OS DESENHOS ANIMADOS NA MÍDIA TELEVISIVA: IMPLICAÇÕES PARA ...

IV Col?quio Internacional Educa??o e Contemporaneidade ISSN 1982-3657

1

OS DESENHOS ANIMADOS NA M?DIA TELEVISIVA: IMPLICA??ES PARA O IMAGIN?RIO INFANTIL

Glaucia Silva de Moura 1(UNEB/PPGEduc/CAPES) glauciauneb@.br Fabiana Sherine Ganem dos Santos 2(UNEB/PPGEduc) fabianagoa@

Resumo Este trabalho ? parte de uma experi?ncia pr?tica por ocasi?o da disciplina Educa??o, M?dia e Vida Cotidiana integrante do Programa de P?s-Gradua??o em Educa??o e Contemporaneidade - PPGEduc/UNEB, ministrada pelos docentes Lynn Alves e Augusto C?sar Leiro. A partir do v?deo intitulado "A gente brinca de virar her?i" produzido e apresentado na disciplina, refletimos que o desenho animado, movimenta o imagin?rio da crian?a, estimula a criatividade e ajuda no desenvolvimento cognitivo. Contudo, ? preciso atentar para o "di?logo" das crian?as com a tv e fazer interven??es sempre que necess?rio, possibilitando a intera??o das crian?as com o conte?do dos desenhos, mas tamb?m filtrando determinados desenhos e informa??es midi?ticas. Palavras-chave: Desenho animado; M?dia televisiva e Imagin?rio Infantil

Resumen Este trabajo es parte de una experiencia pr?ctica en ocasi?n de la disciplina Educaci?n, Medios de Comunicaci?n y la vida cotidiana integrar el Programa de Post-graduaci?n en la educaci?n y Contemporaneidad - PPGEduc/UNEB, dada por los maestros Lynn Alves y Augusto C?sar Leiro. Desde el video titulado "La gente tocando su vez h?roe" producido y presentado en la disciplina, nos damos cuenta que los ni?os jugando con tecnolog?a, con escenas asistida. As?, el dise?o animado, objeto de esta reflexi?n, mueve el imaginario de el ni?o, estimula la creatividad y ayudar en el desarrollo cognitivo Sin embargo, debemos mirar al "di?logo" de los ni?os con tv y hacer intervenciones cuando sea necesario, permitiendo la interacci?n de los ni?os con el contenido de los dise?os, pero tambi?n filtrando algunos dise?os y la informaci?n midi?ticas Palabras-clave: Dise?o animado; Medios de Comunicaci?n y televisi?n imaginario Infantil

1 Mestranda do Programa de P?s-gradua??o em Educa??o e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia-Uneb com orienta??o da Profa Dra. Verbena Maria Rocha Cordeiro. Pesquisadora do GRAFHO - Grupo de Pesquisa Autobiografia, Forma??o e Hist?ria Oral-Uneb.

2 Aluna especial do Programa de P?s-gradua??o em Educa??o e Contemporaneidade ? PPGEduc/UNEB.

IV Col?quio Internacional Educa??o e Contemporaneidade ISSN 1982-3657

2

A tem?tica deste artigo nasce do interesse e preocupa??o do grupo com quest?es referentes ao universo infantil, relacionadas ? m?dia televisiva e ao cotidiano da crian?a. Optamos por aprofundar o debate no que tange aos desenhos animados, e utilizar como objeto deste estudo a reflex?o acerca dos desenhos na m?dia televisiva e suas implica??es para o imagin?rio infantil, considerando a presen?a constante destes no cotidiano das crian?as. Foi feito um v?deo com crian?as falando sobre os seus desenhos animados prediletos, o motivo das escolhas e coment?rios sobre os desenhos. Durante as discuss?es algumas quest?es surgiram ? cena, tais como: Quais implica??es tem os desenhos animados no imagin?rio das crian?as? Como esses desenhos movimentam a rela??o com o consumo? Como as crian?as absorvem os apelos anunciados pela m?dia?

Ao falar da crian?a e da primeira etapa de vida do ser humano, a inf?ncia, faz-se necess?rio situar historicamente a concep??o deste universo que foi tecida ao longo da hist?ria, a crian?a era vista como um adulto em miniatura, n?o se percebia uma caracteriza??o do ser crian?a. "N?o existem crian?as caracterizadas por uma express?o particular, e sim homens de tamanho reduzido" Ari?s (1981). A partir destas ideias pode-se perceber que a crian?a n?o tinha espa?o para expressar sua opini?o, seu modo de ver o mundo. Sua percep??o acerca das coisas n?o era reconhecida, sendo apenas validadas na fase adulta. O per?odo em que era vista como "crian?a" de fato, que brincava que era paparicada, era justamente a fase que Ari?s denominou de paparica??o3, justamente a etapa em que entra em cena as brincadeiras, parte integral do desenvolvimento infantil com relev?ncia indiscut?vel para a vida das crian?as.

N?o obstante a este entendimento hist?rico foi retratado a rela??o do desenho animado com o imagin?rio infantil, a conex?o destes com o desenvolvimento da crian?a ao estabelecer uma rela??o com o l?dico, com o faz-de-conta e a possibilidade de criar e recriar auxiliando na maturidade cognitiva da crian?a. No entanto, essa conex?o tamb?m engendra outras implica??es como a rela??o da

3 Denomina??o dada por Ari?s aos primeiros anos de vida da crian?a, momento em que esta brincava e era paparicada, ou seja, faziam-se mimos, tinha-se um cuidado maior com o que caracterizava a inf?ncia, a saber brincadeiras e cuidados mais espec?ficos.

IV Col?quio Internacional Educa??o e Contemporaneidade ISSN 1982-3657

3

crian?a e o trato mercado-consumo j? que esta interlocu??o provoca rea??o direta no ambiente di?rio infantil.

Destarte, o artigo se organiza em tr?s partes: Breve concep??o de inf?ncia e a rela??o com o brincar ; Desenho animado e imagin?rio infantil: implica??es para o cotidiano da crian?a; O desenho animado e o trato mercado-consumo: faces da mesma moeda?

Durante as discuss?es e a partir do v?deo intitulado "A gente brinca de virar her?i" apresentado na disciplina supracitada a equipe percebeu que a crian?a brinca com a tecnologia, com as cenas assistidas. Brincam de virar o her?i do desenho, o Homem Aranha, o Batmam, de ter o poder do Ben 10 ou ainda de ser a princesa. Sendo assim, o desenho animado, objeto desta reflex?o, movimenta o imagin?rio da crian?a, estimula a criatividade e ajuda no desenvolvimento cognitivo, suas caracter?sticas s?o atrativas ao p?blico infantil, pois envolve com cores, movimento, aventura, suspense e fantasia presentes nos desenhos. Portanto, o desenho enquanto atrativo l?dico entendido nesta reflex?o como aspecto que est? imbricado na rela??o crian?a ? m?dia televisiva ? desenho animado ? imagin?rio ? consumo.

1.0 Breve concep??o de inf?ncia e a rela??o com o brincar

Este texto contempla, brevemente, as concep??es de inf?ncia e crian?a ao longo da hist?ria na humanidade. Isto porque, ser crian?a na sociedade contempor?nea ? diferente, de ser crian?a nos per?odos hist?ricos anteriores, principalmente, no que se refere aos atrativos l?dicos existentes em cada ?poca. Abordaremos a import?ncia da brincadeira sob a luz de Piaget, Vygotsky, Friedmann, Bettelheim, dentre outros que, como aportes te?ricos, nos possibilitam pensar a brincadeira como elemento de constru??o do imagin?rio infantil, uma filosofia de vida das crian?as, al?m de um caminho para o desenvolvimento das suas potencialidades cognitivas, afetivas, criativas e sociais.

H? in?meros estudos que resgatam as concep??es de inf?ncia e crian?a na hist?ria da humanidade. Entretanto, ainda que a inf?ncia tenha existido desde os prim?rdios, consider?-la como categoria social s? foi poss?vel a partir dos s?culos XVII e XVIII.

IV Col?quio Internacional Educa??o e Contemporaneidade ISSN 1982-3657

4

Estudos baseados em Ari?s (1981) e Cordeiro e Coelho (1993) comprovam que levou muito tempo para que os pesquisadores estudassem sobre inf?ncia, considerando a crian?a como sujeito hist?rico e de direitos.

O longo caminho entre a crian?a vista como um adulto pequeno, um ser "invis?vel", "an?nimo", seja de sentimentos e/ou pensamentos perante a sociedade, at? torn?-la "visivelmente" importante, exerce influ?ncia tanto nesta sociedade como no mercado industrial, ambos influenciaram as quest?es que envolvem as crian?as. Nos dias atuais, a crian?a j? ? considerada como um indiv?duo que tem sua pr?pria personalidade, ou seja, possui uma natureza ?nica, onde pensa e sente o mundo de um jeito muito pessoal.

Crian?a ? o indiv?duo na inf?ncia. Segundo o Dicion?rio Aur?lio (1975, crian?a ? ser humano de pouca idade. Na sua origem etimol?gica, o termo "inf?ncia em latim ? infans, que significa sem linguagem. No mesmo dicion?rio, a inf?ncia est? definida como um per?odo de crescimento, no ser humano, que vai do nascimento at? a puberdade. No entanto, muitos estudiosos defendem outra ideia para caracterizar a fase da inf?ncia. Neil Postman, professor de Comunica??o da Universidade de Nova York no livro o desaparecimento da inf?ncia (1999) postula a ideia de que a diferen?a entre adultos e crian?as est? na brincadeira e na rela??o da crian?a com o brinquedo. O fato da crian?a brincar desenvolve a capacidade humana e a cria??o das ideias, estimulando a constru??o do imagin?rio infantil, al?m de ser um espa?o de constru??o de conhecimento.

Piaget (1967), psic?logo e criador da teoria do desenvolvimento da crian?a, tamb?m acredita ser a brincadeira como essencial na vida da crian?a, pois ela favorece o desenvolvimento f?sico, cognitivo, afetivo, social e moral. ? a partir das brincadeiras que a crian?a pode construir novos conceitos, desenvolvendo a sua forma de encarar o mundo. Na vis?o s?cio-cultural de Vygotsky (1998), as brincadeiras s?o atividades que se originam na inf?ncia, onde a crian?a recria a realidade usando sistemas simb?licos. S?o atividades nas quais, imagina??o e realidade interagem na cria??o de novas possibilidades de express?o e de a??o, assim como de novas formas de construir rela??es sociais com outros sujeitos. Essa ideia consubstanciase com o pensamento de Friedmann (1996) ao afirmar que a brincadeira pode ser

IV Col?quio Internacional Educa??o e Contemporaneidade ISSN 1982-3657

5

utilizada como forma de incentivar o desenvolvimento humano por meio de

diferentes dimens?es, a saber:

o desenvolvimento da linguagem: onde ? um canal de comunica??o de pensamentos e sentimentos. O desenvolvimento moral: ? um processo de constru??o de regras numa rela??o de confian?a e respeito. O desenvolvimento cognitivo: d? acesso a um maior numero de informa??es para que, de modo diferente, possam surgir novas situa??es.O desenvolvimento afetivo: onde facilitem a express?o de seus afetos e suas emo??es.O desenvolvimento f?sicomotor: explorando o corpo e o espa?o a fim de interagir no seu meio integralmente . (FRIEDMANN, 1996)

Portanto, as brincadeiras para as crian?as possibilitam a compreens?o do mundo a

sua volta, o entendimento das coisas, servindo como express?o ou linguagem dos

seus processos internos. (Bettelheim, 1988). Corroborando com essa ideia, o

Referencial Curricular Nacional para a Educa??o Infantil (RCNEI, 1998), define o

brincar como:

um espa?o no qual se pode observar a coordena??o das experi?ncias pr?vias das crian?as e aquilo que os objetos manipulados sugerem ou provocam no momento presente. Pela repeti??o daquilo que j? conhecem, utilizando a ativa??o da mem?ria, atualizam seus conhecimentos pr?vios, ampliando-os e transformando-os por meio da cria??o de uma situa??o imagin?ria nova. Brincar constitui-se, dessa forma, em uma atividade interna das crian?as, baseada no desenvolvimento da imagina??o e interpreta??o da realidade, sem ser ilus?o ou mentira (RCNEI, 1998).

Quando brincam, as crian?as recriam e repensam os epis?dios que deram origem ? brincadeira, sabendo que est?o brincando. O indicador mais importante do brincar ? o papel que as crian?as assumem enquanto brincam. "Ao adotar outros pap?is na brincadeira, as crian?as agem frente ? realidade de maneira n?o-literal, transferindo e substituindo suas a??es cotidianas pelas a??es e caracter?sticas do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos" (RCNEI, 1998).

Neste contexto, a inf?ncia ? percebida como um per?odo que precisa ser valorizado e a crian?a vista com um ser "que sabe observar o mundo que a cerca [...] sabe olhar e pensar com a sua pr?pria cabe?a" (ZABALZA, 1998). Entende-se, portanto que a crian?a n?o s? compreende, mas consegue estabelecer rela??es com o que v? e aprende. Estes sujeitos agora possuem um lugar na sociedade, na qual deve haver um espa?o n?o somente para seus cuidados, mas para o seu

................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download