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FL?VIO SABBAGH ARMONY

O JORNALISMO POL?TICO LONGE DA IMPARCIALIDADE: a cobertura das elei??es de 2002 na regi?o Sudeste

RIO DE JANEIRO 2004

O JORNALISMO POL?TICO LONGE DA IMPARCIALIDADE: a cobertura das elei??es de 2002 na regi?o Sudeste

Fl?vio Sabbagh Armony

Trabalho apresentado no X Sipec ? Sudeste no dia 8 de dezembro de 2004 na mesa tem?tica 1: Comunica??o, Poder e Pol?tica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

RIO DE JANEIRO 2004

X SIPEC ? SUDESTE

ARMONY, Fl?vio Sabbagh. O jornalismo pol?tico longe da imparcialidade: a cobertura das elei??es de 2002 na regi?o Sudeste. 19 p. Rio de Janeiro: UERJ, 2004. Trabalho apresentado no X Sipec ? Sudeste.

Rio de Janeiro 2004

RESUMO

A partir da d?cada de 50, os jornais brasileiros foram abandonando o modelo franc?s, que haviam escolhido como base para seu jornalismo, e se aproximando do modelo estadunidense. A ditadura militar (1964-1985) funcionou como um catalisador para este processo e as m?dias brasileiras deixaram de expressar sua opini?o pol?tica com clareza e passaram a adotar uma postura "imparcial", salvo alguns que n?o escondem sua postura em rela??o ? pol?tica e aos candidatos em ?poca de elei??o. Por?m, essa imparcialidade reclamada est? apenas na forma. Quando se faz uma an?lise do conte?do desses ve?culos, verificam-se os interesses e objetivos de cada um desses jornais. Este trabalho prop?e uma an?lise da cobertura das elei??es presidenciais de 2002 pelos jornais da regi?o Sudeste do pa?s buscando descobrir o que est? por tr?s do discurso supostamente imparcial e objetivo dos jornais, os motivos que os levaram a prestigiar um ou outro candidato e a forma de disfarce desse apoio.

Palavras-chave: jornalismo pol?tico; imparcialidade; cobertura das elei??es de 2002

ABSTRACT

A major change in the Brazilian model of journalism has been happening since the 50's: the French model, used by that time, was changed by the American one. The military dictatorship (1964-1985) has accelerated this process and the Brazilian media stopped expressing their political views in a clear way to adopt an "impartial" attitude, except for some of them that do not try to hide their opinions about politics and candidates in electoral periods. However, this so claimed impartiality is only stated. As we analyze these media contents, we notice their concerns and objectives. This paper proposes an analysis over the Brazilian presidential polls in 2002 by the newspapers of the Southeastern region of Brazil to figure what lies beneath their supposedly impartial and objective discourse, the reasons that took them to support one or other candidates and how this support has been disguised.

Keywords: political journalism; impartiality; 2002 presidential polls coverage

1. INTRODU??O

A hist?ria do jornalismo no Brasil, assim como a hist?ria do pr?prio pa?s, ? marcada por grandes solavancos e guinadas em seus rumos. Desde o in?cio, a imprensa brasileira tinha um car?ter mais regional devido ? grande extens?o territorial do pa?s e ? quase nenhuma integra??o que aqui existia.

Nesse contexto, o jornalismo surge e se desenvolve aproveitando um modelo franc?s, em que cada ve?culo tinha como fun??o expressar o seu ponto de vista sobre as quest?es em voga, inclusive sobre a pol?tica. Nos anos 50, os jornais seguiam linhas pol?ticas definidas, defendendo partidos de situa??o ou oposi??o, conforme sua tend?ncia. A maioria dos jornais era, entretanto, conservadora e particularmente de oposi??o ao governo de Get?lio Vargas (at? 1954) e de seu herdeiro pol?tico, o presidente Jo?o Goulart. Nesse tempo, o jornal de Samuel Wainer, a ?ltima Hora, era a voz que se levantava em favor do getulismo, n?o abrindo m?o desta posi??o mesmo quando seu editor-chefe discordava das medidas do governo.

Esta situa??o come?ou a mudar com Assis Chateaubriand. Com a cria??o de uma ag?ncia de not?cias, os Di?rios Associados passaram a ter de se focalizar menos nas particularidades locais para divulgar as not?cias nacionais unificadas pela ag?ncia. Assim, seus jornais perderam um pouco do tom pol?tico para ganhar um aspecto pasteurizado, uniforme. Ainda assim, persistiam os outros, de acordo com cada linha pol?tica.

O golpe militar de 1964, que ocorreu com grande influ?ncia dos Estados Unidos, tratou de acelerar o processo de "pasteuriza??o" do jornalismo brasileiro. A ?ltima Hora saiu das m?os de Wainer e jornais como o Di?rio Carioca e o Correio da Manh? sucumbiram ?s san??es e censuras do governo enquanto Chat? foi obrigado a se desfazer de suas televis?es. O modelo americano passou a ser adotado e alguns ve?culos aderiram imediatamente ao governo militar, enquanto outros passaram a combat?-lo. No ano seguinte, viu-se surgir um novo imp?rio: as Organiza??es Globo.

A partir de ent?o, sucessivos atos do governo implicaram o fechamento de diversos jornais. Com a concess?o da TV Globo garantida a Roberto Marinho, elegeu-se um novo Cidad?o Kane. Em 1967, o presidente Costa e Silva baixou um decreto-lei (n?mero 236) que "limitava a cinco o n?mero de esta??es de televis?o que poderiam pertencer ao mesmo grupo privado: tr?s esta??es regionais e duas nacionais" (MORAIS, p.674). Dessa forma, Chat? teve de desfazer-se de suas televis?es espalhadas pelo pa?s enquanto a Globo funcionava com

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