Capítulo 11. Colheita, Transporte e Comercialização do ...

[Pages:13]Cap?tulo 11. Colheita, Transporte e Comercializa??o do Milho Verde

11.1. Milho Verde comum

O milho verde deve ser colhido com os gr?os no estado leitoso, apresentando de 70 a 80% de umidade. Esse ponto de colheita ? muito vari?vel, em fun??o das condi??es clim?ticas resultantes de diferentes ?pocas de semeadura ou da regi?o onde a lavoura foi instalada. De modo geral, verifica-se que, nos plantios de ver?o, quando a lavoura se desenvolve em condi??es de temperaturas mais elevadas, a colheita poder? ser realizada entre 70 a 90 dias ap?s o plantio ou entre 18 a 25 dias ap?s a flora??o, enquanto que nos plantios realizados nos meses mais frios o ciclo pode se prolongar, com colheita chegando at? 120 dias. (Silva e Paterniani, 1986)

Uma indica??o mais objetiva da ?poca ou ponto de colheita ? feita pela contagem do n?mero de dias ap?s a poliniza??o (DAP), sendo o intervalo ?timo de 19 a 23 DAP para as cultivares de "milho normal" e entre os 18 e 25 DAP para "milho doce". Por se tratar de um produto bastante perec?vel, o processo de colheita precisa ser ?gil, reduzindo ao m?ximo o tempo entre a colheita e o consumo do produto (Sawazaki et al.,1979).

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Normalmente, o per?odo de colheita varia de cinco a oito dias, dependendo da cultivar e das condi??es clim?ticas. Cada colheita ? realizada mais de tr?s vezes por cerca de mais de 42% dos produtores. No geral, colhem aproximadamente 104 sacos por colheita, o que equivale a cerca de 200 sacos (Silva e Paterniani, 1986 e Bottini et al.,1995).

Deve-se realizar plantios consecutivos, utilizando cultivares de milhos de ciclos diferentes para se ter colheitas de espigas verdes por per?odos mais longos (escalonamento), de forma a atender ?s constantes demandas dos mercados consumidores. Em trabalhos de pesquisa, as variedades de milho BR 105 e BR 126, proporcionaram colheitas de espigas verdes ainda no ponto de comercializa??o por um per?odo de 20 dias (Coelho & Parentoni, 1988 e Ramalho et al., 1985).

A colheita ? manual, e normalmente ? iniciada de madrugada, com as palhas bem frescas e quando a temperatura ? mais amena, para que o produto chegue aos pontos de venda o mais r?pido poss?vel (Silva,1994 e Bottini et al., 1995). Um trabalhador bem treinado colhe pelo menos tr?s toneladas por dia, apanhando as espigas uma a uma (Tomazela,1998).

Para se carregar um caminh?o com capacidade de 500 a 600 sacos de espigas de milho verde (pesando 25 kg cada ou 55 a 60 espigas), s?o necess?rias dez pessoas. As opera??es de colheita e carregamento s?o realizadas por conta do comprador de milho verde, que j? disp?e de equipes de colheitas, embalagens e carregadores (Bottini et al., 1995).

A cultura do milho verde ? altamente perec?vel; portanto ? desej?vel que sua produ??o fique perto dos grandes

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centros consumidores, que as cultivares utilizadas sejam adequadas e que a colheita seja realizada de forma a aumentar o per?odo de comercializa??o.

A ?poca de colheita pode afetar bastante o pre?o final do produto e a rentabilidade do produtor. Estudos de sazonalidade de pre?os e oferta de milho verde no atacado da cidade de S?o Paulo mostram que as menores cota??es acontecem sempre em janeiro - abril (no in?cio da safra de ver?o para milho-gr?o) e as maiores cota??es em agosto - novembro (entressafra de milho-gr?o) (Tsunechiro et al., 1990). Verificaram ainda que o pre?o m?dio de outubro (pico da entressafra) correspondia ao dobro, do valor constante, de abril (auge da safra).

Pela especificidade de mercado, o produtor de milho verde deve previamente contatar compradores potenciais do seu produto. No caso de o comprador ser a ind?stria, o produtor n?o precisa dispor de m?o-de-obra para a colheita de milho verde, cuja opera??o ? totalmente assumida pelo adquirente.

11.2. P?s-colheita do milho verde comum

A demanda pelo milho verde "in natura" descascado e embalado em bandejas corbertas com filme de PVC estic?vel vem crescendo dia a dia. Nessa forma, o produto ? comercializado nos balc?es refrigerados dos supermercados. Entretanto, as caracter?sticas adequadas para comercializa??o do produto com alta qualidade, p?scolheita, tem sido pouco observada.

Para se obter sucesso na tecnologia de p?s-colheita, ? necess?rio ter conhecimento do processo fisiol?gico do milho verde, bem como sua composi??o qu?mica, que pode variar em fun??o do gen?tipo, do tipo de solo onde foi cultivado, dos fertilizantes utilizados, das condi??es

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clim?ticas e do est?dio de matura??o. Dependendo da fase de desenvolvimento do milho normal, entre o 8? e o 20? dia ap?s a poliniza??o, h? varia??es nos teores de a??cares redutores e carboidratos (Marcos et al., 1999; Tsa? et al., 1970). O metabolismo da espiga continua ativo mesmo depois da colheita, o qual pode ser alterado em fun??o das condi??es dos locais de armazenamento. Marcos et al. (1999) confirmam essas expectativas, mostrando que, em temperatura mais baixa, h? menor atividade metab?lica das espigas, o que contribui para prolongar a vida ?til do produto. Al?m da temperatura, a embalagem tamb?m exerce papel fundamental na preserva??o do produto, para comercializ?-lo por um per?odo mais longo. No mercado, encontram-se alguns pap?is em filme de PVC ou filme de pl?stico, para proteger as espigas acondicionadas em bandejas, com capacidade para quatro a cinco espigas, como mostra a Figura 11.1.

Figura 11.1. Espigas de milho verde acondicionadas em bandejas cobertas com papel filme de PVC. Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG, 2001.

A embalagem influi no processo metab?lico das espigas, no que se refere ? entrada de oxig?nio, importante para a respira??o aer?bia do produto, permitindo, assim, trocas gasosas. Nesse sentido, Marcos et al. (1999), em estudos realizados com embalagens de filme de PVC estic?vel e

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filme pl?stico PD- 941, usadas para melhor conserva??o do milho verde p?s-colheita, mostraram que o filme pl?stico PD-941 possibilitou menores perdas de teores de amido quando em condi??es de refrigera??o e, conseq?entemente, melhor conserva??o do produto para comercializa??o em supermercados.

11.3. Milho doce

A colheita do milho doce deve ser realizada quando as espigas estiverem com 70 a 75% de umidade e de prefer?ncia nas primeiras horas da manh?, quando a umidade do ar ainda ? alta e a temperatura ? menor em rela??o ?s outras horas do dia. Ap?s a colheita, o material deve ser rapidamente retirado da exposi??o ao sol e levado para uma ?rea coberta e fresca, onde ser? manuseado. Outro ponto importante ? que a colheita feita nas primeiras horas da manh? dispensa o uso das c?maras frias, o que ajuda na economia de energia ? importante que se fa?a uma toalete nas espigas, retirando as folhas bandeiras ou ped?nculos longos demais, com o objetivo de diminuir a taxa de respira??o, evitando a perda de umidade e proporcionando maior n?mero de espigas apropriadas ? ind?stria.

A uniformidade em rela??o ao teor de umidade ? de fundamental import?ncia, uma vez que o milho doce colhido mais duro, abaixo da umidade ideal, propicia uma queda na qualidade, devido ? invers?o de a??cares. Uma lavoura desuniforme na matura??o leva a uma antecipa??o da colheita, sendo que, nesse caso, os gr?os apresentam elevado teor de umidade, com conseq?ente queda no rendimento industrial, devido ao elevado n?mero de espigas no est?dio "cristal", ou "bolha d??gua" o que somente ? permitido at? 8%, pela ind?stria de conservas.

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Na colheita, preferir sempre as espigas mais cil?ndricas, uma vez que as de formato c?nico geralmente conduzem a um menor aproveitamento (inefici?ncia na desgrana) dos gr?os localizados na parte de menor di?metro.

11.4. Transporte

O meio de transporte ? muito importante para qualquer tipo de milho (comum ou doce), com o objetivo sempre de preservar melhor a qualidade das espigas at? o destino final, seja qual for. O transporte, dependendo do tamanho da lavoura, pode ser feito via animal ou em caminh?es ba?s frigor?ficos, principalmente se a lavoura situar-se muito longe do centro consumidor, ou tamb?m em condi??es de temperaturas elevadas, com o objetivo de preservar o m?ximo a qualidade e a quantidade de espigas comerciais. Por lado, quando o transporte ? feito inadequadamente, e nas horas mais quentes do dia, pode provocar uma perda significativa de ?gua, em virtude da alta taxa de respira??o, especialmente no "milho doce", que ? cerca de oito vezes maior quando comparado com as das frutas e vegetais, mesmo com temperatura baixa, em condi??es de campo (Boyette, 1998).

O acondicionamento das espigas para transporte normalmente ? feito em sacos de polietileno (Figura 11.2) com capacidade para 50 a 55 espigas (25kg), muito usado para comercializa??o nas Ceasas, sacol?es e quitandas. Para as feiras livres, o transporte ? feito em carrinhos de m?o ou em caminh?es (Figuras 11.3a e11.3b). Nas feiras livres, a comercializa??o quase sempre ? a granel para facilitar a escolha pelo comprador, uma vez que, em muitos casos, n?o ? feita a sele??o pr?via das espigas de acordo com as caracter?sticas comerciais. Nesse caso, as espigas s?o colocadas em um espa?o livre, sem nenhuma prote??o do sol, o que acelera o processo de desidrata??o, tornado as mesmas depreciadas e sem valor comercial.

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Figura 11.2. Espigas de milho verde embaladas para transporte, (Ceasa MG) em sacos de fitas pl?sticas tran?adas, com capacidade para 50 a 55 espigas e peso ao redor de 25 kg.

Figura 11.3. a) Milho verde transportado em carrinho de m?o; b) em caminh?o, no interior da Ceasa MG, para abastecimento de armaz?ns e de pontos de distribui??o para sacol?es, quitandas e barraquinhas de milho cozido e cural.

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11.5. Comercializa??o

A comercializa??o do milho verde, no Brasil se realiza de v?rias formas, desde a venda a granel, na pr?pria lavoura, at? o processo mais sofisticado de milho cozido a vapor, embalado a v?cuo, em embalagem de pl?stico esterilizada.(Figura 11.4 ).

Figura 11.4. Milho verde cozido no vapor ao natural, embalado a v?cuo, em saco de pl?stico eterilizado.

O processo a granel na pr?pria lavoura normalmente se d? ?s margens de rodovias, onde o consumidor ou o comerciante de milho cozido, pamonha, cural e outras iguarias adquire o produto na quantidade desejada a granel, em sacos abertos, como pode ser visto na Figura 11.5. Nessas condi??es, o milho suporta, no m?ximo, dois dias nas bancas de quitandas ou feiras livres sem perder a qualidade e as caracter?sticas exigidas pelo mercado consumidor (Fernandes e Oliveira, 1985).

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