Este depoimento se refere à experiência de preparar e ...



Jogos virtuais e a Alfabetização:

uma experiência didática com crianças da 1ª série do Ensino Fundamental

Neila de Fátima Araújo no USP: 2248017

Universidade de São Paulo

Faculdade de Educação

Curso: Pedagogia / Noturno

Endereço eletrônico: neila.araujo@usp.br

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.”

Carlos Drummond de Andrade

Resumo:

Este depoimento se refere à experiência de preparar e ministrar uma aula para crianças da 1ª série do Ensino Fundamental, em uma escola pública da prefeitura de São Paulo.

O tema escolhido para a aula foram jogos “virtuais” (ditados interativos).

Para a realização de tal atividade, utilizei a sala de informática da escola.

A turma na qual ministrei as aulas foi a 1ª A, composta por 32 alunos, do período vespertino.

Palavras – chave: crianças -computador- jogos- ditado- alfabetização

Depoimento

Este trabalho foi iniciado com a elaboração de um plano de aula orientado pela professora doutora Nilce da Silva, no segundo semestre de 2011. A aula foi divida em duas partes desenvolvidas em dois dias: 04 e 05 de outubro.

O conteúdo que abordei foi a ortografia de palavras usando no início ou no meio das mesmas, os grupos: b/d; d/t; f/v; l/r; p/b; c/t/q. Para isso, utilizei como recurso o site educativos/ditado.html.

A primeira parte da aula consistiu no trabalho na sala de informática, utilizando os seguintes materiais: o computador para o acesso aos jogos e a lousa para o registro da pontuação das duplas e a escrita das palavras ditadas no jogo em cada etapa (foram três etapas) pela professora-estagiária. Realizei com eles também a leitura coletiva de cada palavra escrita.

No início, as crianças estavam muito ansiosas para saírem da sala de aula e irem para o laboratório de informática.

Na sala de informática, os alunos sentaram em duplas (a formação se deu por afinidade). Iniciei o trabalho explicando a minha proposta e eles me olhavam com atenção.

Escrevi na lousa o endereço eletrônico e reforcei que iríamos acessar um site de jogos de palavras, “ditado – virtual”. Eles estavam curiosos e queriam começar logo.

Fiz o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o uso do computador; eles prontamente me disseram que tinham aula de informática uma vez por semana e já sabiam mexer em “algumas coisas”. Enfatizaram que utilizavam a máquina para “escrever palavras, desenhar, ler historinhas e pesquisar o que o professor pedisse”.

Algumas duplas tiveram dificuldade para escrever o endereço eletrônico, eu precisei auxiliá-las. Geralmente faltava letra, ou tinha a mais ou havia troca de uma pela outra.

Ao acessar o site, os alunos perceberam que teriam que escrever as palavras ditadas pelo bonequinho (“condutor do jogo”); teriam que associar imagem ao som das letras da palavra e logo após, verificar se escreveram - na corretamente.

A cada acerto aparecia uma pontuação e o bonequinho elogiava o jogador. Caso o aluno errasse, aparecia a forma correta e o bonequinho chamava a atenção daquele para a perda de ponto e para a escrita correta da palavra; o “bonequinho-condutor repetia devagar a palavra”.

No final de cada etapa, pedi que as duplas que iam terminando, esperassem que todos concluíssem o desafio.

Eu escrevia na lousa, a pontuação de cada dupla e as palavras referentes àquela etapa. Para tal tarefa pedi a ajuda dos alunos que foram soletrando cada palavra (eram dez palavras em cada etapa). Eu as escrevia duas vezes utilizando letras de forma e cursiva e nós líamos juntos. Nesse instante alguns percebiam o que haviam errado e comentavam. Na sala há cinco alunos pré-silábicos que acompanharam a correção com muita dificuldade.

As palavras que o grupo mais errou foram: dália, telha, fecho, reciclagem, dinheiro e cumbuca. Algumas formas de “escrita” dessas palavras chamaram a minha atenção: “daria”, “dala”, “daliha”, “teia”, “tea”, “fejor”, “ficho”, “feso”, “feiso”,“recicracem”, “recicrachem”, “recicaxe”, “recikg”, ”resiclagei”, “resiqualagei”, “resiga”, “recixoga”, “eckg”, “eciaro”, “dieiro”, “diero”, “dinelo”, “cuduca”, “culuk” “cubuca” e “quobuca”. Fato que comprova, conforme me disse professor - regente da turma, seus níveis de hipótese de escrita.

Realizamos esta parte em três aulas. Uma aula antes do intervalo e as outras duas após.

Já na segunda parte do trabalho (segundo dia), pedi que os alunos registrassem no caderno as palavras ditadas nos jogos da aula anterior (as quais já havíamos exercitado bastante). Para isso eu fui ditando-as e eles as escrevendo. No final de cada etapa, eu as colocava na lousa e pedia que eles conferissem com o que escreveram.

Fui passando de carteira em carteira, corrigindo e orientando a escrita correta das palavras que estavam grafadas erradas.

Escrevi todas as palavras na lousa e nós pintamos de cores diferentes cada letra referente aos grupos: b/d; d/t; f/v; l/r; p/b; c/t/q. (Separei os grupos na lousa para que não confundissem). Eu queria verificar se as crianças realmente conseguiram “apreender” a ortografia dos grupos: b/d; d/t; f/v; l/r; p/b; c/t/q no início ou no interior das palavras. .

Importante destacar que os alunos copiavam lentamente as palavras da lousa, procurei respeitar o tempo deles.

Constatei que muitas delas trocam as letras “d/t”, “l/r”, “p, b”, “f/v”, “c/t/q”; ainda não conseguiram apreender essas “regularidades” ortográficas.

Procurei associar ao uso do computador, ferramenta que as crianças gostam; os “jogos virtuais” (ditados a partir de imagens) e a alfabetização. A mistura deu certo.

Percebi que os alunos se esforçaram bastante para participarem da atividade, até mesmo os indisciplinados e aqueles com muitas dificuldades de leitura e escrita. Foi algo que lhes prendeu a atenção e permitiu que aprendessem um pouco mais sobre a língua portuguesa.

Acredito que colocar essa atividade em prática, para mim foi um desafio. Aprendi muito com as crianças, confirmei que cada uma tem o seu tempo e o seu modo de aprender e o professor precisa respeitar isso. Preparar uma aula é algo que requer muito de nós, pois precisamos estar atentos a todas as possíveis dificuldades que apareçam e como realizar intervenções coerentes com o momento de aprendizagem.

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