PROGRAMA “ SAÍDA TEMPORÁRIA - SAP SP



Cód: 3.33

1 – Identificação do projeto:

1. – Título: Saída Temporária

2. – Coordenadoria: região noroeste

3. - Unidade: Penitenciária “Osíris Souza e Silva”, de Getulina

4. - Autores:

Cléia Leila de Almeida – Assistente Social

Edna Veronesi – Assistente Social

Hilarina Maria Mendonça – Assistente Social

Juliana Martinez Peña – Psicóloga

Silvana Pereira da Silva – Psicóloga – Diretora do Núcleo Interdisciplinar de Reabilitação

Valdir José Sotoriva – Assistente Social

Denise de Souza Albuquerque – Estagiária de Serviço Social

5. – Contato:

Tel: (0xx14) 3552-1811

e-mail: diretoria@pget.sap..br

2- Justificativa

Percebemos, através dos atendimentos realizados com os sentenciados, que um número significativo deles não retornam da Saída Temporária.

Notamos que a população carcerária em geral possui baixa auto-estima, inabilidade no autodomínio e deficiência no controle de seus impulsos. Esses fatores, aliados à condenação longa e à influência dos costumes negativos da cultura prisional, fazem com que os sentenciados recorram a soluções mágicas, para lidarem com situações práticas de sua vida.

Ao conseguirem o direito à Saída Temporária, terão que se deparar com várias dificuldades, tais como: problemas de relacionamento familiar e financeiros, preconceito, aceitação das mudanças ocorridas durante o tempo em que ficaram institucionalizados, influência negativa dos grupos aos quais pertenciam antes da prisão.

Muitas vezes, acabam enveredando pelo caminho do álcool, ou retornando para a vida delitiva, recorrendo a soluções imediatas para solucionar estas situações.

Existe uma pressão muito grande, da população carcerária, para que os que têm direito à “Saída Temporária não retornem”. A pressão é ainda maior quando os sentenciados têm que retornar ao regime fechado, pois são obrigados a aguardar vaga para o regime semi- aberto, juntamente com os demais companheiros de cárcere.

3 – Objetivos

3.1 – Objetivo geral

Fomentar a promoção de respostas mais adequadas frente a situações que mobilizam, ou desencadeiam atitudes impulsivas, bem como, a busca de alternativas socialmente aceitas, diante da realidade a ser enfrentada durante a Saída Temporária.

3.2 – Objetivos específicos

Propiciar a lembrança de suas características pessoais (modos de pensar, agir, sentir) antes da prisão.

Reforçar os aspectos positivos da sua auto-imagem.

Dar oportunidade para discussão acerca dos sentimentos despertados nos sentenciados, tais como: preconceitos, insegurança, receios, ansiedades, em virtude da Saída Temporária.

Possibilitar a reflexão sobre as angústias e atenuar possíveis sentimentos de ansiedade surgidos em decorrência do retorno à unidade fechada, após a Saída Temporária.

4 – População-alvo

O presente projeto destina-se aos sentenciados que conquistaram o direito ao regime Semi-Aberto e foram autorizados para as Saídas Temporárias estando ,ainda, no regime fechado.

5 – Metodologia

Os nomes dos sentenciados que receberem o direito à Saída Temporária são encaminhados do setor de Prontuário e ao Núcleo Interdisciplinar de Reabilitação;

Os profissionais serão divididos em equipes, conforme o número de grupos de sentenciados agendados;

Serão realizados 2 (dois) encontros: o 1º encontro ocorrerá antes e o 2º no retorno da Saída Temporária, ambos com escolta do Agente de Segurança Penitenciária.

Seguem, abaixo, os procedimentos adotados em cada encontro:

1º ENCONTRO

(Antes da Saída Temporária)

|Tempo |Objetivos |Atividades |

|5 min. |Integrar o grupo e estabelecer normas para o bom andamento |Abertura |

| |do encontro. |Apresentação dos objetivos do encontro. |

| | |Funcionamento do grupo |

| | |Contrato |

|15 min. |Refletir sobre a história que cada indivíduo carrega |Apresentação: Dinâmica do Batizado Mineiro (Anexo 1). |

| |consigo. | |

| |Despertar a sensibilidade e a auto-estima dos participantes.| |

|15 min. |Discutir as mudanças ocorridas no ambiente físico, familiar |Dinâmica: “A mudança”. Baseada na dinâmica “Percepção de|

| |e em si mesmo durante o tempo da prisão. |si e do outro”. (Anexo 2). |

|20 min. |Discutir os sentimentos despertados em virtude da Saída |Dinâmica:“A Viagem”. (Anexo 3). |

| |Temporária, bem como, possíveis dificuldades encontradas | |

| |neste período. | |

|10 min. |Refletir sobre comunicação e senso de grupo. |Encerramento: “Jogo do Círculo” (Anexo 4). |

| | | |

|Total de tempo:| | |

|1h5 min | | |

2º ENCONTRO

(Retorno da Saída Temporária)

|Tempo |Objetivo |Atividades |

|5 min. |Integrar o grupo e estabelecer normas para o seu bom andamento|Abertura |

| |. |Apresentação dos objetivos do encontro. |

| | |Funcionamento do grupo. |

| | |Contrato |

|10 min. |Despertar a sensibilidade e a auto-estima dos participantes. |Apresentação em duplas (Anexo 5). |

| |Refletir sobre a história que cada indivíduo carrega consigo. | |

|20 min. |Discutir as situações vivenciadas neste período. |Relato da experiência da Saída Temporária. |

|20 min. |Refletir sobre as mudanças de valores durante a prisão. |“A águia que quase virou galinha.” (Anexo 6). |

|5 min. |Encerramento |“Casulo.” (Anexo 7). |

|Total de Tempo | | |

|1h. | | |

6 - Número de presos a serem atendidos em cada edição do projeto

Serão atendidos todos os sentenciados que tenham sido liberados para desfrutarem da saída temporária. Eles serão divididos em grupos de 10 internos.

7 - Duração prevista para cada edição do projeto

3 (três) semanas.

8 - Recursos materiais

• Cadeiras;

• Barbante; Cartolina;

• Revistas;Cola

• Filme para máquina fotográfica

9 – Recursos humanos

Assistentes Sociais

Psicólogos

Agentes de Segurança Penitenciária

10 - Avaliação

Serão propostas atividades onde os participantes dramatizarão situações vivenciadas durante o período da Saída Temporária e, através dessas atividades, poderemos perceber como lidaram com as frustrações, as alegrias e as dificuldades familiares e financeiras .

Poderemos comparar os relatos do 1º com o 2º encontro, ou seja, o que esperavam e o que puderam realmente concretizar, e como lidaram com as situações inesperadas.

11 – Relato de experiências com o projeto

Percebemos que os sentenciados têm boa participação nos grupos, que demonstram muita ansiedade por experimentarem a liberdade após muito tempo no regime fechado. Percebemos, também, que demonstram muita expectativa e preocupação com relação às suas famílias.

Como a Saída Temporária é um teste para o regime semi-aberto, muitas vezes os problemas encontrados lá fora dificultam o retorno dos sentenciados e eles acabam se desviando dos seus objetivos.

Além disso, a pressão sofrida pela população carcerária no retorno influi na decisão de voltar, alterando a conquista dos objetivos.

ANEXO 1

BATIZADO MINEIRO

O coordenador solicita aos participantes que fiquem de pé e em círculo. Cada participante fala seu nome e uma palavra com a inicial de seu nome e deverá, também, fazer um gesto que defina a palavra escolhida.

É pedido a um participante que fique no centro do círculo. Os demais deverão recordar o nome, e a palavra e o gesto que a pessoa que está no centro do círculo fez. Este procedimento é feito com todos os integrantes do círculo.

ANEXO 2

A MUDANÇA

É solicitado aos participantes que formem duplas, ficando um de frente para o outro.

É pedido aos integrantes que observem a pessoa que está à sua frente .

Após um determinado tempo, pede-se que fiquem de costas um para o outro e mudem 3 (três) aspectos em seu visual.

Ao término, viram-se de frente e verificam as mudanças ocorridas com o seu par de duplas.

ANEXO 3

A VIAGEM

O coordenador solicita aos participantes para ficarem sentados, em círculo, em uma posição confortável.

É pedido aos integrantes do grupo para imaginarem as informações passadas pelo coordenador, a saber:

Imagine-se saindo da cela,

Passando pela portaria,

Entrando no ônibus,

Imagine-se, agora, fazendo o percurso até sua cidade...

O que você vê ao seu redor?

Procure observar tudo o que passa pela janela do ônibus...

Agora, você está chegando na rodoviária de sua cidade. Há alguém te esperando? Se houver alguém te esperando, qual será a reação desta pessoa ao vê-lo? E qual será a sua reação? E se não houver ninguém lhe esperando? Qual será a sua reação?

O que está sentindo quando chega em sua cidade?

Imagine o que você vai fazer nesses dias de Saída Temporária?

O que vai fazer de bom?

Quais os problemas que vai enfrentar?

Como você se relacionará com as pessoas que estão ao seu redor?

Procure imaginar como você estará se sentindo nestes dias...

Agora é o dia de voltar...

Você tem que se despedir da sua família, dos amigos...

Como você se sente, tendo que se despedir dessas pessoas?

Entre no ônibus e faça o percurso de volta...

Imagine que chegou na Penitenciária e está retornando para sua cela...

Agora perceba os seus sentimentos, faça um balanço destes dias..

O que deixou lá fora?...

O que ganhou com esta experiência?...

Agora, vá retornando lentamente para esta sala.

ANEXO 4

JOGO DO CÍRCULO

• Todos de pé, em círculo (voltados para dentro), de mãos dadas;

• O Coordenador dá a seguinte ordem: “Vocês devem virar esse círculo pelo avesso, não podem cruzar os braços e nem soltar as mãos durante as tentativas”.

• Num primeiro momento, tentarão sem verbalização;

• Após um determinado tempo, permitir a verbalização;

• Término do jogo, quando a solução for encontrada;

• Comentários.

ANEXO 5

APRESENTAÇÃO EM DUPLAS

Solicita-se ao grupo para formar duplas, aleatoriamente;

Cada dupla conversa durante dez minutos, aproximadamente, Cada um falando de si mesmo e apresentando-se;

Após o tempo estipulado, o grupo reúne-se novamente;

O participante A apresenta o participante B e vice-versa;

Repete-se o processo com todos os integrantes;

Comentários.

ANEXO 6

“A ÁGUIA QUE QUASE VIROU GALINHA”

A coordenadora faz a leitura do texto “A águia que quase virou galinha”

A idéia desta estória não é minha. Meu é só o jeito de contar...

Sobre uma águia que foi criada num galinheiro.

E foi aprendendo sobre o jeito galináceo de ser, de pensar, de ciscar a terra, de comer milho, de dormir em poleiros...

E, na medida em que aprendia, ia esquecendo as poucas lembranças que lhe restavam do passado. É sempre assim: todo aprendizado exige um esquecimento...e ela esqueceu:

o cume das montanhas,

os vôos nas nuvens,

o frio das alturas,

a vista se perdendo no horizonte,

o delicioso sentimento de dignidade e liberdade...

Como não havia ninguém que lhe falasse destas coisas e todas as galinhas cacarejassem os mesmos catecismos, ela acabou por acreditar que ela não passava de uma galinha com perturbação hormonal. Tudo grande demais, aquele bico curvo, sinal certo de acromegalia, e desejava muito que o seu cocô tivesse o mesmo cheiro certo do coc6o das galinhas...

Um dia apareceu por lá um homem que vivera nas montanhas e vira o vôo orgulhoso das águias.

“Que é que você faz aqui?”, ele perguntou.

“Este é o meu lugar”, ela respondeu. “Todo mundo sabe que galinhas vivem em galinheiros, comem milho, ciscam o chão, botam ovos e finalmente viram canja: nada se perde, utilidade total...”

“Mas você não é galinha”. ele disse. “É uma águia.”

“De jeito nenhum . Á guia voa alto. Eu nem sequer voar sei. Pra dizer a verdade, nem quero. A altura me dá vertigens. É mais seguro ir andando, passo a passo...”.

E não houve argumento que mudasse a cabeça da águia esquecida. Até que o homem, não agüentando mais ver aquela coisa triste, uma águia transformada em galinha, agarrou a águia à força, e a levou até o alto de uma montanha.

A pobre águia começou a cacarejar de terror, mas o homem não teve compaixão; jogou-a no vazio do abismo. Foi então que o pavor, misturado a memórias que ainda moravam em seu corpo, fez as asas baterem, a princípio em pânico, mas pouco a pouco com tranqüila dignidade, até se abrirem confiantes, reconhecendo aquele espaço imenso que lhe fora roubado. E ela, finalmente, compreendeu que o seu nome não era galinha. mas águia...

O grupo é subdividido. Cada subgrupo dramatiza o que compreendeu relacionando-o à sua realidade.

ANEXO 7

CASULO

O coordenador solicita aos participantes para ficarem sentados em círculo em uma posição confortável.

É pedido, aos integrantes do grupo, que imaginem as informações passadas pelo coordenador.

“Achem uma posição confortável no chão, uma posição em que se sintam protegidos do mundo”... “Fechem os olhos e conservem-nos fechados até eu lhes pedir para abrir”... “Imaginem que estão num casulo, envolvidos por uma forte casca que os protege”...”Usem algum tempo para explorar a existência dentro do casulo”... “Descubram como ele é, e como se sentem dentro dele”... “Descubram quanto espaço possuem e quanto podem se mover lá dentro”...

“Agora, lentamente, quebrem o casulo”... “Achem o caminho para fora desta casca protetora e tomem consciência de como se sentem ao emergirem no mundo... Ao surgirem, comecem a se esticar de qualquer maneira que os faça sentirem-se bem... Agora se espreguicem e podem voltar lentamente para esta sala.”

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