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em 18 pa?ses, que a percep??o do perigo se d? de diferentes formas e influi na maneira como as pessoas enfrentam os problemas, como habitam o lugar e como se relacionam entre si (indiv?duos e coletividade) e com o ambiente (indiv?duos e coletividade com o ambiente). Esses autores consideram que existem quatro est?gios na percep??o -- absor??o, aceita??o, redu??o das perdas e mudan?as de uso e de localiza??o -- separados por tr?s limiares -- conhecimento, a??o e toler?ncia. Em sua pesquisa, Rafaela constatou que os moradores da ?rea estudada afirmavam que o deslizamento n?o aconteceria onde moram, apesar da grande maioria ser residente em ?reas de suscetibilidade a deslizamentos: "de fato, quando mais pr?ximos se encontravam do risco, maior era a nega??o desse risco". Segundo a professora, "quanto menor a renda, mais rapidamente as pessoas que vivem em uma ?rea de risco atingem o limiar do conhecimento; mas para chegar ? a??o, outros fatores interferem fortemente como os la?os afetivos ao lugar". Rafaela confirmou o que Burton e seus colaboradores j? haviam apontado: "h? uma incapacidade humana para imaginar um desastre natural em um meio ambiente familiar".

Leonor Assad

fatores que provocam desastres naturais

Muitos desastres ocorrem porque a Terra est? em constante atividade. Parte dessa energia decorre do calor e da radioatividade existente no n?cleo de nosso planeta desde a sua forma??o, h? mais de 4,5 bilh?es de anos. Outra parte ? controlada pelo calor do Sol, que energiza a atmosfera, as terras emersas e os oceanos. A intera??o entre esses processos confere uma din?mica, com a qual convivemos permanentemente, como o ciclo hidrol?gico, os reservat?rios de petr?leo, o clima e o relevo. Por vezes, a din?mica terrestre se manifesta por meio de grandes eventos que, quando ocorrem em ?reas ocupadas por popula??es, podem assumir propor??es catastr?ficas, dandonos a impress?o de que a sua frequ?ncia est? aumentando. Outro aspecto ? o mal uso da terra, desmatamentos e o crescimento urbano desordenado. Vale enfatizar que o desenvolvimento cient?fico e tecnol?gico ampliou os mecanismos de avalia??o e o registro dos eventos naturais, aumentando as condi??es para divulga??o de seus efeitos.

Sa?de

Controv?rsias na medicina: como fica o paciente?

Assuntos relacionados ? sa?de s?o de grande interesse p?blico e por isso recebem um espa?o consider? vel na m?dia. Doen?as que afetam um grande n?mero de pessoas e que ainda n?o possuem a cura, co mo no caso do c?ncer, ou doen?as que se tornam um problema para a sociedade e o indiv?duo, como obesidade, geralmente recebem uma aten??o maior. Tamb?m na comunidade m?dica existe um constante debate sobre tais temas, e nem sempre um consenso ? al can?ado. "A medicina ? a ci?ncia das verdades tempor?rias", diz o m?dico Thomas Szego, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari?trica e Metab?lica (SBCBM). Controv?rsias surgem a partir das diferentes opini?es m?dicas diante de uma mesma doen?a e das dife rentes possibilidades de tratamento dispon?veis. E essas discuss?es mui tas vezes atingem o paciente, geran do d?vidas e inseguran?a. "Existem diversas maneiras de abor dar uma doen?a e n?o d? para dizer se uma est? certa e outra est? errada. Na verdade, para cada situa??o, pode haver mais de uma maneira de agir", diz Jos? Get?lio Martins Segalla, m?dico e membro da diretoria da

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Sociedade Brasileira de Oncologia Cir?rgica, referindose ao c?ncer, uma das doen?as mais estudadas e debatidas atualmente, tanto no am biente m?dico profissional, quanto no diaadia das pessoas leigas. Al?m da alta incid?ncia na popula??o e da gravidade da maioria dos tipos de c?ncer existentes, as sucessivas des cobertas na ?rea da oncologia, ora complementares ora contradit?rias, mant?m o assunto em destaque nas editorias de sa?de dos mais diversos meios de comunica??o. A cada novo resultado divulgado, uma nova abordagem ? colocada em pr?tica. Um exemplo s?o as con trov?rsias em torno do c?ncer de pr?stata. Enquanto alguns m?dicos indicam que a alimenta??o pode influenciar no risco do desenvolvi mento deste tipo de c?ncer, outros dizem que os resultados de estudos nesse sentido n?o s?o conclusivos. Da mesma forma, orienta??es para pr?ticas preventivas tamb?m va riam, podendo ser indicada a reali za??o anual do exame de toque para homens acima de 50 anos, enquanto outros m?dicos sugerem que a idade para o in?cio da realiza??o do exame seja 45 anos, aliado ? dosagem de PSA (uma prote?na chamada Ant? geno Prost?tico Espec?fico, cujo au mento da taxa no sangue pode indi car a presen?a de c?ncer de pr?stata).

Diferentes abordagens A medi cina, como qualquer outra ?rea da

ci?ncia, est? sujeita a mudan?as de paradigmas, que refletem tanto na metodologia das ci?ncias biom? dicas, quanto nas interven??es e tecnologias adotadas. E o processo de transi??o entre um paradigma e outro pode ser lento, de forma que diferentes abordagens para um mesmo problema possam ser acei tas e indicadas por segmentos da comunidade m?dica. "Geralmente h? uma diretriz recomendada, que pode ser utilizada por v?rias especia lidades m?dicas, mas os casos mais complexos devem ser tratados pelo especialista", afirma Cristiane Mar tins Moulin, m?dica endocrino logista colaboradora do Grupo de Obesidade e S?ndrome Metab?lica do Hospital das Cl?nicas da Univer sidade de S?o Paulo (USP). Apesar de existirem protocolos de procedimentos m?dicos, o pacien te que procura um tratamento pa ra determinada enfermidade pode encontrar diferentes tratamentos, dependendo do especialidade ou opini?o pessoal do profissional. No caso da obesidade, especiali dade de Cristiane, o tratamento geralmente inclui aconselhamen to, restri??o cal?rica, terapia com portamental e atividade f?sica. "O especialista em obesidade ? o endocrinologista, mas h? a necessi dade de uma equipe multidiscipli nar, cada um com seu papel", diz. A escolha do tratamento, segundo a especialista, ? baseada no ?ndice de

massa corp?rea (IMC) do pacien te, somado ? presen?a de condi??es m?dicas relacionadas ? obesidade, tais como diabetes e hipertens?o ar terial, por exemplo. Dessa forma, e dependendo da resposta do pacien te ? abordagem inicial, optase pelo tratamento medicamentoso ou por interven??o cir?rgica. "A cirurgia bari?trica ? atualmente a ?nica terapia efetiva para obesi dade grave (tamb?m chamada de obesidade m?rbida) tendo bene f?cio comprovado na melhora das comorbidades e da qualidade de vida", afirma Cristiane Moulin. Diversos fatores s?o considerados pelos especialistas para que se de cida por um procedimento cir?r gico, independentemente da t?c nica a ser utilizada. No entanto, a gravidade de cada fator depende da an?lise de especialistas em di ferentes ?reas, que podem ter opi ni?es conflitantes, e a decis?o fica a cargo de outro profissional ainda, o cirurgi?o. "Cada m?dico deve reco nhecer sua limita??o em conseguir tratar a doen?a [obesidade] e suas repercuss?es; mas, isto depende da experi?ncia de cada um", enfatiza Cristiane. E, exatamente devido ?s diferen?as entre os m?dicos, ? segmenta??o da medicina e ao ca r?ter subjetivo da decis?o de cada especialista, que cirurgias bari?tri cas s?o realizadas tanto em casos de obesidade m?rbida quanto por motivos est?ticos.

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Superespecializa??o "Todo o en sino da medicina foi baseado no modelo cartesiano. A gente reta lhou o paciente inteirinho para criar grandes especialistas", diz Dalva Matsumoto, coordenadora do Pro grama de Humaniza??o do Hospi tal do Servidor P?blico Municipal de S?o Paulo (HSPMSP). As ?reas terap?uticas e de diagn?stico de do en?as como conhecemos hoje sofre ram mudan?as ao longo dos s?culos, conforme as formas de produ??o do conhecimento m?dico foram se mo dificando. Segundo Fl?vio Coelho Edler, historiador da ?rea m?dica e pesquisador da Funda??o Oswaldo Cruz, "no s?culo XVIII, o diagn?s tico era constru?do de uma forma muito ?ntima entre o m?dico e o pa ciente. [...] A concep??o ontol?gica da doen?a, ou seja, a doen?a como um ser, como tendo uma exist?ncia independente do indiv?duo, ? mui to recente e se d? a partir do s?culo XIX", comenta. Dessa forma, hoje se fala da gripe, do c?ncer e de outras doen?as, com se estas existissem de forma isolada do paciente. Al?m disso, o paciente de hoje apre senta uma postura mais ativa, devi do ao f?cil acesso ? informa??o e ao grande volume de materiais sobre sa?de dispon?veis em diversos ve? culos de comunica??o, "Apesar de o paciente ter alguma informa??o, existe uma expectativa do encon tro [com o m?dico]", argumenta. E nem sempre essa expectativa se

cumpre, por diversos motivos, des de a falta de preparo de alguns m? dicos, ou pouco tempo dispon?vel para uma consulta mais abrangente. Outro motivo de conflito entre m? dico e paciente, derivado da soma da ultraespecializa??o nas ci?ncias m?dicas com a bagagem de infor ma??es (mesmo que superficiais) que o paciente traz para a consulta, s?o as diferentes interven??es apon tadas, para um mesmo diagn?stico, por especialistas em ?reas distintas. Um cardiologista que se depara, por exemplo, com um entupimento de veias, pode optar por implantar uma ponte de safena ou colocar um stent, dependendo do caso, com igual efi ci?ncia para o paciente. Um angio logista apresentar? argumentos para defender o stent, uma vez que ele os conhece muito bem, por ser a sua es pecialidade. J? o cirurgi?o, que ope ra h? anos e conhece a efici?ncia da ponte de safena nos seus pacientes,

Reprodu??o

Homepage do programa de DST/Aids do Minist?rio da Sa?de disponibiliza informa??es sobre doen?as sexualmente transmiss?veis para o p?blico em geral

optaria por esta interven??o, basea do em argumentos t?o convincentes quanto os do outro especialista.

Novos sujeitos "O ser humano foi reduzido ao aspecto biol?gico, pas samos a ser um todo organizado de c?lulas", reflete Dario Pasche, coor denador da Pol?tica Nacional de Hu maniza??o (PNH), do Minist?rio da Sa?de. Em sua opini?o, as rela??es entre m?dicos e pacientes, bem como entre profissionais da sa?de de uma forma geral, ? fundamental para um cuidado eficaz, motivo pelo qual a preocupa??o com a humaniza??o na ?rea da sa?de tem ganho destaque. Para Pasche, ? fundamental resgatar as dimens?es subjetivas e sociais das rela??es entre profissionais da sa?de e entre estes e os pacientes, que foram sendo esquecidas, e recompor a inte gridade do sujeito.

Ana Paula Morales

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