Ensino Médio - Dom Bosco | Site de apoio aos alunos do ...



1. (Fuvest 2013) S?o Paulo gigante, torr?o adoradoEstou abra?ado com meu viol?oFeito de pinheiro da mata selvagemQue enfeita a paisagem lá do meu sert?oTonico e Tinoco, S?o Paulo Gigante.Nos versos da can??o dos paulistas Tonico e Tinoco, o termo “sert?o” deve ser compreendido como a) descritivo da paisagem e da vegeta??o típicas do sert?o existente na regi?o Nordeste do país. b) contraposi??o ao litoral, na concep??o dada pelos cai?aras, que identificam o sert?o com a presen?a dos pinheiros. c) analogia à paisagem predominante no Centro-Oeste brasileiro, tal como foi encontrada pelos bandeirantes no século XVII. d) metáfora da cidade-metrópole, referindo-se à aridez do concreto e das constru??es. e) generaliza??o do ambiente rural, independentemente das características de sua vegeta??o. 2. (Unicamp 2016) Morro da Babil?nia? noite, do morrodescem vozes que criam o terror(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na línguaGeral).Quando houve revolu??o, os soldadosespalharam no morro,o quartel pegou fogo, eles n?o voltaram.Alguns, chumbados, morreram.O morro ficou mais encantado.Mas as vozes do morron?o s?o propriamente lúgubres.Há mesmo um cavaquinho bem afinadoque domina os ruídos da pedra e da folhageme desce até nós, modesto e recreativo,como uma gentileza do morro.(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. S?o Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.19.)No poema “Morro da Babil?nia”, de Carlos Drummond de Andrade, a) a men??o à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, metonimicamente, pela referência ao Morro da Babil?nia. b) o sentimento do mundo é representado pela percep??o particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida pela metáfora do Morro da Babil?nia. c) o tratamento dado ao Morro da Babil?nia assemelha-se ao que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a figura de estilo denominada paronomásia. d) a referência ao Morro da Babil?nia produz, no percurso figurativo do poema, um oxímoro: a rela??o entre terror e gentileza no espa?o urbano. 3. (Fgv 2016) Leia a charge.Na fala da personagem, a concord?ncia verbal está em desacordo com a norma-padr?o da língua portuguesa.a) Explique por que a concord?ncia na frase está em desacordo com a norma-padr?o, esclarecendo o que pode levar os falantes a adotá-la.b) Escreva duas vers?es da frase da charge: na primeira, substitua a express?o “a gente” por “Nosso clube é um dos que”; na segunda, substitua o verbo “ter” pela locu??o “deve haver” e passe para o plural a express?o “uma proposta irrecusável”. 4. (G1 - ifba 2016) Os textos publicitários utilizam, de modo geral, uma linguagem específica para atingir, de forma diferenciada, aos seus propósitos comunicativos. Observe o texto a seguir e indique a alternativa correta. a) O enunciado “Coloque estes patinhos na lagoa” apresenta um sentido denotativo tal como em “Ele tem um cora??o de pedra”. b) O enunciado “Coloque estes patinhos na lagoa” apresenta um sentido conotativo tal como em “Ele trope?ou numa pedra na rua”. c) O enunciado “Coloque estes patinhos na lagoa” apresenta sentido denotativo tal como em “A pedra foi arremessada na cabe?a da crian?a”. d) O enunciado “Coloque estes patinhos na lagoa” apresenta um sentido denotativo tal como em “Aquele menino é uma pedra em meu sapato”. e) O enunciado “Coloque estes patinhos na lagoa” apresenta um sentido conotativo tal como em “Ultrapassarei todas as pedras do caminho e resolverei as minhas pendências”. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: 5. (Uerj 2016) O personagem presente no último quadrinho é um ácaro, um ser microscópico. Suas falas têm rela??o direta com seu tamanho. No contexto, é possível compreender a imagem do personagem como uma metonímia.Essa metonímia representa algo que se define como: a) invisível b) expressivo c) inexistente d) contraditório TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: Se n?o quiser adoecerPor Dr. Dráuzio Varela"Fale de seus sentimentos"Emo??es e sentimentos que s?o escondidos, reprimidos, acabam em doen?as como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo, a repress?o dos sentimentos degenera até em c?ncer. Ent?o vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra é um poderoso remédio e excelente terapia."Busque solu??es"Pessoas negativas n?o enxergam solu??es e aumentam os problemas. Preferem a lamenta??o, a murmura??o, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escurid?o. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doen?a."Aceite-se"A rejei??o de si próprio, a ausência de autoestima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que n?o se aceitam s?o invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia."N?o viva SEMPRE triste!"O bom humor, a risada, o lazer, a alegria recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive."O bom humor nos salva das m?os do doutor". Alegria é saúde e terapia.(Trechos retirados de Pensador..Br/autor/dr_drauzio_varela. Acesso em 11 de abril de 2015, às 11h.) 6. (G1 - epcar (Cpcar) 2016) Sobre figuras de linguagem é correto afirmar que, no período a) “Melhor é acender o fósforo que lamentar a escurid?o.”, a metáfora corrobora a ideia de que pensamento negativo n?o soluciona problemas. b) “A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.”, a metonímia traduz a ideia de que quem está feliz é capaz de levar esse sentimento a outras pessoas do seu convívio social. c) “O diálogo, a fala, a palavra é um poderoso remédio e excelente terapia.”, a grada??o e o eufemismo refor?am a ideia de que emo??es e sentimentos reprimidos causam doen?as possíveis de serem tratadas. d) “O bom humor nos salva das m?os do doutor”, a catacrese explicita a ideia de que quem n?o se previne com atitudes positivas diante da vida acaba por precisar de atendimento médico. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: A EDUCA??O PELA SEDAVestidos muito justos s?o vulgares. Revelar formas é vulgar. Toda revela??o é de uma vulgaridade abominável.Os conceitos a vestiram como uma segunda pele, e pode-se adivinhar a norma que lhe rege a vida ao primeiro olhar.Rosa Amanda StrauszMínimo múltiplo comum: contos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990. 7. (Uerj 2016) Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já enunciados. No texto, entretanto, ele tem um uso incomum, já que permite subentender um termo n?o enunciado.Esse uso indica um recurso assim denominado: a) elipse b) catáfora c) designa??o d) modaliza??o TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: ? possível fazer educa??o de qualidade sem escola? possível fazer educa??o embaixo de um pé de manga? N?o só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Mo?ambique. Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Ti?o Rocha pediu demiss?o do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento). Curvelo, no Sert?o mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crian?as e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da a??o e da reflex?o, do ouvir e do aprender com o outro. Todos s?o educadores, porque est?o preocupados com a aprendizagem. ? uma constru??o coletiva”, explica. O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclus?o, e tudo que exclui n?o é educativo. Uma escola que seleciona n?o educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, n?o podemos uniformizar.” Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abra?o, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sab?o e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Ti?o, como fa?o para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar quest?es de sexualidade na roda. Para resolver a falência da educa??o, Ti?o inventou uma UTI educacional, em que “m?es cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro” (biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetiza??o. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Ti?o?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”. Aos 66 anos, Ti?o diz estar convicto de que a escola do futuro n?o existirá e que ela será substituída por espa?os de aprendizagem com todas as ferramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem. “Educa??o se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. N?o precisamos de sala, precisamos de gente. N?o precisamos de prédio, precisamos de espa?os de aprendizado. N?o precisamos de livros, precisamos ter todos os instrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Ti?o diz se sentir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de n?o haver mais nenhuma crian?a analfabeta no Brasil. “Isso n?o é uma política de governo, nem de terceiro setor, é uma quest?o ética”, pontua.(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em .) 8. (Unicamp 2016) Em rela??o ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Ti?o?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar: a) A express?o “Seguida da resposta certeira” indica a elipse de uma outra express?o. b) A cria??o da palavra “empodimento” é resultado de um processo: sufixa??o. c) A repeti??o do verbo no enunciado “Pode, pode tudo” exemplifica o estilo reiterativo do texto. d) O discurso direto presente no trecho tem a fun??o de dar voz às comunidades. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: VAGABUNDOEu durmo e vivo ao sol como um cigano,Fumando meu cigarro vaporoso;Nas noites de ver?o namoro estrelas;Sou pobre, sou mendigo e sou 1ditoso!Ando roto, sem bolsos nem dinheiroMas tenho na viola uma riqueza:Canto à lua de noite serenatas,E quem vive de amor n?o tem pobreza.(...)Oito dias lá v?o que ando cismadoNa donzela que ali defronte mora.Ela ao ver-me sorri t?o docemente!Desconfio que a mo?a me namora!...Tenho por meu palácio as longas ruas;Passeio a gosto e durmo sem temores;Quando bebo, sou rei como um poeta,E o vinho faz sonhar com os amores.O degrau das igrejas é meu trono,Minha pátria é o vento que respiro,Minha m?e é a lua macilenta,E a pregui?a a mulher por quem suspiro.Escrevo na parede as minhas rimas,De painéis a carv?o adorno a rua;Como as aves do céu e as flores purasAbro meu peito ao sol e durmo à lua.(...)Ora, se por aí alguma belaBem doirada e amante da pregui?aQuiser a 2nívea m?o unir à minha,Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.?lvares de AzevedoObra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.1ditoso ? feliz2nívea ? branca 9. (Uerj 2016) Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso! (v. 4)O verso acima reúne dois tra?os que podem ser considerados inconciliáveis. Explicite esses tra?os e nomeie duas figuras de linguagem que refor?am o significado do verso. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: Leia o texto a seguir para responder à(s) quest?o(?es).SOMOS TODOS ESTRANGEIROSVolta e meia, em nosso mundo redondo, colapsa o frágil convívio entre os diversos modos de ser dos seus habitantes. 1Neste momento, vivemos uma nova rodada 2dessas com os inúmeros refugiados, famílias fugitivas de suas guerras civis e massacres. Eles tentam entrar na mesma Europa que já expulsou seus famintos e judeus. Esses movimentos introduzem gente destoante no meio de outras culturas, estrangeiros que chegam falando atravessado, comendo, amando e rezando de outras maneiras. Os diferentes se estranham.Fui duplamente estrangeira, no Brasil por ser uruguaia, em ambos os países e nas escolas públicas por ser judia. A instru??o era tentar mimetizar-se, falar com o menor sotaque possível, ficar invisível no horário do Pai Nosso diário.Certamente todos conhecem esse sentimento de sentir-se estrangeiro, ficar de fora, de n?o ser t?o autêntico quanto os outros, ou n?o ser escolhido para o que realmente importa. Na 3inf?ncia, tudo é grande demais, amedronta e entendemos fragmentariamente, como recém-chegados. Na puberdade, perdemos a familiaridade com nossos familiares: o que antes parecia natural come?a __________ soar como estrangeiro. 4Na 5adolescência, sentimo-nos estranhos __________ quase tudo, andamos por aí enturmados com os da mesma idade ou estilo, tendo apenas uns aos outros como cúmplices para existir.O fim desse desencontro deveria ocorrer no come?o da vida adulta, quando trabalhamos, procriamos e tomamos decis?es de repercuss?o social. Finalmente 6deveríamos sentir-nos legítimos cidad?os da vida. 7Porém, julgamos ser uma fraude: 8imaginávamos que os adultos eram algo maior, mais consistente do que sentimos ser. Logo em seguida disso, já come?amos a achar que perdemos o bonde da vida. O tempo nos faz estrangeiros __________ própria existência.Uma das formas mais simples de combater todo esse 9mal-estar é encontrar outro para chamar de diferente, de inadequado. 10Quem pratica o bullying, quer seja entre alunos ou com os que têm hábitos e aparência distintos do seu, conquista momentaneamente a ilus?o da legitimidade. Quem discrimina arranja no grito e na violência um lugar para si.Conviver com as diferentes cores de pele, interpreta??es dos gêneros, formas de amar e casar, vestimentas, religi?es ou a falta delas, línguas faz com que todos sejam estrangeiros. Isso produz a mágica sensa??o de inclus?o universal: 11se formos todos diferentes, ninguém precisa sentir-se excluído. Movimentos migratórios misturam povos, a elimina??o de barreiras de casta e de preconceitos também. Já pensou que delícia se, no futuro, entendermos que na vida ninguém é nativo. 12A existência de cada um é como um barco em que fazemos um trajeto ao final do qual sempre partiremos sem as malas. Texto adaptado de Diana Corso, publicado em 12 de setembro de 2015. Disponível em: <;. Acesso em: 19 out. 2015 10. (G1 - ifsul 2016) Na frase “A existência de cada um é como um barco em que fazemos um trajeto ao final do qual sempre partiremos sem as malas” (ref. 12), ocorre uma a) metáfora. b) metonímia. c) compara??o. d) hipérbole. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: Leia o texto com aten??o e responda à(s) quest?o(?es) proposta(s):A CRISE DO FUTEBOL BRASILEIROPor Oliver Seitz*Quando Getúlio Vargas idealizou a Copa de 50, a ideia era mostrar ao mundo pós-guerra a for?a da nova potência mundial chamada Brasil. N?o deu certo. A sele??o perdeu, o Brasil n?o era tudo aquilo que se achava, e tudo continuou na mesma.Em 2007, quando Lula idealizou a Copa de 2014, a ideia era mostrar ao mundo em crise a for?a da nova potência mundial chamada Brasil. N?o deu certo. A sele??o perdeu, o Brasil n?o era tudo aquilo que se achava, e tudo continuou na mesma.1Esque?a os 7 a 1. O futebol brasileiro está em crise desde 1950. Isso porque foi mais ou menos nessa época que assumimos para nós mesmos que somos o país do futebol. 2A pátria de chuteiras. E, como nunca conseguimos de fato satisfazer essa expectativa, entramos em crise.3Os problemas que s?o atribuídos ao futebol de hoje pouco variam dos problemas que come?aram a ser atribuídos a ele a partir da metade do século passado: dificuldade em segurar jogadores no país, dificuldade de pagar salário, dificuldade na manuten??o dos estádios, dificuldade em conter a violência, dificuldade, dificuldade, dificuldade.A estabilidade dessas dificuldades impressiona. Elas s?o t?o estáveis ao longo do tempo que talvez n?o devessem nem ser mais conhecidas como dificuldades, mas sim como características. Somos, por exemplo, um país que n?o vai a jogos de futebol tanto assim. Nos grandes jogos, nos decisivos, claro que vamos. Nesses todo mundo quer ir. Mas nos pequenos, onde a for?a da rela??o do torcedor com o clube é realmente colocada à prova, nem tanto. Assim como as dificuldades, a média de público do Campeonato Brasileiro também é surpreendentemente estável. Desde o seu come?o, flertamos com as 15 mil pessoas por jogo. ?s vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos. Mas sempre por aí. A média de 1967 a 2014? 14.937. A média nos últimos 10 anos? 15.259. A média em 2015 até o momento? 14.762.Isso em si já derruba muitos dos argumentos da decadência do futebol brasileiro, t?o alardeados após o 7 a 1. Afinal, se os estádios n?o eram mais cheios antigamente, isso quer dizer que os estádios vazios n?o s?o um sinal de crise. Se em quase 50 anos a média é de 15 mil pessoas, por que acreditar que todo estádio novo tem que ser para 45 mil pessoas? E o que leva a acreditar que um estádio com capacidade 3 vezes maior que a demanda histórica se paga? Obviamente, os estádios est?o vazios e abandonados. Mas isso n?o é crise. ? viver uma ilus?o irracional. Um sonho inalcan?ável.Estádios vazios reduzem a demanda e geram maiores custos de manuten??o, reduzindo significativamente a capacidade dos proprietários em manter outros compromissos. E ainda que 4as receitas dos clubes tenham crescido significativamente nas últimas décadas, elas n?o conseguem acompanhar 5a bola de neve de pendências financeiras acumuladas desde o dia em que alguém nos cunhou com o terrível fardo de acharmos que somos o país do futebol. Gastamos mais do que podemos porque achamos que podemos muito. Assim, os estádios 6ficam às moscas, os salários dos jogadores – com valores t?o irreais quanto a capacidade das arenas – invariavelmente atrasam e o número de processos trabalhistas inevitavelmente cresce. A bola de neve só aumenta.A solu??o para desenvolver o futebol brasileiro n?o é simples. Nem rápida. Mas existe. Passa pela necessidade de um choque coletivo de realidade que se propague pelo governo, clubes, federa??es, associa??es e atletas. Todos necessitam compreender o seu verdadeiro posicionamento dentro da indústria e o papel que precisam desempenhar para que o futebol brasileiro se torne, pela primeira vez, uma opera??o minimamente viável e possa crescer ao invés de ficar parado no tempo.Enquanto n?o aceitarmos que o que vivemos n?o é uma fase ruim, mas sim que o nosso futebol é um mercado de somente 15 mil pessoas por jogo e n?o essa ilus?o megalomaníaca que um dia inventamos, ou inventaram, para nós mesmos, jamais sairemos do lugar. Continuaremos a acreditar que estamos passando por uma surpreendentemente estável crise, mas que no fundo é apenas a nossa verdadeira pequena e limitada realidade.*Oliver Seitz é PhD em Indústria do Futebol pela Universidade de Liverpool e Professor da University College of Football Business de Londres. (BLOG DO JUCA KFOURI. 7 de julho de 2015. Disponível em: ) 11. (G1 - cftrj 2016) No 4? parágrafo do texto (referência 3), o efeito de sentido provocado pela repeti??o da palavra “dificuldade” é: a) criar uma no??o de permanência para os problemas do futebol brasileiro. b) refor?ar a ideia de que os problemas do futebol brasileiro s?o crescentes. c) mostrar que o futebol brasileiro está modificado em inúmeros aspectos. d) demonstrar que o autor do texto n?o domina a norma padr?o da língua portuguesa. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: TEXTO ICLIIICriou a Natureza damas belas,Que foram de altos plectros celebradas;Delas tomou as partes mais prezadas,E a vós, Senhora, fez do melhor delas.Elas diante vós s?o as estrelas,Que ficam com vos ver logo eclipsadas.Mas se elas têm por sol essas rosadasLuzes de sol maior, felizes elas!Em perfei??o, em gra?a e gentileza,Por um modo entre humanos peregrino,A todo belo excede essa beleza.Oh! Quem tivera partes de divinoPara vos merecer! Mas se purezaDe amor vale ante vós, de vós sou digno.(CAM?ES, Luís de. Rimas: Segunda parte, Sonetos. In:Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 529.)TEXTO II34.Seu Jo?o, perdido de catarata negra nos doisolhos:– Meu consolo que, em vez de nhá Biela, vejouma nuvem. 12. (Ufjf-pism 3 2016) As referências à Senhora de Cam?es (texto I) e à nhá Biela de Dalton Trevisan (texto II) têm em comum: a) as antíteses reiteradas. b) a compara??o aos deuses. c) a metáfora celeste. d) a alitera??o sibilante. e) a hipérbole da beleza. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: Leia o texto para responder à(s) quest?o(?es).A Peleja da Covardia contra a Senhora Educa??o (fragmento)Isaac Luna e Inácio FeitosaIVAté mesmo na escolaLugar de cidadaniaDo respeito às diferen?asPalco da democraciaHá o bullying escolarUma tremenda covardiaVIsso mesmo meu amigoSe atualize sem demoraPreste muita aten??oAo que vou dizer agoraO Bullying também ocorreNo ch?o das nossas escolas!VIE é sobre esse último casoQue agora vou falarA terrível violênciaQue vive a nos rodearPrincipalmente a que ocorreNo ambiente escolarVIIA discrimina??o é a baseDo assédio praticadoCom o intuito de humilharO sujeito atacadoConstranger ou meter medoPra deixá-lo acuadoVIIITambém há o preconceitoComo chave desse malSeja ele de estéticaOu de classe socialDe racismo deslavadoOu de escolha sexualIXApelidos humilhantesXingamentos raciaisPalavr?es e amea?asAtitudes imoraisEsses s?o alguns exemplosMais existe muito mais…XO importante é entenderQue bullying é covardia? o ato do valent?oPraticado dia a diaContra aquele que é mais fracoOu que está em minoriaXIA violência se apresentaDe maneira variadaPode ser psicológicaQuase sempre com piadasOu ent?o pode ser físicaNa base da cassetadaXIIO resultado é a dorE o sofrimento da crian?aO afastamento socialE a perda da esperan?aPra dar basta a essa moléstia? preciso haver mudan?a.(Fonte: em 27/08/2015) 13. (G1 - cp2 2016) No verso “Como chave desse mal” (estrofe VIII), a palavra “chave” foi empregada de modo figurado.Assinale a alternativa que apresenta a figura de linguagem em quest?o. a) Antítese. b) Hipérbole. c) Metáfora. d) Metonímia. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: Nostalgia do futuroEm uma fazenda americana, nos anos 60, o garoto Frank Walker (Thomas Robinson) persegue o sonho de inventar uma engenhoca capaz de fazê-lo voar. O pai lhe dá uma bronca por perder tempo com tal sandice. Seu primeiro teste revela-se um doloroso anticlímax. Nem por isso Frank desanima. “N?o vou desistir nunca”, diz. O filete de autoajuda contido na frase é uma premoni??o do gosto que restará na garganta do espectador ao fim de Tomorrowland (Estados Unidos, 2015). Na produ??o da Disney em cartaz no país, o personagem sonhador surge, já adulto, na pele de George Clooney, para narrar os estranhos fatos que se seguiram à apresenta??o de sua máquina na Feira Mundial de Nova York, em 1964. Na ocasi?o, o garoto é humilhado pelo chefe da comiss?o de novas inven??es do evento, Nix (Hugh Laurie). Mas a enigmática menina Athena (Raffey Cassidy) vê tudo e percebe que está diante de alguém especial. O rumo da vida de Frank muda quando ela lhe dá de presente um item prosaico – um broche com a letra T. Ao passear em um brinquedo que parece saído dos parques de divers?es da Disney, ele atravessa o portal para outra dimens?o: na Tomorrowland do título, os cidad?os voam em vers?es modernosas de seu propulsor e aerotrens cruzam os ares em meio à selva de edifícios high-tech. Corta para o come?o dos anos 2000. Filha de um engenheiro da Nasa amea?ado de perder o emprego com o ocaso da indústria espacial, a adolescente Casey Newton (Britt Robertson) vai para a cadeia após invadir a base de Cabo Canaveral, na Flórida. Por vias misteriosas, um broche como o de Frank cai em suas m?os. Da mesma forma que ocorrera com o garoto décadas antes, o artefato a transportará para a cidade futurista. Com um empurr?o da mesma menina enigmática, Casey se conecta ao adulto Frank, ao lado de quem tentará impedir um cataclismo relacionado àquele mundo paralelo.Tomorrowland deriva da ala futurista hom?nima que se pode visitar em vários parques da Disney – cujo espírito também está na base do Epcot, em Orlando. A ideia de um futuro de arquitetura sinuosa e modalidades flamantes de transporte era fixa??o do fundador da companhia, Walt Disney (1901-1966). No momento em que seu primeiro parque está para completar sessenta anos, é curioso notar como envelheceu aquela no??o de futuro – assim como tantas outras desde os livros do francês Júlio Verne, que descreviam, com as lentes do século XIX, um mundo por vir. Apesar do frenesi de videogame, Tomorrowland cheira a um compêndio de design retr?, com seus rob?s e naves malucas. Como fica explícito em sua ode à era da corrida espacial, o filme expressa um paradoxo: a nostalgia do futuro. Até porque o futurismo dos parques da Disney foi assimilado na arquitetura pós-moderna de cidades como Dubai, Xangai ou Las Vegas. Disney, enfim, ajudou a moldar o mundo de hoje – só que, no processo, seu futurismo virou item de museu.Na verdade, o componente nostálgico é um fator de empatia do filme. O deslize está em outro detalhe: a indecis?o existencial. Tomorrowland fica a meio caminho entre a aventura juvenil e a distopia tecnológica à la Matrix. Para os jovens, a pirotecnia n?o compensará o enfado com tanto papo-cabe?a – o que talvez explique por que a produ??o de 180 milh?es de dólares decepcionou nas bilheterias americanas. Para os adultos, a causa da frustra??o será diversa: sob a casca futurista, há um artigo requentadíssimo – a mensagem edificante de que as pessoas n?o devem se deixar anestesiar diante da amea?a do aquecimento global e das guerras. Com essa conversa para rob? dormir, nem os cabelos grisalhos de George Clooney fariam algum filme ter futuro.Marcelo Marthe. Veja, ed. 2429, ano 48, n? 23, 10 de jun. 2015. p. 110-111. Adaptado. 14. (Upe-ssa 2 2016) No segundo parágrafo, o autor afirma que “o filme expressa um paradoxo: a nostalgia do futuro”. Esse paradoxo (ou contradi??o) também é assinalado fortemente pelo autor no trecho: a) “Tomorrowland deriva da ala futurista hom?nima”. b) “A ideia de um futuro de arquitetura sinuosa (...) era fixa??o de Walt Disney”. c) “Tomorrowland cheira a um compêndio de design retr?”. d) “O futurismo dos parques da Disney foi assimilado na arquitetura pós-moderna”. e) “no processo, seu futurismo virou item de museu.”. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: O anjo RafaelMachado de AssisCansado da vida, descrente dos homens, desconfiado das mulheres e aborrecido dos credores, 1o dr. Antero da Silva determinou um dia despedir-se deste mundo.Era pena. O dr. Antero contava trinta anos, tinha saúde, e podia, se quisesse, fazer uma bonita carreira. Verdade é que para isso fora necessário proceder a uma completa reforma dos seus costumes. Entendia, porém, o nosso herói que o defeito n?o estava em si, mas nos outros; cada pedido de um credor inspirava-lhe uma apóstrofe contra a sociedade; julgava conhecer os homens, por ter tratado até ent?o com alguns bonecos sem consciência; pretendia conhecer as mulheres, quando apenas havia praticado com meia dúzia de regateiras do amor.O caso é que o nosso herói determinou matar-se, e para isso foi à casa da viúva Laport, comprou uma pistola e entrou em casa, que era à rua da Misericórdia.Davam ent?o quatro horas da tarde.O dr. Antero disse ao criado que pusesse o jantar na mesa.– A viagem é longa, disse ele consigo, e eu n?o sei se há hotéis no caminho.Jantou com efeito, t?o tranquilo como se tivesse de ir dormir a sesta e n?o o último sono. 2O próprio criado reparou que o amo estava nesse dia mais folgaz?o que nunca. Conversaram alegremente durante todo o jantar. No fim dele, quando o criado lhe trouxe o café, Antero proferiu paternalmente as seguintes palavras:3– Pedro, tira de minha gaveta uns cinquenta mil-réis que lá est?o, s?o teus. Vai passar a noite fora e n?o voltes antes da madrugada.– Obrigado, meu senhor, respondeu Pedro.– Vai. Pedro apressou-se a executar a ordem do amo.O dr. Antero foi para a sala, estendeu-se no div?, abriu um volume do Dicionário filosófico e come?ou a ler.Já ent?o declinava a tarde e aproximava-se a noite. A leitura do dr. Antero n?o podia ser longa. Efetivamente daí a algum tempo levantou-se o nosso herói e fechou o livro.Uma fresca brisa penetrava na sala e anunciava uma agradável noite. Corria ent?o o inverno, aquele benigno inverno que os fluminenses têm a ventura de conhecer e agradecer ao céu.4O dr. Antero acendeu uma vela e sentou-se à mesa para escrever. 5N?o tinha parentes, nem amigos a quem deixar carta; entretanto, n?o queria sair deste mundo sem dizer a respeito dele a sua última palavra. Travou da pena e escreveu as seguintes linhas:Quando um homem, perdido no mato, vê-se cercado de animais ferozes e trai?oeiros, procura fugir se pode. De ordinário a fuga é impossível. Mas estes animais meus semelhantes t?o trai?oeiros e ferozes como os outros, tiveram a inépcia de inventar uma arma, mediante a qual um transviado facilmente lhes escapa das unhas.? justamente o que vou fazer.Tenho ao pé de mim uma pistola, pólvora e bala; com estes três elementos reduzirei a minha vida ao nada. N?o levo nem deixo saudades. Morro por estar enjoado da vida e por ter certa curiosidade da morte.Provavelmente, quando a polícia descobrir o meu cadáver, os jornais escrever?o a notícia do acontecimento, e um ou outro fará a esse respeito considera??es filosóficas. Importam-me bem pouco as tais considera??es.Se me é lícito ter uma última vontade, quero que estas linhas sejam publicadas no Jornal do Commercio. Os rimadores de ocasi?o encontrar?o assunto para algumas estrofes.O dr. Antero releu o que tinha escrito, corrigiu em alguns lugares a pontua??o, fechou o papel em forma de carta, e p?s-lhe este sobrescrito: Ao mundo.Depois carregou a arma; e, para rematar a vida com um tra?o de impiedade, a bucha que meteu no cano da pistola foi uma folha do Evangelho de S. Jo?o.Era noite fechada. O dr. Antero chegou-se à janela, respirou um pouco, olhou para o céu, e disse às estrelas:– Até já.E saindo da janela acrescentou mentalmente:– Pobres estrelas! Eu bem quisera lá ir, mas com certeza h?o de impedir-me os vermes da terra. Estou aqui, e estou feito um punhado de pó. ? bem possível que no futuro século sirva este meu invólucro para macadamizar a rua do Ouvidor. Antes isso; ao menos terei o prazer de ser pisado por alguns pés bonitos.Ao mesmo tempo que fazia estas reflex?es, lan?ava m?o da pistola, e olhava para ela com certo orgulho.6– Aqui está a chave que me vai abrir a porta deste cárcere, disse ele.7Depois sentou-se numa cadeira de bra?os, p?s as pernas sobre a mesa, à americana, firmou os cotovelos, e segurando a pistola com ambas as m?os, meteu o cano entre os dentes.Já ia disparar o tiro, quando ouviu três pancadinhas à porta. Involuntariamente levantou a cabe?a. Depois de um curto silêncio repetiram-se as pancadinhas. O rapaz n?o esperava ninguém, e era-lhe indiferente falar a quem quer que fosse. Contudo, por maior que seja a tranquilidade de um homem quando resolve abandonar a vida, é-lhe sempre agradável achar um pretexto para prolongá-la um pouco mais. O dr. Antero p?s a pistola sobre a mesa e foi abrir a porta. 15. (G1 - ifce 2016) A linguagem usada em “Aqui está a chave que me vai abrir a porta deste cárcere” (referência 6) é a) conotativa. b) denotativa. c) literal. d) informativa. e) inapropriada. 16. (Unifesp 2015) Leia o soneto de Cruz e Sousa.SilênciosLargos Silêncios interpretativos,Ado?ados por funda nostalgia,Balada de consolo e simpatiaQue os sentimentos meus torna cativos;Harmonia de doces lenitivos,Sombra, segredo, lágrima, harmoniaDa alma serena, da alma fugidiaNos seus vagos espasmos sugestivos.? Silêncios! ? c?ndidos desmaios,Vácuos fecundos de celestes raiosDe sonhos, no mais límpido cortejo...Eu vos sinto os mistérios insondáveisComo de estranhos anjos inefáveisO glorioso esplendor de um grande beijo!(Cruz e Sousa. Broquéis, Faróis, ?ltimos Sonetos, 2008.)A análise do soneto revela como tema e recursos poéticos, respectivamente: a) a aura de mistério e de transcendentalidade suaviza o sofrimento do eu lírico; rimas alternadas e sinestesias se evidenciam nos versos de redondilha maior. b) o esfor?o de supera??o do sofrimento coexiste com o esgotamento das for?as do eu lírico; asson?ncias e metonímias refor?am os contrastes das rimas alternadas em versos livres. c) a religiosidade como forma de supera??o do sofrimento humano; metáforas e antíteses refor?am o negativismo da desagrega??o existencial nos versos livres. d) a apresenta??o da condi??o existencial do eu lírico, marcada pelo sofrimento, em uma abordagem transcendente; asson?ncias e alitera??es refor?am a sonoridade nos versos decassílabos. e) o apelo à subjetividade e à espiritualidade denota a concilia??o entre o eu lírico e o mundo; metáforas e sinestesias refor?am o sentido de transcendentalidade nos versos de doze sílabas. 17. (G1 - cps 2015) Leia o fragmento da letra da música “Encontros e despedidas”, de Milton Nascimento.“E assim chegar e partirS?o só dois ladosDa mesma viagemO trem que chega? o mesmo trem da partidaA hora do encontro? também despedidaA plataforma dessa esta??o? a vida desse meu lugar (...)? a vida...”<; Acesso em: 27.03.2015. Adaptado.A figura de linguagem predominante nesse trecho da letra da música é a) eufemismo, pois o eu lírico se revolta contra a tristeza e a dor da separa??o. b) catacrese, pois a palavra trem foi empregada em sentido próprio para designar meio de transporte. c) hipérbole, pois faz referência aos inúmeros trens que chegam e que partem da esta??o. d) antítese, pois há referência aos encontros e às despedidas, situa??es opostas que fazem parte da vida. e) anáfora, pois o compositor evita repetir vocábulos a fim de dar mais fluidez e lirismo aos versos. TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: O ARRAST?OEstarrecedor, nefando, inominável, infame. Gasto logo os adjetivos porque eles fracassam em dizer o sentimento que os fatos imp?em. Uma trabalhadora brasileira, descendente de escravos, como tantos, que cuida de quatro filhos e quatro sobrinhos, que parte para o trabalho às quatro e meia das manh?s de todas as semanas, que administra com o marido um ganho de mil e seiscentos reais, que paga pontualmente seus carnês, como milh?es de trabalhadores brasileiros, é baleada em circunst?ncias n?o esclarecidas no Morro da Congonha e, levada como carga no porta-malas de um carro policial a pretexto de ser atendida, é arrastada à morte, a céu aberto, pelo asfalto do Rio.N?o vou me deter nas vers?es apresentadas pelos advogados dos policiais.1Todas as vozes ter?o que ser ouvidas, e com muita aten??o à voz daqueles que nunca s?o ouvidos. Mas, antes das vers?es, o fato é que esse porta-malas, ao se abrir fora do script, escancarou um real que está acostumado a existir na sombra.O marido de Cláudia Silva Ferreira disse que, se o porta-malas n?o se abrisse como abriu (por obra do acaso, dos deuses, do diabo), esse seria apenas “mais um caso”. 2Ele está dizendo: seria uma morte an?nima, 3aplainada pela surdez da 4praxe, pela invisibilidade, uma morte n?o questionada, como tantas outras.5? uma imagem verdadeiramente surreal, n?o porque esteja fora da realidade, mas porque destampa, por um “acaso objetivo” (a express?o era usada pelos 6surrealistas), uma cena 7recalcada da consciência nacional, com tudo o que tem de violência naturalizada e corriqueira, tratamento degradante dado aos pobres, estupidez elevada ao cúmulo, ignor?ncia bruta transformada em trapalhada 8transcendental, além de um índice grotesco de métodos de camuflagem e desapari??o de pessoas. 9Pois assim como 10Amarildo é aquele que desapareceu das vistas, e n?o faz muito tempo, Cláudia é aquela que subitamente salta à vista, e ambos soam, queira-se ou n?o, como o verso e o reverso do mesmo.O acaso da queda de Cláudia dá a ver algo do que n?o pudemos ver no caso do desaparecimento de Amarildo. A sua passagem meteórica pela tela é um desfile do carnaval de horror que escondemos. 11Aquele carro é o carro alegórico de um Brasil, de um certo Brasil que temos que lutar para que n?o se transforme no carro alegórico do Brasil.José Miguel WisnikAdaptado de oglobo., 22/03/2014.3 aplainada ? nivelada4 praxe ? prática, hábito6 surrealistas ? participantes de movimento artístico do século 20 que enfatiza o papel do inconsciente7 recalcada ? fortemente reprimida8 transcendental ? que supera todos os limites10 Amarildo ? pedreiro desaparecido na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em 2013, depois de ser detido por policiais 18. (Uerj 2015) Pois assim como Amarildo é aquele que desapareceu das vistas, e n?o faz muito tempo, Cláudia é aquela que subitamente salta à vista, e ambos soam, queira-se ou n?o, como o verso e o reverso do mesmo. (ref. 9)Neste trecho, para aproximar dois casos recentemente noticiados na imprensa, o autor emprega um recurso de linguagem denominado: a) antítese b) nega??o c) metonímia d) personifica??o TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: A(s) quest?o(?es) refere(m)-se ao livro Aos 7 e aos 40, de Jo?o Anzanello Carrascoza. 19. (Cefet MG 2015) A passagem em que N?O há a figura de linguagem indicada é: a) “... éramos também paisagem, e, enquanto isso, as planta??es davam voltas em torno de nós.” (MET?FORA) b) “... a realidade como uma lava, vazava espessa e rija, petrificando suas lembran?as” (METON?MIA) c) “... a chuva logo se encolheu, fechou-se igual um zíper ...” (COMPARA??O) d) “... no vento que fervia a cabeleira do capim gordura” (PROSOPOPEIA) e) “... o silêncio ecoava no morma?o da tarde” (PARADOXO) TEXTO PARA A PR?XIMA QUEST?O: O nome de Emir quase nunca era mencionado nas horas das refei??es ou nas conversas animadas por baforadas de narguilé, goles de 1áraque e lances de gam?o. 2Os filhos de Emilie éramos proibidos de participar dessas reuni?es que varavam a noite e terminavam no pátio da fonte, aclarado por uma luz azulada. Era um momento em que os assuntos, já peneirados, esgotados e fartos de serem repetidos, 3davam lugar a 4confidências e 5lamúrias, 6abafadas às vezes pela linguagem dos pássaros, e entremeadas por exclama??es e vozes que pronunciavam o nome de Deus. Era como se a manh? – 7como uma intrusa que silencia as vozes calorosas da noite – 8dispersasse o ambiente festivo, 9arrefecendo os gestos dos mais exaltados, chamando-os ao ofício 10que se inicia com a aurora. 11Mas, em algumas reuni?es de sextas-feiras, o 12prenúncio da manh? n?o os dispersava. Eu acordava com berros dilacerantes, gemidos terríveis, ruídos de trote e 13uma algazarra de alimárias que 14assistiam à agonia dos carneiros que possuíam nomes e 15eram alimentados pelas m?os de Emilie. HATOUM, Milton. Relato de um certo Oriente. S?o Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 50 e 51. 20. (Udesc 2015) Assinale a alternativa correta em rela??o à obra Relato de um certo Oriente, Milton Hatoum, e ao texto. a) O uso do sinal gráfico da crase é opcional em “abafadas às vezes” (referência 6), assim como em “davam lugar a confidências” (referência 3). b) Em “Os filhos de Emilie éramos proibidos de participar dessas reuni?es” (referência 2) há a figura de linguagem chamada silepse de pessoa. c) As palavras “áraque” (referência 1), “confidências” (referência 4), “lamúrias” (referência 5) e “prenúncio” (referência 12) s?o acentuadas por serem paroxítonas terminadas em ditongo. d) Infere-se da leitura da obra, que o nome de Emir, filho mais novo de Emilie, quase nunca era mencionado nos encontros familiares porque há muito abandonara a família, causando mágoa. e) Infere-se da leitura da obra, que os empregados, principalmente as mulheres, eram tratados com muita regalia, pois participavam de todos os encontros e de todas as atividades festivas da família de Emilie. 21. (Uepa 2014) Nasce o Sol, e n?o dura mais que um dia,Depois da luz se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas a alegria.Gregório de Matos GuerraAssinale a alternativa que contém uma característica da comunica??o poética, típica do estilo Barroco, existente no quarteto acima. a) Reflex?o sobre o caráter humano da divindade. b) Associa??o da natureza com a permanência da realidade espiritual. c) Presen?a da irreverência satírica do poeta com base no paradoxo. d) Utiliza??o do pleonasmo para refor?ar a superioridade do cristianismo sobre o protestantismo. e) Uso de ideias contrastantes com base no recurso da antítese. ................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download