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Segundo Congreso Latinoamericano de Historia EconómicaCuarto Congreso Internacional de La Asociación Mexicana de Historia EconómicaSimpósio 18: Famílias, negócios y empresas em La América Latina 1850 - 1930Ema Elisabete Rodrigues CamilloMestre em História Econ?mica- Instituto de Economia/ UNICAMPCentro de Memória- CMU/UnicampCOMPANHIA MAC HARDY: UMA EMPRESA DE BENS DE CAPITAL NA ECONOMIA DO OESTE PAULISTA (1875 – 1894)Contexto de surgimentoA mecaniza??o agrícola, ocorrida a partir da segunda metade do século XIX, representou, principalmente, a moderniza??o de um país empenhado em pertencer ao grupo das na??es mais desenvolvidas do mundo ou pelo menos copiar-lhes o modelo. Momento em que o Brasil era penetrado pelo capitalismo, e inserido na divis?o internacional do trabalho, enquanto produtor de matéria-prima e consumidor de produtos manufaturados estrangeiros.O volume de renda gerado pelo setor exportador viabilizou a expans?o de um setor de máquinas n?o endógeno ao sistema, pois a despeito do surgimento de um conjunto de fabricantes nacionais, estes tiveram que enfrentar a concorrência externa, representada por intenso comércio de máquinas agrícolas importadas, principalmente, dos EUA.A história da Mac Hardy, a sua gênese no Brasil, confunde-se com o desenrolar da própria história econ?mica da na??o. Para se entender a evolu??o de uma empresa que atuou no mercado industrial e comercial do país, é importante o conhecimento do processo histórico que teve lugar principalmente na cidade de Campinas, local de seu surgimento e onde se manteve em atividade até pelo menos 1975. Contudo, diz-se mesmo, que qualquer estudo que vise o conhecimento da história de empresas industriais e comerciais atuando no Brasil durante a segunda metade do século XIX passa, necessariamente, pela compreens?o e explica??o de processos históricos regionais como o do Rio de Janeiro e de S?o Paulo, aquele polarizado por Cantagalo e este por Campinas. O biólogo Louis Couty, em 1881, comparou a produ??o cafeeira da regi?o fluminense e do Oeste paulista, valendo-se do exame procedido em 17 fazendas de Cantagalo e Campinas, concluindo que estes municípios eram os dois mais notáveis centros da lavoura do Brasil.Campinas tornou-se um pólo econ?mico, social e cultural a partir do século XIX, na esteira do sucesso econ?mico alcan?ado através da implanta??o da cultura cafeeira na regi?o. Outra regi?o, que viera substituir aquela do Vale do Paraíba, designada Oeste Paulista, localizada no Centro-Oeste de S?o Paulo, - embora n?o corresponda ao oeste geográfico-, onde penetrou o café principalmente por Campinas, estendendo-se numa faixa dali para o norte até Ribeir?o Preto. A conquista do Oeste pela lavoura cafeeira é fen?meno que pertence, efetivamente, à segunda metade do século XIX. N?o há dúvidas que desde 1817 fizeram-se tentativas de adaptar a planta nos arredores de Campinas e, desde os últimos anos do século XVIII, o cafeeiro fora introduzido no município de Jundiaí. Os progressos notáveis e definitivos só ocorreram após 1850. Nesse meado de século em seu novo habitat , seu cultivo colocou em prática procedimentos já ditados pela experiência, enquanto se desenrolava rapidamente na regi?o de Campinas a substitui??o dos engenhos de cana pelos cafezais.Formou-se assim nesse município, novo e importante pólo de difus?o do café, de onde se disseminou por todo o Oeste da Província. O café adentrou por essa cidade, ainda no final do século XVIII segundo Corrêa de Mello, em forma de sementes, quando o sargento-mor Raimundo Alves dos Santos Prado, as ganhou do ent?o capit?o-general da capitania de S?o Paulo Ant?nio Manoel de Mello Castro e Mendon?a (1797-1802), que se mostrava interessado em promover a cafeicultura na capitania. Esse sargento-mor deve tê-las plantado em sua propriedade, pois pelo recenseamento de 1798 ele residia em Campinas, e era senhor de engenho, com canaviais novos. Portanto, devem ser de suas terras as 4 arrobas de café produzidas na ent?o Vila de S?o Carlos, e mencionadas no recenseamento de 1805. Em 1830, o fazendeiro Francisco Egydio de Souza Aranha tomou a iniciativa de incrementar essa cultura e promover a sua exporta??o. Afirma-se que sua propriedade lhe viera às m?os por heran?a, e que ali foram plantadas as primeiras mudas de café por seu sogro, que por volta de 1817, as recebera de um parente de nome Francisco de Paula Camargo, que nesse ano estivera na Corte – por ocasi?o dos festejos que se faziam pelo casamento do ent?o Príncipe D. Pedro- onde viu ser vendido café limpo a 8 e 9 mil réis a arroba, julgando ser o pre?o vantajoso tratou de plantar café em suas terras.Na zona de Campinas, em menos de vinte anos, planta??es de cana e gêneros alimentícios, que haviam constituído a grande riqueza do passado, tinham sido substituídas pelos cafezais. Em 1860, esta zona já rivalizava com Bananal, ent?o o maior produtor. A cultura da cana e a produ??o de aguardente continuaram a ser produzidas com vantagem. Campinas era reconhecida como importante centro comercial de comarcas distantes, seja da Província de S?o Paulo, seja de Minas Gerais. Destas vinham seus produtos: algod?o, toucinho, feij?o, queijo, que dali eram redistribuídos. Só de Franca chegavam, naquela época, de 500 a 700 “vag?es” que eram remetidos para Santos e Rio de Janeiro, em carretas e tropas de mulas.No interior do planalto paulista, o cafeeiro encontrou seu solo de elei??o, a área mais propícia ao seu desenvolvimento, a terra roxa, que se completava com condi??es favoráveis do clima, em vastas extens?es. A maior fertilidade do solo, cafezais mais novos e técnica mais avan?ada geraram lucros crescentes para essa cafeicultura. Mas, a interioriza??o do café em S?o Paulo se chocaria com os exorbitantes custos de transporte. Pois essa difus?o dos cafeeiros criou enormes dist?ncias entre as lavouras e o porto de Santos, que lhe servia de escoadouro. A introdu??o das ferrovias veio sanar o problema e também converteu-a em verdadeira desbravadora de terras.A introdu??o das máquinas de beneficiamento na cafeicultura paulista significou n?o só poupar m?o-de-obra como também reduzir seus custos, aumentar sua produtividade e seus lucros, o que lhe possibilitava expandir-se ainda mais. Aumentar o plantio significava incorporar mais terras e mais m?o-de-obra. A ferrovia eliminara as barreiras à oferta de terras. Contudo, conseqüente da proibi??o do tráfico negreiro, o aumento vertiginoso do pre?o do escravo coloca em cheque a lucratividade do setor. A solu??o viria com a imigra??o européia. Observe-se, n?o de caráter colonizador como as do Sul ou a do Espírito Santo, mas sim a de homens despossuídos, que pudessem ser submetidos ao capital cafeeiro. Sendo assim, a economia escravista de S?o Paulo, além de prover sua própria infra-estrutura - através das ferrovias – promoveu a transi??o para o trabalho assalariado, através do movimento imigratório que comandou. O ano de 1886 é o marco dessa transi??o, dado que a partir dele, a expans?o cafeeira ficava totalmente garantida. Subordinando efetivamente o trabalho, instalou com isso as bases da economia cafeeira capitalista. Ao criar seu próprio mercado de trabalho criou também “sobras”, que permitiriam o nascimento do mercado de trabalho urbano em S?o Paulo. Ao adotar o colonato, possibilitou a cria??o de um mercado de bens-salário. De ambos os quais a futura indústria e a agricultura mercantil se valeriam mais tarde. 2)Empresa e propriedade: características Em 1872, procedente de Drumblair, Escócia, chega a Campinas o jovem Guilherme Mac Hardy, já um "hábil mec?nico" que viera trabalhar na ent?o firma Milford & Lidgerwood, importadora de máquinas agrícolas. Poucos anos depois, em 1875, resolveu estabelecer-se por conta própria, montando uma fábrica voltada à produ??o de máquinas de beneficiamento principalmente de café, além de outros utensílios, ferramentas e implementos voltados à lavoura. N?o sem algumas dificuldades, conseguiu desenvolver seu negócio e em 1880 pode ampliar suas instala??es. Para tanto ele organizou dupla sociedade, constituindo respectivamente a firma Guilherme Mac Hardy & Cia, tendo por sócio John James Ross e a Mac Hardy & Cia – Fundi??o Campineira de Ferro e Bronze – para a qual se associou a Joseph James Sims. John Ross veio direto da Inglaterra a pedido de Mac Hardy especialmente para ajudá-lo na expans?o do estabelecimento; quanto a Sims, este já morava em Campinas, quando se associou a Mac Hardy. Estabelecendo-se inicialmente à Rua Bom Jesus, n? 23 (hoje Avenida Campos Sales), com a expans?o do estabelecimento mudou-se para a Avenida Andrade Neves, n?1 e n?15, onde foi montada uma vasta oficina e uma fundi??o que ocupavam 8.000 m2, n?o compreendendo esse número os terrenos que foram adquiridos visando novas amplia??es. A 9 de outubro de 1883 ocorreu a inaugura??o das "novas e grandes officinas de fundi??o dos Srs. Guilherme Mac Hardy & Cia., conhecidos e conceituados mec?nicos, que há bastantes annos fundaram nesta cidade uma importante casa de machinas e uma fundi??o em grande escala, a que tem dado notável desenvolvimento." Trabalhavam nessa oficina de 140 a 145 operários, incluindo os da fundi??o, que eram em número de 30, podendo-se recorrer a um excedente de 25 a 30 operários quando havia necessidade de aumento da produ??o. Foi na fundi??o que Joseph J. Sims cuidou de formar a m?o-de-obra que lhe era necessária, "entre gente do paíz". Por volta de 1886, 54 aprendizes, na maioria brasileiros, trabalhavam sob sua dire??o. Esses aprendizes eram dito, com treinamento de um ano e meio a três anos, serem capazes de realizar trabalhos de fundi??o "muito regulares". Tratava-se de rapazes entre 11 e 19 anos, que eram iniciados a título de servi?o gratuito, mas que em pouco tempo estavam aptos a ganhar um salário que variava entre 2, 3, e 4$000 (mil réis) diários. Esses dados levantados junto a Feitosa (1886) e Freire (1885-86) podem ser comparados aos localizados por Lapa no Diário de Pernambuco que, em notícia sobre a quinta viagem que D. Pedro II fez à cidade de Campinas, ao mencionar a visita que o imperador realizou junto às oficinas Mac Hardy, apresenta outros números com rela??o aos operários e aprendizes para cada casa. Assim, nas oficinas de fundi??o, ferraria, pintura e carpintaria havia 150 operários: 122 brasileiros, sendo 69 aprendizes e na Casa Mac Hardy, 45 operários: 23 brasileiros, sendo 10 aprendizes, o que equivale dizer que conjuntamente, trabalhando naquelas unidades de produ??o existiam 195 operários, sendo setenta e nove aprendizes. Nesta segunda fase da Cia. Mac Hardy, marcada pela presen?a dos dois sócios e que antecede a sua transforma??o em sociedade an?nima, n?o foi possível precisar o volume de sua produ??o, apenas pode-se levantar que eram consumidos, anualmente, cerca de 400 toneladas de ferro-gusa para atender a demanda por seus produtos.Há que ser lembrado o papel desempenhado por esse estabelecimento a partir de sua implanta??o, fazendo baixar o pre?o das máquinas agrícolas, cujo monopólio era exercido pela fabricante americana Lidgerwood Mfg. Co. Ltd. Segundo depoimentos de lavradores campineiros, o efeito da concorrência fez com que os pre?os desses equipamentos baixassem 15%, 20% e até 70%. Prova disso é a matéria publicada na Gazeta de Campinas, onde Guilherme P. Ralston & Cia., "únicos agentes n?esta província para a venda das afamadas machinas de beneficiar café, conhecidas como machinas Lidgerwood, têm a honra de annunciar aos srs. Fazendeiros (...) que tendo o fabricante dellas aumentado e melhorado consideravelmente as fábricas, diminuindo assim o custeio dellas, fazem reverter esta diminui??o em favor da lavoura, e por isso vender?o de hoje em diante as ditas machinas com grande redu??o dos pre?os. Prevalecendo-se da opportunidade, de novo chamam atten??o dos srs. Fazendeiros (...), acerca da infra??o commetida pelo Sr. Guilherme Mac Hardy aos privilégios do Sr. Lidgerwood. Em desaggravo (...) hoje iniciamos processo judicial contra o Sr. Guilherme Mac Hardy, como infractor destes privilégios e renovamos nosso protesto contra a venda das machinas fabricadas por elle (...) estamos promptos a receber encomendas para machinas semelhantes às feitas pelo Sr. Guilherme Mac Hardy, com abatimento de vinte por cento abaixo dos pre?os deste.". Quanto ao que era produzido por essa empresa. ? importante que se descreva através de que produtos essa firma se fez representar na I? Exposi??o Regional de Campinas, ocorrida em 1885, para que também fique mais clara a divis?o interna havida na fábrica, já indicada anteriormente.O Pavilh?o Mac Hardy apresentou-se dividido em duas partes, a primeira foi destinada aos "machinismos" expostos por Guilherme Mac Hardy & Cia. E a segunda continha os produtos da fundi??o de Mac Hardy & Cia. Na primeira divis?o foram expostas duas máquinas, sendo que a maior delas podia beneficiar até 300 arrobas de café por dia. A outra, denominada máquina Provincial, que ocupava espa?o mais limitado, podia beneficiar entre 150 e 200 arrobas de café por dia. Foi exposto também um "vapor locomóvel dos afamados fabricantes Clayton & Schuttleworth", com potência de 8 HP, destinado a tocar uma máquina completa, de n° 2, para beneficiar café. Na outra divis?o foram expostas todas as polias, engrenagens, engenhos de cana e turbinas pertinentes à fundi??o.Resta lembrar, ainda sobre a participa??o desse estabelecimento industrial nessa exposi??o, que à mesma foi atribuída medalha de prata, pelo júri constituído para julgar o "melhor café, com referência ao benefício", quando chegaram à conclus?o de que a máquina de beneficiamento, apresentada por Mac Hardy, levava pequena vantagem sobre a de Lidgerwood Mfg. Co. Ltd. e de Arens Irm?os, os outros concorrentes, na "batalha" para estabelecer a superioridade das máquinas destinadas ao melhor aproveitamento do café.Vale lembrar que em Exposi??o Provincial ocorrida em S?o Paulo em janeiro de 1885, anterior à acima referida, multiplicaram-se as rivalidades sobre que máquinas eram mais adequadas ao beneficiamento do café, sendo concorrentes, a exemplo de Campinas, três fabricantes de máquinas agrícolas: Mac Hardy, Lidgerwood e Arens, que ficaram nacionalmente conhecidos como grandes fabricantes de máquinas agrícolas, motores a vapor, caldeiras, turbinas e equipamentos de transporte, no final do século XIX. Durante a última visita que o imperador D. Pedro II fez a Campinas, em outubro de 1886, já mencionada anteriormente, essa indústria participou da recep??o de rua para o casal imperial, formando uma ala composta por 160 dos seus operários. Momento em que o Club Musical Mac Hardy, portando suas bandeiras e seu estandarte, fez-se presente entre as inúmeras bandas e agrupamentos de escolares e operários que também participaram das festividades programadas. No dia seguinte à recep??o, as duas unidades que compunham essa fábrica foram visitadas pelo monarca, que também percorreu as dependências do Club, tendo assinado o seu livro de visitas e aproveitado para ouvir a execu??o de várias pe?as musicais pela banda do mesmo, o que muito apreciou. Esse Club, criado em novembro de 1885, tinha por objetivo propiciar lazer aos empregados dessa firma, mas desempenhou fun??o n?o só recreativa como cultural e assistencial, na medida em que dispunha de biblioteca, sala de leitura, piano, bilhar e se propunha a auxiliar os seus sócios em caso de acidente, enfermidade ou morte. Diz-se que as festas promovidas por essa associa??o marcaram época e que nessas ocasi?es a banda sempre se fazia presente. Em 1889, quando a popula??o de Campinas foi violentamente atingida por um primeiro surto de febre amarela, Guilherme Mac Hardy acabou por perder seus dois sócios e colaboradores, Ross e Sims, que vieram a falecer quando a epidemia se alastrou pela cidade. Mas esse golpe n?o desanimou o industrial que, associando-se a um grupo de de personalidades campineiras, tratou de transformar seu estabelecimento industrial e comercial em sociedade an?nima. Foi assim que a 18 de janeiro de 1891, realizou-se a primeira assembléia de acionistas para a efetiva??o da empresa como S/A. Dessa assembléia resultou a elei??o da primeira diretoria da Cia. Mac Hardy Manufatureira e Importadora que ficou assim constituída: presidente: bar?o de Ataliba Nogueira; secretário: Dr. Gabriel Dias da Silva; gerente: Guilherme Mac Hardy. Entre os acionistas figuravam nomes, muitos dos quais ligados à vida agrícola, comercial e financeira da cidade e de S?o Paulo, como: bar?o Geraldo de Rezende, Roberto Clarck, Bento Quirino dos Santos, Joaquim Vilac, José Fran?a de Camargo, John Mc-Kindal, Júlio Frank de Arruda, Joseph Breen, José Maximiano Pereira Bueno e Júlio Gerin. Em 1894, Guilherme Mac Hardy voltou à sua terra natal, tendo vivido na Escócia até 1914, vindo a falecer aos 84 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na cidade de Aberdeen. Diz-se que enquanto viveu, mesmo distante, continuou a participar na orienta??o dos rumos da companhia que ele fundara. No início do século a Companhia ocupava uma área de 6320 m?; dois grandes edifícios especialmente construídos para abrigar suas quatro oficinas, havendo mais uma área de 8071 m? de terrenos que estavam cobertos provisoriamente e que serviam de depósito para materiais e outras utilidades. Formando um quadrilátero envolvendo quatro quarteir?es formados pelas ruas General Osório, Bar?o de Parnaíba, Bernardino de Campos e 11 de Agosto, cortados pela Avenida Andrade de Neves ademais de terreno que avan?ava na Rua General Osório no sentido da Esta??o Ferroviária da cidade. Foto da Planta dos Terrenos e Officinas da Cia Mac Hardy CampinasA energia empregada era o vapor, possuindo a Companhia quatro motores que produziam uma for?a de 108 HP, distribuída entre as quatro oficinas (fundi??o, serraria, ferraria e carpintaria), que punham em movimento 75 máquinas de fundi??o, mais a oficina mec?nica e a de carro?as.O capital registrado da empresa, em 1899, era de 2.000:000$000 (contos de réis), e o número de acionistas era de167. Nessa época trabalhavam nas oficinas 230 operários, fora o pessoal do expediente, representado pelos engenheiros, maquinistas e carpinteiros, que se ocupavam da instala??o das máquinas nas fazendas. Neste outro momento de seu desenvolvimento, a linha de produ??o dessa empresa incluía:- ventiladores para café em coco, de 800 a 1000 arrobas diárias;- ventiladores dobrados, para a mesma quantidade;- catadores Mac Hardy, melhorados – garantidos pela patente 2593, para 350 arrobas diárias.- descascadores Mac Hardy, privilegiados pela patente 2593, de três tipos: n° 1 e 1,5 para 500 a 600 arrobas diárias; n°2 para 350 a 400 arrobas diárias; n°3 para 250 a 300 arrobas diárias;- separadores para 300 a 400 arrobas diárias;- brunidores para 800 arrobas diárias;- máquina econ?mica combinada, aparelho completo, contendo todos os maquinismos necessários ao beneficiamento do café como: ventiladores de café em coco, descascador, ventilador dobrado, separador, catador, todos os seus condutores, bicas, polias, transmiss?es e correias. Apresentam-se de quatro tipos. - desintegradores (moinho para fubá, para 300 kg. por hora);- moendas para cana de n? 1 a 6. Moendas manuais, a vapor ou por animais;- serras Mac Hardy, tipos de n? 1 a 3, com 1, 3 e 6 pedras;- turbinas Leffel;- arados e carpideiras Durei & Cia;- vapores Clayton e Schmit Ceuvaret.Para produzir o que acima detalhamos eram empregados anualmente: ferro guza: 200.000 quilos; ferro fundido: 100.000 quilos; ferro batido: 40.000 quilos; a?o: 1000 quilos; bronze: 3000 quilos; cobre velho: 2500 quilos; estanho: 250 quilos; chumbo: 1000 quilos; cobre inglês: 50.000 quilos; cobre gaz.: 10.000 quilos; madeira: 2500 metros cúbicos.A partir de 1913, o Dr. Júlio Gerin, que desde o início do século XX ocupara o cargo de engenheiro gerente, assumiu a dire??o da companhia, tendo permanecido nesse cargo até o início dos anos 1960, quando o controle acionário da mesma foi adquirido pelo Grupo Irm?os Duarte, de Americana.Importante assinalar que por volta de 1935 as oficinas foram todas transferidas para um também prédio próprio, localizado na Avenida Saudade, 67, em bairro vizinho ao Centro da cidade, tendo permanecido na Avenida Andrade de Neves o setor da empresa destinado à comercializa??o dos seus produtos. Até ser adquirida pelos Duarte, a empresa encontrava-se internamente constituída por vários departamentos, como:- Departamento de máquinas agrícolas, responsável pela fabrica??o de máquinas de benefício de arroz, milho, mandioca e cacau e de rebenefício de café.- Departamento de caldeiras e locomóveis, responsável pela produ??o de caldeiras automáticas de alto rendimento (na fabrica??o das quais a Mac Hardy foi uma das pioneiras no Brasil). - Departamento mec?nico, especializado na fabrica??o de máquinas operatrizes (furadeiras e plainas-limadoras); máquinas para curtumes; máquinas para serraria e carpintaria e "prensas excêntricas."- Departamento têxtil, especializado na produ??o de todos os tipos de teares, especialmente automáticos. (A empresa exportou durante a II? Guerra Mundial mais de 50 teares comuns).A Companhia dispunha ainda de uma bem montada fundi??o apta a atender a todos os outros departamentos. Os departamentos de importa??o e o comercial eram praticamente independentes do setor industrial. Sabe-se que a Cia. Mac Hardy encerrou suas atividades produtivas em 1975, embora juridicamente a empresa continuasse existindo. Por volta de 1983 a Helcosa – Engenharia, Comércio e Indústria de Metais Ltda., situada no Km 99 da rodovia Anhanguera, incorporou as máquinas da Mac Hardy ao seu patrim?nio.Ensaio de Análise Preliminar No contexto do início do surto industrial no Oeste Paulista, alavancado pela expans?o cafeeira, observa-se casos de concorrência industrial e comercial entre as empresas pioneiras na produ??o de máquinas agrícolas. Neste contexto, a empresa objeto do interesse deste trabalho desempenhou um papel fundamental. Mac Hardy sempre enfrentou concorrentes, sendo assim, cumpre nos determos um pouco mais sobre essa quest?o, identificando fatos e movimentos capazes de exteriorizar na trajetória dessa empresa no Brasil, estratégias de convivência, bem como salientar oportunidades de confronto junto a um concorrente em particular, que exercia o monopólio do comércio de máquinas no Brasil, a Lidgerwood MFG. Co. Ltd . Nesse sentido a cidade de Campinas, província de S?o Paulo, passa a ser um cenário privilegiado e mais indicado para essa análise, porque se tornou o local onde as evidências mais se externalizaram.Guilherme V. V. Lidgerwood acionou a Justi?a em algumas ocasi?es contra concorrentes industriais. Uma dessas a??es jurídicas foi contra Guilherme Mac Hardy, que viera da Escócia em 1872 para trabalhar junto a ele, em sua firma Milford & Lidgerwood, tendo, três anos depois, montado seu próprio estabelecimento de fabrica??o de máquinas de beneficiamento de café e outros utensílios, ferramentas e implementos voltados para a lavoura, como se afirmou anteriormente. Declarava Lidgerwood, por seu procurador no Rio de Janeiro e por seus advogados na cidade de Campinas, ter movido A??o Ordinária e citado a Guilherme Mac Hardy, em que pede seja o Réu indiciado por ter feito, usado e vendido máquinas semelhantes as do Autor e que ferem e infringem os privilégios concedidos ao mesmo, através de cartas patente por suas inven??es e melhoramentos em máquinas de descascar e beneficiar café, e condenado “a entregar as machinas fabricadas em contraven?am, todos os instrumentos e utensílios empregados no fabrico das mesmas, alem d’uma multa igual a decima parte do valor dos productos fabricados e indemnisa??o de perdas e damnos, seguindo o disposto na Lei de 28 d’Agosto de 1830.” A briga na justi?a ganha amplitude e se aloja principalmente na imprensa local, já a partir de novembro de 1878, quando cartas trocadas entre Mac Hardy e um admirador contumaz de Lidgerwood, José Eleutério Mafra, trazem à baila a qualidade dos dois sistemas e os custos envolvidos em suas aquisi??es. Foi possível identificar-se anúncios mandados publicar por Mac Hardy que visavam claramente denegrir a imagem de Lidgerwood ou instigá-lo ao confronto. A que um fazendeiro an?nimo responde, escrevendo contra o anúncio de um ventilador fabricado por Lidgerwood que custara 340$000 sendo vendido a 150$000 mil réis por Mac Hardy. “Só o espírito de maledicência e para hostilizar fez aquele anúncio, dá a entender que o Sr. Mac Hardy para poder vender suas machinas (que também s?o boas) precisa aggredir seus competidores”. Assim os títulos se sucedem: Gazeta de Campinas, Campinas, setembro de 1880. Gazeta de Campinas, Campinas, agosto de 1880 e setembro de 1880Por ocasi?o das duas Exposi??es, a Provincial e a Regional, Lidgerwood gastou RS 28.000$000 contos de réis para nelas se fazer representar. Na Exposi??o Provincial, este foi premiado com medalha de prata pela máquina de beneficiar café, de sua inven??o, fabricada em Campinas, que apresentou. A premia??o ocorreu após demonstra??o prática de utiliza??o das máquinas, expostas junto ao corpo de júri da se??o industrial, durante a qual ficou comprovado que o café beneficiado pela máquina Lidgerwood apresentou melhor qualidade do que o proveniente da máquina de Mac Hardy & Cia., embora a Lidgerwood tenha concorrido com um modelo pequeno e gasto mais tempo do que a máquina do concorrente para obten??o do produto final.O Manual de História Económica de la Empresa de Valdaliso torna-se instrumento valioso e preciso no sentido de conformarmos nosso objeto de estudo, isto é, no esfor?o para delimitá-lo teoricamente, que é válido uma vez cumprido o objetivo de caracterizá-lo. Evocando as First Movers, uma empresa pioneira e que estrategicamente soube manter-se no mercado brasileiro de máquinas de beneficiamento de café, chegando mesmo a liderá-lo, assim podemos classificar a empresa que se constituiu em nosso objeto de estudo a partir desse conceito. Vejamos porquê. Levando-se em conta os par?metros nos quais se apóia Valdaliso, a empresa de que estamos tratando pode ser definida como “inventora”, pois desenvolveu uma patente ou uma tecnologia, presente nas máquinas que fabricava e comercializava dentro do País. Também “pioneira de produto”, por ser uma empresa que desenvolveu uma inova??o, “pioneira no mercado”, por ser a primeira, ou uma das primeiras a comercializar uma inova??o. Na explica??o dada por Valdaliso, o autor se refere concretamente à situa??o dessas empresas pioneiras nos EUA, casos por ele estudados, quantificando que 47% delas fracassaram, somente 11% se converteram em empresas líderes ou dominantes, e apenas 8% conseguiram manter sua lideran?a no mercado. Para os autores em quem Valdaliso se apóia o caminho para o êxito n?o consiste em ser o primeiro a entrar no mercado, mas sim em lutar continuamente pela lideran?a avaliando as oportunidades que se apresentam no mercado, refor?ando as capacidades da empresa e destinando recursos para satisfazer eficientemente as necessidades dos consumidores. Chandler também chegou às mesmas conclus?es, acrescentando que as empresas que dominaram o mercado internacional em seus respectivos setores entre 1870 e 1940, n?o foram nem as inventoras de um produto ou processo, nem as pioneiras na comercializa??o dos mesmos, sen?o aquelas que realizaram um triplo investimento em produ??o, marketing e dire??o necessário para explorar plenamente as economias de escala e diversifica??o: estas seriam para ele as first movers. Nesse sentido, a julgar pelos par?metros expostos, correlacionando-os ao que viemos até agora expondo sobre a atua??o da Cia. Mac Hardy no mercado brasileiro, é de crer-se estarmos tratando de uma autêntica first mover. ................
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