Uma Breve Reflexão Ética sobre o Homem-Aranha e o Super-Homem

[Pages:6]Uma Breve Reflex?o ?tica sobre o Homem-Aranha e o

Super-Homem

Pedro Luiz de O. Costa Bisneto

01 de Outubro de 2007 _________________________________________________________________________

Sum?rio Introdu??o ................................................................... 2 Homem-Aranha e Super-Homem ............................... 2 A utopia midi?tica do Super-Homem ......................... 5 Refer?ncias .................................................................. 6

Introdu??o

Para esta pequena reflex?o sobre ?tica, deixaremos de lado um pouco da abordagem cient?fica para nos deixar levar pelo mundo m?gico do cinema, para isso, utilizaremos tr?s seq??ncias de duas pel?culas1 com objetivo de tecer considera??es sobre o tema. As duas pel?culas apresentadas contam a hist?ria de dois super-her?is, o Homem-Aranha e o Super-Homem, que se popularizaram atrav?s das hist?rias em quadrinhos at? se projetarem na grande tela do cinema, tornando-se dois dos maiores blockbusters do g?nero. Nesse exerc?cio, vamos focar a quest?o da ?tica de ambos os her?is em rela??o ? m?dia e ao jornalismo.

Homem-Aranha e Super-Homem

A id?ia de utilizar os super-her?is Homem-Aranha e Super-Homem baseia-se no fato de ambos nos remeterem a quest?es ?ticas diretamente ligadas ao jornalismo. Em primeiro lugar, os ideais de ambos expressam diversos valores ?ticos, representam ideais humanit?rios, libert?rios e do Bem, tais como justi?a, igualdade, universalidade, de subservi?ncia ? coletividade e de uso respons?vel do poder, ou do n?o uso do poder como um obst?culo ao destino da humanidade e dos interesses universais ? o uso positivo da lideran?a ? inclusive a moral de cunho religioso traduzida pela escolha do Bem em detrimento ao Mal possui forte apelo nesses her?is. Os ideais que delineiam esses personagens, a figura do her?i que ambos representam, as quais dispensam uma profunda an?lise mitol?gica para serem destrinchadas, reconta e mant?m vivos diversos ideais, muitos deles, ?ticos, comuns tanto no cotidiano atual quanto no transcorrer de boa parte da hist?ria humana. S?o valores que cerceiam e se conectam a ?tica da m?dia e o seu poder comunicacional, a m?dia como o 4? poder, uma entidade do mundo atual. Outro fato importante ? tratarmos de ideais que n?o se escondem em livros te?ricos ou dentro de academias apenas, mas que fazem parte do saber comum, do senso comum, de ideais que se propagam pela cultura de massa. Valores aspirados e vividos pela sociedade atual atrav?s de diversas formas, sendo os quadrinhos e o cinema algumas delas. Nesse sentido, o cinema ? uma m?dia que sempre apresentar?, enquanto produ??o cultural, diversas quest?es relativas ? ?tica nos mais diferentes aspectos imagin?rios (tanto em seus filmes, quanto na pr?pria quest?o da ind?stria cinematogr?fica, que implica uma grande reflex?o, al?m de ?tica, mercadol?gica e ideol?gica).

N?o s? a ?tica relaciona a presen?a desses super-her?is neste exerc?cio, mas tamb?m a falta dela, especialmente quando examinamos os personagens humanos dessas hist?rias, afinal, os alter-

1 Em CD anexo.

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egos do Homem-Aranha e do Super-Homem, Peter Parker e Clark Kent respectivamente, trabalham em grandes jornais, o primeiro como fot?grafo (no Clar?n Di?rio) e o segundo como rep?rterjornalista (no Planeta Di?rio). Ambos conseguiram emprego em seus jornais tirando vantagem de seus super-poderes, o que pode ser considerado anti?tico de certa forma, embora esteja embutida uma miss?o de intuito humanit?rio nessa a??o. O fato de ambos os her?is escolherem trabalhar em jornais tamb?m questiona o mito do jornalista e o seu papel dentro da sociedade. A cobertura desses jornais sobre a vida desses her?is traz reflex?es que tangem o escopo deste exerc?cio, at? poderia ser o foco de um estudo focado exclusivamente nesse ponto. A figura do empregador, o chefe de ambos os her?is vai fazer parte da vida deles e seus alter-egos, que s?o os donos dos jornais onde trabalham. A quest?o da ?tica desses editores ou da falta dela ? especialmente do chefe de Peter Parker, J. J. Jameson, que perseguir? o Homem-Aranha durante toda a sua vida ? ? constantemente abordada nas hist?rias desses personagens, servem de estere?tipos que nos mostram caracter?sticas diretamente ligadas ao mundo do jornalismo impresso e do mass media em geral, trazem valores e condutas que casam com muitas das reflex?es que tangem a ?tica jornal?stica como aparato de reflex?o e entendimento de sua pr?tica. Conforme veremos nos exemplos a seguir.

Na primeira cena do filme do Homem-Aranha (dispon?vel na URL: ), Peter Parker est? observando um desenho em seu caderno com a imagem tradicional do super-her?i, subentende-se que foi a partir dessa cria??o que o alter-ego desenvolve o tradicional uniforme do Aranha. Mas o que importa na cena s?o as palavras de seu falecido tio que vem a mente de Peter enquanto observa a imagem no caderno: "Um grande poder traz uma grande responsabilidade. Lembre-se disso, Peter, lembre-se disso".

Se fizermos uma analogia dessa frase com o poder da m?dia, conclu?mos que o poder da m?dia traz uma grande responsabilidade para com a sociedade, para os receptores, o p?blico de um modo geral. Entendemos que, em termos de ?tica, essa responsabilidade para com a sociedade permeia e deve ser praxe para todos os ?rg?os de m?dia que veiculam mensagens, especialmente os grandes ve?culos de massa, inclusive os privados. Em termos ?ticos, ? fato que ve?culos de r?dio e TV t?m obriga??o intr?nseca de servirem aos interesses do p?blico com informa??o e opini?o isenta de outros interesses que n?o sejam o bem comum, e vis?o apol?tica da cena p?blica para que os receptores tenham condi??es de discernir e formar sua pr?pria vis?o dos interesses comuns que tangem a vida em sociedade, pois se tratam de concess?es governamentais. Entretanto, pelo ideal exposto na frase do filme do Homem-Aranha, entendemos que esse dever se aplica a todos os ?rg?os de m?dia, sejam concess?es p?blicas ou oriundos da iniciativa privada, pois ao se dirigirem a sociedade, t?m uma grande responsabilidade sobre os temas que veiculam e concernem ao interesse dos cidad?os que absorvem suas mensagens.

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Um exemplo disso est? nos grandes jornais impressos, que se tratam de iniciativas privadas, portanto, alinhados aos interesses de seus donos ou acionistas, estes que det?m todos os meios da cadeia produtiva do ve?culo, das prensas, dos funcion?rios e jornalistas que empregam e dos distribuidores de seu produto que contratam. Uma vez que det?m o meio, seria direito do ve?culo emitir mensagens ao seu bem entender, entretanto, cremos que, mesmo neste contexto, os ve?culos privados t?m uma grande responsabilidade com o poder comunicacional que det?m. Essa responsabilidade deve ser medida pelos valores ?ticos da sociedade e, no caso dos jornais impressos, tamb?m por meio da ?tica jornal?stica.

Todavia, conforme analisaremos na cena seguinte do filme do Homem-Aranha, atrav?s de alguns clich?s t?picos da linguagem cinematogr?fica, sobretudo hollywoodiana, percebemos que esta n?o ? uma pr?tica que permeia os ve?culos de m?dia, os quais, na maioria dos casos, s?o alinhados com os interesses de seus donos e/ou de seus anunciantes.

Na segunda cena do filme do Homem-Aranha, o editor-chefe do jornal Clar?n Di?rio J. J. Jameson est? criticando a mat?ria de capa da edi??o anterior que destaca o famoso super-her?i sob a manchete: "Quem ? o Homem-Aranha?". Na opini?o de Jameson, um criminoso, um justiceiro, uma amea?a p?blica. A cena gira em torno da cr?tica de Jameson ao Homem-Aranha e da bronca em seus subordinados por t?-lo destacado como um her?i. Entretanto, o que chama aten??o nesta cena ? a ?nfase na mudan?a de postura de Jameson, que a princ?pio achava uma afronta a presen?a do Homem-Aranha na sua primeira p?gina (como ele pr?prio se expressa), at? quando soube que tal edi??o tinha esgotado as vendas, ent?o o editor pediu que se publicasse outra foto do Aranha na primeira p?gina da edi??o seguinte do jornal. Cena que mostra a import?ncia do editor na quest?o financeira das empresas de m?dia que, al?m do que comentamos, busca valorizar o conte?do mais "vend?vel" ? nota-se no background desta cena que Jameson est? palpitando sobre a negocia??o de espa?o publicit?rio em seu jornal, na qual revela em parte como o valor da not?cia e do anunciante equivale a determinadas p?ginas de destaque no ve?culo em detrimento da not?cia que ? veiculada.

Em suma, identificamos duas linhas de interesse que delineiam as editorias de um jornal, o interesse do dono, e o interesse financeiro. Deve-se considerar que esta cena, por mais que seja fict?cia, expressa a realidade editorial dos grandes ve?culos privados que, longe do ideal do HomemAranha, em primeira inst?ncia, sua responsabilidade ? para com seus pr?prios interesses, sejam esses ideol?gicos, publicit?rios e/ou financeiros.

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A utopia midi?tica do Super-Homem

A cena do filme Superman (1978) amplia a reflex?o sobre o valor ?tico levantado nos par?grafos anteriores em rela??o ao Homem-Aranha. Tomamos as falas do personagem Jor-El interpretado pelo ator Marlon Brando ao se dirigir a seu filho Kal-El, o super-homem, como uma interpreta??o do papel da m?dia para com a sociedade (cena dispon?vel na URL: ).

Kal-El convida seu filho para uma viagem aos confins do tempo e do espa?o, e fala dos grandes poderes que ele det?m mas ainda n?o sabe ? um detalhe que poderia ser associado ?s novas m?dias atrav?s do exerc?cio de reflex?o que nos tr?s essa cena, um meio cujos limites de seu poder comunicativo ainda s?o desconhecidos ?, sobretudo, Kal-El chama aten??o para a responsabilidade que Jor-El det?m sobre o povo terr?queo como inspira??o e lideran?a, e seu dever de servir a coletividade e gui?-la pelo caminho do bem ? que em nossa analogia ao mundo real podemos interpretar como o bem-comum, o mesmo que deve guiar os ?rg?os de m?dia, especialmente os jornal?sticos. Al?m de convocar seu filho para sua miss?o para com o povo da Terra, Kal-El enfatiza ? Jor-El que lhe ? proibido interferir na hist?ria da humanidade, mais um ideal de cunho ?tico que pode ser associado ? m?dia, cujo dever ? informar e conscientizar o p?blico para que este escreva a sua hist?ria, e n?o tentar moldar a informa??o em prol de interesses financeiros, ideol?gicos ou pol?ticos, dessa forma interferindo no palco p?blico, alterando sua hist?ria. Com esses valores esclarecidos por seu pai, enfim o super-homem est? pronto para servir a coletividade e assim inicia sua miss?o.

Naturalmente, uma associa??o entre o poder e a responsabilidade representada por um personagem como o Super-Homem com a m?dia, trata-se de uma compara??o injusta. A analogia entre o poder e a responsabilidade que ambos det?m para com a sociedade faz sentido, mas acreditar que a m?dia desempenha para com a humanidade o mesmo agir ?tico, seja do SuperHomem, do Homem-Aranha ou de outro grande mito contempor?neo similar, do gibi ou do cinema, ? pura utopia.

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Refer?ncias BUCCI, Eug?nio. Sobre ?tica e Imprensa. SP: Cia das Letras, 2000. Superman. Dir. Richard Donner. E.U.A.: Warner Brothers, 1978. The Spider-Man. Dir. Sam Raimi. E.U.A.: Columbia Pictures, 2002. VALLS, ?lvaro L. M. O Que ? ?tica? S?o Paulo: Brasiliense, 1996. WIKIPEDIA. A Enciclop?dia Livre. , 28/09/2007. YOUTUBE, Brasil. , 28/09/2007.

Pedroom Lanne 6

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