Aspectos Econômicos da Produção e Comercialização de Milho

[Pages:12]Aspectos Econ?micos da Produ??o e Comercializa??o de Milho Verde

Previous Top Next

Jason de Oliveira Duarte2 Israel Alexandre Pereira Filho2 Jos? Carlos Cruz2 Elton Eug?nio Gomes e Gama2 Alfredo Tsunechiro3

Joaquim Marcos Mattoso2

1. Introdu??o

O milho verde ? um tipo especial de milho, como o milho doce, milho pipoca, milho ceroso, milho branco, minimilho, etc., e como tal, n?o tendo sido inclu?do nos levantamentos sistem?ticos de safras agr?colas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE 1998). As estat?sticas oficiais se referem ao milho em gr?o, seco, destinado ? alimenta??o animal e humana e apenas em censos agropecu?rios, realizados a cada cinco anos, s?o feitos levantamentos de produ??o vegetal de diversas esp?cies de produtos hort?colas, como o milho verde (em espigas).

2. A Produ??o no Brasil

2.1. SementesEmbora as empresas produtoras de sementes de milho para gr?os tenha desenvolvido cultivares que atendam as exig?ncias do mercado consumidor quanto as seguintes caracter?sticas : gr?os dentados amarelos, espigas grandes e cil?ndricas, sabugo branco, boa grana??o, pericarpo delicado, bem empalhadas (Figuras 2.1a e 2.1b) com longevidade de colheita e boa resist?ncia a lagarta da espiga (Heliothis zea) ( Ishimura et al. 1986; Wann & Hills, 1975 e Fornasieri Filho, 1987). Ainda ? grande o n?mero de agricultores que vem utilizando para este fim, os mesmos milhos destinados a produ??o de gr?os. Entretanto esse tipo de milho n?o satisfaz as exig?ncias do mercado comprador de milho verde em casca e nem do comercializado em bandeja protegida com filme pl?stico transparente. Tamb?m ? comum a utiliza??o de cultivares de milho recomendadas para a produ??o de silagem que geralmente tem as mesmas caracter?sticas de gr?os e espigas exigidas pelos consumidor de milho verde "in natura".

Cruz et al.(2000) verificaram que 13 entre 200 das cultivares de milho dispon?veis no mercado de sementes do Brasil no ano 2000 s?o explicitamente recomendadas para a produ??o de milho verde (Tabela 2.1), n?o sendo seu uso, entretanto, exclusivo para este fim, assim como qualquer cultivar de milho pode ser utilizado para o consumo "in natura" ou seus produtos tradicionais. Verifica-se uma grande varia??o nos tipos de sementes existentes no mercado: de variedades com menor potencial produtivo e de menor custo at? h?bridos simples de maior potencial produtivo e maior custo de sementes. Tamb?m se verifica alternativas emtermos de ciclo, e caracter?sticas do gr?o, como cor e textura.

Em trabalho pioneiro sobre a obten??o de cultivares para a produ??o de milho verde, Ikuta E Paterniani (1970), al?m dos aspectos relativos ao tamanho e aspectos da espiga, j? alertavam para a necessidade das cultivares permanecerem no ponto de colheita por um maior per?odo de tempo. Segundo esses autores, haveriam in?meras indica??es, no sentido de que endospermas mais duros, do tipo flint, passam mais rapidamente do ponto de milho verde (tipo leitoso) enquanto que os endospermas mais moles, tipo dente, e amil?ceo, duram mais tempo nesse estado. Tamb?m argumentaram, respondendo a uma argumenta??o de agricultores que o milho h?brido passa do ponto muito rapidamente, que, isso poderia ser devido a que o h?brido, ? por sua pr?pria natureza um material relativamente uniforme enquanto que as variedades s?o mais vari?veis Segundo Bottini et al.(1995), na escolha da cultivar para o produ??o de milho verde o produtor deve levar em conta os seguintes aspectos: porte m?dio da planta; planta resistente ao acamamento; espiga com bom empalhamento; ped?nculo firme; sabugo grosso e cil?ndrico; gr?os amarelo-claros, grandes e uniformes; gr?os com equil?brio entre os teores de a??car e amido, para a confec??o de guloseimas de milho verde; perman?ncia do ponto de colheita das espigas por longo per?odo. Segundo esses autores, por atender a quase totalidade dos requisitos descritos acima, o h?brido triplo DINA 170 de ciclo semiprecoce chegou a ocupar cerca de 90% da ?rea plantada na regi?o de Sorocaba, SP. Estes autores mencionam ainda as cultivares AG 951, Pioneer 3230 e G500 que foram utilizados em menor escala.

H? diferencia??o entre a escolha da semente dependendo do destino que o produtor quer dar a sua produ??o. Levando em considera??o que o comprimento de espigas com palha e o peso de espigas com palha s?o importantes quando o milho verde se destina ?s feiras livres e que o comprimento de espigas sem palha e o peso de espigas sem palha s?o importantes quando o milho verde se destina aos supermercados, algumas cultivares, tais como a AGX 1791, Ag 4051 e AGX4595, tem se mostrado promissoras para a comercializa??o tanto em feiras livres como em supermercados (Valentini & Shimoya, 1998).

2.2. Dados sobre a produ??o de espigas de Milho Verde De acordo com os ?ltimos dados dispon?veis, do Censo de 1995/96, o valor da produ??o brasileira de milho verde, no ano agr?cola de 1995/96, foi estimado pelo IBGE em R$ 42,947 milh?es, obtido com a produ??o de 292.138 toneladas de espigas. A ?rea colhida, em todo o pa?s, foi de 102.325 hectares e a produtividade m?dia, de 2.855 kg/ha de espigas verdes. Os estados maiores produtores foram Minas Gerais, com 61.721 toneladas (21,12% do total nacional), S?o Paulo, com 58.699 toneladas (20,09%), Goi?s, com 54.596 toneladas (18,69%), Paran?, com 20.608 toneladas (7,05%), Rio Grande do Sul, com 20.236 toneladas (6,93%) e Bahia, com 17.455 toneladas (5,97%), representando, em conjunto, 79,85% da produ??o brasileira de milho verde em 1995/96. Em termos de ?rea colhida, o Censo Agropecu?rio registrou 13.108 hectares na Para?ba, com produ??o de apenas 6.658 toneladas. As produtividades m?dias nos tr?s estados maiores produtores (Minas Gerais, S?o Paulo e Goi?s) foram de, respectivamente, 4.812 kg/ha, 5.277 kg/ha e 5.364 kg/ha. De acordo ainda com o IBGE, cerca de 68,40% da produ??o colhida no pa?s foi vendida pelos produtores, sendo que 25,92 pontos percentuais desta parcela (51.698 toneladas) foram destinados ? ind?stria, o que parece indicar que seja de milho doce para conserva, cujos dados estariam inclu?dos nos levantamentos de milho verde.

3. Comercializa??o de milho verde

A comercializa??o do milho verde no Brasil se realiza de varias formas, desde a venda a granel na pr?pria lavoura, at? o processo mais sofisticado de milho cozido ? vapor, embalado a v?cuo em embalagem pl?stica esterilizada.(Figura 3.1 ) O proce o a granel na pr?pria lavoura normalmente se d? as margens de rodovias onde o consumidor ou o comerciante de milho cozido, pamonha, cural e outras iguarias, adquire o produto na quantidade desejada a agranel ate sacas fechadas como pode ser visto na Figura 3.2 Nestas condi??es milho suporta no m?ximo dois dias nas bancas de quitandas ou feiras livres sem perder a qualidade e as caracter?sticas exigidas pelo mercado consumidor.(Fernandes e Oliveira, 1985)

Nos mercados municipais, feiras livres, sacol?es e quitandas a comercializa??o se d? na forma de atilho composto por seis espigas, ou ainda na forma livre de quantas espigas o consumidor desejar. Em supermercados a comercializa??o ? feita em bandejas de material biodegrad?vel onde se acondiciona de 4 a 5 espigas semi?despalhadas envoltas por um filme transparente que s?o conservadas em balc?es frigor?ficos a temperatura de 10graus centigrado.(Figura 3.3).

Existe ainda, a op??o mais recente que ? o milho verde em espigas cozido ? vapor embalado ? v?cuo em embalagem pl?stica esterilizada. As embalagens de 500g s?o acondicionada em caixa com capacidade de 24 unidades. (Vapza 2000). A comercializa??o em n?vel de atacadista nas CEASAS normalmente ? feita em embalagens de sacos de PVC tran?ado com capacidade para 50 espigas (especiais) ou 60 espigas (extras) empalhadas, pesando entre 25 e 30 kg (Figura 3.4). Bottini et al. (1995).e Silva (1994). A comercializa??o em n?vel industrial, se d? na pr?pria lavoura, onde o milho verde ? colhido manualmente gastando cerca de 10 homens para carregar um caminh?o que vai diretamente para f?brica, onde ap?s o processamento ? envasado em latas com capacidade para 200g do peso l?quido do produto Outras formas muito comum de comercializa??o ? o milho verde cozido, na forma de pamonha curau (Figura3.5a e 3.5), e suco. Estas modalidades de comercio s?o encontrados em barraquinhas nos centros de cidades e principalmente nas praias do litoral brasileiro. Os processos de comercializa??o descritos, s?o de ordem geral para o milho comum, e milho doce, cujo a produ??o ? quase toda dirigida ?s fabricas de conservas aliment?cias.

4. An?lise por Estado

Como observado anteriormente, os dois maiores produtores de milho verde no pa?s s?o os estados de Minas Gerais e S?o Paulo, primeiro e segundo produtores, respectivamente; por essa raz?o, ? importante analisar o que acontece dentro desses estados com respeito ? oferta e demanda desse produto. Nesta parte iremos mostrar o comportamento do mercado de milho verde em Minas Gerais e S?o Paulo, com base em dados fornecidos pela CEASA, em Minas Gerais, e CEAGESP, em S?o Paulo.

4.1. Comercializa??o em Minas Gerais

Sendo o maior produtor de milho verde, Minas Gerais, tamb?m se posiciona entre os maiores consumidores desse tipo de milho, com comercializa??o constante desse produto ao longo do ano, atrav?s das CEASAS localizadas no estado. A Figura 1 mostra a evolu??o das quantidades comercializadas em Minas Gerais no per?odo de 1986 at? 2000. Observa-se que, nesse per?odo, a comercializa??o de milho verde cresceu de menos de 5 mil toneladas, em 1986, para mais de 20 mil toneladas, no ano 2000. Mesmo levando em conta as oscila??es nessa comercializa??o, h? de se considerar que o aumento de 300 por cento em 15 anos foi relevante, quando se compara com a evolu??o de produ??o e comercializa??o de outros produtos agr?colas em Minas Gerais, principalmente com caracter?stica de pequena produ??o voltada ? agricultura familiar, como ? o caso de milho verde. Ainda na Figura 4.1, pode-se observar que a importa??o de milho verde do estado de S?o Paulo tem uma tend?ncia levemente crescente ao longo do per?odo, enquanto que a importa??o do milho origin?rio de Goi?s foi mais ou menos constante.

Observa-se, na Figura 4.2, que o milho verde comercializado em Minas Gerais ? origin?rio principalmente do pr?prio estado e de dois estados vizinhos, S?o Paulo e Goi?s, com mais de 99 por cento do total comercializado no mercado mineiro. Tem origem em Goi?s cerca de 6,9 por cento, em S?o Paulo cerca de 18,97 por cento e em Minas Gerais 73,9 por cento, em m?dia. O restante ? fornecido por v?rios outros estados, que t?m participa??o marginal na comercializa??o em Minas Gerais. Por outro lado, mais de 90 por cento da comercializa??o do milho verde no estado ? feita atrav?s das CEASAS de Belo Horizonte e Uberl?ndia, sendo o abastecimento da primeira feito principalmente por produtores mineiros e, dado a posi??o estrat?gica no Tri?ngulo Mineiro, o abastecimento da segunda sofrendo grande influ?ncia dos produtos paulista e goiano.

O comportamento da evolu??o dos pre?os reais, m?dia mensal, e das quantidades comercializadas mensalmente no mercado de milho verde nas CEASAS de Minas Gerais refletem uma curva de demanda do tipo Cobb-Douglas, conforme pode-se ver na Figura 4.3 onde s?o plotados os pre?os reais mensais versus as quantidades. Essa curva indica que a demanda por milho verde em Minas Gerais tem comportamento el?stico, sinalizando para um coeficiente de elasticidade pre?o da demanda superior ? unidade. As maiores quantidades comercializadas est?o sempre associados aos menores pre?os. Essa situa??o reflete a sazonalidade da oferta de milho verde no mercado, tanto mineiro quanto paulista, como veremos posteriormente. Pela Figura 4.4, observa-se que a quantidade comercializada aumenta nos meses de inverno e diminui no ver?o esta diminui. Comportamento inverso ? observado nos pre?os, mas com alguns agravantes.

A Figura 4.5 retrata bem tr?s per?odos distintos dos pre?os de milho verde em Minas Gerais. O primeiro per?odo corresponde de 1986 at? meados de 1990, quando os pre?os sofrem grandes varia??es causadas pela sazonalidade da produ??o. O segundo per?odo compreende de 1990 at? 1997, quando os efeitos da sazonalidade ainda pode ser facilmente detectados, mas com varia??es menos acentuadas, causadas pelo aumento da oferta nesses anos e pela poss?vel profissionaliza??o da oferta por produtores especializados, e, finalmente, o per?odo posterior a 1997, quando os efeitos da sazonalidade s?o quase impercept?veis. Nesse ?ltimo per?odo, a quantidade comercializada cresce de forma acentuada, com oscila??es bem acentuadas. No entanto, enquanto a quantidade comercializada cresce ? taxa geom?trica de 14,02% ao ano, os pre?os diminuem ? taxa geom?trica de 5,37% ao ano, indicando que, em termos de pre?o, o mercado mineiro est? mais est?vel, dada a estabilidade da oferta desse produto no mercado e o aspecto el?stico da demanda.

4.2. Comercializa??o em S?o Paulo

Enquanto Minas Gerais ? respons?vel pelo maior quantidade produzida de milho verde, o Estado de S?o Paulo ? respons?vel lo maior volume comercializado, atrav?s da CEAGESP. No per?odo de 1992 a 1999, esse volume foi cerca de 62.000 toneladas, em m?dia. Embora a produ??o estadual de milho verde, em S?o Paulo, em 1996 fosse de 58.699 toneladas, segundo o IBGE (1996), e o estado tenha exportado 3.899 toneladas somente para o estado de Minas Gerais, em 1996, foram comercializados no mercado atacadista paulistano 62.026 toneladas, isto ?, cerca de 13,18% acima da disponibilidade interna do estado. No entanto, os dados da CEAGESP indicam que a quantidade comercializada tem uma tend?ncia de decrescimento com taxa geom?trica de decr?scimo de ?2.25% ao ano, enquanto que os pre?os t?m crescido com taxa geom?trica de 3,69% ao ano.

O milho verde ? comercializado em sacos de polipropileno de 24 kg, contendo 50 a 55 espigas. O pre?o m?dio recebido pelo produtor do Estado de S?o Paulo, em 2000, deduzido a partir de pre?os m?dios correntes de venda no mercado atacadista da Companhia de Entrepostos e Armaz?ns Gerais de S?o Paulo (CEAGESP), foi de R$2,82 por sc.24kg (Tabela 1 apresenta o pre?o m?dio real). A varia??o sazonal ou estacional de pre?os de milho verde no Estado de S?o Paulo, no mercado atacadista de S?o Paulo, elaborado com dados do per?odo de 1995 a 2000, indica os menores pre?os ocorrendo de dezembro a mar?o, dada a concentra??o da oferta nesse per?odo. H? dois per?odos de pre?os m?ximos: em junho e em setembro-outubro, coincidindo com os meses de menor oferta do produto no mercado (Figura 6). Houve uma acentuada diminui??o da amplitude de varia??o sazonal de pre?os nos ?ltimos dez anos, em raz?o da maior uniformidade de entradas de produto no mercado, propiciada por aumentos da produ??o na entressafra, com a expans?o de cultivos irrigados, como ocorrera no estado de Minas Gerais.

5. Custo de produ??o

Uma informa??o importante que, obrigatoriamente, est? presente em toda decis?o de plantio ? a estimativa do custo de produ??o. Para a elabora??o das planilhas de custos, foram considerados os custos fixos, vari?veis e totais para os sistemas plantio direto e convencional, ambos irrigados. Os custos de irriga??o referem-se ao sistema piv? central. O padr?o tecnol?gico adotado ? considerado alto e a estimativa de produ??o, de 10 t/ha, levou em conta apenas a quantidade de espiga que, ap?s sele??o, foi destinada ? comercializa??o. As Tabelas 5.1 e 5.3, mostram os custos operacionais de produ??o de um hectare de milho verde em plantios direto e convencional. As Tabelas 5.2 e 5.4 mostram o resultado operacional, receitas, ponto de equil?brio e taxas de retorno para as duas situa??es analisadas.

................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download