6 Os desenhos animados e a produção cultural das crianças

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6 Os desenhos animados e a produ??o cultural das crian?as

Trago nesse cap?tulo os sentidos que as crian?as das escolas p?blica e particular produziram, atrav?s de narrativas orais e escritas, sobre os desenhos animados que elas mesmas escolheram.

6.1 O que ?, na vis?o das crian?as, um bom desenho animado

"Nos desenhos animados feitos em s?rie e destinados ao p?blico infanto-juvenil, em apenas cinco minutos a crian?a pode acompanhar seu personagem preferido numa floresta, em alto-mar, debaixo da terra, nas profundezas dos mares, no espa?o sideral, numa viagem aos prim?rdios da humanidade, e v?-lo afundado, queimado, cortado em v?rias partes, inflado como um bal?o, e em quest?o de segundos outra vez recomposto, como se um instante atr?s nada houvesse acontecido." (Fischer, 1984, p. 60)

Lendo essa descri??o de desenho animado, hoje, pode-se dizer que essa ? apenas uma das formas dos desenhos animados se apresentarem, mas n?o ? a ?nica e que, como se ver?, as crian?as n?o est?o escolhendo e se identificando mais tanto com a estrutura desses desenhos que, pela descri??o da autora, podem nos indicar desenhos como Pica-pau, Tom e Jerry, entre outros do g?nero. S?o esses os desenhos que as crian?as da pesquisa disseram ser do tempo dos adultos e que trazem um estilo diferente dos desenhos mais apreciados.

O desenho animado no estudo de Fischer na d?cada de 80 trabalha com a l?gica do "tudo ? poss?vel" e ? um jogo em que vale tudo. Em tais desenhos os personagens podem assumir formas diferentes e ? curto o tempo da hist?ria que dura, em geral, cinco minutos. Os desenhos escolhidos pelos sujeitos da pesquisa t?m sempre uma estreita rela??o com situa??es do seu cotidiano e duram em torno de meia hora cada um deles. Os desenhos mudaram mas, concordando com Fischer, parece que os desenhos continuam sendo a forma de express?o que mais

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se presta ? comunica??o com as crian?as n?o sendo, portanto, gratuita a escolha que fazem desse tipo de narrativa. Os tr?s desenhos escolhidos em vota??o pelas crian?as da escola p?blica e particular t?m aspectos em comum que tamb?m aparecem em muitos outros desenhos da atualidade. Neles os personagens centrais s?o todos crian?as vivendo situa??es relativas ao seu cotidiano, enfrentando perigos, resolvendo problemas ou participando de forma ativa da vida da fam?lia e dos acontecimentos em geral. S?o crian?as que t?m uma visibilidade que antes n?o era tematizada em nenhum dos desenhos antigos como Tom e Jerry, Pica-pau, Popeye, entre outros em que os personagens principais, her?is e vencedores, s?o sempre adultos.

"Mas tudo isso ? coisa de desenho animado! N?o passa de fic??o! No mundo real, a vida ? bem diferente! Ser??" (Salgado, 2003) Nossa hip?tese ? a de que, da mesma forma como os desenhos mudaram, mudaram tamb?m as crian?as que os assistem, e de que as produ??es destinadas ? inf?ncia n?o est?o descontextualizadas da identidade das crian?as de hoje e das escolhas que elas fazem. E qual seria a identidade da crian?a de hoje?

A resposta a essa quest?o poderia ser buscada nos depoimentos das crian?as sobre o que seria, para elas, um bom desenho animado: as opini?es variaram bastante da escola p?blica para a escola particular. As crian?as da escola particular levantaram os aspectos a seguir como indicativos de um bom desenho ou da escolha dos seus desenhos preferidos:

Tem que ser engra?ado (com sentido e/ou sem sentido) Ser variado, n?o-repetitivo Ter personagens com apar?ncia diferente Ter personagens parecidos com eles Mostrar o que acontece na vida dos outros. Desenhos que contam a vida da personagem, mostram a sua intimidade, a casa dela por dentro... Desenhos com mudan?as de pap?is de bom e mau em que o mau pode virar o bom, o bem pode vencer ou pode perder, entre outras situa??es em que os pap?is de bom e mau n?o s?o sempre definidos. Desenhos s?rios com aventura

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Quase toda a turma da escola particular concorda com estes aspectos levantados para definir um bom desenho, destacando-se apenas dois meninos que trouxeram o aspecto "desenhos s?rios com aventura" no qual encaixam desenhos japoneses (anim?s) tais como Samurai X e Dragon Ball, n?o escolhidos pela maioria da turma. No entanto, o aspecto comum aos dois grupos foi o da mudan?a de pap?is em que, dependendo da situa??o, bons ou maus podem ser vencedores ou perdedores. Tal aspecto pode ser observado nas opini?es seguintes:

GABRIELA: Eu n?o gosto quando os bonzinhos s?o bonzinhos para sempre, tem que ser certinhos e tudo o mais... Eu gosto quando os bonzinhos s?o maus ?s vezes... (rindo) GUSTAVO: Eu n?o gosto quando os bons sempre vencem e os maus sempre t?m que perder. (...) Acho que ? legal acontecer os dois, s? para variar.

Ao comentar sobre o que gostam falam tamb?m do que n?o gostam. Suas opini?es apontam para as formas de estrutura??o dos desenhos, na linearidade e na rapidez:

J?LIA: ? chato quando n?o acontece nada... Fica assim tudo parado... THIAGO: Chato ? um liiindo final feliz e eles vivendo feliiizes para sempre. Eu acho chato esse neg?cio de "era uma vez" e no final "e viveram felizes para sempre"... Muito chato!

Na escola p?blica as respostas apontaram que um bom desenho deve "ter muita aventura, a??o e emo??o, divers?o. Tamb?m com?dia, alegria. E terror, suspense." E o que seria, para eles, um desenho com aventura? E uma com?dia? E um desenho com terror e suspense? Pedi que explicassem melhor o que diziam e eles responderam o seguinte:

Um desenho com aventura tem que ter personagens her?is que fazem muitas coisas e que fazem coisas que nem todo mundo faz: s?o corajosos e encaram o que vem pela frente; enfrentam inimigos, passam por desafios, v?o a v?rios lugares, enfrentam o perigo e salvam os outros, o mundo, fazem o bem vencer o mal.

Um desenho com terror tem que assustar as pessoas, matar e ter suspense... Um desenho com com?dia ? que faz a gente rir a toda hora, tem palha?ada e a gente d? gargalhadas. Tem desenhos que n?o tem com?dia (s?o s?rios) como

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Thunder Cats, Dragon Ball, Homem Aranha, por exemplo. Outros fazem todo mundo rir como Meninas Super-poderosas e Simpsons.

Em rela??o aos desenhos com com?dia uma das crian?as da mesma escola ressaltou que h? n?veis diferentes de com?dia. Segundo ela, "os desenhos que fazem todo mundo rir (crian?a, adolescente ou adulto) s?o aqueles que tem uma faixa alta de com?dia." Mas disse que tem desenhos que "t?m uma faixa baixa ou m?dia de com?dia e a? n?o ? todo mundo que ri." Esse ? o caso dos desenhos japoneses em que as opini?es das crian?as da escola p?blica explicitam melhor esse aspecto:

LET?CIA: Todo desenho, a maioria, tem com?dia mas a maioria dos japoneses n?o t?m. GABRIEL: Tem um pouco de com?dia como nas lutas que sempre tem uma situa??o engra?ada. EDUARDA: ?, mas os desenhos que n?o s?o japoneses t?m mais com?dia.

Dessa maneira, as crian?as da escola p?blica ressaltam que desenhos como Meninas Super-poderosas e Os Simpsons s?o desenhos que, segundo foi trazido por uma das crian?as, t?m uma faixa alta de com?dia porque fazem todo mundo rir, o que n?o ? o caso dos desenhos japoneses ou anim?s que n?o costumam ser t?o engra?ados.

Os aspectos relativos ao bom desenho trazidos pelos grupos de crian?as das duas escolas apontam para algumas diferen?as. Na escola particular as crian?as comentam que o bom desenho n?o pode ser lento, tem que ter uma estrutura flex?vel, ou seja, n?o precisa come?ar sempre pelo "era uma vez" e terminar pelo "viveram felizes para sempre", n?o deve ter pap?is fixos como o bom que ? somente bom e o mau que ? somente mau, mas deve ter bons que s?o maus e maus que s?o bons pois ressaltam que todos n?s temos os dois lados. Numa conversa me disseram que uma das personagens de um desenho preferido, a Sakura, nem sempre ? corajosa, ela tamb?m tem medo como eles. Na escola p?blica as crian?as trouxeram outros aspectos indicativos de um bom desenho denotando uma estrutura narrativa mais fixa, com final feliz do bem vencendo o mal e com os pap?is bem delimitados em que o her?i ? aquele que ? corajoso e

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que vence fazendo o bem vencer o mal. Que media??es poderiam estar determinando tais diferen?as?

A forma como as crian?as percebem os relatos dos desenhos pode estar se referindo ao modo como constroem a sua identidade. Canclini (1999) lembra que as transforma??es constantes nas tecnologias de produ??o, na comunica??o entre sociedades e na amplia??o de desejos e expectativas tornam inst?veis as identidades, antes fixadas em repert?rios exclusivos de uma ?poca ou de um local, parte de uma hist?ria. A mudan?a constante cria um novo padr?o em que o novo, o atual ? um valor acima do pr?prio valor. O autor faz uma diferencia??o entre as identidades modernas e as p?s-modernas. As identidades modernas eram territoriais, vinculavam-se a regi?es e etnias definidas e eram monolingu?sticas porque homogeneizavam os valores dentro dos padr?es modernizadores e lidavam a partir de comunica??es orais e escritas que se efetuavam atrav?s de intera??es pr?ximas. As identidades p?s-modernas s?o transterritoriais, ou seja, n?o se prendem a um territ?rio definido, circulam por diferentes espa?os e s?o multilingu?sticas porque operam baseadas, n?o nas comunica??es orais e escritas, mas na produ??o industrial da cultura pela comunica??o tecnol?gica que rearticula os padr?es pelo consumo diferenciado de bens. Assim, n?o existem mais valores pr?-definidos iguais para todos.

O fato das crian?as da escola particular trazerem em suas falas uma vis?o mais flex?vel acerca dos valores e dos pap?is sociais e, em contrapartida, as da escola p?blica estarem mais ligadas a uma vis?o mais tradicional desses valores e pap?is poderia ser interpretado a partir de algumas media??es: (1) o maior ou menor contato das crian?as com a variedade de meios e tecnologias de comunica??o, (2) o acesso diferenciado dos grupos aos produtos narrativos audiovisuais; (3) a conviv?ncia com estruturas familiares e escolares com pap?is sociais mais ou menos definidos.

O que importa aqui n?o ? valorizar ou tomar partido de uma ou outra vis?o, incorrendo no risco de analisar as falas das crian?as apocal?ptica ou integradamente. O importante ? poder discernir que a defini??o de um bom desenho passa por diferentes media??es e, nesse sentido, tais opini?es podem modificar-se na rela??o com outras intera??es significativas.

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6.2 O que as crian?as narram, escrevem e desenham sobre os desenhos Os Simpsons, Sakura e Ginger

Como as crian?as de cada escola, que se configuram como comunidades interpretativas diferentes com escolhas e acessos a produtos diferenciados, percebem os desenhos animados consumidos? Para essa an?lise foram trazidos, dos desenhos utilizados na oficina, apenas os que foram eleitos pelos dois grupos de crian?as em vota??o.

Para efeitos de orienta??o do leitor ser? apresentada uma breve an?lise estrutural de cada desenho. A an?lise foi baseada em alguns dos crit?rios definidos por Rosa Maria Bueno Fischer em seu livro Televis?o e Educa??o, entre eles: o g?nero, os limites entre realidade e fic??o na narrativa, a quem o desenho se endere?a, os temas que s?o tratados nele e o modo de trat?-los, com que linguagens se constr?i o programa (planos, sonoriza??o, imagens), al?m de minhas impress?es pessoais sobre cada um dos desenhos. Os desenhos analisados ser?o Os Simpsons (escola p?blica), Sakura (escola p?blica e particular) e Ginger (escola particular).

Os simpsons

O g?nero desse desenho pode ser identificado com a com?dia mostrando situa??es em que a ignor?ncia e o aspecto grotesco do personagem principal, o Homer, sobressaem em v?rias situa??es em que est? impl?cita a cr?tica social. A estrutura narrativa desse desenho mistura elementos de fic??o e realidade. A "fic??o" faz parte dos momentos de com?dia ou dos momentos de tens?o/cl?max do desenho. Como exemplo citamos um epis?dio em que o pai de Homer na volta de uma viagem reclama que deseja ir ao banheiro. O filho n?o o atende, segue adiante e todos os cen?rios que aparecem na estrada (privadas gigantes, banheiros e placas indicando ?reas de lazer com banheiros maravilhosos) refor?am e

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aumentam o drama do pai. A fic??o pode tamb?m ser identificada com a ignor?ncia de Homer, personagem principal da s?rie, atrav?s do qual faz-se criticas ? ignor?ncia da classe m?dia americana. Num dos epis?dios observados Homer frita ovos e bacon para dar de comer a uma lagosta que resolve criar num aqu?rio, coloca sua filha dentro do congelador, dentre outros fatos do g?nero. A s?tira do desenho brinca com os elementos de fic??o e realidade enfatizando ora um, ora outro ou utilizando a combina??o alternada dos dois dependendo do impacto que deseja causar.

Observou-se a exibi??o do desenho nos canais SBT e FOX. No primeiro o desenho ? exibido diariamente as 18:30 e os an?ncios dos intervalos s?o os dos programas Show do Milh?o, a Pequena Travessa (novela mexicana), e produtos como o iogurte Corpus com menos calorias e no segundo a exibi??o do desenho acontece ?s 20:30 e as propagandas nos intervalos anunciavam produtos como Site Terra, Chocolates Kopenhagen, Cola-cola, impressoras Epson, Desodorante Axe, Nova Ranger, Produtos Panasonic, Listerine, escova Colgate Navigator e Toddy pronto. Os programas anunciados nos v?rios intervalos do desenho foram, entre outros, os seriados "Greg the Bunny", "Girlsclub", "Mortos de Fome", "Buffy, a ca?a-vampiros" e "Ilha da sedu??o". Pelos an?ncios dos intervalos percebe-se que o desenho ? endere?ado ao p?blico jovem e adulto. Os an?ncios apontam que n?o s?o as crian?as o p?blico a quem o desenho se endere?a prioritariamente pois, mesmo tendo um ou outro an?ncio de produto ou programa indicado para o p?blico infantil, a maioria dos an?ncios deseja atingir um p?blico jovem e adulto.

O desenho trata de temas como a desonestidade, a corrup??o, as apar?ncias, as mentiras, formas de curtir a vida, pap?is de homem e mulher, jogos de azar, drogas, ego?smo, abandono dos idosos, quest?es pol?ticas, entre outros. A fam?lia Simpson e os moradores da cidade s?o todos coniventes com tais situa??es de desonestidade, corrup??o, mentiras que aparecem como "naturais" para a maioria dos habitantes, apontando uma sociedade em que o principal objetivo ? cada um se "dar bem". Tal situa??o ? contrabalan?ada com algumas cr?ticas que surgem, de forma mais contundente, pela Lisa, filha de Homer e, ?s vezes, por parte da mulher de Homer, a Marge, que em alguns momentos sente-se culpada pelas atitudes do marido e orienta os filhos enquanto, em outros, ignora as atitudes do

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marido ou dos filhos. Qualquer que seja o seu posicionamento ela nunca ? escutada pelo marido que ignora suas opini?es solenemente.

A produ??o do desenho brinca com elementos usados na produ??o de filmes utilizando trilhas sonoras, planos e seq??ncias visuais que nos remetem ? produ??o cinematogr?fica. Assim, pretende fazer uma s?tira, uma fina cr?tica social e utiliza recursos sofisticados de produ??o cinematogr?fica n?o presente na maioria dos desenhos.

Como exemplo podemos trazer a descri??o de um epis?dio em que Homer leva a fam?lia para visitar uma cidade fantasma do Oeste e seu carro engui?a na estrada em frente ao asilo em que vive seu pai. O foco est? primeiro no nome do asilo, na cara apavorada de Homer ao ver o pai e depois no pai que fica contente por rever o filho. Depois v?-se de dentro do carro o pai de Homer andando em dire??o ao carro, depois, de fora do carro, Homer tentando fazer o carro pegar e dizendo "Ai, ai, ai..." tentando, a todo custo, evitar o encontro com o pai. O foco passa para tr?s do pai que vem em dire??o ao carro com os bra?os esticados (como o de um monstro que vem "pegar") tendo o acompanhamento de uma trilha sonora t?pica de filmes de terror. Ele vem falando numa entona??o assustadora simulando a dos filmes "Filhoooo, voc? se lembrooouuu de mimmm... Se lembrou do meu anivers????riooooo..." A fam?lia est? im?vel dentro do carro. De dentro do carro o pai ? mostrado aproximando-se pouco a pouco do carro e Homer grita "N????OO!!". Lisa, tamb?m dentro do carro, v? um velhinho se aproximar e grita, se assustando com ele, que larga sua bengala e vai embora. Essa constru??o ao mesmo tempo em que pode parecer apenas "engra?ada", esconde uma cr?tica sutil ao modo como s?o vistos os idosos nessa sociedade. Essa cr?tica enfatiza os elementos de sua s?tira ao "brincar" com os elementos cinematogr?ficos para aumentar o impacto das v?rias cenas. Assim, a riqueza do desenho est? nos detalhes, nas palavras que pronunciadas num momento espec?fico d?o o tom da cr?tica mas que tamb?m podem passar desapercebidas a um espectador menos atento e que as ouve vendo apenas o seu lado engra?ado e n?o seu aspecto cr?tico.

A seguir descrevemos brevemente cada um dos personagens. Homer Simpson ? pai, marido, bebedor de cerveja. ? um trapalh?o que procura tirar vantagem das situa??es para poder desfrutar do que n?o poderia ter. ? meio ego?sta, infantil e disputa com os filhos cada coisa. ? casado com Marge

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