UM BREVE HISTÓRICO SOBRE OS ESTUDOS DA LINGUAGEM: (IN ... - UFBA

[Pages:15]UM BREVE HIST?RICO SOBRE OS ESTUDOS DA LINGUAGEM: (IN)DEFINI??ES DO OBJETO A PARTIR DE LEITURAS DE SAUSSURE

Giovani Forgiarini Aiub

Mestrado em Estudos da Linguagem pelo PPGLet/UFRGS gioaiub@

Resumo A hist?ria dos estudos da linguagem se fundou basicamente sobre uma obra, o Curso de Lingu?stica Geral, de Ferdinand de Saussure, livro publicado postumamente. O pensamento saussuriano, desde ent?o, sofreu diversas leituras. Para tanto, este trabalho almeja verificar como o objeto dos estudos da linguagem foi sendo delimitado ao longo destes anos. Assim, toma como ponto de partida autores como Jakobson, Hjelmslev, Benveniste, P?cheux e, posteriormente, Bouquet. Palavras-chave: Estudos da Linguagem. Curso de Lingu?stica Geral. Delimita??o do objeto. Abstract The history of language studies is basically founded on a posthumous published book, Course in General Linguistics by Ferdinand de Saussure. From that time, Saussure's thought was read differently. In order to that, this paper aims to verify how language studies' object was being delimited through these years. Thus, this work selects author like Jakobson, Hjelmslev, Benveniste, P?cheux, and lately Bouquet. Key words: Language Studies. Course in General Linguistics. Object Delimitation.

1 Abrindo o percurso

? o ponto de vista que cria o objeto. (Ferdinand de Saussure)

Tentar definir, delimitar ou at? mesmo limitar o objeto de estudo da Lingu?stica

? um assunto que tem suscitado diversas disputas te?ricas em torno de qual

seria o "verdadeiro alvo" desta ci?ncia. Ao dizer isso, dou aberturas para que

seja inferida pelo menos esta proposi??o: a Lingu?stica ? uma ci?ncia, e como

ci?ncia deve ter seu objeto de an?lise bem demarcado. Entretanto, n?o

tomarei esta proposi??o como ?nica, muito menos como leg?tima, mas

simplesmente como mais uma poss?vel. Afinal, a Lingu?stica muitas vezes tem

sido confundida com um campo, a meu ver, um pouco mais amplo que tem

sido denominado no espa?o acad?mico como Estudos da Linguagem.

Aqui, gostaria de diferenciar o que chamo de Estudos da Linguagem ? como

um ramo da academia ? do que se pode entender como os estudos sobre a

linguagem, este muito anterior, uma vez que, "embora a linguagem se tenha

tornado um objeto de reflex?o espec?fico h? j? muitos s?culos, a ci?ncia

lingu?stica, essa, ? muito recente" (KRISTEVA, 1969, p.13). Nesse sentido,

pretendo evocar os Estudos da Linguagem tamb?m como um campo recente

no ?mbito acad?mico, surgindo posteriormente ? funda??o da Lingu?stica enquanto ci?ncia. Contudo, tratar da Lingu?stica como um ramo dos Estudos da Linguagem pode ser um tanto controverso, uma vez que esta denomina??o surge a partir dos estudos sobre a linguagem, principalmente daqueles advindos de Saussure, pai da Lingu?stica. Ent?o, poderia ser poss?vel perguntar: as diversas teorias que os Estudos da Linguagem englobam mant?m o mesmo objeto de an?lise? Mesmo que este questionamento seja despretensioso, almejo apresentar como pontos de vistas distintos acabam instaurando novas formas de refletir sobre a linguagem, ou seja, terminam por criar novos objetos. Desse modo, mobilizarei autores que, em suas obras, tenham feito refer?ncia a Saussure. Assim, propondo uma vis?o geral sobre a hist?ria das ideias lingu?sticas, e com base em diferentes posicionamentos frente ao pensamento saussuriano, farei um breve esbo?o, partindo dos pr?prios editores do Curso at? uma poss?vel releitura de Saussure feita por Simon Bouquet.

2 Leituras de Saussure

Quando se fala em Lingu?stica, torna-se praticamente invi?vel n?o retornar ?s origens e mencionar o Curso de Lingu?stica Geral, de Ferdinand de Saussure. Por?m, cabem antes algumas observa??es. ? importante relembrar que o pr?prio Saussure n?o deixou seus maiores ensinamentos registrados sen?o pelas tr?s edi??es do curso de Lingu?stica Geral lecionados na Universidade de Genebra entre os anos de 1907 e 1911. Mesmo assim, o pensamento saussuriano j? despertava o interesse de uns poucos atentos ?s ideias do mestre genebrino. Entre estes poucos estavam seus alunos e, al?m deles, seus colegas de profiss?o, os tamb?m professores Charles Bally e Albert Sechehaye, respons?veis pela publica??o da obra p?stuma Curso de Lingu?stica Geral em 1916 (doravante, CLG). Pela organiza??o da obra, ? poss?vel dizer que Bally e Sechehaye, com a colabora??o de Albert Riedlinger, aluno de Saussure, foram os primeiros grandes leitores do pensamento saussuriano, pois foram eles os respons?veis pela "organiza??o" de suas ideias ao publicarem o CLG ? certamente o mais

importante livro para a Lingu?stica, uma vez que ? dessa obra que partem/rebatem os grandes linguistas e/ou estudiosos da linguagem para fundamentarem suas teses. Assim como para os linguistas e/ou os estudiosos da linguagem, os organizadores do CLG tamb?m n?o puderam ter "acesso direto" ao que Saussure lecionava, pois o mestre nada deixou de escrito sobre seus maiores ensinamentos. No pref?cio ? primeira edi??o do CLG, Bally e Sechehaye declaram uma grande decep??o ao n?o encontrarem nenhuma anota??o consistente sobre as aulas de Saussure na Universidade de Genebra, al?m ainda de n?o poderem acompanhar integralmente o curso. Conforme os organizadores, "essa verifica??o [a de n?o terem encontrado nenhum material] nos decepcionou tanto mais quanto obriga??es profissionais que nos haviam impedido quase completamente de nos aproveitarmos de seus ensinamentos" (BALLY; SECHEHAYE, 2006, p.2). Por n?o haver nada ou quase nada de registro deixado por Saussure, Bally e Sechehaye recorreram ?s anota??es de aula de uns poucos alunos do mestre, tendo, ent?o, a dif?cil tarefa de registrarem o que Saussure havia ensinado em suas aulas. Sendo Bally e Sechehaye leitores de Saussure, foi sobre essa primeira leitura do/sobre o mestre que se fundamenta a hist?ria das ideias lingu?sticas e posteriormente os Estudos da Linguagem. Dessa forma, arrisco dizer, juntamente com Flores (2004, p.6), que h? o "Saussure do Curso", e ? sobre este Saussure que pretendo fazer uma breve discuss?o. Logo nas p?ginas iniciais do CLG, Saussure afirma que "? o ponto de vista que cria o objeto (CLG, p.15)". Ao fazer tal afirma??o, saberia o mestre linguista que suas pr?prias aulas seriam objeto para ser analisado do ponto de vista n?o s? de seus alunos, e que foi a partir deste objeto criado que se alicer?ou a cr?tica sobre seus ensinamentos? Seria muita pretens?o arriscar qualquer resposta. Talvez nem os organizadores soubessem que o CLG seria estudado ao longo de quase um s?culo. Entretanto, uma d?vida eles tinham: "saber? a cr?tica distinguir entre o mestre e seus int?rpretes?" (BALLY; SECHEHAYE,

2006, p.4). Pelo que se conhece, pelo menos at? o aparecimento de Simon Bouquet1, a cr?tica n?o soube fazer tal distin??o. Em uma tentativa de definir o objeto da Lingu?stica, a separa??o l?ngua/fala se instaura. Saussure, com a preocupa??o de instituir a Lingu?stica como ci?ncia, influenciado pelo positivismo da ?poca, divide a linguagem por esta dicotomia. Tratando, assim, de abordar, n?o a fala, mas a l?ngua. Ao cindir a linguagem em l?ngua e fala, Saussure diz que a l?ngua ? um sistema abstrato de regras e a fala ? o uso que se faz dessas regras. Ao fazer isso, Saussure, desenvolvendo seu racioc?nio sobre a linguagem, separa o que para ele ? social, pass?vel de descri??o, a l?ngua, do que ? individual, a fala. Conforme o CLG (p.22), "com o separar a l?ngua da fala, separa-se ao mesmo tempo o que ? social do que ? individual; o que ? essencial do que ? acess?rio e mais ou menos acidental." Saussure faz esse corte porque a fala, a princ?pio, n?o pode ser sistematizada e descrita. Assim, o uso que se faz da l?ngua fica de fora, por enquanto, da teoria lingu?stica. E seguindo nessa linha de pensamento, o mestre complementa que "a l?ngua, distinta da fala, ? um objeto que se pode estudar separadamente" (CLG, p.22). Sendo, nesta perspectiva, apenas a l?ngua pass?vel de descri??o, ? ela o objeto de an?lise para a lingu?stica saussuriana. Nas palavras de Saussure (CLG, p.23), "enquanto a linguagem ? heterog?nea, a l?ngua assim delimitada ? de natureza homog?nea". Ainda Saussure (CLG, p.23) justifica esse corte, pois, para ele, "n?o s? pode a ci?ncia da l?ngua prescindir de outros elementos da linguagem como s? se torna poss?vel quando tais elementos n?o est?o misturados". Todavia, nem todos os importantes leitores de Saussure seguiram esta ideia dicot?mica. Defendendo o oposto dessa separa??o, Jakobson (2003, p.34) afirma que o interesse da Lingu?stica deve se pautar na "linguagem em todos os seus aspectos ? pela linguagem em ato, pela linguagem em evolu??o, pela linguagem em estado nascente, pela linguagem em dissolu??o." Sendo assim, Jakobson n?o descarta a fala. N?o separa, portanto, a linguagem, mas sim p?e

1 A leitura que Simon Bouquet faz de Saussure n?o est? fundamentada apenas no CLG, uma vez que este autor toma como base cadernos de outros alunos de Saussure que n?o foram profundamente analisados por Bally e Sechehaye. Este artigo, por sua vez, ir? tratar de "Saussure do Curso".

em questionamento esta dicotomia. Nesse sentido, do ponto de vista de Jakobson, a Lingu?stica deve estudar a linguagem mais amplamente quanto poss?vel. Assim, fazendo uma breve compara??o com "Saussure do Curso", Jakobson amplia de certa forma os estudos lingu?sticos. Diferentemente do CLG, que inicialmente deixa de lado a fala por ela n?o se encaixar no sistema da l?ngua, por ser individual e por vezes acidental, Jakobson coloca a fala como um de seus objetos de an?lise por ela justamente fazer parte do sistema da l?ngua. Segundo ele, a fala n?o ? acidental como ? para Saussure, pois um falante partir? do "duplo car?ter da linguagem" (JAKOBSON, 2003, p.37), o car?ter da sele??o e o car?ter da combina??o. Al?m disso, um falante de uma dada l?ngua, ao enunciar, n?o o far? por uma via unicamente individual, uma vez que ir? se utilizar de l?xicos comuns entre ele (o que enuncia) e seu destinat?rio. Nas palavras de Jakobson (2003, p.37),

"falar implica a sele??o de certas entidades lingu?sticas e sua combina??o em unidades lingu?sticas de mais alto grau de complexidade. Isto se evidencia imediatamente ao n?vel lexical; quem fala seleciona palavras e as combina em frases, de acordo com o sistema sint?tico da l?ngua que utiliza; as frases, por sua vez, s?o combinadas em enunciados. Mas o que fala n?o ? de modo algum um agente completamente livre na sua escolha de palavras: a sele??o (exceto nos raros casos de efetivo neologismo) deve ser feita a partir do repert?rio lexical que ele pr?prio e o destinat?rio da mensagem possuem em comum".

Partindo deste ponto de vista, Jakobson n?o deixa de ser sist?mico tal como Saussure o ?, pois ele apresenta um conjunto de princ?pios (sele??o e combina??o) do qual falantes de uma mesma l?ngua devem partir para a produ??o do ato da fala. Da? a sua sistematicidade. Por conseguinte, a fala, para Jakobson, ? parte integrante do sistema da l?ngua. Nesse sentido, para Jakobson, a todo signo lingu?stico ? indispens?vel este dois arranjos: combina??o e sele??o. Enquanto que a combina??o diz respeito ao contexto, isto ?, "qualquer uma unidade lingu?stica serve, ao mesmo tempo, de contexto para unidades mais simples e/ou encontra seu pr?prio contexto em uma unidade lingu?stica mais complexa" (JAKOBSON, 2003, p.39), da? ao combinar h? a contextura; j? a sele??o trata de termos alternativos, ou seja, a possibilidade da substitui??o de um pelo outro. Neste segundo arranjo, ao se selecionar um, exclui-se outro.

Ao trabalhar com estes arranjos, Jakobson faz refer?ncia a Saussure e afirma que o mestre genebrino havia reconhecido claramente o papel que estas duas opera??es desempenham na linguagem. Por?m, dentro das duas variedades de combina??o, somente a concatena??o foi reconhecida pelo mestre, sendo que a concorr?ncia n?o foi por ele analisada. Saussure, na leitura de Jakobson, levou em conta o car?ter linear da linguagem. Para Jakobson (2003, p.40), "o mestre sucumbiu ? tradicional cren?a linear da linguagem `qui exclut la possibilit? de prononcer deux ?l?ment ? la fois'." Fazendo uma compara??o com o CLG e, consequentemente, fazendo uma leitura de Saussure sobre os dois modos de arranjo, Jakobson (2003, p.40) diz que Saussure estabeleceu que a combina??o apareceria em presen?a, isto ?, dentro de uma s?rie efetiva; e que a sele??o apareceria na aus?ncia, como um tipo de mem?ria virtual. Assim, cabe dizer que a sele??o diz respeito a entidades associadas ao c?digo, e que a combina??o est? mais para entidades na mensagem efetiva, mas que n?o h? o descarte para uma associa??o ao c?digo. Tamb?m sobre este ponto, pode-se afirmar que a combina??o jakobsoniana faz refer?ncia ao eixo sintagm?tico e a sele??o ao eixo paradigm?tico. Ainda sobre a teoria dos eixos (sintagm?tico e paradigm?tico), outro aspecto interessante para se trazer a este texto ? o que diz respeito a um importante acr?scimo de Jakobson. Em seus estudos sobre poesia e afasia, este autor trouxe as no??es de similaridade e, por conseguinte, a de met?fora; ambas relacionadas ?s unidades do eixo paradigm?tico, a sele??o. Neste caso, h?, nas unidades lingu?sticas, a transfer?ncia de designa??o em que um segundo objeto teria similaridade com o primeiro. Quanto ao eixo sintagm?tico, os constituintes lingu?sticos t?m uma rela??o de contiguidade e de contextura, portanto uma rela??o meton?mica. "No caso da meton?mia, a transfer?ncia do nome de um objeto para outro baseia-se no fato de os dois se tocarem" (HOLENSTEIN, 1975, p.201-2). Desse modo, existe a seguinte rela??o para o eixo paradigm?tico: sele??o, substitui??o, similaridade e met?fora; e esta para o eixo sintagm?tico: combina??o, contextura, contiguidade e meton?mia. Pelo que foi poss?vel perceber, mesmo com uma breve amplia??o no que diz respeito ao objeto de an?lise da ci?ncia lingu?stica, incluindo a fala, Jakobson

n?o se afasta do percurso iniciado por Saussure, pois esse autor toma linguagem como um sistema, de certa forma fechado em si mesmo, n?o h? aqui ainda uma contextualiza??o mais ampla, abarcando, por exemplo, uma concep??o mais te?rica de sujeito e contexto s?cio-hist?rico. Assim, ? poss?vel dizer que n?o se trata de um rompimento com a ci?ncia lingu?stica, mas certamente de um olhar mais amplo sobre a linguagem. Partindo para outra leitura de Saussure, nenhuma seguiu t?o fortemente a ideia de que "a l?ngua ? uma forma e n?o uma subst?ncia" (CLG, p.141) como Hjelmslev. Este autor ? quem aponta para uma lingu?stica estrutural, isto ?, uma lingu?stica que "n?o aborda a linguagem de fora, mas de dentro" (HJELMSLEV, 1991, p.32). De certa maneira, este autor mant?m a l?ngua como objeto primordial de an?lise. Em suas palavras,

"a lingu?stica estrutural estuda a linguagem para dela separar a parte essencial, que ?, [...] uma entidade aut?noma de depend?ncias internas. Essa parte essencial da linguagem ? a l?ngua; s? a l?ngua corresponde a essa defini??o. Eis porque a l?ngua constitui o objeto espec?fico de nossa disciplina, interessando-lhe a fala apenas pelo fato de entrar na linguagem, da qual a l?ngua igualmente participa. [...] Consequentemente, nosso ?rg?o se coloca a servi?o de uma disciplina que considera a fala subordinada ? l?ngua" (HJELMSLEV, 1991, p.33).

Como foi poss?vel perceber, Hjelmslev n?o se abst?m de olhar para a fala, mas o faz apenas porque ela ? a manifesta??o da l?ngua. Para ele, tanto a fala, como a escrita, como o c?digo Morse, as sinaliza??es de uma determinada l?ngua, por exemplo, v?m na mesma ordem, isto ?, todas s?o apenas manifesta??es e, segundo ele, o que permanece sempre inalterado entre estas manifesta??es ? a estrutura desta dada l?ngua. Nesse sentido, cabe frisar que o que interessa, primordialmente, a este linguista ? a estrutura. Em sua conceitua??o sobre linguagem, Hjelmslev (1991, p.47) afirma que ela "consiste em um conte?do e uma express?o", ou seja, a linguagem ? sempre vista como forma e subst?ncia. E o que vale para Hjelmslev ? justamente e somente a forma. A partir destes aspectos abordados sobre a linguagem, Hjelmslev (1991), considerando o CLG, passa a pensar a fala. Segundo ele, a fala n?o ? institucional, social e congelada, mas sim ? uma execu??o, ? individual e ? livre. Seguindo, o autor diz que estas tr?s caracter?sticas se cruzam, sendo que a exclus?o de qualquer uma delas p?e em risco a no??o de fala. Para ele, "a

no??o de fala se revela, portanto, como uma no??o t?o complexa como a de l?ngua" (HJELMSLEV, 1991, p.91). O que vale ressaltar quanto ao posicionamento de Hjelmslev frente ao objeto linguagem ? que h? uma vis?o estrutural, ou seja, independente de como a l?ngua se manifesta, h? algo que, segundo ele, permanece constante, a estrutura da l?ngua, e ? este o objeto primordial da lingu?stica estruturalista de Hjelmslev. Depois de um breve apanhado sobre o pensamento de Hjelmslev frente a "Saussure do Curso", cabe trazer ? baila outro importante leitor do mestre genebrino, Benveniste. Antes de qualquer coment?rio, vale dizer que Benveniste pode ser considerado o principal seguidor de Saussure. Para corroborar tal afirma??o, uma breve aproxima??o de pensamentos entre Saussure e Benveniste se faz necess?ria. No CLG, h? passagens que, ao abordar o signo lingu?stico, afirmam o seguinte:

"quando se diz que os valores correspondem a conceitos, subentende-se que s?o puramente diferenciais, definidos n?o positivamente por seu conte?do, mas negativamente por outros termos do sistema. Sua caracter?stica mais exata ? ser o que os outros n?o s?o2" (CLG, p.136).

E ainda, "dois signos que comportam cada qual um significado e um significante n?o s?o diferentes, s?o somente distintos. Entre eles existe apenas oposi??o" (CLG, p.140). Nesse sentido, estes trechos da obra p?stuma asseguram que um signo lingu?stico s? pode ser o que o outro n?o ?; portanto, um conceito fundado sob um ponto de vista contrastivo. Dando um passo, ent?o, aos estudos de Benveniste, ? importante observar que ? este autor quem traz a subjetividade como objeto de an?lise para a lingu?stica. ? Benveniste o principal precursor dos estudos enunciativos, buscando as marcas do sujeito no enunciado. Nesse sentido, o que se pretende mostrar aqui ? que este autor, ao trabalhar o par eu/tu, o faz por uma l?gica saussuriana, isto ?, por um estudo contrastivo. Por consequ?ncia, seguem dois racioc?nios de Benveniste a fins de exemplo: "? preciso, portanto, procurar saber como cada pessoa se op?e ao conjunto das outras e sobre que princ?pio

2 Grifo meu.

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