ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTOS …



VI SEMEAD PESQUISA QUANTITATIVA

FINANÇAS

TÍTULO DO TRABALHO: ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES: Análise da performance de fundos de gestão ativa no período de 1996 a 2000.

INFORMAÇÕES RELATIVAS AOS AUTORES:

Nome do Autor: José Maria Porto Magalhães Sobrinho

Título acadêmico: Mestre em administração pela Universidade Estadual do Ceará - UECE

Instituição a que pertence: FIC - Faculdade Integrada do Ceará

Endereço: Rua Joaquim Nabuco, 3033 - apto. 1203 - Bairro: Dionísio Torres - CEP: 60125-121

Telefone para contato: (0xx85) 227.77.87 / 96069598

E-mail: JMPMS@.BR

Nome do Autor: Heber José de Moura

Título Acadêmico: Doutor em Administração pela Fundação Getúlio Vargas - FGV de São Paulo.

Instituição a que pertence: UNIFOR - Universidade de Fortaleza

Telefone para contato: (0xx85) 99885847

ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES: Análise da performance de fundos de gestão ativa no período de 1996 a 2000.

1. Resumo

Este artigo tem o propósito de apresentar os resultados de uma pesquisa, realizada em 44 fundos de investimentos em ações, no período de 1996 a 2000. Essa pesquisa verificou a eficácia da gestão ativa dos fundos de investimentos em ações em obter, de forma consistente e duradoura retornos superiores ao Ibovespa - Índice de Bolsa de Valores de São Paulo. Teve como objetivo específico verificar o risco que esses fundos incorreram e a capacidade de seus gestores em comprar ações subavaliadas e diversificar seu portfólio. Além disso, foi analisada a relação custo versus benefício que os fundos de ações de gestão ativa propiciam aos seus investidores. Ao final da pesquisa, constatou-se que 70,46% desses fundos não conseguiram, através de uma gestão ativa, superar o IBOVESPA. Além da rentabilidade, foram analisados os riscos dos fundos de investimentos, através de tradicionais indicadores de performance, amplamente utilizados no mercado financeiro brasileiro.

2. Introdução

Segundo dados da Anbid - Associação Nacional dos Bancos de Investimento e Desenvolvimento, a indústria de fundos de investimentos movimentou, ao final do ano 2000, algo em torno de US$149,00 bilhões, aplicados em 2.097 diferentes fundos, um montante extremamente significativo e que merece uma atenção especial sobre as estratégias adotadas nesses fundos e suas respectivas performances e riscos.

A necessidade de analisar a performance desses fundos parte da existência de algumas peculiaridades do mercado de capitais brasileiro, as quais, no ponto de vista dos pesquisadores, podem comprometer o desempenho dos fundos de investimento em ações de gestão ativa. Um desses fatores é a concentração em determinadas ações, em virtude da procura constante pela liquidez e de maiores retornos no curto prazo. Nesse caso, os gestores dos fundos de ações tendem a comprar as mesmas ações, não necessariamente as que no momento estejam subavaliadas ou as que no futuro possam oferecer-lhes maiores retornos.

Outro fator observado e que pode afetar o desempenho dos fundos de ações com gestão ativa, é que, apesar do bom número de instituições financeiras especializadas em administrar recursos de terceiros no Brasil, existe uma forte concentração dos recursos administrados entre as 15 maiores instituições. Estas dominam o mercado e administram 98,37% do total dos recursos dos fundos de investimentos, sendo que as 5 primeiras do ranking administram 44,27% deste total. Tal concentração implica que essas instituições terminam por negociar entre elas as mesmas ações, sendo indiferente para o investidor aplicar em uma ou outra instituição.

Em relação as estratégias adotadas, as instituições financeiras especializadas em gestão de recursos de terceiros, em sua grande maioria, vêm oferecendo aos seus clientes fundos de investimentos com estratégia de gestão ativa ou passiva.

Para administrar os fundos ativos, as instituições financeiras cobram dos investidores uma taxa de administração, como forma de remuneração pelos serviços prestados, que geralmente é maior que a cobrada dos fundos de gestão passiva. No entanto, existem outros custos intrínsecos, como as despesas de corretagem incorridas nas operações de compra e venda de ações, despesas com auditoria, publicação de balanço, dentre outras.

Os investidores de um modo geral, na ânsia de obterem maiores retornos, são levados pelas instituições financeiras a investirem nos seus fundos de gestão ativa. As instituições, por sua vez, necessitam para isso de uma estrutura bastante cara e complexa, tanto pessoal quanto tecnológica.

A pergunta da pesquisa do presente trabalho consiste, essencialmente, em: "Será que o investimento associado à administração dos fundos de gestão ativa realmente tem levado o investidor a auferir uma relação adequada entre binômio risco e retorno em suas aplicações ?".

Toda a análise foi realizada através da mensuração da rentabilidade e dos riscos incorridos nesse estilo de gestão, através de indicadores de performance amplamente utilizados pelas instituições financeiras. Posteriormente, os resultados obtidos foram comparados com o benchmark constituído pelo Ibovespa, a fim de verificar se houve ou não agregação de valor decorrente do processo de gestão ativa.

Esta pesquisa teve como principal referencial teórico o trabalho de William Sharpe, intitulado Mutual Fund Performance, publicado no Journal of Business, em 1966, quando na ocasião foi analisada a performance de 34 fundos mútuos no mercado americano, comparando-os com índice Dow Jones, através da análise do binômio risco e retorno, medido pelo índice de Sharpe. O resultado da análise empreendida por Sharpe concluiu que a performance média dos fundos analisados ficou abaixo do índice Dow Jones.

3. Resultados da pesquisa

Devido ao histórico recente da grande maioria dos fundos de investimentos em ações no Brasil, foi escolhido o período de janeiro de 1996 a dezembro de 2000, por ter contemplado todas as informações necessárias para a análise. Esse período abrange um número de observações, estatisticamente satisfatória, que retrata o início do crescimento da indústria de fundos de investimentos em ações no Brasil.

a) Fundos que conseguiram superar o Ibovespa

Primeiramente, constatou-se que dos 44 fundos de ações analisados, somente 13 fundos, ou seja, 29,54% da amostra, conseguiram superar o Ibovespa. A Tabela 1, a seguir, demonstra os 13 fundos que conseguiram superar a rentabilidade do Ibovespa.

Os fundos Opportunity L. II, Boston P. Plus e Unibanco Gold, apesar de iniciarem em 1996, não preenchem o período completo de janeiro de 1996 a dezembro de 2000 e, nesse caso, serão tirados da amostra e analisados individualmente em relação ao Ibovespa.

A Tabela 1 demonstra que a rentabilidade média no período de jan/96 a dez/00, apresentada pelos 10 fundos analisados, alcançou 401,76%, conseguindo superar em 147,53 pontos percentuais o Ibovespa. Considerando-se o item rentabilidade, pode-se considerar que esses fundos obtiveram um excelente desempenho.

TABELA 1 - 13 Fundos que conseguiram superar o Ibovespa

|NOME DO FUNDO |RENT. FUNDO |RENT. IBVSP |BETA |R2 |JENSEN |SHARPE |SHARPE |

| |(%) |(%) | | | |FUNDO |IBVSP |

|PLURAL FIA LIVRE |549,93 |254,23 |0,85 |0,78 |1,1657 |0,1788 |0,0870 |

|SANTOS CL |489,27 |254,23 |0,86 |0,81 |0,9321 |0,1612 |0,0870 |

|BANEB AÇÕES |465,35 |254,23 |0,85 |0,85 |0,8550 |0,1582 |0,0870 |

|BANEB DINÂMICO |462,68 |254,23 |0,86 |0,84 |0,8608 |0,1571 |0,0870 |

|OPPORTUNITY L. II (1) |420,52 |165,74 |0,99 |0,73 |1,4089 |0,1530 |0,0626 |

|BMG AÇÕES |454,59 |254,23 |0,92 |0,92 |0,7771 |0,1518 |0,0870 |

|OPPORTUNITY I FIA |397,27 |254,23 |1,04 |0,90 |0,6613 |0,1324 |0,0870 |

|CHASE S. INDEX |326,22 |254,23 |1,02 |0,94 |0,3718 |0,1136 |0,0870 |

|CCF AÇÕES |303,57 |254,23 |1,02 |0,96 |0,2861 |0,1079 |0,0870 |

|LLOYDS EXPLORER |308,11 |254,23 |0,94 |0,94 |0,2552 |0,1055 |0,0870 |

|BOSTON P.PLUS (2) |256,55 |203,07 |0,96 |0,95 |0,2986 |0,0960 |0,0738 |

|LIBERAL N FITVM |260,60 |254,23 |0,97 |0,85 |0,1002 |0,0859 |0,0870 |

|UNIBANCO GOLD (3) |155,52 |145,72 |0,93 |0,95 |0,0527 |0,0598 |0,0591 |

|MÉDIA (4) |401,76 |254,23 |0,93 |0,88 |0,6265 |0,1352 |0,0870 |

Fonte: Anbid

Nota: Dados trabalhados pelo Autor.

1) Período analisado de jun/96 a dez/00;

2) Período analisado de mar/96 a dez/00;

3) Período analisado de ago/96 a dez/00;

4) Não foram incluídos na média os fundos com as observações (1), (2) e (3), por não preencherem o período completo de jan/96 a dez/00.

Dos outros três fundos que não preencheram o período completo de jan/96 a dez/00, destacaram-se o fundo Opportunity L. II, com uma rentabilidade de 420,52% contra 165,74% do Ibovespa, e o Boston P. Plus, com uma rentabilidade de 256,55% contra 203,07% do Ibovespa. No caso do terceiro fundo, o Unibanco Gold, a diferença de rentabilidade foi bem menor (de 155,52% contra 145,72% do Ibovespa), demonstrando uma postura bem mais conservadora.

Analisando o índice de Sharpe, que denota o retorno excedente ajustado pelo risco total, observa-se que em média os fundos conseguiram um índice de 0,1352, superior à média do Ibovespa de 0,0870. Isso indica que os fundos incorreram em um risco maior que a carteira hipotética do Ibovespa. No entanto, esse risco adicional foi correspondido pela rentabilidade média apresentada de 401,76%.

Dos 13 fundos, o único que obteve um índice de Sharpe menor que o do Ibovespa foi o Liberal FITVM, de 0,0859 contra 0,0870 do Ibovespa. Isto pode ter acontecido pelo fato de sua rentabilidade e risco estarem muito próximos do benchmark, diferenciando-se por apenas 5,66 pontos percentuais.

O Unibanco Gold apresentou o menor retorno excedente da taxa livre de risco, de 0,6941% “vis-à-vis”, uma volatilidade de 11,60, bem próxima à média de 11,79. Observa-se que a sua volatilidade não foi compensada por um maior retorno.

Em relação ao coeficiente Beta, a média dos fundos ficou em 0,93, demonstrando que eles se mostram bastante sensíveis em relação às oscilações do Ibovespa. Ou seja, demonstram uma certa conformidade ou co-movimento do retorno de suas carteiras com o retorno da carteira do mercado.

Já considerando uma análise individual dos fundos, observa-se que para os fundos que obtiveram melhores rentabilidades em relação ao Ibovespa (caso do Plural FIA Livre, Santos CL, Baneb Ações e Baneb Dinâmico), o coeficiente Beta demonstrou-se bastante conservador. Estes altos retornos proporcionados por esses fundos de investimentos, podem não terem sido resultado de uma boa gestão ativa, mas simplesmente do efeito do seu risco sistemático. Um fundo com Beta menor do que 1, como foi o caso, possivelmente terá um retorno superior ao do mercado, quando este cair. Caso o Beta seja maior que 1, o retorno do fundo deve ultrapassar o retorno do mercado, se este subir.

O Gráfico 2 apresenta o exemplo do Fundo Plural Fia Livre, que demonstrou um melhor desempenho do que o Ibovespa nos momentos de queda do mercado.

GRÁFICO 2 - Rentabilidade Plural Fia Livre x Ibovespa - Período: 1996 a 2000

Fonte: Anbid

Nota: Dados trabalhados pelo autor.

No tocante ao R-quadrado, seu resultado indica que quanto maior ele for em relação ao Ibovespa, mais diversificada será a carteira desse fundo e mais similar se poderá presumir que serão as carteiras do fundo e do Ibovespa. Nesse caso, foi encontrado um índice médio de 0,88 indicando que existe um certo grau de eficiência na diversificação das carteiras de ações dos fundos em relação à carteira hipotética do Ibovespa.

Analisando o alfa de Jensen, que indica se o gestor é capaz de selecionar títulos subvalorizados, encontra-se um indice médio de 0,6265 relativo aos 10 fundos. Esse número é positivo, o que pode denotar que seus gestores demonstram alguma capacidade de encontrar papéis subavaliados.

No entanto, apesar desse número ser positivo, ainda é muito próximo de zero, cabendo destaque para os que conseguiram um índice acima de 1, como o Plural Fia Livre (1,1657) e o Opportunity Lógica II (1,4089).

E como destaque negativo ficou o fundo Unibanco Gold, que teve um índice de Jensen de apenas 0,0527, o que pode estar denotando uma falta de capacidade para encontrar papéis subavaliados e ter como estratégia a simples compra de papéis do Ibovespa, como demonstra o diferencial de sua rentabilidade em relação ao índice de mercado de apenas 6,32 pontos percentuais.

O próximo passo da pesquisa, foi analisar a questão da consistência da rentabilidade mensal dos fundos “vis-à-vis” o Ibovespa, nos 60 meses relativos à amostra.

O resultado dessa análise possibilitou observar que, em média, os fundos conseguem superar o Ibovespa somente em 56,03% dos meses. Mesmo que os 13 fundos "vencedores", tenham conseguido superar a rentabilidade do Ibovespa, esse resultado pode denotar que eles não ganham de forma consistente, quando analisada a sua performance de forma mensal. Ou seja, não existe uma predominância significativa de “vitórias” do fundo em relação ao benchmark almejado.

Nos 31 fundos que não conseguiram superar o Ibovespa, este número chega a 43,14%. Ou seja, nos 56,86% dos meses, o gestor do fundo é mal-sucedido em relação ao seu benchmark.

GRÁFICO 3 - Percentual da Rentabilidade Mensal dos Fundos que Superaram o Ibovespa Médio - Período: 1996 a 2000

Fonte: Economática e Anbid.

Nota: Dados trabalhados pelo autor

O Gráfico acima, demonstra a rentabilidade mensal de todos os fundos e verifica a quantidade de vezes no ano que a sua rentabilidade conseguiu superar a do Ibovespa. A conclusão é a mesma obtida através da análise individual, que indica que os fundos, não conseguem obter, de forma significativa, um número de "vitórias" em relação ao Ibovespa.

Com o intuito de pesquisar mais amiúde a consistência dos resultados nos fundos "vitoriosos", foi analisado o resultado mês a mês do fundo Plural Fia Livre - GRÁFICO 4 -, e do Unibanco Gold - GRÁFICO 5 - , respectivamente, melhor e pior performance dentre eles.

GRÁFICO 4 - Plural Fia Livre - Retorno Excedente Mensal

Fonte: Anbid

Nota: Dados trabalhados pelo autor

Como se pode observar, o fundo Plural Fia Livre justifica sua boa performance, apresentando, em 60% dos meses no período total analisado de 60 meses, uma rentabilidade superior ao do Ibovespa. Esse comportamento pode ser justificado pelo Beta do fundo de 0,85, um número considerado conservador, que fez a rentabilidade do fundo, em momentos de quedas do Ibovespa, não seguir essa trajetória com a mesma intensidade.

O Gráfico 5, a seguir, demonstra o comportamento do retorno excedente do fundo Unibanco Gold, ante a rentabilidade média do Ibovespa.

GRÁFICO 5 - Unibanco Gold - Retorno Excedente Mensal

Fonte: Anbid

Nota: Dados trabalhados pelo autor

O Fundo Unibanco Gold conseguiu superar a rentabilidade do Ibovespa em 54,72% dos meses observados. Esse fundo apresentou uma volatilidade dos retornos excedentes bem menor do que a do primeiro colocado. Isto demonstra que o fundo possui uma forte correlação com o Ibovespa, que pode ser mensurada pelo seu coeficiente Beta de 0,93. Esse tipo de comportamento da rentabilidade do fundo denota que o gestor possui um "viés" de gestão passiva, apesar do fundo enquadrar-se como gestão ativa.

Ao final dessa análise, chega-se às seguintes conclusões:

1) Não existe consistência na performance dos fundos, quando analisados mês a mês, na ótica dos retornos excedentes;

2) Os fundos colocados em primeiro lugar entre os "vencedores", por apresentarem coeficientes Betas mais conservadores entre 0,85 e 0,86, foram mais beneficiados nas desvalorizações significativas ocorridas no Ibovespa, daí pode-se concluir o porquê de suas boas performances;

3) Os Fundos Boston Plus, Liberal FITVM e Unibanco Gold, por terem seus coeficientes Betas entre 0,93 e 0,97, maiores que os dos três primeiros colocados, mantiveram uma forte correlação com o Ibovespa, denotando uma forte propensão à gestão passiva. Os três últimos colocados apresentaram rentabilidades mês a mês, bem mais próximas à do Ibovespa. Ou seja, quando o Ibovespa valoriza-se ou desvaloriza-se, os fundos seguem o mesmo sentido.

b) Fundos que não conseguiram superar o Ibovespa

Da amostra de 44 fundos de investimentos em ações com gestão ativa analisados, 31 deles não conseguiram superar o Ibovespa, que seria precipuamente seu objetivo. Conforme Tabela 2.

Esse número é bastante significativo, pois representa 70,46% dos fundos analisados na amostra.

Inicialmente a análise será voltada para o retorno do fundo em relação ao Ibovespa. Como se pode observar na Tabela 2, a rentabilidade média dos fundos analisados ficou em 180,08% abaixo do Ibovespa em 74,15 pontos percentuais.

Dos fundos que conseguiram preencher o período completo de jan/96 a dez/00, cabe destacar que 10 fundos ficaram abaixo da média de 180,08%.

Dos fundos que foram extraídos da média apresentada na Tabela 4, ficam como destaque negativo o fundo Alpha, com uma rentabilidade de 68,06% contra o Ibovespa, no mesmo período, de 143,71%, e o Unibanco Active FIA, com uma rentabilidade de 42,77% contra 196,61% do Ibovespa, demonstrando total descolamento de suas carteiras em relação à carteira do Ibovespa.

Analisando o coeficiente Beta, encontrou-se um resultado médio de 0,94, indicando que as carteiras dos fundos deveriam reagir de maneira bastante significativa às oscilações da carteira de mercado. No entanto, não é o que foi observado, quando se compara a rentabilidade dos fundos com o Ibovespa, que é o índice de mercado.

TABELA 2 – 31 Fundos que não Conseguiram Superar o Ibovespa

|NOME DO FUNDO |RENT. FUNDO |RENT. IBVSP |BETA |R2 |JENSEN |SHARPE |SHARPE |

| | | | | | |FUNDO |IBVSP |

|SANTANDER POWER |252,49 |254,23 | 0,95 | 0,87 | 0,0668 | 0,0859 | 0,0870 |

|ITAÚ CL FIA |243,70 |254,23 | 1,04 | 0,97 | 0,0076 | 0,0854 | 0,0870 |

|SÍNTESE EQUITY FIA |240,80 |254,23 | 0,96 | 0,88 | 0,0017 | 0,0791 | 0,0870 |

|ALFA SPECIAL – FIA |234,05 |254,23 | 0,94 | 0,96 | (0,0860) | 0,0770 | 0,0870 |

|UNIBANCO STRATEGY |224,68 |254,23 | 0,93 | 0,94 | (0,1341) | 0,0722 | 0,0870 |

|SANTANDER AÇÕES |226,36 |254,23 | 0,91 | 0,95 | (0,1365) | 0,0713 | 0,0870 |

|ICATU BV FIA |207,13 |254,23 | 0,99 | 0,97 | (0,2127) | 0,0665 | 0,0870 |

|CITIAÇÕES |205,27 |254,23 | 0,97 | 0,97 | (0,2423) | 0,0641 | 0,0870 |

|ITAÚ PERSONNALITE |184,79 |254,23 | 1,04 | 0,94 | (0,2453) | 0,0641 | 0,0870 |

|PACTUAL AÇÕES I |199,37 |254,23 | 0,97 | 0,82 | (0,1515) | 0,0639 | 0,0870 |

|LLOYDS INSTITUCIONAL |198,86 |254,23 | 0,97 | 0,97 | (0,2620) | 0,0623 | 0,0870 |

|AGENDA FIA |203,57 |254,23 | 0,79 | 0,74 | (0,1379) | 0,0604 | 0,0870 |

|PACTUAL ANDROMEDA |193,62 |254,23 | 0,94 | 0,83 | (0,2212) | 0,0601 | 0,0870 |

|BOSTON IBOV. PLUS |193,44 |254,23 | 0,97 | 0,97 | (0,3087) | 0,0586 | 0,0870 |

|SANTA FÉ SCORPIUS |169,92 |254,23 | 1,07 | 0,93 | (0,3244) | 0,0582 | 0,0870 |

|SUDAMERIS AÇÕES C.L. |192,14 |254,23 | 0,87 | 0,86 | (0,2683) | 0,0559 | 0,0870 |

|PR FIA |196,78 |254,23 | 0,86 | 0,92 | (0,2945) | 0,0549 | 0,0870 |

|CHASE CLASSIC FIA |193,51 |254,23 | 0,88 | 0,92 | (0,3178) | 0,0528 | 0,0870 |

|FIA SANTANDER P. H . (1) |134,00 |145,72 | 0,95 | 0,89 | (0,0312) | 0,0502 | 0,0565 |

|BOSTON IBOV. SELECT |173,15 |254,23 | 0,97 | 0,98 | (0,4370) | 0,0471 | 0,0870 |

|BB-AÇÕES ÍNDICE |158,56 |254,23 | 0,98 | 0,98 | (0,5165) | 0,0404 | 0,0870 |

|CSAM FIG PREMIUM |151,87 |254,23 | 0,91 | 0,89 | (0,6082) | 0,0332 | 0,0861 |

|LLOYDS EQUITY |142,09 |254,23 | 0,97 | 0,98 | (0,6194) | 0,0311 | 0,0870 |

|BOAVISTA C.L. |150,46 |254,23 | 0,88 | 0,93 | (0,5799) | 0,0296 | 0,0870 |

|UNIBANCO BLUE AÇÕES |143,53 |254,23 | 0,92 | 0,95 | (0,6331) | 0,0270 | 0,0870 |

|BB-AÇÕES MASTER |130,39 |254,23 | 0,94 | 0,95 | (0,7034) | 0,0217 | 0,0870 |

|SCHAHIN - F.I.A. |102,46 |254,23 | 0,84 | 0,89 | (0,9396) | (0,0091) | 0,0870 |

|BESC MIX FCL |86,61 |254,23 | 0,88 | 0,85 | (1,0257) | (0,0132) | 0,0870 |

|ALPHA (2) |68,06 |143,71 | 0,74 | 0,80 | (0,7986) | (0,0272) | 0,0592 |

|BESC FBA |42,77 |254,23 | 0,85 | 0,90 | 0,8451 | (0,0639) | 0,0870 |

|UNIBANCO ACTIVE FIA (3) |23,16 |196,61 | 0,78 | 0,78 | (1,5209) | (0,0919) | 0,0640 |

|MÉDIA (4) |180,08 |254,23 |0,94 |0,92 |(0,3030) |0,0569 |0,0870 |

Fonte: Anbid

Nota: Dados trabalhados pelo autor.

1) Período Analisado de ago/96 a dez/00;

2) Período Analisado de set/96 a dez/00;

3) Período Analisado de fev/96 a dez/00;

4) Não foram Incluídos na média os Fundos com as observações (1), (2), (3) e os Fundos Schahin Fia, Alpha, Besc Fba e Unibanco Active Fia, por apresentarem índice de Sharpe negativo.

O R-quadrado médio, obtido na amostra de 0,92, deveria demonstrar a capacidade do gestor do fundo em diversificar a carteira, no entanto esse número não é compatível se for analisada a performance dos fundos em relação ao Ibovespa.

Em relação ao índice de Jensen, seu resultado mostrou-se bastante compatível com a rentabilidade da carteira dos fundos. O alfa de Jensen médio ficou em (0,3030), negativo, denotando, portanto, a falta de capacidade da maioria dos fundos analisados de encontrar papéis subavaliados.

A exceção ficou com os fundos Santander Power, Itaú CL FIA e Síntese Equity Fia, que obtiveram índices de Jensen positivo (apesar de bem próximo de zero), de 0,0668, 0,0076, 0,0017, respectivamente. Esse resultado talvez possa ser explicado pela suas rentabilidades que ficaram bem próxima à do Ibovespa.

Em relação ao índice de Sharpe, o resultado médio apresentado foi de 0,0569 contra 0,087 do Ibovespa no mesmo período. Todos os fundos tiveram um índice de Sharpe menor que o Ibovespa, indicando uma melhor relação entre o binômio risco e retorno. A exceção ficou com os fundos Schain Fia, Besc Mix FCL, Alpha, Besc FBA e Unibanco Active Fia, que ficaram com o índice negativo, não sendo, portanto, passíveis de análise.

O grande número de fundos apresentados, com índice de Sharpe menor que o Sharpe do Ibovespa, pode ser justificado pelo fato de, no período analisado, terem obtido baixos retornos. Como são fundos de gestão ativa, seria previsível que apresentassem uma rentabilidade acima do índice de mercado.

Por fim, analisou-se, a questão da consistência da performance dos fundos considerados "perdedores", no período dotal da amostra, ou seja, 60 meses.

Esse resultado indicou que, a média de “vitórias” dos fundo em relação ao Ibovespa, no período de 60 meses, foi de 43,14%, um número que demonstra a falta de consistência na performance desses fundos. Essa inconsistência é ainda maior que a observada nos fundos considerados "vencedores", que foi de 56,03%.

4. Conclusão

Diante da proposta apresentada, esta pesquisa chegou à diversas constatações, que deixam em dúvida a eficácia da gestão ativa no tocante à consistência na obtenção de seus retornos superiores ao Ibovespa. Como foi visto, foram analisados 44 fundos de ações, somente 13 fundos, ou seja, 29,54% da amostra, conseguiram alcançar seu objetivo, que seria o de superar o Ibovespa. Nesse caso, é bom frisar que constam na relação dos fundos considerados "perdedores" alguns dos maiores administradores de fundos do país, que possuem alto grau de recursos tecnológicos e pessoal altamente qualificado na gestão de investimentos.

Em relação aos fundos considerados "vencedores", apesar da rentabilidade média, bastante expressiva de alguns, observou-se uma falta de consistência no número de “vitórias” em relação ao Ibovespa, isso quando analisados de forma mensal. Essa constatação veio pela análise individual dos três melhores fundos que conseguiram superar o Ibovespa e pela média de 56,03% dos meses de todos os fundos que conseguiram superar o Ibovespa.

Em relação aos objetivos específicos, essa pesquisa propôs-se a verificar o risco incorrido para obtenção dos retornos, a eficácia dos gestores de recursos, no tocante à compra de ações subavaliadas, e a capacidade em diversificar seu portfólio.

Para a análise do risco foi utilizado o índice de Sharpe. A análise concluiu que dos 44 fundos analisados, 32 fundos, ou seja, 72,73% do total, obtiveram o índice de Sharpe menor que o Ibovespa. Isso caracterizou que esses fundos incorreram em um risco maior que a carteira do índice. Há de se ressaltar que os 12 fundos restantes são os fundos considerados "vencedores", que demonstraram, além de boa rentabilidade, um adequado nível de risco.

Em síntese, pode-se constatar que a grande maioria dos fundos analisados incorreu um risco maior que a carteira do índice e não obteve o retorno satisfatório que justificasse a aplicação em um fundo de gestão ativa.

No tocante à compra de ações subavaliadas, que foi analisada pelo índice de Jensen, constatou-se que dos 44 fundos analisados, 27 possuem um índice de Jensen negativo e somente 17 conseguiram obter um número positivo. Isso significa que 61,36% dos fundos demonstraram falta de capacidade em comprar papéis subavaliados. Dos 17 fundos com índice de Jensen negativo, 13 foram fundos considerados "vencedores, ou seja, sua rentabilidade foi maior que a do Ibovespa.

Sobre a capacidade em diversificar seus portfólios, que foi analisada pelo coeficiente Beta, dos 44 fundos analisados, 35 fundos, ou seja, 79,55% do total, apresentaram um resultado entre 0,85 e 1,00. Isso demonstrou que esses fundos buscaram uma similaridade em relação ao Ibovespa, o que também foi comprovado pelos resultados apresentados pelo R2. No entanto, cabe ressaltar que, no caso dos fundos considerados "vencedores", o coeficiente Beta mais conservador, como por exemplo, no caso dos quatro primeiros colocados, que conseguiram obter uma maior diferença percentual entre a sua rentabilidade e a do Ibovespa, foram beneficiados por seu grau de conservadorismo, beneficiando-se mais nos momentos de fortes quedas do Ibovespa, ou seja, a carteira do fundo perdeu menos que a carteira do Ibovespa.

O outro objetivo específico desta pesquisa é a relação custo e benefício que os fundos de ações de gestão ativa propiciam aos seus investidores. Esse resultado é, basicamente, fruto do produto dessa pesquisa. O número de fundos que conseguiram superar o Ibovespa foi muito pequeno, somente 29,54% da amostra mostraram um bom desempenho. No entanto, na análise realizada mês a mês, não mostraram consistência na obtenção desses resultados. Isso significa que, de uma maneira geral, não se justifica um pagamento de taxa de administração maior para os fundos com gestão ativa, pois suas performances não condizem com o resultado esperado pelo investidor.

5. Referências Bibliográficas

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GERMAIN, Laurent. Eficiência de Mercado: um espelho para as informações. In: Dominando finanças. São Paulo: MAKRON Books, 2001. p.157-159.

GROSSMAN, Sanford. O investimento passivo é ótimo?. In: Dominando finanças. São Paulo: MAKRON Books, 2001. p. 278-281.

ROCCA, Carlos Antonio. Soluções para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001.

SÁ, Geraldo Tosta de. Administração de investimentos: teoria de carteiras e gerenciamento do risco. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

PESQUISA EM ARTIGOS E PERIÓDICOS

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SECURATO, José Roberto. O modelo de Markowitz na administração de carteiras – Revista Mercado de Capitais, n. 64, p. 64-66, 1996.

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TREYNOR, Jack L. How To Rate Management of Investment Funds. Harvard Business Review, XI.III, p. 63-75, January-February, 1965.

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