os módulos onde ele estava apresentavam índices cerca de 25% mais altos que as unidades anteriores. O auge foi no primeiro semestre de 1945, quando o crescimento alcançou 50%. Após a guerra, os índices começaram a cair de maneira paulatina até a saída da síntese do ar em 1968, motivada por fatores de ordem interna - decisões da área de Relações Públicas e Publicidade da Esso - e de ordem externa - procura do público pela nova mídia eletrônica, a televisão.(Arquivo Edgar Levenroth, UNICAMP. Pesquisa de Audiência, Serviço de Rádio, IBOPE, Agosto de 1950. Pesquisas Especiais, IBOPE, vol. 7, 1948, p. 367. Pesquisas Especiais, IBOPE, vol. 11, 1952, pesquisa 18).

[2] A partir de 1958, quando há a fusão com a International News Service (INS), a UPA altera a sigla para UPI - United Press International.

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