Um Estudo Preliminar sobre as Implicações de Tipos de ...

Um Estudo Preliminar sobre as Implica??es de Tipos de Personalidade no Ensino de Computa??o

Camila C. Paix?o, Luiz Leandro Fortaleza, Tayana Conte

USES - ICOMP ? UFAM, CEP 69077-000, Manaus, AM, Brasil

{ccp, luizfortaleza, tayana}@icomp.ufam.edu.br

Abstract. When dealing with computing teaching methodology it is possible to innovate taking into account that different approaches affect the student development. In this context, this paper aims to consider and start a discussion, based on the MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) indicator, about how much the student's psychological profiles and their individual characteristics may affect the computing teaching

Resumo. Ao tratar metodologias de ensino de computa??o ? poss?vel inovar ? medida que se leva em considera??o que diferentes abordagens influenciam no desenvolvimento do aluno. Neste contexto, este trabalho tem por objetivo considerar e iniciar uma discuss?o, com base no indicador MBTI (MyersBriggs Type Indicator,) do quanto os perfis psicol?gicos dos alunos e suas caracter?sticas individuais podem influenciar o ensino de computa??o.

1. Introdu??o

As pessoas s?o uma quest?o cr?tica no desenvolvimento de software [Acu?a et al. 2006]. De acordo com Cruz et al. (2011), a influ?ncia de personalidades individuais em tarefas individuais e trabalho em equipe tem sido uma preocupa??o em engenharia de software ao longo de d?cadas. Na d?cada de 80, Boehm (1987) argumentava que os atributos pessoais e as atividades humanas constituem uma fonte de oportunidade para melhorar a produtividade no desenvolvimento de software. Pesquisas sobre a influ?ncia de tipos de personalidade no desenvolvimento de software t?m sido realizadas com diferentes objetivos, entre os quais: a busca por m?todos confi?veis e instrumentos para prever o desempenho individual em determinadas tarefas [Da Cunha e Greathead 2007; Meira e da Silva 2009; Salleh et al. 2009; Conte et al. 2011], para construir equipes eficazes e motivadas [Gorla e Lam 2004; Hoda et al. 2010], ou, em geral, para encontrar "a melhor pessoa para o trabalho" [Capretz e Ahmed 2010].

Se utilizado adequadamente, o estudo da personalidade pode ajudar as pessoas a obter uma melhor compreens?o dos estilos preferidos para trabalho individual, gest?o e trabalho em equipe [Cruz et al. 2011]. Uma quest?o de pesquisa relevante ? se a utiliza??o do estudo da personalidade pode apoiar o ensino de Computa??o.

Teague (1998) constatou em seus estudos que determinadas caracter?sticas s?o mais comumente encontradas em computa??o. No entanto, este e outros estudos enfatizam a necessidade de diferentes caracter?sticas para os diferentes profissionais de computa??o [Teague 1998; Capretz e Ahmed 2010], como sugere Bishop-Clarke (1995) afirmando que "diferentes caracter?sticas s?o necess?rias para diferentes tarefas". Dessa forma, ? necess?rio criar meios de estimular alunos com diferentes tipos de

personalidade nos cursos de computa??o. Segundo Teague (1998), estudantes com outras combina??es de caracter?sticas podem se sentir desmotivados por conta dos estilos de ensino-aprendizagem utilizados e esperados. Por exemplo, pessoas introvertidas preferem aprender trabalhando sozinhas, ouvindo, pensando e lendo, com apresenta??o de conceitos [Booth e Winzar 1993]. J? pessoas extrovertidas preferem aprender com aplica??o pr?tica, por meio de discuss?o e intera??o, apresenta??o de exemplos e fatos. Se um professor de perfil introvertido ensinar apenas no estilo em que prefere aprender, provavelmente ir? perder o interesse dos alunos extrovertidos em sua disciplina [Teague, 1998]. Esta pode ser uma das raz?es que expliquem a desmotiva??o, com a poss?vel perda da periodiza??o, e at? mesmo a evas?o de alunos.

Este trabalho discute os resultados de um estudo preliminar no qual observou-se ind?cios da exist?ncia de rela??o entre o tipo de personalidade e a tend?ncia para um aluno permanecer motivado com as metodologias no ensino de computa??o. Neste contexto, a proposta ? discutir o quanto os perfis psicol?gicos dos alunos de computa??o impactam na aprendizagem e o quanto eles poderiam ser considerados para apoiar melhorias e inova??es no ensino de computa??o.

As pr?ximas se??es deste artigo est?o organizadas da seguinte maneira: a Se??o 2 apresenta como as caracter?sticas de personalidade s?o abordadas e o indicador de tipo de personalidade utilizado no estudo; a Se??o 3 descreve m?todo de pesquisa e estudo preliminar deste trabalho; e por fim, a Se??o 4 apresenta poss?veis trabalhos futuros e as conclus?es.

2. Perfis Psicol?gicos

Personalidade ? definida por Schultz (2002) como "o conjunto de aspectos internos peculiares do car?ter de uma pessoa que influenciam o comportamento em situa??es diferentes", ou ainda, por Feldt et al. (2010), como "um conjunto fixo de padr?es de como a pessoa se comporta, sente e pensa". Existem in?meros testes em uso no contexto organizacional que possibilitam avaliar padr?es de comportamento e perfis psicol?gicos [Welter e Capitao 2007]. Em computa??o, os estudos que buscam considerar este aspecto levam em considera??o teorias de tipos de personalidade e indicadores de perfis. Segundo Cruz et al. (2011), o tipo de teste de personalidade mais utilizado em estudos em Computa??o ? o Indicador MBTI.

O MBTI? (Myers-BriggsTypeIndicator) ? um instrumento de identifica??o de caracter?sticas pessoais, que possibilita identificar as caracter?sticas, pontos fortes e aspectos de desenvolvimento. Este indicador se baseia nos estudos de Jung (1991), que sugeriu que "o comportamento humano n?o era aleat?rio, e sim, na verdade, previs?vel e classific?vel". Os perfis de personalidade propostos por Myers-Briggs s?o definidos a partir de quatro grandes dimens?es bipolares da personalidade: (1) Extraversion/Introversion (Extrovertidos/Introvertidos), (2) Sensing/iNtuition (Sensoriais/Intuitivos), (3) Thinking/Feeling (Racionalistas/Emocionais) e (4) Judging/Perceiving (Julgadores/Perceptivos), como apresentado na Figura 1. A classifica??o dos tipos ? feita nestas quatro dimens?es, cuja escala de prefer?ncia varia entre dois extremos. O MBTI? pressup?e que, embora todos os indiv?duos possuam as qualidades de personalidade contidos em cada escala ou par?metro, cada um naturalmente prefere algumas qualidades ou ? mais confort?vel com alguns tra?os do que outros. O tipo de personalidade ? identificado por meio de um c?digo de quatro

letras, cada uma representando o p?lo dominante na dimens?o (E ou I, S ou N, T ou F, J ou P). Cada um dos dezesseis diferentes tipos de personalidade medidas pelo MBTI pode ser visto como um conjunto de padr?es que aponta como o indiv?duo se comporta.

Figura 1. Dimens?es bipolares das personalidades e suas principais caracter?sticas (adaptado de [Conte et al. 2011])

Na d?cada de 70, David Keirsey, psic?logo americano, criou um subgrupo para os tipos psicol?gicos definidos por Myers-Briggs, que chamou de "Temperamentos". Segundo Keirsey (1998), "temperamento ? uma configura??o de inclina??es". O modelo de Keirsey indica que os temperamentos s?o compostos por quatro tipos de personalidade, baseados no indicador MBTI?. A composi??o de duas dimens?es implicar? no temperamento do indiv?duo. Os temperamentos foram divididos em artes?os (SP ? Sensorial Perceptivo), guardi?es (SJ ? Sensorial Julgador), idealistas (NF ? Intuitivo Sentimental) e racionais (NT ? Intuitivo Pensador) conforme apresentado naFigura 2.

Diversas pesquisas t?m utilizado o indicador MBTI e o modelo de Temperamentos de Keirsey para compreender a influ?ncia dos tipos de personalidade no desenvolvimento de software. Entre essas pesquisas, pode-se citar: os trabalhos de Gorla e Lam (2004) e Capretz e Ahmed (2010) sobre quais os tipos de personalidade s?o os mais indicados para diferentes pap?is em times de software; a pesquisa de Da Cunha e Greathead (2007) sobre a exist?ncia de um perfil psicol?gico mais apropriado para revisores de c?digo; o estudo realizado por Conte et al. (2011) sobre perfis de inspetores de usabilidade.

Figura 2. Quatro temperamentos MBTI (adaptado de [Branco et al. 2012])

3. O impacto de perfis psicol?gicos no ensino de Computa??o

Alguns dos estudos citados na Se??o anterior, [Conte et al. 2011; Branco et al. 2012], foram realizados com estudantes dos cursos de Computa??o da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).Ao realiz?-los, os pesquisadores decidiram observar adicionalmente se existiria alguma rela??o entre tipo de personalidade e resultado do aluno durante o curso. Para observar este resultado, optou-se por analisar quais alunos haviam conseguido at? o momento do estudo continuar periodizados (cursando todas as disciplinas previstas para cada semestre) e quais alunos n?o haviam conseguido ? os chamados alunos n?o periodizados ?, que atrasaram na conclus?o do curso.

A an?lise de alunos periodizados e n?o periodizados ? importante, pois possibilita notar quais tiveram mais dificuldades durante o curso, cujas reprova??es causaram atrasos em sua conclus?o prevista. Cabe notar que as reprova??es podem ter sido causadas tanto por dificuldades t?cnicas em determinada disciplina ou por desmotiva??o do aluno com a disciplina e/ou curso, al?m de quest?es pessoais impeditivas. Considerou-se que os alunos n?o periodizados s?o os candidatos com maior probabilidade de evadir.

Neste estudo preliminar, foi feita a an?lise dos dados de 46 alunos de diferentes turmas da disciplina de Modelagem de Projeto de Sistemas dos cursos de Ci?ncia da Computa??o e Sistemas de Informa??o. Os alunos que concordaram em participar do estudo, ap?s assinar o Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE), realizaram teste baseado no indicador de tipos de personalidade Myers-Briggs, dispon?vel no endere?o , e, posteriormente, enviaram seus resultados aos pesquisadores. Os alunos tamb?m enviaram aos pesquisadores uma c?pia digital do seu hist?rico, para que pudesse ser verificado quais alunos estavam periodizados. Dos 46 alunos participantes do estudo, 26 estavam periodizados e 20, n?o periodizados.

A Figura 3 apresenta os n?meros de alunos que preferem cada dimens?o dos quatro eixos analisados pelo MBTI: Extrovers?o (E) x Introvers?o (I), Sensa??o (S) x

iNtui??o(N), Pensamento (T) x Emo??o (F), Julgamento (J) x Percep??o (P). ? poss?vel constatar o alto ?ndice de alunos com caracter?sticas Sensing (S), como apresentado na Figura 3. Pessoas com essa caracter?stica s?o muito pr?ticas e realistas [Teague 1998]. Abordar metodologias em computa??o que considerem estas caracter?sticas pode ser um fator de aux?lio no crescimento do ?ndice de sucesso no curso.

Dimens?es MBTI dos alunos avaliados

34

24 22

27

27

19

19

12

E

I

S

N

T

F

J

P

Figura 3.Totais por dimens?es MBTI dos participantes do estudo

A Figura 4 a seguir apresenta os resultados por eixo comparando as dimens?es preferenciais de alunos periodizados e alunos n?o periodizados. Analisando os gr?ficos da Figura 4 ? poss?vel notar que, apesar de alunos do tipo "S" (no eixo Sensorial ? Intuitivo) serem maioria na amostra, sua diferen?a em rela??o a alunos periodizados e n?o periodizados n?o ? t?o significativa quanto ade alunos do tipo "I" (no eixo Introvers?o ? Extrovers?o) e alunos do tipo "J" (no eixo Julgador ? Perceptivo), que apresentam uma tend?ncia a se manterem periodizados. Embora os dados deste estudo n?o sejam conclusivos, eles podem ser considerados um indicativo da necessidade de promover maior envolvimento de alunos dos tipos "E" e "P", para prevenir poss?vel desmotiva??o pelo aprendizado de Computa??o.

A Figura 5 apresenta os resultados por temperamentos e tipos MBTI para alunos periodizados e n?o periodizados. Observou-se que o maior n?mero de indiv?duos ? do tipo ISTJ, refor?ando outros quatro estudos citados por Teague (1998) em que esse tipo aparecia na maior parte das popula??es consideradas. Outro fato observado ? a tend?ncia de pessoas do tipo ISTJ serem periodizadas, assim como a maioria dos alunos periodizados ser do temperamento "Guardi?o".

Alguns cuidados, entretanto, s?o importantes em rela??o ? an?lise destes dados: n?o ? poss?vel dizer, por exemplo, que 100% dos INFPs s?o periodizados e isso ? uma tend?ncia, afinal, s? existe um INFP na amostra; ou ainda, que ENTJs tendem a ser n?o periodizados e INTJs periodizados, j? que cada tipo s? possui dois elementos na

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