RESUMO AULA 05: - As primeiras formas de notícia



RESUMO AULA 05: - As primeiras formas de notícia

O jornal impresso... a imprensa que hoje temos é resultado de vários fatores históricos... Nada é improviso.

Na história dos meios de comunicação, o jornal é um dos principais personagens, mas não é o único...

A história inicia no momento em que os integrantes de um primitivo agrupamento humano começaram a se entender por gestos e sons indicativos de objetos e intenções...

Em seguida, surgiu a linguagem... os signos para identificar as coisas... (leão, abelha, casa, faca etc – todos são signos convencionados).

Depois, veio a escrita, o alfabeto...

Mas isso já significou o surgimento dos jornais?

- Não.

... A escrita permitiu a fixação do conhecimento... facilitou a comunicação à distância... mas não iniciou, de imediato, a era da imprensa – muito menos um sistema de comunicação de massa.

A escrita dos sumérios, por exemplo, não teve nenhuma finalidade jornalística – ou seja, a função era tão somente comercial.

Também é preciso considerar que a publicação de notícias também não se iniciou com a invenção da imprensa (tipografia).

Antes de Cristo, tivemos a publicação de notícias escritas à mão.

... Pode-se observar as primeiras manifestações de jornalismo na antiguidade...

Estudiosos apontam que os babilônicos mantinham historiógrafos incumbidos de escrever, dia a dia, a descrição dos principais acontecimentos. (Chineses... egípcios...).

Documentado, sabemos do hábito dos romanos de publicarem notícias.

Antes dos romanos, precisamos fazer algumas considerações para entendermos a importância das notícias impressas.

Notícias e história

Os primeiros textos de não-ficção foram escritos por volta de cinco séculos antes de Cristo, por Heródoto. Mas o objetivo dele era escrever a história...

Outro escritor grego foi Tucídides... Ele escreveu acerca de acontecimentos de seu tempo, mas seus escritos eram lentos, esmerados, profundos, analíticos... Não visavam a circulação.

Então, embora tenham escrito textos que relatavam fatos, não eram textos noticiosos.

Diferença entre notícia e história

Notícia: - é superficial, atual, tem prazo de validade.

História: - existe como resposta à miopia, à superficialidade e frenesi das notícias; como uma crítica da primeira história que apareça.

Pelo menos naquela época, a escrita não apresentaria a capacidade de competir diretamente com a palavra falada enquanto meio de divulgação de notícia.

Notícias e Império

Talvez um dos principais impérios da antiguidade tenha sido construído por Alexandre, o grande.

Alexandre morreu aos 32 anos em 323 a.C.

Durante os 13 anos que se seguiram a sua morte, os herdeiros potenciais de Alexandre travaram batalhas entre si e o império de Alexandre[1] caiu aos pedaços.

Essa ruína muito se deve ao modelo de comunicação empregado por Alexandre...

Alexandre fez uso de um método tradicional: - conquistar a autoridade ao instilar o medo (confiou no poderio de seu exército e no respeito à sua pessoa).

... O simples boato da aproximação de Alexandre era o suficiente para fazer a maioria das cidades do mundo conhecido tremer e se curvar.

Mas não se pode esperar que as pessoas tenham medo disso a vida inteira...

... Para impedir que a autoridade caduque, as pessoas precisam ter impressas uma imagem bem construída.

Para unidade e coerência, as sociedades dependem de um sentimento de identidade coletiva.

... Significa se sentir pertencente a essa sociedade. E as notícias fornecem o conjunto indispensável de pensamentos compartilhados.

Quanto mais complexas são as estruturas de uma sociedade, mais trabalho terão a história, a arte, religião e as notícias para conversar a auto-identidade dessa sociedade.

... A troca de informação é responsável por grande parte dessa reanimação ou reafirmação criativa.

A oralidade é limitada... Não consegue vencer distâncias e construir essa identidade.

O império de Alexandre era construído sob uma única imagem – a força de seu exército. Com sua morte, não havia unidade entre os reinos conquistados.

* Governar é um desempenho, e as notícias são o meio através do qual ele é levado a cabo.

* Por isso, o livre fluxo de notícias representa perigo para as autoridades.

Notícias de Roma

O império romano foi muito melhor sucedido que o de Alexandre por investir na exatidão das notícias impressas.

Afinal, notícias faladas sempre estão sujeitas aos mal-entendimentos, parcialidades e esquecimentos...

* Velocidade de um mensageiro para levar uma notícia falada é a mesma para levar uma carta.

Então, diferente do império de Alexandre, em Roma, a escrita se transformou no meio escolhido para relatar as notícias a longa distância.

Há provas de que cartas eram enviadas com informações sobre o império... Verdadeiros pacotes (coleção de notas) sobre os negócios da cidade.

E, basicamente, de onde eram tiradas essas notícias?

- De publicações oficiais do governo, além da “fofoca” recolhida na praça do mercado.

Vamos entender as publicações oficiais...

A forma de publicações de notícias dos romanos esteve muito próxima do jornal que conhecemos...

O presidente do Colégio dos Pontífices Romanos redigia documentos de caráter políticos (uns secretos, outros públicos). Estes últimos eram fixados anualmente diante da casa do pontífice máximo, seu redator.

A publicação se fazia pela redação do texto em uma tábua branca denominada “álbum”.

O que tinham?

- notícias da corte, textos de leis, datas de festas solenes, nomes de magistrados, nascimentos, falecimentos, casamentos, projetos de construção...

... Não se sabe quando começaram a ser publicados esses “annales”.

Entretanto, constituíram uma interessante experiência de mural informativo.

Importante contribuição: Júlio César.

Há indicações que essas publicações tenham perdido força durante um certo período...

Júlio César teria retomado essa experiência e determinado a publicação de dois periódicos murais: a “Acta Senatus”, resumo dos debates e deliberações do Senado romano;

... e a “Acta Diurna Populi Romani”, composta diariamente para levar ordens e informações oficiais ao conhecimento do povo.

A “Acta Senatus” foi extinta por Augusto, mas a “Acta Diurna” persistiu por séculos.

Conteúdo – foi se transformando ao longo do tempo. Passou a incluir assuntos variados, da crônica social à descrição dos fatos momentosos ou incomuns.

Ex: aparecimento de uma fênix, ave mitológica que renascia das próprias cinzas; afogamento de um cão no rio Tigre por não abandonar o corpo do dono...

* Há indicações de que o conteúdo também era reproduzido em cópias.

Seja como for, no muro ou em cópias, essa publicação demonstrou possuir variedade de matéria, além de periodicidade (era diária) e atualidade.

... Foi, portanto, um verdadeiro jornal, só que mural.

Problemas: A “Acta diurna” foi prejudicada por sua fixidez...

... Uma situação curiosa: os romanos, para troca de novidades, nunca dispensavam os “circuli”, grupos de gente desocupada que ficavam tagarelando a respeito dos mais variados assuntos.

Outras informações

Os originais da acta eram escritos em papiro...

... Eram guardados em arquivos, em Roma, e foram transformados pelo tempo em registros históricos (mas originais se perderam).

Existem evidências de que as acta eram submetidas à censo e objeto de manipulação; afinal, tratava-se de publicações governamentais. Sensacionalismo também presente...

... Mas há indicações de que os maiores acontecimentos políticos e militares de Roma tenham recebido cobertura adequada.

O império romano começou pouco antes do nascimento de Cristo e durou até por volta do ano 476 da era cristão... Estendeu-se do sul da Escócia até o sul do Egito.

Notícias fluíam com notável eficiência...

... Com o fim do império, demoraria outro milênio antes que a informação voltasse a se espalhar com rapidez, e com integridade, no Ocidente.

... Demoraria para ter um sistema de notícia tão sofisticado.

Importante considerar: a) os líderes romanos brigavam entre si pelo controle das notícias; b) as notícias auxiliaram na construção de uma identidade romana.

Notícias na China

Em termos de tamanho, poder e longevidade, o império romano teve um rival: o império chinês.

Não causa surpresa identificar que os chineses empregassem um avançado sistema de divulgação de notícias escritas.

Mas existe uma dificuldade para saber mais sobre esse sistema...

O que se sabe é que existia uma luta permanente para se manter a par dos acontecimentos da corte.

O império era grande e as distâncias eram demasiadamente grandes para que esses agentes pudessem depender da palavra falada.

A certa altura, começaram a coletar informações e formar boletins informativos e manuscritos...

Tipao (relatórios) – boletins informativos estavam recheados de decretos oficiais, notificações de promoções e dispensas, memorandos de ministros e outras autoridades, bem como relatórios das atividades desenvolvidas na corte.

O governo central criou uma “Repartição de Relatórios Oficiais”, uma espécie de agência oficial, para lidar com o fluxo de informação que entrava e saía da capital...

... os vários tipao parecem ter sido combinados para formar um único boletim informativo que era enviado para as províncias.

Acredita-se que a circulação desses boletins tornava possível a administração de império tão extenso.

Mas os tipao não eram dirigidos às massas... Eram para os burocratas.

As notícias da capital vazam para a população através de comentários feitos por autoridades que tinham acesso a cópias do tipao. Mas a intenção final era deixar os súditos desinformados.

* Cópias dos tipao não eram fixadas em locais públicos.

Já entre 960 e 1279 de nossa era, os órgãos de informação começaram a florescer e seu público se ampliou um pouco.

Essa explosão de atividade jornalística enfureceu um burocrata da época... Este exigiu que houvesse um controle das notícias.

... Ele acreditava que as notícias estavam desencaminhando o público.

Os imperadores foram persuadidos e começaram a censurar e suprimir esses boletins informativos não-governamentais.

* As autoridades são péssimos jornalistas. A preocupação em relação aos danos que podem ser causados com as notícias os transformam em pessoas insensíveis ao interesse público.

A população não tem outro remédio se não depender de vazamento de informações, rumores ou palavras não muito confiáveis.

Diante do que dissemos da China, pode-se argumentar que os primeiros jornais impressos apareceram na China...

Entretanto, a liderança na explosão de notícias escritas seria assumida por jornalistas de nações mais liberais.

Notícias através da Europa

Depois da dissolução do Império Romano, nos séculos quatro e cinco, o alfabetismo diminuiu na Europa.

Por quê?

Porque os livros eram produzidos em caligrafias difíceis de decifrar e numa língua (o latim) que a maioria da população não dominava.

Os meios de transporte e o comércio também estiveram em franco declínio...

... As notícias foram apenas uma das muitas vítimas.

Não quer dizer que os manuscritos individuais tenham deixado de ser produzidos e de disseminar informações... Entretanto, nada como o alcançado anteriormente por Roma e pela China.

A Europa só voltou a ter notícias escritas quando o alfabeto foi restituído... Quando os mosteiros perderam o monopólio da escrita.

Houve alguma produção nesse meio tempo... por volta do século XI e XII... mas nada significativo.

Foi o Renascimento que propiciou o clima necessário para o desenvolvimento das notícias escritas (Luís XI na França, Eduardo IV na Inglaterra).

Durante o século XV, boletins informativos manuscritos começaram a mover-se, pouco a pouco (caminhos antes percorridos pelas cópias das acta).

Foco principal das notícias era a disseminação de relatos dos feitos “heróicos” dos reis em guerra... ler trecho p.162

Boletins também serviam para informar sobre negócios... Eram comuns as trocas recíprocas de informações entre diferentes cidades.

Ainda que freqüentemente incompletas, as notícias a respeito das nações da Europa eram divulgadas a um grupo influentes de cidadãos, através de cartas (haviam, inclusive, algumas sobre casamentos).

No início do século XVI, as publicações começaram a se expandir, principalmente pela força dos impressos.

... Em 1508, por exemplo, a atenção do povo inglês foi dirigida para o casamento por procuração de Henrique VII com a filha de Elizabeth, através de um meio de notícias capaz de alcançar um público mais vasto – o panfleto impresso.

... Afinal, as cartas conhecidas em Londres já não podiam dar conta de tamanhas multidões.

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[1] Estendia-se da Grécia até a Índia.

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