CAPITÃO DÓLAR: A REPRESENTAÇÃO DO IMIGRANTE …

[Pages:25]CAPIT?O D?LAR: A REPRESENTA??O DO IMIGRANTE VALADARENSE NA M?DIA IMPRESSA LOCAL NO IN?CIO DA D?CADA DE 1990.

RESUMO

Juliana Vilela Pinto1

A partir dos anos de 1980, d?cada em que o movimento migrat?rio de Valadarenses rumo aos Estados Unidos deixou de ser espor?dico e se transformou em um fluxo constante e crescente, a quest?o come?ou a ganhar destaque na m?dia impressa local, nacional e internacional. O peri?dico local Di?rio do Rio Doce conferiu tanto destaque ? quest?o que nos anos de 1990 lan?ou um personagem para homenagear os milhares de compatriotas que deixaram a terra natal rumo ao pa?s do Tio Sam. A proposta deste artigo ? fazer uma an?lise deste personagem, o "Capit?o D?lar", que representa o estere?tipo de um valadarense deslumbrado e que v? nos Estados Unidos a melhor alternativa para uma vida melhor. Para tanto, as tirinhas ser?o submetidas ao procedimento de an?lise de conte?do e, tamb?m ser? feito, a partir de um levantamento bibliogr?fico, um hist?rico sobre o territ?rio valadarense e sua rela??o com o fen?meno da migra??o internacional contempor?neo, fortemente marcado pela globaliza??o.

Palavras chave: migra??o internacional, Governador Valadares, Globaliza??o

ABSTRACT

Since the 1980s, the decade in which the migration of Valadarenses to the United States ceased to be sporadic and became a steady and growing, the issue came to prominence in the press locally, nationally and internationally. The local newspaper Di?rio do Rio Doce has given so much prominence to the issue that in 1990 launched a character to honor the thousands of compatriots who left their homeland into the country of Tio Sam. The purpose of this paper is to analyze this character, "Captain Dollar," which is the stereotype of a Valadares dazzled and sees the United States of America the best hope for a better life. For this, the strips are then submitted to content analysis and will also be done from a literature review provides background on the territory of Governador Valadares and its relation to the phenomenon of contemporary international migration, strongly marked by globalization.

Keywords: international migration, Governador Valadares, Globalization

1 Jornalista, graduada pela Universidade Vale do Rio Doce, mestranda do Programa de Mestrado em Gest?o Integrada do Territ?rio da Univale.

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1. INTRODU??O

A comunica??o ? um elemento essencial para os processos de sociabilidade humana, dentre os quais ? importante destacar a constru??o da mem?ria e da identidade. O passado pode ser observado, compreendido e, conseq?entemente narrado de formas diversas. Os jornalistas retratam este passado e os jornais servem de fonte quando precisamos resgatar ou estudar um determinado assunto, como ? o caso da migra??o de valadarenses para os Estados Unidos.

A comunica??o ?, tamb?m, agente ativo no processo de constru??o hist?rica, deixando marcas ao longo de toda a trajet?ria da humanidade. Desta forma, se comporta como um elemento potencial da mem?ria, que pode ser recuperada como tra?o distintivo de identidades coletivas e individuais acerca do passado institu?do. Em uma realidade midiatizada, a comunica??o ? cada dia mais relevante no eterno jogo entre mem?ria e esquecimento, que marca a exist?ncia humana.

Os ?ltimos s?culos acompanharam uma evolu??o tecnol?gica desenfreada com a cria??o dos tel?grafos, do cinema, do r?dio, da televis?o e, mais recentemente, da internet, capaz de conectar, em tempo real, pessoas espalhadas pelos mais diversos rinc?es do mundo. Haesbaert (2004) destaca a fragiliza??o das fronteiras e a mobilidade constante, seja ela concreta ou simb?lica, em que se transformou a nossa vida. Neste contexto, a comunica??o de massa emerge como um territ?rio simb?lico, ou seja produto da apropria??o simb?lica de um grupo em rela??o ao seu espa?o vivido.

No caso da cidade de Governador Valadares o tema da migra??o foi abordado pela m?dia impressa das mais diversas formas, principalmente a partir da segunda metade dos anos de 1980, fase em que ? registrado um verdadeiro boom migrat?rio. Este artigo surge com base em uma pesquisa realizada no arquivo do jornal Di?rio do Rio Doce, o principal peri?dico da cidade. A partir da observa??o e leitura de todo o conte?do sobre o tema publicado entre 1980 e 1995 foi poss?vel encontrar reportagens, cr?nicas, charges e at? mesmo suplementos especiais com circula??o no Brasil e Estados Unidos, cujo conte?do traz reportagens para manter os imigrantes informados sobre a terra natal e tamb?m mostrava aos moradores de Governador Valadares como era a vida dos conterr?neos na terra do Tio Sam.

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Dentre todo o conte?do analisado, uma seq??ncia de hist?rias em quadrinho sobre o tema da imigra??o chamou a aten??o. No dia 11 de julho de 1990 foi lan?ado o personagem "Capit?o D?lar", criado pelos publicit?rios Cl?vis Moreira Costa e Marcondes Tedesco. Em reportagem publicada pelo jornal no dia 31 de janeiro de 1991 os criadores definem o "her?i" como um valadarense que volta dos Estados Unidos cheio de si.

A proposta deste artigo ? fazer uma an?lise de conte?do destas "tirinhas" que circularam diariamente no jornal entre julho de 1990 e setembro de 1991. Em um ano e tr?s meses foram publicadas mais de 400 hist?rias, cujo conte?do trabalha de forma ir?nica a rela??o existente entre a comunidade valadarense e o fen?meno migrat?rio na era global.

2. O NOVO CONTEXTO MIGRAT?RIO NO CEN?RIO DA GLOBALIZA??O

Para que possamos compreender o conte?do das tirinhas e a rela??o existente entre Governador Valadares e a Terra do Tio Sam ? preciso voltar no tempo e analisar o processo de territorializa??o e o hist?rico da cidade, fortemente marcada pelo fen?meno da migra??o internacional.

A migra??o ? parte do processo civilizat?rio dos seres humanos. Mas, no caso do Brasil, o cen?rio recente contraria a hist?ria do pa?s, pois acontecia, at? o s?culo passado, o inverso do processo migrat?rio registrado nos dias de hoje. O Brasil era um pa?s marcado pela imigra??o e caracterizado pela aptid?o acolhedora e a chegada destes imigrantes provocou mudan?as consider?veis na forma??o do territ?rio brasileiro.

Quando abordamos o conceito de territ?rio ? importante fazer uma distin??o no que se refere ao espa?o. Estes n?o s?o termos equivalentes. Raffestin (1993) define que um territ?rio ? formado a partir do espa?o2 e compreende o resultado de uma a??o conduzida por ator sintagm?tico3 ? quando o espa?o ? apropriado, seja de forma concreta ou abstrata (por uma representa??o, por exemplo), ocorre o processo de

2 O espa?o ? anterior ao territ?rio. O territ?rio se ap?ia no espa?o, mas n?o ? o espa?o. ? uma produ??o, a partir do espa?o. 3 Ator que a realiza um programa

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territorializa??o. O territ?rio ? entendido como o espa?o socialmente apropriado, produzido, dotado de significado. Neste territ?rio s?o firmadas as rela??es de poder estabelecidas pelos homens e o espa?o ? constantemente modificado.

O territ?rio (...) [?] um espa?o onde se projetou um trabalho, seja energia e informa??o, e que, por conseq??ncia, revela rela??es marcadas pelo poder. O espa?o ? a "pris?o original'', o territ?rio ? a pris?o que os homens constroem para si. (RAFFESTIN, 1993, p.2).

Deleuze e Guattari (apud HAESBAERT, 2004) prop?em uma no??o mais ampla de territ?rio, como um dos conceitos chave da filosofia, em dimens?es que v?o do f?sico ao mental, do social ao psicol?gico e de escalas que v?o desde um galho de ?rvore desterritorializando at? as reterritorializa??es absolutas do pensamento. ? necess?rio ver como cada um, em qualquer idade, nas menores coisas, como nas maiores prova??es, procura um territ?rio para si, suporta ou carrega desterritorializa??es e se reterritorializa.

J? Santos (2002) compreende que o territ?rio ? formado no desenrolar da hist?ria, a partir da apropria??o humana de um conjunto natural pr?-existente, sendo configurado pelas t?cnicas, meios de produ??o, objetos e coisas: pelo conjunto territorial e a dial?tica do pr?prio espa?o. O autor destaca a import?ncia dos aspectos sociais, econ?micos, pol?ticos e culturais que se entrela?am de acordo com o movimento na sociedade no decorrer da hist?ria

No Brasil, por exemplo, a chegada dos imigrantes trouxe modifica??es profundas na estrutura social, econ?mica e demogr?fica e tamb?m teve papel importante na evolu??o e na forma??o da composi??o da popula??o brasileira, marcando um processo constante de territorializa??o e reterritorializa??o do espa?o. Ao chegarem os indiv?duos ocupam pontos no espa?o e s?o distribu?dos a partir de modelos que podem ser aleat?rios, regulares ou concentrados.

Certamente, nos dias de hoje a chegada de brasileiros tamb?m provoca altera??es consider?veis na estrutura territorial dos pa?ses de destino. No entanto, os novos fluxos migrat?rios apresentam caracter?sticas muito diferentes do processo que trouxe milhares de estrangeiros para o Brasil O mundo global, contexto em que est?o inseridos os novos fluxos, exige a reavalia??o de paradigmas e teorias.

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Ianni (1996) destaca que com o advento da globaliza??o o mapa do mundo se embaralha e a hist?ria entra em movimento. As for?as produtivas ultrapassam as fronteiras geogr?ficas, hist?ricas e culturais, em um processo "...que desafia, rompe, subordina, mutila, destr?i ou recria outras formas sociais de vida e de trabalho, compreendendo modos de ser, pensar, agir, sentir e imaginar" (IANNI, 1996, p.2)

De acordo com Giddens (1999) a globaliza??o, ao ignorar tempo e dist?ncia, acabou com as fronteiras geogr?ficas ligando economias, mercados e sociedades. Gra?as ?s novas formas de intera??o social, lan?adas com o advento das novas tecnologias de comunica??o, mesmo ? dist?ncia, um agente social de um determinado pa?s pode influenciar na pol?tica, economia ou at? mesmo nos costumes em escala planet?ria.

Neste contexto, est?o inseridos os novos fluxos migrat?rios. Como destaca Assis (1995), eles se d?o em um mundo cada vez menor e mais conectado, gra?as ao desenvolvimento dos meios de comunica??o, dos transportes e da inform?tica. Desta forma, evidencia-se um contexto de migra??es transnacionais, que amplia possibilidade de rela??es sociais entre a origem e a sociedade de destino, entre o local e o global.

O surgimento das chamadas cidades globais, provoca a "dispers?o das atividades econ?micas pelo mundo" (IANNI, 1996, p. 3), as fronteiras nacionais s?o rompidas em um processo de desterritorializa??o e reterritorializa??o de pessoas, coisas e id?ias. H? uma disjun??o espa?o-temporal e o conseq?ente surgimento de espa?os transnacionais, que transformam certas cidades e regi?es em um "emp?rio de mercadorias do mundo" (SASSEN, 1998).

Mas ? importante destacar, como ressaltam as pesquisadoras Assis e Siqueira (2009), que esta globaliza??o, apesar de conectar o mundo em tempo real, tamb?m tem sua face excludente. Ao passo em que o dinheiro, as mercadorias, os turistas e os viajantes t?m a possibilidade de circular livremente entre os pa?ses os imigrantes j? n?o encontram a mesma facilidade na hora de cruzar a fronteira.

Apesar de parecer um processo homogeneizador, a globaliza??o traz diferencia??o e fragmenta??o. Como descreve Ianni (1996) a sociedade global ? atravessada por um desenvolvimento desigual e contradit?rio em que as mesmas for?as promovem integra??o, desagregam: contradizem.

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Patarra (2006) destaca que neste contexto global os movimentos migrat?rios devem ser compreendidos como uma den?ncia.

(...)os movimentos migrat?rios internacionais representam a contradi??o entre os interesses de grupos dominantes na globaliza??o e os Estados nacionais, com a tradicional ?ptica de sua soberania; h? que tomar em conta as tens?es entre os n?veis de a??o internacional, nacional e local. Enfim, h? que considerar que os movimentos migrat?rios internacionais constituem a contrapartida da reestrutura??o territorial planet?ria intrinsecamente relacionada ? reestrutura??o econ?mico-produtiva em escala global. (PATARRA, 2006, p. 8)

3. O TERRIT?RIO VALADARENSE E O FENOMENO MIGRAT?RIO

A migra??o exerce uma fun??o econ?mica dupla: do ponto de vista do capital, ? uma forma de suprir a demanda de trabalho em diferentes setores do sistema; do ponto de vista do trabalho ? uma forma de aproveitar oportunidades desigualmente distribu?das no espa?o (ALEJANDRO PORTES E ROBERT BACH, APUD MARGOLIS, 1994, p.12)

De forma geral, o mundo capitalista acarreta a mobilidade espacial da popula??o, mas no caso do Brasil e, mais especificamente, de Governador Valadares, a d?cada de 1980 foi marcada por uma s?rie de mudan?as, que desencadearam uma reestrutura??o produtiva e econ?mica, a partir da mobilidade do capital e da popula??o. Os deslocamentos populacionais, dentre os quais se destacam os fluxos migrat?rios internacionais ajudaram a reconfigurar a estrutura territorial mundial.

Entre estes novos fluxos migrat?rios destacam-se os pioneiros valadarenses, que come?aram a migrar para os Estados Unidos ainda na d?cada de 1960. Amorim (2008) aponta que, dadas as caracter?sticas assumidas pela migra??o na cidade, ? poss?vel dizer que ela faz parte do imagin?rio coletivo n?o apenas uma sa?da para a crise financeira, mas tamb?m, como um projeto simb?lico com o qual muitos cidad?os se identificam.

Como destaca Almeida (2003), a cidade de Valadares revela uma longa hist?ria de ocupa??o e explora??o que remonta o s?culo XVII, com a descoberta de ouro na regi?o. Localizada em um ponto estrat?gico em rela??o ?s fontes produtoras de min?rios e pedras semipreciosas, a cidade atraiu muita gente para executar atividades de apoio ? minera??o, conferindo ? cidade papel de entreposto comercial.

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E esta caracter?stica ? um dos fatores que ajudou a formar na cidade um quadro propicio ? imigra??o. Assis (1995) divide a conex?o entre Governador Valadares e os Estados Unidos em tr?s etapas. O interesse dos valadarenses pela terra do Tio Sam come?ou ainda na d?cada de 1940, mesmo antes dos primeiros imigrantes desembarcarem em territ?rio americano. Na ?poca da II Guerra Mundial, a mica era um produto essencial para a ind?stria b?lica4 e a abund?ncia deste mineral na regi?o chamou a aten??o de empresas americanas, interessadas da extra??o e comercializa??o da subst?ncia.

Trabalhadores estrangeiros, de maioria americana, chegaram ? cidade para trabalhar com a explora??o do min?rio e posteriormente na amplia??o da estrada de ferro Vit?ria - Minas5. Tamb?m a partir de uma parceria entre os dois pa?ses foi criado o Servi?o Especial de Sa?de P?blica (SESP) para o tratamento de ?gua e combate a doen?as como a mal?ria. Esp?ndola e Oosterbeek (2008) destacam que nesta ?poca, nos anos de 1940 e 1950, a abertura de estradas e o saneamento favoreceram a ocupa??o da floresta tropical e a expans?o das atividades extrativista, transformando a cidade em um p?lo regional.

A partir das diversas formas de contato entre os valadarenses e os norteamericanos, foi criada no imagin?rio local a id?ia dos Estados Unidos como uma terra promissora, com vasta oportunidade de emprego e ascens?o social.

Os Estados Unidos da Am?rica passam a ser, do "mundo estrangeiro", a refer?ncia mais concreta; tornam-se parte da vida e reduto de esperan?a, cujas ra?zes assentam-se nesses contatos que t?m in?cio na d?cada de 40. Com mais propriedade, pode dizer-se que esse espa?o espec?fico (Estados Unidos da Am?rica) incorpora-se ? extens?o do conhecimento geogr?fico da sociedade valadarense, torna-se "conhecido", facilitado, mais presente; j? n?o faz parte de um mundo qualquer, ganha contornos definidos nas rela??es que se estreitam comercialmente. (SOARES, 1995, p.95).

Pesquisadores da ?rea como Bicalho (1989), Sales (1991), Margolis (1994), Assis (1995), Almeida (2003), Siqueira (2006) destacam a presen?a americana na

4 O mineral era utilizado como material de isolamento pelas ind?strias b?licas. 5 Na d?cada de 50, os americanos que trabalhavam para a Morrison-Knudsen (um consorcio de empresas entre EUA e Canad?) estiveram em Governador Valadares para trabalhar e prestar consultoria na moderniza??o da estrada de ferro Vitoria Minas, que pertence a Vale. Data deste per?odo a constru??o de um acampamento com um conjunto de casas de padr?o americano, que hoje ? um bairro residencial da cidade e j? n?o apresenta mais as caracter?sticas de constru??o americanas.

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cidade como fator contribuinte para a migra??o. Entre os anos de 1950 e 1960 com uma popula??o basicamente constitu?da de imigrantes a id?ia de emigrar era vista pelos brasileiros como uma alternativa de ganhar mais dinheiro em bem menos tempo.

Mas ? conveniente destacar que a presen?a americana n?o ? o ?nico fator que determina o fluxo migrat?rio. Al?m de Governador Valadares, outras cidades brasileiras tamb?m receberam imigrantes nesta ?poca. No entanto, o fluxo migrat?rio para o exterior n?o foi configurado em todas as localidades. Desta forma ? poss?vel constatar que o v?nculo estabelecido com os estrangeiros foi apenas um, entre um conjunto de fatores que determina a sa?da de valadarenses em dire??o ao exterior. (AMORIM, DIAS, SIQUEIRA, 2008).

Um outro fator importante ? a tradi??o hist?rica da regi?o de Valadares, marcada por ciclos econ?micos baseados no extrativismo predat?rio. Com o decorrer da explora??o, estas pr?ticas apresentam sinais de esgotamento e j? n?o s?o capazes de se auto-sustentar. "A substitui??o de uma atividade predat?ria por outra, acabou por gerar o decl?nio dessas atividades e a impossibilidade de as mesmas continuarem existindo como base econ?mica da cidade e regi?o". (AMORIM, 2008, p.3).

A partir da d?cada de 1960, a cidade enfrentou um per?odo de estagna??o econ?mica. O desmatamento cont?nuo levou ? introdu??o da pr?tica da pecu?ria extensiva, mas a inser??o da nova atividade n?o foi suficiente para absorver o excedente de m?o-de-obra. (ALMEIDA, 2003).

A regi?o ? historicamente marcada por ciclos econ?micos baseados no extrativismo predat?rio. Essas atividades apresentam no decurso do seu desenvolvimento sinais de esgotamento dado a sua incapacidade de manter um curso auto-sustent?vel. A substitui??o de uma atividade predat?ria por outra, acabou por gerar o decl?nio dessas atividades e a impossibilidade de as mesmas continuarem existindo como base econ?mica da cidade e regi?o. (AMORIM, 2008, p.3).

Neste contexto de estagna??o est? inscrita a primeira leva de imigrantes, que saiu de Valadares rumo ao exterior. A migra??o come?ou de forma discreta ainda na d?cada de 1960, mais precisamente no ano de 1964. Dezessete jovens, com idade entre 18 e 27 anos, todos com visto de trabalho e com boa condi??o financeira, foram para os Estados Unidos ganhar dinheiro e retornar. Estes pioneiros valadarenses, oriundos da classe m?dia n?o migravam por raz?es puramente econ?micas, mas

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