Estudo dos Impactos Sócio-Econômicos e Espaciais do ...



Identificação de Clusters

Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Social - SEPLANDES

Instituto de Planejamento de Pernambuco – CONDEPE

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA

Recife, Junho de 2002

GOVERNO DO ESTADO

Jarbas de Andrade Vasconcelos

GOVERNADOR

José Mendonça Bezerra Filho

VICE-GOVERNADOR

José Arlindo Soares

SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

CONDEPE

José Fernando Félix de Oliveira

PRESIDENTE

Alexey Barbosa Bruscky

DIRETORIA DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Roberto Cavalcanti Moraes

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

Rômulo Tenório de Carvalho

DIRETORIA DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

EQUIPE TÉCNICA DO CONDEPE

Rômulo Tenório de Carvalho (Coordenador Geral do Projeto)

Roberto Ramos Ferraz

Lúcia Maria Dutra Gurgel Cavalcanti

Magali Vale de Siqueira Campos

Ney Wanderley

EQUIPE TÉCNICA DO IPEA

Gustavo Maia Gomes (Coordenador)

Maria Cristina Mac Dowell

Manoel Rodrigues Junior

Carlos Wagner de Oliveira

Katya Calmon

EQUIPE DA FADE/UPFE

André Matos Magalhães

Fernando de Mendonça Dias

Pio Guerra Neto

Renato Cezar Matos Farias

Jackeline Correia Santiago das Mercês

Raphael Antunes Pinheiro

Sumário

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO 2 CLUSTERS E MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO 3

1. Introdução 3

2. O que é Cluster 3

3. Entendendo a Atmosfera Empresarial Regional - Introdução ao Diamante Competitivo de Porter 5

4. Metodologia de Análise de Competitividade de Países, Regiões ou Setores: Conceito do “Diamante De Porter” 7

5. Metodologia de Identificação de Cluster 11

5.1. Fator de Concentração de Emprego (FCE) 12

5.2. Fator de Dependência do Cluster (FDC) 13

5.3. Fator de Prosperidade Econômica (FPE) 14

6. Identificação dos municípios que fazem parte dos clusters 14

7. Informações qualitativas 15

CAPÍTULO 3 O CLUSTER DE TURISMO EM PERNAMBUCO 16

1. Introdução 16

2. Dimensão espacial do cluster de turismo 16

3. Indicadores Gerais do Cluster de Turismo em Pernambuco 19

4. Indicadores Específicos do Cluster de Turismo em Pernambuco 24

4.1. Integração das atividades 24

4.2. Competitividade 25

4.3. Tecnologia 26

4.4. Amplitude do mercado 26

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 26

4.6. Perspectivas de crescimento 27

CAPÍTULO 4 O CLUSTER GESSEIRO DE PERNAMBUCO 28

1. Introdução 28

2. Dimensão espacial do cluster gesseiro 28

3. Indicadores Gerais do Cluster Gesseiro em Pernambuco 30

4. Indicadores Específicos do Cluster Gesseiro de Pernambuco 33

4.1. Integração das atividades 34

4.2. Competitividade 34

4.3. Tecnologia 35

4.4. Amplitude do mercado 35

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do Cluster 35

4.6. Perspectivas de crescimento 36

CAPÍTULO 5 O CLUSTER DE MATERIAL ELÉTRICO EM PERNAMBUCO 37

1. Introdução 37

2. Dimensão espacial do cluster de material elétrico 37

3. Indicadores Gerais do Cluster de Material Elétrico em Pernambuco 38

CAPÍTULO 6 O CLUSTER DE ENSINO EM PERNAMBUCO 42

1. Introdução 42

2. Dimensão espacial do cluster de ensino 42

3. Indicadores Gerais do Cluster de Ensino em Pernambuco 44

4. Indicadores Específicos do Cluster de Ensino de Pernambuco 48

4.1. Integração das atividades 49

4.2. Competitividade 49

4.3. Tecnologia 50

4.4. Amplitude do mercado 50

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 50

4.6. Perspectivas de crescimento 51

CAPÍTULO 7 O CLUSTER DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA EM PERNAMBUCO 52

1. Introdução 52

2. Dimensão espacial do cluster da indústria sucroalcooleira 52

3. Indicadores Gerais do Cluster Sucroalcooleiro em Pernambuco 54

4. Indicadores Específicos do Cluster Sucroalcooleiro de Pernambuco 58

4.1. Integração das atividades 59

4.2. Competitividade 59

4.3. Tecnologia 60

4.4. Amplitude do mercado 60

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 60

4.6. Perspectivas de crescimento 61

Capítulo 8 O Cluster de Bebidas em Pernambuco 62

1. Introdução 62

2. Dimensão espacial do cluster de bebidas 62

3. Indicadores Gerais do Cluster de Bebidas em Pernambuco 64

4. Indicadores Específicos do Cluster de Bebidas de Pernambuco 69

4.1. Integração das atividades 69

4.2. Competitividade 70

4.3. Tecnologia 70

4.4. Amplitude do mercado 70

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 71

4.6. Perspectivas de crescimento 71

CAPÍTULO 9 O CLUSTER DE INFORMÁTICA EM PERNAMBUCO 73

1. Introdução 73

2. Dimensão espacial do cluster de informática 73

3. Indicadores Gerais do Cluster de Informática em Pernambuco 76

4. Indicadores específicos do cluster de informática 80

4.1. Integração com o mercado 81

4.2. Competitividade 81

4.3. Tecnologia 82

4.4. Amplitude do mercado 82

4.5. Importância da BR 232 82

4.5.1. Importância e impactos para a atividade 82

4.5.2. Importância e impactos para o município 83

4.6. Perspectivas de crescimento 83

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade 83

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município 84

CAPÍTULO 10 O CLUSTER DE PRODUTOS ALIMENTARES EM PERNAMBUCO 85

1. Introdução 85

2. Dimensão espacial do cluster de produtos alimentares 85

3. Indicadores Gerais do Cluster de Produtos Alimentares em Pernambuco 88

4. Indicadores Específicos do Cluster de Produtos Alimentares 96

4.1. Integração das atividades do cluster 96

4.2. Competitividade 96

4.3. Tecnologia 97

4.4. Amplitude do mercado 97

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 97

4.6. Perspectivas de crescimento 98

CAPÍTULO 11 O CLUSTER DE PRODUTOS DE VESTUÁRIO 99

1. Introdução 99

2. Dimensão espacial do cluster de produtos de vestuário 100

3. Indicadores Gerais do Cluster de Vestuário em Pernambuco 102

4. Indicadores específicos do cluster de vestuário e calçados 110

4.1. Integração com o mercado 110

4.2. Competitividade 110

4.3. Tecnologia 111

4.4. Amplitude do mercado 111

4.5. Importância da BR 232 111

4.5.1. Importância e impactos para a atividade 111

4.5.2. Importância e impactos para o município 112

4.6. Perspectivas de crescimento 112

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade 112

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município 112

CAPÍTULO 12 O CLUSTER DE PRODUTOS TÊXTEIS 114

1. Introdução 114

2. Dimensão espacial do cluster de produtos têxteis em Pernambuco 115

3.Indicadores Gerais do Cluster Têxtil em Pernambuco 117

4. Indicadores específicos do cluster de produtos têxteis 123

4.1. Integração com o mercado 123

4.2. Competitividade 123

4.3. Tecnologia 124

4.4. Amplitude do mercado 124

4.5. Importância da BR 232 124

4.5.1. Importância e impactos para a atividade 124

4.5.2. Importância e impactos para o município 125

4.6. Perspectivas de crescimento 125

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade 125

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município 125

CAPÍTULO 13 CLUSTER DE PRODUTOS DE LIMPEZA E COSMÉTICOS 126

1. Introdução 126

2. Dimensão Espacial do Cluster de Produtos de Limpeza e Cosméticos em Pernambuco 127

3. Indicadores Gerais do Cluster de Cosméticos e Produtos de Limpeza em Pernambuco 130

4. Indicadores específicos do cluster de cosméticos e produtos de limpeza 132

4.1. Integração com o mercado 132

4.2. Competitividade 132

4.3. Tecnologia 133

4.4. Amplitude do mercado 133

4.5. Importância da BR 232 133

4.5.1. Importância e impactos para a atividade 133

4.5.2. Importância e impactos para o município 134

4.6. Perspectivas de crescimento 134

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade 134

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município 134

CAPÍTULO 14 O CLUSTER DE MÓVEIS 136

1. Introdução 136

2. Dimensão espacial do cluster de móveis 137

3. Indicadores gerais do cluster de móveis em Pernambuco 139

4. Indicadores Específicos do Cluster de Movelaria 144

4.1. Integração das atividades do cluster 144

4.2. Competitividade 144

4.3. Tecnologia 145

4.4. Amplitude do mercado 145

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 145

4.6. Perspectivas de crescimento 146

CAPÍTULO 15 O CLUSTER DE LOGÍSTICA E ARMAZENAMENTO DE PERNAMBUCO 147

1. Introdução 147

2. Dimensão espacial do cluster de logística e armazenamento 147

3. Indicadores Gerais do Cluster de Logística e Armazenamento em Pernambuco 151

4. Indicadores específicos do cluster de logística, transporte e distribuição. 153

4.1. Integração com o mercado 154

4.2. Competitividade 154

4.3. Tecnologia 154

4.4. Amplitude do mercado 155

4.5. Importância da BR 232 155

4.5.1. Importância e impactos para a atividade 155

4.5.2. Importância e impactos para o município 155

4.6. Perspectivas de crescimento 155

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade 155

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município 156

CAPÍTULO 16 O CLUSTER DE SERVIÇOS MÉDICOS 157

1. Introdução 157

2. Dimensão espacial do cluster de serviços médicos 157

3. Indicadores Gerais do Cluster de Serviços Médicos em Pernambuco 159

4. Indicadores Específicos do Cluster de Serviços Médicos 164

4.1. Integração das atividades do cluster 164

4.2. Competitividade 165

4.3. Tecnologia 165

4.4. Amplitude do mercado 165

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 166

4.6. Perspectivas de crescimento 166

CAPÍTULO 17 CLUSTER DE PLÁSTICOS E ELASTÔMEROS 168

1. Introdução 168

2. Dimensão espacial do cluster de plásticos e elastômeros 168

3. Indicadores Gerais do Cluster de Plásticos e Elastômeros em Pernambuco 169

4. Indicadores Específicos do Cluster de Plásticos e Elastômeros 173

4.1. Integração das atividades do cluster 174

4.2. Competitividade 174

4.3. Tecnologia 174

4.4. Amplitude do mercado 175

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 175

4.6. Perspectivas de crescimento 175

CAPÍTULO 18 CLUSTER DE PAPEL E PAPELÃO 177

1. Introdução 177

2. Dimensão espacial do cluster de papel e papelão 177

3. Indicadores Gerais do Cluster de Papel e Papelão em Pernambuco 179

4. Indicadores Específicos do Cluster de Papel e Papelão 183

4.1. Integração das atividades do cluster 183

4.2. Competitividade 183

4.3. Tecnologia 184

4.4. Amplitude do mercado 184

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 184

4.6. Perspectivas de crescimento 185

CAPÍTULO 19 CLUSTER DE COMÉRCIO E MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS 186

1. Introdução 186

2. Dimensão espacial do cluster de comércio e manutenção de veículos 186

3. Indicadores Gerais do Cluster de Comércio e Manutenção de Veículos 187

4. Indicadores Específicos do Cluster de Comércio e Manutenção de Veículos 193

4.1. Integração das atividades 193

4.2. Competitividade 193

4.3. Tecnologia 193

4.4. Amplitude do mercado 194

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 194

4.6. Perspectivas de crescimento 194

CAPÍTULO 20 O CLUSTER DE TELECOMUNICAÇÕES 196

1. Introdução 196

2. Dimensão espacial do cluster de telecomunicações 197

3. Indicadores gerais do cluster de telecomunicações em Pernambuco. 200

4. Indicadores específicos do cluster de telecomunicações 203

4.1. Integração com o mercado 203

4.2. Competitividade 204

4.3. Tecnologia 204

4.4. Amplitude do mercado 204

4.5. Importância da BR 232 205

4.5.1. Importância e impactos para a atividade 205

4.5.2. Importância e impactos para o município 205

4.6. Perspectivas de crescimento 205

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade 205

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município 205

CAPÍTULO 21 O CLUSTER DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM PERNAMBUCO 207

1. Introdução 207

2. Dimensão espacial do cluster de construção civil 207

3. Indicadores Gerais do Cluster de Construção Civil em Pernambuco 209

4. Indicadores Específicos do Cluster de Construção Civil de Pernambuco 213

4.1. Integração das atividades 214

4.2. Competitividade 214

4.3. Tecnologia 215

4.4. Amplitude do mercado 215

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 215

4.6. Perspectivas de crescimento 216

CAPÍTULO 22 O CLUSTER DE FRUTICULTURA EM PERNAMBUCO 217

1. Introdução 217

2. Dimensão espacial do cluster de fruticultura 218

3. Indicadores Gerais do Cluster de Fruticultura em Pernambuco 220

4. Indicadores Específicos do Cluster de Fruticultura em Pernambuco 222

4.1. Integração das atividades 222

4.2. Competitividade 223

4.3. Tecnologia 224

4.4. Amplitude do mercado 224

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 224

4.6. Perspectivas de crescimento 224

CAPÍTULO 23 O CLUSTER DA PECUÁRIA LEITEIRA EM PERNAMBUCO 226

1. Introdução 226

2. Dimensão espacial do cluster de pecuária leiteira 226

3. Indicadores Gerais do Cluster de Pecuária Leiteira em Pernambuco 228

4. Indicadores Específicos do Cluster de Pecuária Leiteira de Pernambuco 230

4.1. Integração das atividades 231

4.2. Competitividade 231

4.3. Tecnologia 232

4.4. Amplitude do mercado 232

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 232

4.6. Perspectivas de crescimento 233

CAPÍTULO 24 O CLUSTER DA PECUÁRIA DE CORTE 234

1. Introdução 234

2. Dimensão espacial do cluster da pecuária de corte 236

3. Indicares gerais do cluster da pecuária de corte em Pernambuco 239

4. Indicadores Específicos do Cluster de Pecuária de Corte 242

4.1. Integração das atividades do cluster 242

4.2. Competitividade 242

4.3. Tecnologia 243

4.4. Amplitude do mercado 243

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 243

4.6. Perspectivas de crescimento 244

CAPÍTULO 25 O CLUSTER DA AVICULTURA 245

1. Introdução 245

2. Dimensão espacial do cluster da avicultura 246

3. Indicadores gerais do cluster da avicultura 248

4. Indicadores Específicos do Cluster de Avicultura 251

4.1. Integração das atividades do cluster 252

4.2. Competitividade 252

4.3. Tecnologia 252

4.4. Amplitude do mercado 253

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster 253

4.6. Perspectivas de crescimento 253

CAPÍTULO 26 CLUSTERS AGRÍCOLAS SELECIONADOS (ARROZ, BATATA – DOCE, CAFÉ, CEBOLA, FEIJÃO, MANDIOCA, MILHO) 255

1. Introdução 255

2. Dimensão espacial dos clusters agrícolas selecionados 255

4. Indicadores específicos dos clusters agrícolas 264

4.1. Integração 264

4.2. Competitividade 264

4.3. Tecnologia 265

4.4. Amplitude 265

4.5. Importância e impactos da BR-232 266

4.5.1. Importância no contexto do setor 266

4.5.2. Importância no contexto do município 266

4.6. Perspectivas de crescimento 266

4.6.1. Perspectivas de crescimento do setor 266

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município 267

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 268

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A duplicação da BR-232 entre Recife e Caruaru é uma das principais iniciativas governamentais implementadas nos últimos anos, com o intuito de elevar a dinâmica econômica nas regiões do Agreste e do Sertão de Pernambuco. Milhares serão beneficiados com a melhoria no acesso e, principalmente, com a redução no custo e no tempo de transporte de cargas e pessoas.

Diversos tipos de impacto poderão ser sentidos na região e, dentre estes, os impactos nas principais aglomerações produtivas são particularmente interessantes, na medida em que estas se constituem nos principais componentes da dinâmica econômica da região afetada e, potencialmente, deverão ser os setores mais afetados.

Como parte do estudo realizado em parceria pelo Instituto de Planejamento de Pernambuco (CONDEPE) com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), foram realizados levantamentos com base em dados primários e secundários para que fossem identificados, ao longo de todo o Estado, quais seriam estas principais aglomerações produtivas e qual é o impacto esperado pelos setores econômicos para os efeitos da duplicação da BR 232.

O objetivo desta etapa do estudo é o de gerar subsídios e instrumentalizar os governos estadual e municipais, com vistas à formulação de planos, programas e projetos voltados para a promoção do desenvolvimento sócio-econômico dos municípios que serão potencialmente beneficiados pela duplicação da rodovia.

Para realizar esta etapa, foi necessário um levantamento de todos os principais clusters de cada município do Estado, com vistas a identificar aqueles que dependem de integração de mercados e que podem ser mais beneficiados da maior integração que será gerada pela duplicação da BR 232. Após esta identificação, foram verificados quais os principais obstáculos para o desenvolvimento de cada cluster, através de consultas aos principais representantes de cada um deles.

Com esta informação e aquelas relativas aos municípios que serão economicamente mais beneficiados pela duplicação da BR 232, o Governo do Estado e os governos municipais poderão estabelecer uma série de ações para cada município, com vistas à promoção do seu desenvolvimento sócio-econômico. A partir do efeito que cada município vai sofrer, pode-se, inclusive, criar um ranking de prioridades de ação.

O estudo envolveu a combinação de informações secundárias, para a determinação das principais aglomerações produtivas, ou clusters, em todo o Estado de Pernambuco, com pesquisa de campo, que buscou avaliar, qualitativamente, as condições de competitividade, estado tecnológico, abrangência de mercados, integração e, por fim, impactos esperados pelos principais empresários de cada setor que seriam advindos da duplicação da BR 232.

Para cada município do Estado, serão apresentados os seus principais clusters, indicadores de dispersão espacial, indicadores quanto ao porte, competitividade e condição tecnológica. Por fim, serão também apresentados os principais impactos esperados e, setorialmente, que tipo de efeito é esperado ocorrer após a conclusão desta obra.

Dessa forma este relatório está organizado como segue. No capítulo 2 é apresentado o conceito de clusters e o método de sua identificação. Nos capítulos seguintes, do 3 ao 26, mais especificamente, são apresentados os diferentes clusters de Pernambuco identificados, bem como seus principais indicadores. Por fim, são apresentadas as conclusões do relatório.

CAPÍTULO 2

CLUSTERS E MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO

1. Introdução

O presente capítulo tem como objetivo apresentar uma metodologia de identificação de clusters que seja compatível com as informações disponíveis para a economia pernambucana. A metodologia escolhida deve contemplar as informações secundárias disponíveis para os diferentes setores da economia local, a qualidade destas informações, bem como ser adequada à utilização conjunta de análise qualitativa, a ser realizada com o uso de dados primários.

Para apresentar uma metodologia de identificação de clusters é necessário, primeiramente, definir o objeto da análise, o cluster. Neste sentido, este capítulo está organizado como segue. Na seção 2 é apresentada uma breve descrição do que é um cluster . Na seção 3 uma análise de cluster. Na seção 4 é apresentada a metodologia de análise de competitividade de países, regiões ou setores, através do conceito do “Diamante de Porter” e na seção 5 a metodologia de identificação de cluster. A seção 6 traz a identificação dos municípios que fazem parte dos clusters e a seção 7 acrescenta algumas informações qualitativas.

Desta forma, pretende-se estabelecer os subsídios necessários à compreensão do método utilizado, ao mesmo tempo em que se salienta a importância de uma abordagem de cluster para o desenvolvimento da economia pernambucana.

2. O que é cluster

Desde a popularização do conceito de cluster econômico, que tem seu principal expoente na figura do professor Michael Porter, da Universidade de Harvard, este sofreu algumas alterações no sentido de se tornar, de fato, mais genérico. No sentido estrito, Porter define clusters competitivos como:

“Clusters são concentrações geográficas de empresas interconectadas, fornecedores especializados, provedores de serviços, e instituições associadas em um campo particular que é presente em uma nação ou região.” (Monitor do Brasil)

Um cluster seria uma aglomeração de empresas de um setor em particular, com interconexões entre as mesmas, estando estas em uma determinada região. O conceito apresentado, apesar de seu conteúdo elucidativo, ainda é bastante vago no sentido de que um setor pode assumir diversas magnitudes, interconexões podem assumir diversas formas, e uma região pode ser interpretada de diferentes maneiras. Assim, o conceito tanto poderia ser aplicado às indústrias do Vale do Silício quanto à produção de café em toda a Colômbia e, ainda assim iria se referir a um cluster.

De fato, o conceito de cluster transcende a questão regional, na medida em que o que realmente importa é a capacidade das empresas em se integrarem em um objetivo comum, agindo com algum nível de cooperação mútua, de forma a elevar a competitividade de todo o setor. No entanto, a questão regional não pode ser desprezada, na medida em que as economias de aglomeração necessitam, obviamente, de aglomeração, e este é um dos principais componentes para a maior competitividade de um cluster frente ao modo de produção tradicional.

O modo de produção tradicional pode ser entendido como os diferentes segmentos de uma mesma indústria agindo isoladamente e sem um delineamento estratégico, com base na formação de um grupo para elevar a competitividade do produto final. A produção baseada em cluster, por outro lado, combina as vantagens da integração vertical e horizontal, com as vantagens oriundas da economia de escala. Todavia, este tipo de arranjo pode ocorrer em diferentes níveis e, neste caso, um cluster apresentaria diferentes estágios de desenvolvimento.

Em linhas gerais, um cluster pode se apresentar como um pré-cluster, um cluster emergente, um cluster em expansão e um cluster maduro. Um pré-cluster pode ser entendido como uma aglomeração produtiva onde as empresas agem de forma independente, mas os ganhos advindos das economias de aglomeração afetam a competitividade do produto final.

Um cluster emergente seria um cluster propriamente dito, que está em seus estágios iniciais de desenvolvimento, e onde a estratégia cooperativa entre os agentes ainda não é bem definida, e os resultados, em termos de ganho de competitividade, podem ainda não ser percebidos.

Um cluster em expansão seria aquele onde as bases de uma estratégia competitiva e cooperativa estariam já lançadas e as interconexões entre os agentes estariam bem definidas. Da mesma forma, os resultados da estratégia de clusters já seriam visíveis na forma de incremento do produto, do emprego, da rentabilidade e dos salários, mas o cluster ainda não teria papel de destaque como exportador, e entre os demais concorrentes do mercado nacional e internacional.

Um cluster maduro seria a consolidação da estratégia do cluster como um líder em termos competitivos, com orientação ao mercado interno e externo e como um dos elementos do benchmark do setor, com a teia de interconexões bem definida assim como a estratégia conjunta de atuação.

A partir desta concepção de cluster pode-se intuir que o mesmo pode aparecer sob diversos aspectos de desenvolvimento e de competitividade. Uma definição mais adequada e mais relacionada com o universo empresarial é a adotada pela Monitor, uma das principais consultoras do mundo, especializada em estratégias de clusters:

“Conjunto de todas as empresas de um determinado setor (fabricantes de produtos finais, fornecedores de matérias primas, fabricantes de máquinas e equipamentos, etc.) e suas inter-relações” (Monitor do Brasil)

Esta definição é bem mais ampla que a anterior e contempla, praticamente, todo tipo de agrupamento industrial, de comércio, serviços ou uma combinação destes, que seja orientada a um produto ou um mercado específico, ou mesmo mercados ou produtos afins.

A definição de cluster acima, é suficientemente ampla para ser utilizada com relação à identificação dos clusters no Estado de Pernambuco, e como tal, será amplamente utilizada. De fato, a maior parte dos clusters identificados é, na verdade, pré-clusters ou clusters em expansão, sendo diversas as razões apontadas e cada uma delas, associada a cada um dos respectivos clusters. Um motivo comum, no entanto, é a própria cultura não cooperativa do empresariado local, que dificulta a elaboração de uma estratégia que é, em parte, fundamentada na cooperação. Uma terceira definição que também pode ser adotada é apresentada a seguir:

“Clusters industriais são concentrações geográficas de firmas ou indústrias competidoras, complementares ou interdependentes, que fazem negócios umas com as outras e/ou apresentam necessidades comuns para talentos, tecnologias e infra-estrutura. As firmas incluídas no cluster podem ser tanto competitivas quanto cooperativas. Elas podem competir diretamente com algum(s) membro(s) do cluster, comprar insumos de outro(s) membro(s) do cluster, assim como também depender dos serviços de firmas do cluster para a operação de seus negócios.” (The Hubert H. Humphrey Institute of Public Affairs, University of Minnesota. 1999. Industry Clusters: An Economic Development Strategy for Minnesota, Preliminary Report. Minneapolis, Minnesota)

A definição acima se mostra mais adequada, em muitas situações, pois além de caracterizar o cluster como um arranjo produtivo, estabelece que pode, e de fato há, competição dentro do próprio cluster. Neste sentido, o cluster preconiza uma estratégia cooperativa que contemple a competição entre seus próprios membros, o que é evidentemente um acordo de complexa execução.

3. Entendendo a Atmosfera Empresarial Regional - Introdução ao Diamante Competitivo de Porter

O diagrama “diamante” de Michael Porter representa o ambiente competitivo no qual uma empresa atua. O modelo apresenta, inicialmente, os principais componentes de um sistema concorrencial: o mercado de fatores, o processo de produção/gerenciamento e o mercado para os bens e serviços produzidos pela empresa.

O modelo de análise padrão considera a decisão da firma como decorrente da análise de retorno, considerando a demanda de mercado e a tecnologia de produção utilizada. O modelo de clusters considera estes dois aspectos, além de três outros aspectos adicionais, que seriam o uso de estratégias cooperativas, o efeito do acaso sobre o resultado da empresa, e conseqüentemente, sobre suas expectativas, assim como o efeito de políticas públicas como elemento catalisador da dinâmica dos negócios.

Usando esse modelo, uma empresa pode compreender a dinâmica da indústria resultante da interação dos agora quatro determinantes, que são influenciados pelo governo e pelo acaso. A figura 2.1 a seguir, apresenta a forma padrão do diamante competitivo.

Figura 2.1

O Diamante Competitivo

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Algumas das principais conclusões obtidas a partir do uso do modelo de cluster são que o sucesso sustentável resulta da inovação e melhoria desse sistema, e que a melhoria de um determinante, pode ajudar a melhorar todo o sistema.

A concepção de que o comportamento estratégico afeta o resultado da dinâmica econômica não é, de fato, originalmente estabelecida neste modelo. O primeiro estudo completo em termos de ciências sociais, que coloca esta questão, data de 1944, como Theory of Games and Economic Behavior de John von Neumann e Oskar Morgenstern. Neste livro os autores fazem uma explanação de como as estratégias dos agentes econômicos poderiam ser modeladas a partir da então recentemente desenvolvida teoria dos jogos.

Sendo, no entanto, uma abordagem estritamente matemática e formal do efeito das estratégias sobre o comportamento econômico, o uso da teoria dos jogos permaneceu e ainda permanece, basicamente, restrito ao meio acadêmico, sendo seu uso ainda muito pouco difundido no meio empresarial.

Os estudos de Porter e o modelo de cluster, contudo, oferecem uma forma muito mais simples de se analisar o efeito das estratégias cooperativas sobre a dinâmica dos negócios da empresa, trazendo a discussão para o universo empresarial, sem, contudo, apresentar inconsistências em relação a análise formal das interações estratégicas.

Uma das principais contribuições do modelo de cluster é explicitar que o uso de estratégias cooperativas entre as empresas, combinadas com políticas públicas para a superação de obstáculos, pode fornecer a um determinado setor, condições para o desenvolvimento de níveis de competitividade que não poderiam ser alcançados sem estes elementos.

Desta forma, uma política bem sucedida de clusters pode não apenas criar condições para o crescimento de um setor, mas também pode levá-lo à condição de líder do mesmo no cenário nacional e mesmo internacional.

4. Metodologia de análise de competitividade de países, regiões ou setores: conceito do “Diamante De Porter”

O “diamante” de Michael Porter representa o ambiente de competitividade de um país, região ou setor. Ele apresenta quatro forças determinantes:

• Fatores - Condições naturais, populacionais, de infra-estrutura, de origem e custo do capital de um país, região ou setor;

• Demanda - Características específicas da demanda do país ou região. Características quantitativas (tamanho) ou qualitativas, tais como nível de exigência do consumidor ou tamanho da demanda de produtos sofisticados;

• Estratégia, estrutura e concorrência - Características e tipos predominantes de estratégia (exemplo: foco em nichos, competitividade por preço, internacionalização), estrutura das empresas (exemplos: predominância de empresas de propriedade familiar ou capital aberto) e concorrência (exemplo: predominância de setores com livre concorrência, monopólio ou oligopólio) de um setor específico ou de um país ou região;

• Cluster - conjunto de todas as empresas de um determinado setor (fabricantes de produtos finais, fornecedores de matérias primas, fabricantes de máquinas e equipamentos, etc.) e suas interrelações.

O diamante competitivo também especifica duas forças influenciadoras:

• Governo - Ações do governo influenciam qualquer um dos fatores acima listados;

• Acaso - Existem fatores imprevisíveis e fora de alcance das empresas que também podem alterar o setor, país ou região, como por exemplo, guerras, crises externas, alterações bruscas em custos de determinados produtos (ex:crise do petróleo.).

Para que se possa determinar o real potencial dos clusters é preciso determinar quais as interrelações entre os diferentes determinantes e entre estes e as forças influenciadoras. Desta forma, com a utilização deste modelo, pode-se compreender as dinâmicas resultantes da interação das forças determinantes e influenciadoras e, assim a análise, através da utilização de clusters, permite um trabalho focalizado e com objetivos claros.

O objetivo final de uma estratégia de cluster é que o mesmo se torne internacionalmente competitivo. Tornar um cluster internacionalmente competitivo é interessante não apenas para os membros do cluster, por razões óbvias, e não apenas para o estado, devido ao aumento das receitas tributárias, mas para a sociedade como um todo, pois este cluster irá aumentar a competitividade de outras indústrias internas.

De fato, do ponto de vista das indústrias diretamente relacionadas ao cluster, estas terão que acompanhar o desenvolvimento necessário ao processo de produção competitivo. Todavia, estas empresas não são ligadas, necessariamente, apenas às empresas do cluster e, desta forma, o estímulo se distribui ao longo de uma teia muito mais ampla que o próprio cluster.

Do ponto de vista do mercado, o desenvolvimento da economia local ensejará a demanda por produtos de melhor qualidade que, se não providos pela indústria local, serão trazidos de outras regiões do país ou do mundo. De fato, uma vez que a economia local exporta produtos e serviços, ela se mostra ao mercado, e empresas de outras regiões ou países poderão se interessar pelo mercado local.

A figura 2.2 a seguir, ilustra a questão sob a ótica do diamante competitivo. Um cluster internacionalmente competitivo aumenta a competitividade de outras indústrias internas, encorajando-as a continuamente inovar, sendo isto um requerimento para a manutenção das condições de competitividade do próprio cluster.

Figura 2.2

Interrelacionamento de Indústrias

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Os determinantes da produtividade e do seu crescimento estão, por sua vez, relacionados tanto ao contexto microeconômico, o universo da firma, quanto ao contexto macroeconômico, o universo da indústria e suas relações com o meio que a cerca.

Nenhuma estratégia empresarial está imune aos efeitos de políticas fiscais e monetárias implementadas em um país, ou é suficientemente precisa para resistir a qualquer contexto macroeconômico que possa advir destas políticas. Da mesma forma, as decisões políticas afetam a produtividade e a competitividade das firmas, pois estas decisões podem afetar profundamente o meio em que estão inseridas estas empresas, podendo este efeito ser positivo ou negativo.

Da mesma forma, a competitividade da firma também é condicionada ao contexto legal em que a mesma está inserida, contexto este que estabelece as regras pelas quais as empresas irão se guiar, em termos da legislação trabalhista, e das exigências em termos da qualidade mínima do produto, assim como das condições de oferta dos serviços.

Figura 2.3

Determinantes da produtividade e crescimento da produtividade

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Os aspectos macroeconômicos irão se fundir aos componentes da decisão de produção das firmas, com respeito ao mercado e a tecnologia, compondo, desta forma, os elementos que determinam a competitividade da empresa em uma estratégia de clusters. A figura 2.4 apresenta o ambiente de negócio microeconômico da firma, que segue a uma análise do contexto macroeconômico em que ela se insere.

Figura 2.4

O ambiente de negócio microeconômico

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Uma vez definido o cenário macroeconômico e estabelecido o corpo do cluster a decisão da firma será pautada pela implementação dos processos necessários à transformação dos insumos (inputs) em produtos e serviços competitivos para o mercado. A figura 2.5 ilustra o processo de decisão das empresas e seus determinantes.

Figura 2.5

Fatores e condicionantes da decisão das empresas no cluster

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Como pode ser observado, a decisão das empresas será pautada pelos fatores de qualidade e especialização, que por sua vez dependem, em grande parte, da presença de fornecedores locais e empresas correlacionadas. Isto deve gerar, por sua vez, um contexto local que encoraje investimentos, dados às condições de demanda e a conjuntura macroeconômica.

Uma vez estabelecida a importância de uma estratégia de desenvolvimento baseada em clusters, resta determinar quais os principais setores em Pernambuco que apresentam condições, atualmente, para que sejam levadas adiante estratégias deste tipo que, por sua vez, pressupõem algum grau de parceria entre o Estado e a iniciativa privada.

5. Metodologia de identificação de cluster

O método utilizado neste trabalho foi baseado na metodologia utilizada pela San Diego Association of Governments (SANDAG) para analisar os potenciais clusters na região de San Diego, nos Estados Unidos, em 1995, e cujo objetivo era criar um procedimento que examinasse rigorosamente, a composição dos potenciais clusters da região.

Embora não haja, de fato, linhas mestras ou procedimentos padronizados para a identificação e definição de clusters, existem alguns procedimentos que são aceitos em um acordo comum. A SANDAG empregou um método que foi similar ao empregado em outras regiões dos Estados Unidos, dando ênfase, contudo, à possibilidade da metodologia escolhida ser replicável para a definição de clusters em outras áreas.

O procedimento adotado utiliza, basicamente, todos os elementos aceitos como partes necessárias à identificação de clusters e seus requerimentos informacionais são compatíveis com as bases de dados disponíveis para a economia pernambucana, sendo o mesmo, portanto, um candidato natural a ser escolhido, como de fato foi feito.

O critério utilizado apresenta três indicadores para determinar se uma indústria constitui ou não um cluster. Os indicadores são baseados em características comuns a todos os clusters competitivos, que seriam, segundo Porter, interdependência, orientação à exportação (interregional e internacional) e geração de riqueza.

Os três indicadores são chamados de Fator de Concentração de Emprego (FCE), Fator de Dependência do Cluster (FDC) e Fator de Prosperidade Econômica. O uso conjunto destes indicadores, com informações qualitativas obtidas junto aos empresários dos clusters pré-definidos na primeira fase da análise, permitem a identificação de clusters em diferentes estágios de desenvolvimento, ao longo de todo o território, de uma região delimitada, no caso o Estado de Pernambuco.

5.1. Fator de concentração de emprego (FCE)

O FCE é baseado no coeficiente locacional e é utilizado como proxy para a identificação de quais indústrias exportam bens e serviços para fora da região.

A justificativa para o uso do FCE é que, empregando mais trabalhadores que a média nacional, a indústria estará produzindo mais bens e serviços que a região sozinha pode consumir, implicando que a indústria exportaria o excedente de produto para outras regiões do país ou mesmo para o mercado internacional.

O FCE é calculado determinando a percentagem de emprego de uma indústria em uma região específica, com o total do emprego regional. Este valor é comparado com a percentagem do emprego nacional, na mesma indústria em relação ao emprego nacional.

Caso o valor obtido, dividindo estes dois indicadores, seja maior que 1, significa que parte do produto desta indústria é exportado para outra região. O valor do FCE, contudo, está no domínio de (+, e a interpretação da magnitude de valores superiores a 1 é incerta. Quanto maior o valor, maior será a participação de um determinado cluster no emprego nacional, mas não é possível comparar o FCE de um cluster com outro, pois o referencial é distinto.

O FCE pode ser calculado, no caso da economia pernambucana, utilizando os dados de emprego da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), desagregados em nível de grupo de atividade (219) e classe de atividade (565) para o Estado de Pernambuco, cuja última edição disponível é a do ano 2000.

5.2. Fator de dependência do cluster (FDC)

O fator de dependência do cluster é baseado em uma matriz insumo-produto para a região, e é utilizado para determinar os links e a direção dos relacionamentos dos prováveis clusters identificados com o FCE.

A necessidade de uso do FDC é que a interdependência das indústrias é um elemento chave na definição de um cluster. O FDC determina tanto a intensidade dos relacionamentos quanto a direção, e com isto permite identificar a cadeia relacionada com cada provável cluster especificado pelo FCE.

O FDC é calculado com base nos valores da matriz insumo-produto regional para a participação das demais atividades nas compras e vendas de cada uma das indústrias relacionadas como prováveis clusters.

A utilização do FDC, a partir de uma matriz insumo-produto em Pernambuco, é problemática. No entanto, como o Estado não possui tal matriz, uma solução alternativa seria utilizar a matriz do Brasil. Esta, entretanto, reflete muito mais a estrutura produtiva do Sudeste que do Nordeste e certamente introduziria um elevado viés. O problema da afinidade entre os setores pode, no entanto, ser parcialmente resolvido considerando a utilização do FCE primeiro em nível de grupo de atividade e, a seguir, em nível de classe de atividade da RAIS para os grupos selecionados na primeira etapa, compondo a parte principal das atividades do cluster.

Este critério pode ser complementado pela análise de hipotéticas cadeias de atividade de cada pré-cluster selecionado, sendo adicionadas às classes de atividade equivalentes a cadeia de atividades do cluster, ainda seguindo o critério do FCE.

O problema da interrelação entre as diferentes atividades, no entanto, não pode ser solucionado por este método alternativo. Contudo, a disponibilidade de dados primários pode contornar este problema, sendo incorporado no questionário da pesquisa, questões explícitas sobre a integração regional e a integração setorial.

O uso da matriz insumo-produto do Brasil, desta forma, ficaria circunscrito apenas àqueles casos em que não foi possível obter a informação diretamente, a partir de consulta aos representantes do setor (ou cluster).

5.3. Fator de prosperidade econômica (FPE)

O fator de prosperidade econômica é um proxy para a significância econômica de uma indústria em uma região. Os clusters são supostos, teoricamente, por concentrarem grande volume de empregos especializados e de alta remuneração, o que sugere que o rendimento médio neles é superior a média regional.

O FPE é calculado como a relação entre o rendimento médio de uma determinada indústria em uma região e o rendimento médio na mesma região. Se o FPE é maior que 1, a significância da indústria para a região é mais desenvolvida que a média regional.

Os clusters emergentes são identificados, inicialmente, entre aqueles não inclusos no critério do FCE, como aquelas indústrias que obtiveram as mais altas taxas de crescimento do emprego em um certo período de tempo. Ocorre que setores emergentes, muitas vezes, podem se encontrar em implantação e, desta forma, podem não apresentar indicadores positivos ao tempo do levantamento.

As indústrias selecionadas pelo critério dos clusters emergentes são analisadas utilizando-se o FDC e o FPE, para que se possa identificar quais formam clusters. O fator de prosperidade econômica pode ser calculado para a economia pernambucana através da utilização das estatísticas também disponíveis na RAIS, utilizando-se a mesma divisão de grupo e classe que o FCE.

6. Identificação dos municípios que fazem parte dos clusters

Uma vez identificados os clusters e as atividades que compõem cada um deles, resta determinar a área de influência destes no Estado, ou a ocorrência de diferentes segmentos de um mesmo cluster.

Esta identificação é efetuada desagregando os dados da RAIS, segundo classes de atividades, componentes de cada cluster em municípios, e adotando-se um critério de corte a 95% do emprego total do cluster.

7. Informações qualitativas

De forma a complementar as informações obtidas por dados secundários foram realizadas duas etapas de pesquisas de campo. A primeira consistiu de um levantamento junto a todos os municípios do Estado de Pernambuco, com prefeitos, secretários municipais, gerentes de bancos e outras autoridades locais que indicaram quais seriam os mais importantes setores industrias, comerciais, de serviços e da agropecuária local.

Este primeiro levantamento serviu como base, juntamente com os dados provenientes dos indicadores de identificação de clusters, para uma avaliação muito mais ampla, abrangendo todos os municípios do Estado, com os representantes de cada cluster identificado e cada setor dinâmico indicado pelas autoridades e lideranças municipais.

Estas informações foram utilizadas para determinar os seguinte indicadores, a serem analisados para cada um dos clusters identificados e que serão analisados nos próximos capítulos:

❖ Integração das atividades do cluster;

• Com o mercado final;

• Com o mercado de insumos e serviços.

❖ Competitividade;

❖ Tecnologia;

❖ Amplitude do mercado;

❖ Perspectivas de crescimento;

• Do setor;

• Do município.

❖ Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster.

CAPÍTULO 3

O CLUSTER DE TURISMO EM PERNAMBUCO

1. Introdução

O cluster de turismo em Pernambuco é fortemente baseado no setor de meios de hospedagem que é a sua principal atividade, e dinamiza as demais sub-atividades que dele dependem, como os segmentos de alimentação e bebida e o de serviços e atividades ligadas ao lazer do turista. Este cluster como um todo, integra 20 municípios ao longo do Estado e tem no Recife e nas suas cidades vizinhas, a sua base fundamental, a partir da qual se desenvolvem e se concentram as principais atividades do cluster. Dentre os municípios que formam o cluster de turismo de Pernambuco, 18 já podem ser considerados como pólos consolidados e por tal, já se encontram integrados ao cluster, cada qual com a sua vocação econômica específica, gerando ganhos de escala no processo de trocas que ocorre entre as diversas atividades do cluster. Os pólos de turismo considerados consolidados são: São José da Coroa Grande, Tamandaré, Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes, Recife, Paulista, Itamaracá, Igarassu, Abreu e Lima, Camaragibe, Gravatá, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Salgueiro e Petrolina. Os que têm potencial de consolidação são Bonito e Triunfo.

Em relação à distribuição espacial, constata-se que a maior parte dos pólos de turismo é bastante concentrada no litoral pernambucano e na Zona da Mata, que são lugares localizados nos arredores do Recife, que como pólo central do cluster de turismo, concentra as suas principais atividades sendo, assim, capaz de promover o desenvolvimento dos demais pólos que o circundam. Além disso sabe-se que os referidos pólos estão fortemente vinculados às principais atrações turísticas do Estado, que é o turismo das praias e o turismo folclórico, representado pelas manifestações da cultura local (Maracatu Rural, Cavalo Marinho, Coco de Roda, Ciranda, etc), que aportam a esses municípios diferenciais competitivos.

Ao longo deste capítulo serão abordados vários aspectos específicos do cluster de turismo em Pernambuco. Nesse sentido será apresentado, inicialmente, um diagrama que resume todos os segmentos presentes neste cluster e suas interrelações, bem como a distribuição espacial dos pólos que o integram. Em seguida serão discutidos alguns indicadores gerais do cluster de turismo em Pernambuco, tais como as estatísticas de emprego e estabelecimentos obtidas através da RAIS/ MTE para cada sub-atividade presente nos pólos que integram o cluster em questão.

2. Dimensão espacial do cluster de turismo

Todo cluster, por definição, é organizado com base na distribuição espacial de suas atividades, que se interrelacionam, definindo as vocações econômicas de cada localidade e gerando ganhos de escala no processo de trocas ocorrido dentro do cluster. A figura 3.1 mostra um esquema de como o cluster de turismo em Pernambuco está organizado em suas atividades principais e secundárias. Uma análise desta figura evidencia que o cluster em questão tem como principal atividade o setor de hospedagem, que movimenta e dinamiza diretamente as sub-atividades nele inseridas, tais como o comércio varejista; os bares e restaurantes; as salas de espetáculos, teatros, cinemas, etc; as atrações turísticas como as praias, os sítios históricos, etc e as demais atividades relacionadas ao lazer do turista.

Figura 3.1

Cluster de Turismo - Diagrama de Atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Os quadros em marrom situados à direita da figura 3.1, referem-se a todos os processos inerentes ao setor de hospedagem que são: as atividades de divulgação dos meios de hospedagem, as vendas de diárias ou pacotes turísticos, o transporte referente ao translado do turista de diversos locais para o hotel e a recepção e acomodação do turista no hotel. É importante ressaltar que o funcionamento eficiente de todos esses processos ligados aos meios de hospedagem é de grande importância para a eficiência do cluster como um todo, pois as sub-atividades já citadas, só se dinamizarão a partir da demanda dos meios de hospedagem.

Os setores localizados do lado esquerdo da figura 3.1 (em azul claro) também pertencem ao cluster de turismo e estão relacionados com os meios de hospedagens em dois aspectos: (i) por um lado, alguns desses setores criam a demanda necessária para a existência do setor de hospedagem, como é o caso das agências de viagem, dos meios de transporte, dos bancos e das casas de câmbio; (ii) por outro lado, esses setores fornecem os insumos e serviços necessários para o funcionamento dos meios de hospedagem. Nesse âmbito encontram-se os setores de construção, de maquinárias e equipamentos hoteleiros, de assistência técnica especializada, de infra-estrutura urbana e de energia elétrica.

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar no mapa 3.1 todos os municípios que integram o cluster de turismo de Pernambuco. Verifica-se que a maior parte das cidades destacadas já se encontra como um pólo consolidado, ou seja, já se integraram ao cluster tal como descrito na figura 3.1. Apenas os municípios de Bonito e Triunfo ainda não apresentam um pólo de turismo já consolidado, e, portanto, ainda estão em fase de integração ao cluster do Estado. A principal vocação turística do município de Bonito, é o turismo ecológico das cachoeiras e plantações de flores. Já no município de Triunfo começa a se estabelecer um tipo de turismo parecido com o de Garanhuns, sendo aquela cidade recentemente inserida no “Circuito do Frio” do Estado, contando com um Festival de Inverno que promove diversos shows de música e espetáculos de teatro e dança.

Mapa 3.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster de turismo

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O cerne do cluster de turismo de Pernambuco está localizado em Recife e nas cidades vizinhas de Olinda e Jaboatão dos Guararapes, pois são lugares que concentram mais intensivamente a principal atividade do cluster que é o setor dos meios de hospedagem. Uma análise espacial do mapa 3.1 demonstra que grande parte dos pólos turísticos do Estado se localiza no Litoral e na Zona da Mata, o que é explicado pelo fato desses pólos se localizarem nos arredores das cidades centrais do cluster que, por apresentarem economias de aglomeração, impulsionam o desenvolvimento dos municípios vizinhos. Os pólos turísticos do Litoral e da Zona da Mata também se destacam dentro do cluster do Estado, porque contemplam as suas duas principais atrações turísticas, que são as praias e o turismo folclórico do Maracatu Rural.

O turismo no Agreste e no Sertão envolve as cidades de Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Salgueiro e Petrolina. São pólos que também integram o cluster do Estado e possuem como principais atrações turísticas o artesanato e o comércio. No entanto, além dessas duas características, algumas dessas cidades têm o seu diferencial turístico. Caruaru, por exemplo, tem o turismo do Forró, sobretudo na época de São João. Garanhuns tem o turismo vinculado ao Festival de Inverno, que acontece no mês de julho e atrai milhares de turistas e Petrolina tem o turismo de lazer fortemente atrelado às atividades que giram em torno do rio São Francisco, como as visitas às praias do rio e às fazendas irrigadas.

3. Indicadores gerais do cluster de turismo em Pernambuco

A análise de indicadores da distribuição espacial do emprego, dos estabelecimentos e do porte dos empreendimentos turísticos, segundo suas principais atividades, ajuda a caracterizar o cluster de turismo em Pernambuco, pois identifica as principais atividades do cluster e sua localização.

O mapa 3.2 a seguir, ilustra a distribuição do emprego nas atividades turísticas dos municípios que integram o cluster de Pernambuco. Essas atividades foram divididas em três grandes segmentos: o de meios de hospedagens, o de alimentação e bebidas e o de outros serviços diretamente ligados ao lazer e turismo. Em cada pólo turístico identificado na pesquisa, realizou-se uma distribuição percentual do emprego gerado nesses três segmentos citados, o que está sendo representado pelas circunferências tricolores. Quanto maior for tamanho da circunferência, maior será o número de empregos gerados nos pólos de turismo. Constata-se que os municípios de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Paulista e Caruaru são aqueles que geram um maior volume de empregos. Quanto à distribuição dos postos de trabalho, segundo as atividades, verifica-se que em Recife, Jaboatão dos Guararapes e Caruaru o segmento de alimentação e bebidas é responsável pela maior geração de empregos, seguido pelo ramo de meios de hospedagens. No pólo turístico de Ipojuca, este último segmento é o grande gerador de postos de trabalho. Em Olinda, os setores de meios de hospedagem e o de alimentação e bebidas, geram um percentual equivalente de empregos. Já em Paulista, os demais serviços ligados diretamente ligados ao lazer e turismo é o segmento que promove o maior percentual de empregos na cidade.

Mapa 3.2

Distribuição do emprego nas atividades turísticas em Pernambuco

Fonte: FADE/UFPE

Como já mencionado no parágrafo anterior, os municípios de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Paulista e Caruaru são aqueles que geram um maior volume de empregos formais diretos. No entanto, esta distribuição é fortemente concentrada em Recife, que é responsável por quase 64% dos empregos, seguido de Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Caruaru e Paulista (ver tabela 3.1). O fato da distribuição dos empregos ser mais concentrada nos arredores do Recife é explicado pela demanda mais estável que os pólos localizados nesta região têm em relação aos demais pólos do Estado que, em geral, possuem um turismo tipicamente sazonal. A maior estabilidade na demanda da cidade do Recife e suas vizinhas é devida à maior diversidade do turismo desses lugares, que engloba não apenas o turismo de lazer mas, também, o de negócios e o de saúde[1].

Tabela 3.1

Cluster de turismo em Pernambuco-

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Turismo |% |% Acumulado. |Hotéis, motéis e |Alimentação e |Outros serviços diretamente |

| | | | |pousadas |bebidas |ligados ao lazer e turismo |

|Olinda |1.827 |5,93% |69,83% |695 |721 |411 |

|Jaboatão dos Guararapes |1.621 |5,26% |75,09% |451 |1.062 |108 |

|Ipojuca |1.499 |4,87% |79,96% |1.262 |234 |3 |

|Caruaru |744 |2,42% |82,37% |259 |374 |111 |

|Paulista |706 |2,29% |84,67% |143 |138 |425 |

|Cabo de Santo Agostinho |667 |2,17% |86,83% |453 |193 |21 |

|Gravatá |285 |0,93% |87,76% |161 |116 |8 |

|Garanhuns |271 |0,88% |88,64% |117 |119 |35 |

|Igarassu |240 |0,78% |89,42% |96 |114 |30 |

|Fernando de Noronha |174 |0,56% |89,98% |103 |12 |59 |

|Abreu e Lima |126 |0,41% |90,39% |15 |36 |75 |

|Camaragibe |96 |0,31% |90,70% |12 |58 |26 |

|Itamaracá |88 |0,29% |90,99% |47 |8 |33 |

|Tamandaré |75 |0,24% |91,23% |38 |11 |26 |

|São José da Coroa Grande |21 |0,07% |91,30% |14 |5 |2 |

|Bonito |15 |0,05% |91,35% |9 |- |6 |

|Triunfo |17 |0,06% |91,41% |17 |- |- |

|Outros |2.647 |8,59% |100,00% |924 |1.170 |553 |

|Pernambuco |30.797 |100,00% |- |9.197 |16.846 |4.754 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Em relação ao número de estabelecimentos dos pólos turísticos do Estado, constata-se uma tendência semelhante à quantidade de empregos gerada, isto é, os pólos localizados nas vizinhanças do Recife são aqueles que apresentam mais estabelecimentos, sendo a capital do Estado responsável por 56,48% de todos os empreendimentos turísticos de Pernambuco (ver tabela 3.2). No entanto, é válido salientar que essa informação dos estabelecimentos, isolada, não fornece uma dimensão muito adequada para a identificação da importância de um cluster, pois cada estabelecimento possui um tamanho diferente. Sendo assim, a informação que se deve analisar com maior nível de detalhe é o número de empregados por estabelecimento, que dá a dimensão do negócio e permite estabelecer comparações entre os municípios que integram o cluster. Esta informação se encontra na tabela 3.4 e será analisada mais adiante.

Tabela 3.2

Cluster de turismo em Pernambuco-

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Turismo |Hotéis, motéis e |Alimentação e |Outros serviços |Total de |

| | |pousadas |bebidas |diretamente ligados ao |estabelecimentos |

| | | | |lazer e turismo | |

|Recife |1.912 |191 |1.310 |411 |23.987 |

|Ipojuca |75 |49 |25 |1 |338 |

|Olinda |183 |42 |119 |22 |2.548 |

|Fernando de Noronha |53 |39 |6 |8 |84 |

|Caruaru |142 |27 |86 |29 |2.724 |

|Jaboatão dos Guararapes |187 |25 |132 |30 |3.330 |

|Garanhuns |64 |22 |30 |12 |1.048 |

|Paulista |69 |12 |34 |23 |1.241 |

|Cabo de Santo Agostinho |42 |10 |27 |5 |704 |

|Gravatá |43 |8 |30 |5 |516 |

|Itamaracá |15 |7 |6 |2 |93 |

|Igarassu |22 |5 |9 |8 |389 |

|São José da Coroa Grande |7 |4 |2 |1 |48 |

|Tamandaré |12 |3 |6 |3 |75 |

|Bonito |5 |3 |- |2 |88 |

|Abreu e Lima |16 |2 |7 |7 |343 |

|Triunfo |2 |2 |- |- |45 |

|Camaragibe |24 |2 |16 |6 |533 |

|Outros |512 |116 |309 |87 |15.604 |

|Pernambuco |3.385 |569 |2.154 |662 |53.738 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os resultados apresentados na tabela 3.3 correspondem à participação que o cluster de turismo tem no emprego de cada município identificado nesta pesquisa. Os pólos turísticos localizados no litoral foram aqueles que se destacaram em relação à participação no emprego municipal. Somente no arquipélago de Fernando de Noronha, o setor de turismo é responsável por 62,37% dos empregos formais, sendo seguido por Ipojuca, Itamaracá e Tamandaré, com percentuais de 16,96%, 11,73% e 9,10%, respectivamente. Em todos esses municípios, o segmento de meios de hospedagem é aquele com maior potencial de criação de postos de trabalho. Em seguida vem o ramo de outros serviços diretamente ligados ao turismo e lazer. A única exceção é Ipojuca onde a segunda atividade mais importante em termos de geração de empregos refere-se ao subsetor de alimentação e bebidas. No interior do Estado, o destaque em relação à participação no emprego municipal fica por conta de Gravatá, onde o setor de turismo gera 8,28% dos empregos formais. No Estado como um todo, o cluster de turismo gera cerca 3,50% dos empregos formais, sendo o subsetor de alimentação e bebidas o líder nesta geração de postos de trabalho.

Tabela 3.3

Cluster de turismo em Pernambuco-

Participação do cluster de turismo no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Turismo |Hotéis, motéis|Alimentação e |Outros serviços |

| | |e pousadas |bebidas |diretamente ligados ao |

| | | | |lazer e turismo |

|Recife |4,34% |0,97% |2,75% |0,62% |

|Olinda |4,16% |1,58% |1,64% |0,94% |

|Jaboatão dos Guararapes |3,26% |0,91% |2,13% |0,22% |

|Ipojuca |16,96% |14,28% |2,65% |0,03% |

|Caruaru |3,55% |1,24% |1,79% |0,53% |

|Paulista |3,96% |0,80% |0,77% |2,38% |

|Cabo de Santo Agostinho |4,63% |3,15% |1,34% |0,15% |

|Gravatá |8,28% |4,68% |3,37% |0,23% |

|Garanhuns |3,11% |1,34% |1,36% |0,40% |

|Igarassu |2,51% |1,00% |1,19% |0,31% |

|Fernando de Noronha |62,37% |36,92% |4,30% |21,15% |

|Abreu e Lima |2,01% |0,24% |0,57% |1,20% |

|Camaragibe |1,42% |0,18% |0,86% |0,39% |

|Itamaracá |11,73% |6,27% |1,07% |4,40% |

|Tamandaré |9,10% |4,61% |1,33% |3,16% |

|São José da Coroa Grande |3,03% |2,02% |0,72% |0,29% |

|Bonito |2,83% |1,70% |0,00% |1,13% |

|Triunfo |1,03% |1,03% |0,00% |0,00% |

|Pernambuco |3,49% |1,04% |1,91% |0,54% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 3.4 revela as estatísticas sobre o número de empregados por estabelecimentos, em cada segmento de atividade considerado no cluster de turismo. Esta informação fornece uma noção do porte do empreendimento turístico; sendo assim, quanto maior for a razão “empregados/estabelecimentos”, maior será o tamanho do negócio em questão. Uma análise dos valores apresentados na referida tabela evidencia que no ramo de meios de hospedagem, os municípios de Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Recife e Gravatá foram aqueles que apresentaram uma maior quantidade de empregados por estabelecimento. Este resultado é coerente com o fato de que a maior parte dos hotéis 5 estrelas, se localizam nesses municípios. Em média, no Cabo de Santo Agostinho, cada meio de hospedagem emprega 45,3 pessoas. Nos pólos turísticos de Ipojuca, Recife e Gravatá esses valores são de 25,8, 22,9 e 20,1, respectivamente. Quanto ao subsetor de alimentação e bebidas, os empreendimentos de maior porte se localizam em Igarassu, Recife, Ipojuca e Jaboatão dos Guararapes. Já as cidades de Olinda, Paulista, Itamaracá e Abreu e Lima se destacam pela maior participação no segmento de outros serviços de lazer.

Tabela 3.4

Cluster de turismo em Pernambuco-

Empregados por estabelecimento - 2000

|Municípios |Hotéis |Alimentação e Bebidas |Outros Serviços de Lazer |

|Cabo de Santo Agostinho |45,3 |7,2 |4,2 |

|Ipojuca |25,8 |9,4 |3,0 |

|Recife |22,9 |9,5 |6,9 |

|Gravatá |20,1 |3,9 |1,6 |

|Igarassu |19,2 |12,7 |3,8 |

|Jaboatão dos Guararapes |18,0 |8,1 |3,6 |

|Olinda |16,6 |6,1 |18,7 |

|Tamandaré |12,7 |1,8 |8,7 |

|Paulista |11,9 |4,1 |18,5 |

|Caruaru |9,6 |4,4 |3,8 |

|Triunfo |8,5 |- |- |

|Abreu e Lima |7,5 |5,1 |10,7 |

|Itamaracá |6,7 |1,3 |16,5 |

|Camaragibe |6,0 |3,6 |4,3 |

|Garanhuns |5,3 |4,0 |2,9 |

|São José da Coroa Grande |3,5 |2,5 |2,0 |

|Bonito |3,0 |- |3,0 |

|Fernando de Noronha |2,6 |2,0 |7,4 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

4. Indicadores específicos do cluster de turismo em Pernambuco

Na seção anterior foram apresentados alguns indicadores gerais do cluster de turismo em Pernambuco. O objetivo desta seção é o de analisar aspectos específicos deste cluster, que sejam fundamentais para detectar a sua eficiência. Os principais elementos de análise se basearão: (i) no nível de integração das atividades do cluster; (ii) na sua competitividade; (iii) no tipo de tecnologia utilizada pelas empresas que pertencem ao cluster; e (iv) na amplitude do mercado em que essas empresas se inserem. Também serão analisados aspectos como a importância da BR 232 para o desenvolvimento do cluster e as perspectivas de crescimento de algumas atividades que integram o cluster, e do município em que se localizam.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida.

4.1. Integração das atividades

Em relação ao grau de integração das atividades do cluster, foram colocadas aos empresários duas perguntas: uma que se referia à integração da empresa entrevistada com o mercado produtor e a outra que se relacionava à sua demanda ao mercado de serviços do cluster de turismo.

No que diz respeito à primeira pergunta, verificou-se uma forte integração da atividade com o mercado produtor local, ou seja, os empresários responderam que 78% de seus insumos são adquiridos no próprio município ou em municípios vizinhos. A freqüência das respostas obtidas seguiu a seguinte distribuição: 59% dos insumos são comprados no próprio município; 19% dos insumos vêm de municípios vizinhos e 20% deles são adquiridos dentro do Estado. Apenas 2% dos insumos são provenientes de mercados produtores localizados em outros estados do país e não há demanda por insumos no mercado externo.

Em relação à integração com o mercado de serviços, verifica-se uma tendência de integração ao mercado local, ainda mais forte do que a observada para o mercado produtor: 98% dos serviços utilizados pela atividade turística são adquiridos no próprio município e apenas 2% são provenientes de municípios vizinhos. As relações com empresas de outros estados ou mesmo países, parecem estar circunscritas ao aparelhamento dos estabelecimentos e a administração dos empreendimentos, onde se registra, no Estado, a presença de importantes grupos hoteleiros e cadeias de restaurantes de porte nacional e mesmo internacional.

4.2. Competitividade

No que diz respeito à competitividade da atividade turística, alguns aspectos foram abordados com o objetivo de identificar em que medida esta atividade está tendo uma atuação eficiente e competitiva dentro do cluster. Em termos de liderança de mercado, não foi constatada, com base nos depoimentos dos empresários do ramo turístico, nenhuma tendência de que apenas uma empresa lidere o mercado. A freqüência das respostas em relação a este aspecto foi distribuída de forma quase igualitária, onde: 24% dos empresários afirmaram ser líderes do mercado; 29% declararam que não seriam líderes mas, um dos principais representantes do mercado; 25% disseram ter uma participação no mercado semelhante a dos demais, enquanto que 22% afirmaram ter uma pequena participação.

Quando perguntados acerca do porte dos estabelecimentos, as respostas obtidas foram coerentes com os dados da RAIS/MTE mencionados na tabela 3.4 e com os depoimentos sobre o quesito de liderança de mercado. Dos empresários entrevistados, 53% afirmaram que o mercado de turismo em Pernambuco tem apenas pequenas empresas e 31% declararam que este mercado comportaria pequenas e também médias empresas. Somente uma pequena parcela de 6% afirmou que o mercado em que opera é dominado por uma ou algumas grandes empresas, apesar de 8% dos entrevistados acreditarem que o mercado, como um todo, não é dominado por elas. Por fim, os empresários emitiram a sua opinião pessoal acerca do grau de competitividade da atividade turística nos seus respectivos mercados de atuação. Nesse sentido, constatou-se que a maior parte dos empresários (51%) acredita que o nível de competitividade desta atividade no seu município é regular, enquanto que 20% têm uma visão mais otimista sobre este aspecto, acreditando que a competitividade do setor é elevada. No entanto, cerca de 30% dos entrevistados ainda julgam que a atividade turística, nas suas respectivas cidades, tem um grau de competitividade muito baixo ou abaixo da média.

4.3. Tecnologia

A tecnologia que as empresas do cluster de turismo utilizam foi investigada sob o aspecto da modernidade e o da adequabilidade. Em relação ao primeiro item, verificou-se que a opinião da maioria dos empresários (52%) é a de que a tecnologia utilizada pela atividade turística nos seus respectivos municípios não é a mais moderna, porém ainda é atual. Um percentual de 23% dos entrevistados respondeu que esta tecnologia é a mais moderna ou se encontra entre as mais modernas, contra o mesmo percentual de respondentes que afirmaram que a tecnologia utilizada pela atividade ainda é defasada.

No que tange ao aspecto da adequabilidade, os dados da presente pesquisa evidenciaram que 63% dos empresários declararam que a tecnologia utilizada pelo setor turístico nos seus municípios não seria a mais adequada, porém seria suficiente para o seu funcionamento. Um percentual de 22% dos empresários apresentou uma visão mais otimista sobre este aspecto, afirmando que a tecnologia utilizada pelo setor é a mais adequada. Em contrapartida, 13% dos entrevistados foram mais severos no seu julgamento e responderam que esta tecnologia não é a mais adequada.

4.4. Amplitude do mercado

O indicador de amplitude do mercado está revelando, nesta pesquisa, qual o principal mercado consumidor de uma determinada atividade econômica. Para o cluster de turismo, os empresários entrevistados declararam que, em média, 42% da demanda por serviços ligados a este cluster é proveniente do seu próprio município, enquanto que 24% têm origem em outros municípios pernambucanos, mas que não são seus vizinhos. O elevado percentual de demanda local pode estar sendo explicado pela importância que o setor de bebidas e alimentação tem no setor de turismo como um todo, haja vista que aquele setor abrange, predominantemente, consumidores do próprio município. A demanda proveniente de municípios vizinhos, de outros estados do Nordeste, de outros estados fora do Nordeste e de outros países seria de, respectivamente, 14%, 12%, 7% e 2%.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

A maioria dos empresários entrevistados apresentou uma opinião positiva sobre o efeito que a duplicação da BR 232 poderia exercer na economia de seus municípios. Em torno de 62% dos entrevistados afirmaram que os benefícios aportados pela duplicação da BR 232 para a economia do município, seriam de médios a elevados. No entanto, quando perguntados acerca do impacto da duplicação da BR 232 sobre a atividade turística municipal, os empresários entrevistados não encontraram nenhum consenso, e a freqüência das respostas seguiu a seguinte distribuição: 33% afirmaram que os ganhos seriam elevados, 24% médios, 18% baixos e 24% não percebiam nenhum tipo de vantagem advinda desta obra viária. Os entrevistados apontaram que os principais benefícios da duplicação da BR 232 sobre a atividade turística, seriam o melhor acesso para os clientes, em 58% dos casos, e o melhor acesso aos principais mercados da região, em 30% das respostas. No entanto, 28% dos entrevistados declararam que a duplicação desta rodovia, em nada beneficiaria a atividade turística municipal.

4.6. Perspectivas de crescimento

Em relação às perspectivas de crescimento, a presente pesquisa investigou junto aos empresários do cluster de turismo, quais seriam as perspectivas para a atividade turística, para a economia do município como um todo e quais os maiores obstáculos para o crescimento da economia municipal. Em relação à atividade turística, foi feito, inicialmente, um levantamento acerca do seu crescimento nos últimos dois anos e nos últimos cinco anos. Esses resultados evidenciaram que para o período mais longo, 35% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 31% deles acreditaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Um percentual de 17% dos entrevistados responderam que a atividade turística do seu município cresceu mais de 200%. Quando se consideram os últimos dois anos, os percentuais de resposta para o crescimento das atividades não mudaram substancialmente. A exceção ficou por conta dos que responderam que a atividade cresceu mais de 200%, que neste último período, cresceu para 22%. Quanto às perspectivas de crescimento da atividade turística no município, 43% dos entrevistados acreditavam que elas seriam boas, enquanto que 30% deles achavam que eram regulares.

No que se refere à economia municipal, os entrevistados do setor turístico indicaram uma série de obstáculos ao desenvolvimento de seus municípios, mas também avaliaram as suas perspectivas de crescimento. Dentre os obstáculos, as respostas mais freqüentes fornecidas pelos empresários entrevistados foram: a falta de fábricas de processamento, em 37% dos casos; a falta de crédito (25%); a falta de estradas (21%) e a falta de informação ou pouca instrução da população, em 19% das respostas[2]. Em relação às perspectivas de crescimento do município, a maior parte dos entrevistados encontra-se com uma visão pouco otimista declarando, em 28% dos casos, acreditar que sua cidade cresça tanto quanto a média do Estado, ou mesmo menos do que a média estadual, em 21% das respostas obtidas.

CAPÍTULO 4

O CLUSTER GESSEIRO DE PERNAMBUCO

1. Introdução

O cluster gesseiro em Pernambuco é fundamentalmente baseado nas atividades de extração de gipsita, de fabricação do gesso e de artefatos de gesso que pertencem à esfera produtiva do cluster. O principal uso do gesso faz-se sob a forma de artefatos para a construção civil ou para uso hospitalar, atividades que compõem a esfera comercial do cluster. Em todo o Estado de Pernambuco foram identificados 11 municípios que integram o cluster gesseiro que são: Araripina, Trindade, Ipubi, Ouricuri, Caruaru, Vertente do Lério, Camaragibe, Goiana, Paulista, Recife e Jaboatão dos Guararapes. Em termos de geração de postos de trabalho, os pólos gesseiros mais importantes do Estado são os de Araripina, Recife e Trindade que juntos são responsáveis por 54,85% dos empregos de todo o cluster gesseiro de Pernambuco. Os municípios de Araripina e Recife concentram as principais atividades do cluster gesseiro em Pernambuco e, portanto, são capazes de gerar economias de aglomeração que impulsionam o desenvolvimento de municípios vizinhos. A primeira cidade é especializada sobretudo nas atividades produtivas do cluster que, como mencionado, engloba os segmentos de extração da matéria-prima, de fabricação do gesso e de manufatura dos artefatos gesseiros. Em relação ao pólo gesseiro de Recife, as principais vocações econômicas desta cidade, em relação ao cluster do Estado, estão na fabricação de gesso e de seus artefatos e na distribuição desses últimos para os setores hospitalar e de construção civil.

Além desta introdução, serão abordados vários aspectos relacionados ao cluster gesseiro de Pernambuco que permitirão caracterizá-lo com maior nível de detalhe. Nesse sentido será apresentado, inicialmente, um diagrama que resume todos os segmentos presentes neste cluster e suas interrelações. Em seguida serão discutidas estatísticas municipais de emprego e estabelecimento, obtidas através da RAIS/ MTE para cada atividade que integra o cluster gesseiro de Pernambuco.

2. Dimensão espacial do cluster gesseiro

Todo cluster, por definição, é organizado com base na distribuição espacial de suas atividades, que se interrelacionam, definindo as vocações econômicas de cada localidade e gerando ganhos de escala no processo de trocas ocorrido dentro do cluster. O cluster gesseiro de Pernambuco está estruturado de acordo com o diagrama da figura 4.1. Nele é possível identificar que todas as atividades que compõem o cluster podem ser agrupadas em duas esferas, uma produtiva e a outra comercial. Na esfera de produção estão presentes três segmentos distintos: o primeiro se refere às atividades relacionadas à extração da gipsita (matéria-prima do gesso); o segundo está ligado à fabricação do gesso; e o terceiro segmento diz respeito à manufatura de artefatos gesseiros. Depois de produzido e manufaturado o gesso atinge a esfera comercial propriamente dita, e nessa fase, ele pode ser destinado para a construção civil, para o mercado atacadista interno ou para o mercado externo. O mercado atacadista, por seu turno, irá distribuir o gesso para o mercado varejista, cujo principal consumidor final são os hospitais que fazem uso medicinal dos artefatos de gesso.

Figura 4.1

Cluster gesseiro - Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar no mapa 4.1 todos os municípios que integram o cluster gesseiro de Pernambuco. Foram identificados no Estado de Pernambuco 11 pólos gesseiros, que se dividem, basicamente, em dois grandes grupos: um, que tem em Araripina seu município cerne e o outro, cuja cidade central é Recife. A legenda do mapa 4.1 refere-se à intensidade do emprego em cada pólo, que foi classificada em cinco classes distintas: (i) 0 – 79 empregos; (ii) 80 – 101 empregos; (iii) 102 – 138 empregos; (iv) 139 – 262 e (v) 263 – 889 empregos. Com base neste indicador de intensidade de empregos é possível dimensionar os principais pólos gesseiros estaduais que se localizariam, sobretudo, em Araripina, Trindade e Recife. Em seguida destacam-se os municípios de Goiana e Ipubi, depois vêm os de Jaboatão de Guararapes e Camaragibe, que estão classificados no intervalo de 102 a 138 empregos por município. As cidades de Paulista e Caruaru geram no máximo 101 empregos por município, enquanto que nos pólos gesseiros de Vertente do Lério e Ouricuri essa intensidade é ainda menor, sendo responsável por 67 e 79 postos de trabalhos, respectivamente.

Mapa 4.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster gesseiro

[pic]

3. Indicadores gerais do cluster gesseiro em Pernambuco

A análise de indicadores da distribuição espacial do emprego, dos estabelecimentos e do porte dos empreendimentos gesseiros, segundo suas principais atividades, ajuda a caracterizar este cluster em Pernambuco, pois identifica as principais atividades do cluster e sua localização.

Com base na tabela 4.1, confirma-se que o que já foi constatado a partir do mapa 4.2, ou seja, que os pólos gesseiros de Araripina, Recife e Trindade são aqueles que geram um maior volume de empregos formais diretos, sendo o município de Araripina, aquele que mais gera empregos, responsável por 26,08% dos empregos do cluster gesseiro de todo o Estado.

No que diz respeito à distribuição do emprego por atividades, constata-se que no município de Araripina, os três segmentos que compõem o cluster gesseiro são importantes fontes de geração de empregos, porém a fabricação de gesso e a de seus artefatos são os segmentos que mais promovem empregos formais no setor gesseiro do município (ver tabela 4.1). Em Recife, o pólo gesseiro é mais especializado na fabricação de artefatos de gesso, sendo esta a atividade que gera mais postos de trabalho no setor gesseiro desta cidade. No município de Trindade não existe a atividade de extração de gipsita, pelo menos gerando empregos formais, logo os segmentos de fabricação de gesso e de seus artefatos formam o setor gesseiro municipal na sua esfera produtiva e contribuem, de forma equivalente, para a criação de empregos. Nos municípios de Ipubi e Ouricuri observa-se uma tendência semelhante à verificada em Araripina, onde as três principais atividades identificadas no setor gesseiro têm uma importância equivalente, em termos de geração de empregos para o pólo gesseiro como um todo. Já em Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Paulista e Caruaru a distribuição do emprego por atividade, tem um perfil parecido com o observado no Recife, isto é, a fabricação de artefatos de gesso é a principal atividade geradora de emprego do pólo gesseiro desses municípios.

Tabela 4.1

Cluster gesseiro em Pernambuco-

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster Pólo |% |% Acumulado |Extração de outros |Fabricação de artefatos de|Fabricação de cal |

| |Gesseiro | | |minerais não - |concreto, cimento, |virgem, cal |

| | | | |metálicos |fibrocimento, gesso e |hidratada e gesso |

| | | | | |estufas | |

|Araripina |889 |26,08% |26,08% |246 |319 |324 |

|Recife |530 |15,55% |41,63% |56 |444 |30 |

|Trindade |451 |13,23% |54,85% |0 |225 |226 |

|Ipubi |262 |7,69% |62,54% |89 |77 |96 |

|Goiana |141 |4,14% |66,68% |42 |31 |68 |

|Jaboatão dos Guararapes |138 |4,05% |70,72% |0 |114 |24 |

|Camaragibe |108 |3,17% |73,89% |0 |101 |7 |

|Paulista |101 |2,96% |76,86% |0 |101 |0 |

|Caruaru |91 |2,67% |79,52% |0 |91 |0 |

|Ouricuri |79 |2,32% |81,84% |43 |21 |15 |

|Vertente do Lério |67 |1,97% |83,81% |0 |0 |67 |

|Outros |552 |16,19% |100,00% |57 |479 |16 |

|Pernambuco |3409 |100,00% |- |533 |2003 |873 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

No que tange ao número de estabelecimentos dos pólos gesseiros do Estado constata-se, a partir da tabela 4.2, uma tendência semelhante à quantidade de empregos gerada, isto é, os municípios de Araripina, Recife e Trindade são aqueles que apresentam mais estabelecimentos, sendo Araripina o município líder em quantidade de empreendimentos gesseiros, possuindo 23,91% de todos os estabelecimentos gesseiros de Pernambuco. No entanto, como já ressaltado no capítulo referente ao cluster de turismo, sabe-se que essa informação dos estabelecimentos, isolada, não fornece uma dimensão muito adequada para a identificação da importância de um cluster, pois cada estabelecimento possui um tamanho diferente. Sendo assim, a informação que se deve analisar com maior nível de detalhe, é o número de empregados por estabelecimento, que dá a dimensão do negócio e permite estabelecer comparações entre municípios que compõem um cluster. Esta informação de encontra na tabela 4.3 e será analisada mais adiante.

Tabela 4.2

Cluster gesseiro em Pernambuco

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster Pólo |% |% Acumulada |Extração de |Fabricação de |Fabricação de |Total de |

| |Gesseiro | | |outros minerais|artefatos de concreto,|cal virgem, cal |Estab. |

| | | | |não - metálicos|cimento, fibrocimento,|hidratada e | |

| | | | | |gesso e estufas |gesso | |

|Recife |31 |10,44% |34,34% |6 |19 |6 |23987 |

|Trindade |39 |13,13% |47,47% |0 |22 |17 |105 |

|Ipubi |27 |9,09% |56,57% |6 |14 |7 |49 |

|Goiana |3 |1,01% |57,58% |1 |1 |1 |384 |

|Jaboatão dos Guararapes |11 |3,70% |61,28% |0 |10 |1 |3330 |

|Camaragibe |6 |2,02% |63,30% |0 |5 |1 |533 |

|Paulista |8 |2,69% |65,99% |0 |8 |0 |1241 |

|Caruaru |7 |2,36% |68,35% |0 |7 |0 |2724 |

|Ouricuri |11 |3,70% |72,05% |1 |7 |3 |182 |

|Vertente do Lério |1 |0,34% |72,39% |0 |0 |1 |10 |

|Outros |82 |27,61% |100,00% |6 |69 |7 |20846 |

|Pernambuco |297 |100,00% | - |28 |209 |60 |53738 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os resultados apresentados na tabela 4.3 correspondem à participação que a atividade gesseira tem no emprego total de cada município que compõe o cluster do gesso em Pernambuco. Nesse sentido, destacaram-se os pólos de Trindade, Ipubi, Vertente do Lério e Araripina, que são municípios dinamizados, fundamentalmente, pela atividade gesseira. O pólo gesseiro de Trindade é responsável pela metade dos empregos formais do município; em Ipubi também é de grande importância esta atividade, gerando 41,26% de seus empregos. Em Vertente de Lério e Araripina, o setor gesseiro é responsável por cerca de ¼ do emprego formal municipal.

Tabela 4.3

Cluster gesseiro de Pernambuco

Participação do cluster gesseiro no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster Pólo |Extração de outros |Fabricação de artefatos de |Fabricação de cal virgem, |

| |Gesseiro |minerais não - |concreto, cimento, |cal hidratada e gesso |

| | |metálicos |fibrocimento, gesso e estufas | |

|Araripina |27,96% |7,74% |10,03% |10,19% |

|Recife |0,12% |0,01% |0,10% |0,01% |

|Trindade |50,67% |0,00% |25,28% |25,39% |

|Ipubi |41,26% |14,02% |12,13% |15,12% |

|Goiana |1,52% |0,45% |0,33% |0,73% |

|Jaboatão dos Guararapes |0,28% |0,00% |0,23% |0,05% |

|Camaragibe |1,60% |0,00% |1,50% |0,10% |

|Paulista |0,57% |0,00% |0,57% |0,00% |

|Caruaru |0,43% |0,00% |0,43% |0,00% |

|Ouricuri |5,61% |3,05% |1,49% |1,07% |

|Vertente do Lério |24,63% |0,00% |0,00% |24,63% |

|Pernambuco |0,39% |0,06% |0,23% |0,10% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 4.4 revela as estatísticas sobre o número de empregados por estabelecimentos, em cada segmento de atividade considerado no cluster gesseiro. Esta informação fornece uma noção do porte do empreendimento, sendo assim, quanto maior for a razão “empregados/ estabelecimentos”, maior será o tamanho do negócio em questão. Uma análise dos valores apresentados na referida tabela evidencia dois grandes destaques em relação à variável em questão: os pólos gesseiros de Vertente do Lério e o de Goiana, que apresentaram 67 e 47 empregados por estabelecimento, respectivamente. O primeiro município é especializado, exclusivamente, na atividade de fabricação de cal virgem, cal desidratada e gesso, enquanto que no município de Goiana as três principais atividades do cluster gesseiro apresentam um número significativo de empregados por estabelecimentos. Recife e Camaragibe aparecem em seguida, porém com um número de empregados por estabelecimentos bem menor do que o observado para Goiana e Vertente do Lério. Tanto em Camaragibe como em Recife, os empreendimentos de maior porte estão ligados à fabricação de artefatos de gesso, e o setor como um todo, possui uma média de 18 empregados por estabelecimento, para Camaragibe, e de 17,1 para Recife.

Tabela 4.4

Cluster gesseiro de Pernambuco

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster Pólo |Extração de outros |Fabricação de artefatos de |Fabricação de cal |

| |Gesseiro |minerais não - |concreto, cimento, fibrocimento, |virgem, cal hidratada e|

| | |metálicos |gesso e estufas |gesso |

|Araripina |12,52 |30,75 |6,79 |20,25 |

|Recife |17,10 |9,33 |23,37 |5,00 |

|Trindade |11,56 | - |10,23 |13,29 |

|Ipubi |9,70 |14,83 |5,50 |13,71 |

|Goiana |47,00 |42,00 |31,00 |68,00 |

|Jaboatão dos Guararapes |12,55 | - |11,40 |24,00 |

|Camaragibe |18,00 | - |20,20 |7,00 |

|Paulista |12,63 | - |12,63 | - |

|Caruaru |13,00 | - |13,00 | - |

|Ouricuri |7,18 |43,00 |3,00 |5,00 |

|Vertente do Lério |67,00 | - | - |67,00 |

|Outros |6,73 |9,50 |6,94 |2,29 |

|Pernambuco |11,48 |19,04 |9,58 |14,55 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

4. Indicadores específicos do cluster gesseiro de Pernambuco

Na seção anterior foram apresentados alguns indicadores gerais do cluster gesseiro de Pernambuco. O objetivo desta seção é o de analisar aspectos específicos do cluster do gesso, que sejam fundamentais para detectar a sua eficiência. Os principais elementos de análise se basearão no nível de integração das atividades do cluster; na sua competitividade; no tipo de tecnologia utilizada pelas empresas que pertencem ao cluster e na amplitude do mercado em que essas empresas se inserem. Também serão analisados aspectos como a importância da BR 232 para o desenvolvimento do cluster e as perspectivas de crescimento de algumas atividades que integram o cluster, e do município em que se localizam.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades

Em relação ao grau de integração das atividades do cluster, foram colocadas aos empresários duas perguntas: uma que se referia à integração da empresa entrevistada com o mercado produtor e a outra que se relacionava à sua demanda ao mercado de serviços do cluster gesseiro.

No que diz respeito à primeira pergunta, verificou-se uma forte integração da atividade com o mercado produtor local, ou seja, os empresários responderam que 76% dos insumos necessários à atividade gesseira são adquiridos no próprio município ou em municípios vizinhos. São baixos os percentuais dos empresários que responderam adquirir insumos em outros municípios não vizinhos, em outros estados do Nordeste ou em outros estados do País. Não foi verificada demanda por insumos no mercado externo.

Em relação à integração com o mercado de serviços, verifica-se uma total dependência do mercado local, onde 99% dos empresários do setor gesseiro declararam adquirir serviços relacionados à atividade gesseira no seu próprio município.

4.2. Competitividade

No que diz respeito à competitividade da atividade gesseira, alguns aspectos foram abordados com o objetivo de identificar em que medida esta atividade está tendo uma atuação eficiente e competitiva dentro do cluster. Em termos de liderança de mercado, foi constatada, com base nos depoimentos dos empresários do ramo gesseiro, uma certa tendência a que o mercado gesseiro seja relativamente concentrado em poucas empresas. Os resultados comprovam esta hipótese: dos empresários entrevistados, 48% declararam que sua empresa não seria líder, mas estaria entre as mais representativas do mercado, ao passo que cerca de ¼ dos respondentes afirmaram que o seu estabelecimento tem a liderança do mercado municipal. No entanto, apesar de se observar uma tendência à concentração dos mercados em poucas empresas, um percentual de 40% dos empresários do setor gesseiro afirmaram que esses estabelecimentos são de pequeno e médio portes, sendo um resultado coerente com os dados da RAIS/ MTE, apresentado na seção anterior. Por fim, os empresários emitiram a sua opinião pessoal acerca do grau de competitividade da atividade gesseira nos seus respectivos mercados de atuação. Nesse sentido, constatou-se uma visão bastante positiva por parte dos entrevistados, onde 56% deles afirmaram que a competitividade do setor é elevada.

4.3. Tecnologia

A tecnologia que as empresas do cluster gesseiro utilizam foi investigada sob o aspecto da modernidade e o da adequabilidade. Em relação ao primeiro item, a avaliação geral dos empresários foi de que a tecnologia utilizada no setor gesseiro é predominantemente moderna, ou pelo menos não está defasada. A maior parte dos empresários afirmou que a tecnologia utilizada na atividade gesseira é a mais moderna ou uma das mais modernas (44%), enquanto que 40% dos entrevistados declararam que esta tecnologia não seria a mais moderna, porém ainda estaria atualizada. No que tange ao aspecto da adequabilidade, 52% dos empresários declararam que a tecnologia utilizada pelo setor gesseiro nos seus municípios não seria a mais adequada, porém seria suficiente para o seu funcionamento e, um percentual significativo de 44% afirmaram que a tecnologia utilizada pelo setor é a mais adequada.

4.4. Amplitude do mercado

O indicador de amplitude do mercado está revelando, nesta pesquisa, qual o principal mercado consumidor de uma determinada atividade econômica. Para o cluster gesseiro, foi constatada uma ampla penetração das vendas deste setor em todo o país, porém não foi detectada nenhuma relação comercial com o exterior. A freqüência das respostas em relação a este aspecto foi distribuída de forma quase igualitária, onde 32% dos empresários afirmaram vender seus produtos para outros estados fora do Nordeste; 23% declararam vendê-los para municípios não vizinhos ao seu, mas localizados em Pernambuco; 30% disseram que as vendas eram destinadas para o próprio município ou municípios vizinhos; e 15% do mercado consumidor de produtos gesseiros se encontrava em outros estados do Nordeste.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

A maioria dos empresários entrevistados apresentou uma opinião positiva sobre o efeito que a duplicação da BR 232 poderia exercer na economia de suas cidades e na atividade gesseira municipal. Em torno de 60% dos entrevistados afirmaram que os benefícios aportados pela duplicação da BR 232, para a economia do município, seriam de médios a elevados. Em relação à atividade gesseira, especificamente, esse percentual foi de 56%. Os entrevistados ainda emitiram opinião acerca de quais seriam os principais benefícios da duplicação da BR 232 na atividade gesseira do município. Nesse sentido, foi verificado que a maior vantagem advinda desta obra viária, para 68% dos empresários, refere-se à redução no tempo de recebimento e de entrega dos produtos.

4.6. Perspectivas de crescimento

Em relação às perspectivas de crescimento, a presente pesquisa investigou junto aos empresários do cluster de gesso, quais seriam as perspectivas para a atividade gesseira, para a economia do município como um todo e quais os maiores obstáculos para o crescimento da economia municipal. Em relação à atividade gesseira, foi feito, inicialmente, um levantamento acerca do seu crescimento nos últimos dois anos e nos últimos cinco anos. Esses resultados evidenciaram que para o período mais longo, 40% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 32% deles acreditaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Quando se consideram os últimos dois anos, os percentuais de resposta se invertem, ou seja, 32% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 40% deles acreditaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Este fato demonstra que os empresários já não vêem o setor com o mesmo otimismo verificado há cinco anos atrás, apesar de ainda apresentarem boas expectativas em relação às perspectivas futuras da atividade. Dos empresários entrevistados, 60% acreditavam que as perspectivas de crescimento são boas ou ótimas.

No que se refere à economia municipal, os entrevistados do setor gesseiro indicaram uma série de obstáculos ao desenvolvimento de seus municípios, mas também avaliaram as suas perspectivas de crescimento. Dentre os obstáculos, as respostas mais freqüentes fornecidas pelos empresários entrevistados foram: a falta de créditos, em 40% dos casos; a falta de estradas (32%); e a falta de mão-de-obra qualificada, em 32% das respostas[3]. Em relação às perspectivas de crescimento do município, a maior parte dos entrevistados encontra-se com uma visão que oscila entre conservadora e otimista: em 29% dos casos, os empresários acreditam que sua cidade cresça tanto quanto a média do Estado, enquanto que em 25% das respostas a crença é de que o crescimento municipal supere o estadual.

CAPÍTULO 5

O CLUSTER DE MATERIAL ELÉTRICO EM PERNAMBUCO

1. Introdução

O cluster de material elétrico em Pernambuco é composto, na sua esfera produtiva, por dez setores de fabricação de diversos materiais e equipamentos elétricos, que produzem bens que são destinados ao comércio atacadista e varejista. Em todo o Estado foram identificados 8 municípios que integram o cluster em questão, estando fortemente concentrados na Região Metropolitana do Recife, onde se encontram as principais indústrias consumidoras de materiais elétricos.

Os principais pólos que integram o cluster de material elétrico em Pernambuco estão nos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Recife e Belo Jardim que juntos são responsáveis por 89% dos empregos gerados dentro do cluster. As atividades que se destacam como mais importantes em termos de geração de emprego são as de: (i) fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados e (ii) fabricação de pilhas, baterias e acumuladores elétricos.

Além desta introdução, serão abordados vários aspectos relacionados ao cluster de material elétrico em Pernambuco, que permitirão caracterizá-lo com maior nível de detalhe. Nesse sentido, será apresentado, inicialmente, um diagrama que resume todos os segmentos presentes neste cluster e suas interrelações. Em seguida serão discutidas estatísticas municipais de emprego e estabelecimento, obtidas através da RAIS/ MTE para cada atividade que integra o cluster de material elétrico em Pernambuco.

2. Dimensão espacial do cluster de material elétrico

A organização do cluster de material elétrico em Pernambuco pode ser resumida de acordo com o esquema apresentado no diagrama da figura 5.1. Nela é possível identificar a existência de dez atividades distintas que compõem o cluster de material elétrico em sua esfera produtiva, além das atividades de distribuição para o comércio atacadista e varejista.

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar no mapa 5.1, todos os municípios que integram o cluster de material elétrico em Pernambuco. Foram identificados no Estado de Pernambuco 8 pólos de fabricação de material elétrico, que se concentram, basicamente, na Região Metropolitana do Recife. Esta tendência à concentração dos setores de material elétrico na RMR é explicada pelo fato de que uma parcela significativa desses produtos é destinada às indústrias que se localizam, predominantemente, nesta região. Apenas os municípios de Belo Jardim e Catende não se localizam na RMR, mas destacam-se como pólos integrados ao cluster do Estado por comportarem importantes indústrias ligadas à fabricação de baterias (Moura Brasil em Belo Jardim) e de fios e cabos elétricos (Brasfios em Catende).

Figura 5.1

Cluster de material elétrico - Diagrama de atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Mapa 5.1

Distribuição espacial dos municípios

que integram o Cluster de Material Elétrico

[pic]

3. Indicadores gerais do cluster de material elétrico em Pernambuco

Nesta seção serão avaliados os indicadores referentes à distribuição espacial do emprego, dos estabelecimentos e do porte das fábricas do cluster de material elétrico em Pernambuco. No que diz respeito ao primeiro item, emprego direto gerado por município segundo atividades, constata-se a partir da tabela 5.1, que os principais municípios geradores de emprego no cluster de material elétrico são Jaboatão dos Guararapes, Recife e Belo Jardim. Somente a cidade de Jaboatão dos Guararapes é responsável pela metade dos empregos formais diretos gerados para o cluster do Estado. Os três municípios, em conjunto, contam com 89% dos postos de trabalho do cluster em questão.

Em relação às atividades que compõem o cluster de material elétrico e que mais geram empregos em todo o Estado, destacam-se dois grandes setores: (i) o de fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados e (ii) o de fabricação de pilhas, baterias e acumuladores elétricos, que juntos geram 2422 postos de trabalho, equivalendo a 64,54% do emprego total do cluster estadual.

Ainda com base na tabela 5.1 é possível identificar a vocação econômica de cada município que compõe o cluster de material elétrico em Pernambuco. Jaboatão dos Guararapes é o município que lidera a geração de empregos no setor de fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados; nesse sentido Recife se destaca no ramo de fabricação de equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica; Belo Jardim é o principal gerador de empregos do Estado no segmento de fabricação de pilhas, baterias e acumuladores elétricos, sendo esta a única atividade presente no município, relacionada ao cluster de material elétrico. Por fim, destaca-se o município de Abreu e Lima, que lidera a geração de empregos no setor de fabricação de motores elétricos, geradores e transformadores, sendo esta a única atividade do município vinculada ao cluster de material elétrico de Pernambuco.

Tabela 5.1

Cluster de material elétrico em Pernambuco

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acum. |Fabric. de |Fabric. de equip. |Fabric. de fios,|Fabric. de |

| |Material | | |motores |para distribuição |cabos e |pilhas, baterias|

| |Elétrico | | |elétricos, |e controle de |condutores |e acumuladores |

| | | | |geradores e |energia elétrica |elétricos |elétricos |

| | | | |transf. | |isolados | |

|Recife |0,21% |0,00% |0,11% |0,00% |0,00% |0,07% |0,02% |

|Belo Jardim |11,37% |0,00% |0,00% |0,00% |11,37% |0,00% |0,00% |

|Abreu e Lima |2,49% |2,49% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |

|Ipojuca |1,11% |0,00% |0,00% |0,00% |1,11% |0,00% |0,00% |

|Catende |2,25% |0,00% |0,00% |2,25% |0,00% |0,00% |0,00% |

|Moreno |1,68% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |1,68% |0,00% |

|Camaragibe |0,34% |0,34% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |

|Pernambuco |0,43% |0,02% |0,05% |0,15% |0,13% |0,04% |0,03% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 5.4 revela as estatísticas sobre o número de empregados, por estabelecimento, em cada segmento de atividade considerado no cluster de material elétrico. Como já visto no capítulo anterior, esta informação fornece uma noção do porte do empreendimento, sendo assim, quanto maior for a razão “empregados/ estabelecimentos”, maior será o tamanho do negócio em questão. Uma análise dos valores apresentados na referida tabela evidencia que os estabelecimentos do cluster de material elétrico de Pernambuco são, de uma maneira geral, de médio a grande portes, apresentando, em média, 85,30 empregados por estabelecimentos. Os municípios que empregam o maior número de pessoas por estabelecimento são os de Jaboatão dos Guararapes, Belo Jardim, Abreu e Lima e Catende. Em Jaboatão dos Guararapes, a média é de 269,29 empregados por estabelecimento e os empreendimentos de maior porte estão no setor de fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados. Em Belo Jardim, emprega-se, em média, 263,50 empregados por estabelecimento no setor de fabricação de pilhas, baterias e acumuladores elétricos. No município de Abreu e Lima existe um único estabelecimento no segmento de fabricação de motores elétricos, geradores e transformadores que emprega 156 pessoas. Em Catende também só existe uma única fábrica no ramo de fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados que emprega 86 pessoas.

Tabela 5.4

Cluster de material elétrico de Pernambuco-

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabric. de |Fabricação de |Fabricação de |Fabricação de |Fabricação de |Fabricação de |

| |Material |motores |equipamentos para |fios, cabos e |pilhas, baterias e|lâmpadas e |outros equip. e |

| |Elétrico |elétricos, |distribuição e |condutores |acumuladores |equip. de |aparelhos |

| | |geradores e |controle de energia|elétricos |elétricos |iluminação |elétricos |

| | |transf. |elétrica |isolados | | | |

|Recife |33,25 |6,00 |69,00 |5,33 |10,00 |162,00 |14,20 |

|Belo Jardim |263,50 |0,00 | - | - |527,00 |0,00 |0,00 |

|Abreu e Lima |156,00 |156,00 | - | - |0,00 |0,00 |0,00 |

|Ipojuca |49,00 |0,00 | - | - |49,00 |0,00 |0,00 |

|Catende |86,00 |0,00 | - |86,00 |0,00 |0,00 |0,00 |

|Moreno |46,00 |0,00 | - | - |0,00 |46,00 |0,00 |

|Camaragibe |23,00 |23,00 | - | - |0,00 |0,00 |0,00 |

|Outros |1,00 |0,00 | - | - |1,00 |0,00 |0,00 |

|Pernambuco |85,30 |167,67 |69,00 |256,20 |621,83 |166,40 |34,80 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

CAPÍTULO 6

O CLUSTER DE ENSINO EM PERNAMBUCO

1. Introdução

O cluster de ensino em Pernambuco é composto por diversas atividades que vão desde o ensino básico até o ensino superior. Além disso, atividades especiais de ensino como educação supletiva, ensino à distância, etc, também fazem parte do cluster de educação. O principal produto deste cluster é a formação de capital humano que é destinado ao mercado de trabalho. Em todo o Estado foram identificados 17 municípios que integram o cluster em questão, sendo que apenas 5 podem ser considerados como pólos consolidados e, por tal, já se encontram integrados ao cluster, gerando ganhos de escala no processo de trocas que ocorre entre as suas diversas atividades.

Os municípios que comportam os pólos educacionais já consolidados são os de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Caruaru e Petrolina. Esses pólos são considerados municípios “chave” para o cluster, pois seus segmentos educacionais contam com diferenciais de qualidade em relação à infra-estrutura física dos estabelecimentos e ao capital humano que dispõem. Em decorrência desses diferenciais, são geradas economias de aglomeração nesses municípios centrais, promovendo o desenvolvimento dos pólos educacionais localizados nos seus arredores.

Além desta introdução, serão abordados vários aspectos relacionados ao cluster de ensino em Pernambuco, que permitirão caracterizá-lo, com maior nível de detalhe. Nesse sentido será apresentado, inicialmente, um diagrama que resume todos os segmentos presentes neste cluster e suas interrelações. Em seguida serão discutidas estatísticas municipais de emprego e estabelecimento obtidas através da RAIS/ MTE para cada atividade que integra o cluster de ensino em Pernambuco.

2. Dimensão espacial do cluster de ensino

A organização do cluster de ensino em Pernambuco pode ser resumida de acordo com o esquema apresentado no diagrama da figura 6.1, a seguir. Nele se pode observar que o cluster de ensino envolve diversas atividades relacionadas à educação, responsável pela formação de capital humano, que será ofertado no mercado de trabalho. As atividades que compõem o cluster de ensino podem ser divididas em dois grupos: um que é composto pelos segmentos de educação formal (localizados no lado esquerdo da figura 6.1) e o outro grupo que engloba os ramos de educação especial, que se encontram do lado direito da mesma figura. Na medida em que se avança ao longo dos diversos níveis educacionais que integram o cluster de ensino, a formação de capital humano vai se tornando mais aprimorada, tornando o indivíduo mais qualificado e apto para entrar no mercado de trabalho, com melhores remunerações. Sendo assim, quanto mais integrada estiverem entre si, as diversas etapas do ensino, maiores serão os ganhos advindos da interrelação entre elas, que se traduzem no aumento da probabilidade de uma pessoa seguir até o nível educacional mais elevado do cluster. Este processo tende a distribuir a demanda pelas diversas atividades de ensino, de forma mais homogênea ao longo do cluster, ampliando assim a sua eficiência.

A ampliação da eficiência do cluster educacional no Estado é de suma importância, pois o investimento em capital humano possibilita a criação de externalidades positivas para os demais clusters estaduais, como por exemplo, o cluster de informática, que tem em sua base o cluster de ensino (ver capítulo 9).

Figura 6.1

Cluster de Ensino - Diagrama de Atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar no mapa 6.1 todos os municípios que integram o cluster de ensino em Pernambuco. Foram identificados no Estado de Pernambuco, 17 pólos educacionais que integram o cluster de ensino no Estado e se localizam, predominantemente, na região de abrangência da RMR e na Zona da Mata. Constata-se que, dos 17 pólos de ensino, apenas 5 já estão consolidados e, portanto, eficientemente integrados ao cluster Estes são os das cidades de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Caruaru e Petrolina. Os demais municípios ainda se encontram em fase de consolidação, o que significa dizer que eles apresentam potencial para se integrarem de forma eficiente ao cluster estadual, mas ainda não o fizeram e, portanto, não conseguem se apropriar dos ganhos de escala advindos das trocas realizadas dentro do cluster.

Analisando a distribuição geográfica dos pólos educacionais pode-se inferir que alguns desses pólos são considerados municípios “chave” para o cluster, pois seus segmentos educacionais contam com diferenciais de qualidade em relação à infra-estrutura física dos estabelecimentos e ao capital humano de que dispõem. Nesse sentido, pode-se destacar três grandes pólos centrais: um que abrange as cidades vizinhas de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes; o segundo que se localiza em Caruaru; e o terceiro que fica em Petrolina. Como já mencionado anteriormente, esses pólos são capazes de criar economias de aglomeração que dinamizam as localidades que se encontram nos seus arredores.

Mapa 6.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster de ensino

[pic]

3. Indicadores Gerais do Cluster de Ensino em Pernambuco

Nesta seção serão avaliados os indicadores referentes à distribuição espacial do emprego, dos estabelecimentos e do porte dos estabelecimentos de ensino em Pernambuco. No que diz respeito ao primeiro item, emprego direto gerado por município segundo atividades, constata-se a partir da tabela 6.1, que os principais municípios geradores de emprego no cluster de ensino são Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Somente a capital pernambucana é responsável por quase 54% dos empregos formais diretos gerados para o cluster do Estado. Os três municípios, em conjunto, contam com 71,22% dos postos de trabalho do cluster em questão.

Em relação às atividades que compõem o cluster de ensino e que mais geram empregos em todo o Estado, destacam-se os segmentos de ensino básico e médio, que juntos geram 17.670 postos de trabalho, equivalendo a 69,68% do emprego total do cluster estadual.

Ainda com base na tabela 6.1 é possível identificar que Recife lidera a geração de empregos em todos os ramos educacionais que compõem o cluster de ensino do Estado. No entanto, verifica-se que alguns municípios apresentam especializações em segmentos específicos, como é o caso de Petrolina e Pesqueira, onde o ensino técnico é responsável por 32,02% e 77,61%, respectivamente, dos empregos formais do setor de educação como um todo. É possível que grande parte dessas escolas técnicas estejam na área de agronomia, pois a agropecuária é a atividade mais importante para esses municípios. No caso de Petrolina, o desenvolvimento das escolas técnicas especializadas está provavelmente associado ao sucesso das culturas irrigadas para exportação, que apresentam uma demanda constante por mão-de-obra especializada na área de agronomia.

Tabela 6.1

Cluster de ensino em Pernambuco. Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Ensino |Ensino |Ensino |Ensino |Ensino a |

| |Educação | | |Básico |Médio |Superior |Técnico |Distância e |

| | | | | | | | |Educação |

| | | | | | | | |Especial |

|Olinda |2.318 |9,14% |63,05% |778 |745 |694 |48 |53 |

|Jaboatão dos Guararapes |2.071 |8,17% |71,22% |1.259 |664 |32 |94 |22 |

|Caruaru |1.203 |4,74% |75,96% |247 |558 |253 |103 |42 |

|Petrolina |837 |3,30% |79,26% |267 |186 |116 |268 |- |

|Paulista |832 |3,28% |82,55% |605 |143 |- |61 |23 |

|Garanhuns |574 |2,26% |84,81% |180 |237 |43 |82 |32 |

|Vitória de Santo Antão |298 |1,18% |85,98% |19 |200 |61 |11 |7 |

|Palmares |252 |0,99% |86,98% |54 |118 |79 |1 |- |

|Timbaúba |232 |0,91% |87,89% |61 |125 |46 |- |- |

|Salgueiro |219 |0,86% |88,76% |73 |35 |111 |- |- |

|Cabo de Santo Agostinho |196 |0,77% |89,53% |109 |36 |23 |28 |- |

|Limoeiro |167 |0,66% |90,19% |68 |58 |26 |15 |- |

|Abreu e Lima |162 |0,64% |90,83% |68 |- |- |77 |17 |

|Goiana |147 |0,58% |91,41% |127 |- |- |18 |2 |

|Pesqueira |134 |0,53% |91,94% |30 |- |- |104 |- |

|Serra Talhada |88 |0,35% |92,28% |46 |- |33 |- |9 |

|Outros |1.957 |7,72% |100,00% |1.297 |397 |60 |191 |12 |

|Pernambuco |25.357 |100,00% |- |9.512 |8.158 |3.528 |3.498 |661 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

No que tange ao número de estabelecimentos dos pólos de ensino do Estado, constata-se, a partir da tabela 6.2, que em Recife se localizam 40,50% dos estabelecimentos do cluster estadual. Em seguida vem Jaboatão dos Guararapes com 11,50% e Olinda com 8,71% dos estabelecimentos do Estado. Os demais municípios que integram o cluster de ensino possuem menos do que 6% dos estabelecimentos do cluster considerado.

Tabela 6.2

Cluster de ensino em Pernambuco. Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster de |% |Ensino Básico|Ensino Médio |Ensino |Ensino |Ensino a |

| |Educação | | | |Superior |Técnico |Distância e |

| | | | | | | |Educação |

| | | | | | | |Especial |

|Olinda |122 |8,71% |90 |12 |6 |7 |7 |

|Jaboatão dos Guararapes |161 |11,50% |129 |19 |2 |7 |4 |

|Caruaru |48 |3,43% |25 |10 |2 |7 |4 |

|Petrolina |41 |2,93% |24 |4 |1 |12 |0 |

|Paulista |80 |5,71% |67 |8 |0 |3 |2 |

|Garanhuns |32 |2,29% |21 |4 |1 |4 |2 |

|Vitória de Santo Antão |14 |1,00% |2 |9 |1 |1 |1 |

|Palmares |14 |1,00% |8 |3 |1 |2 |0 |

|Timbaúba |8 |0,57% |3 |3 |2 |0 |0 |

|Salgueiro |8 |0,57% |6 |1 |1 |0 |0 |

|Cabo de Santo Agostinho |25 |1,79% |19 |2 |1 |3 |0 |

|Limoeiro |13 |0,93% |8 |2 |1 |2 |0 |

|Abreu e Lima |14 |1,00% |10 |0 |0 |2 |2 |

|Goiana |14 |1,00% |12 |0 |0 |1 |1 |

|Pesqueira |7 |0,50% |5 |0 |0 |2 |0 |

|Serra Talhada |9 |0,64% |6 |0 |1 |1 |1 |

|Outros |223 |15,93% |169 |30 |3 |16 |5 |

|Pernambuco |1400 |100,00% |932 |175 |34 |187 |72 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os resultados apresentados na tabela 6.3, correspondem à participação que o setor educacional tem no emprego total de cada município que compõe o cluster do Estado. Nesse sentido, destacam-se os municípios de Salgueiro, onde as atividades de ensino correspondem a 8,50% do emprego total do município e Palmares, Garanhuns e Caruaru, com percentuais de participação de 8,44%, 6,58% e 5,75%, respectivamente. Em Salgueiro, a atividade educacional que mais contribui para o emprego municipal é a de ensino superior; em Palmares e Caruaru, destaca-se o ensino médio e em Garanhuns, os segmentos de ensino básico e médio são igualmente importantes para a geração de emprego municipal.

Tabela 6.3

Cluster de ensino em Pernambuco

Participação do cluster de ensino no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Ensino |Ensino Médio|Ensino |Ensino |Ensino a |

| |Educação |Básico | |Superior |Técnico |Distância e |

| | | | | | |Educação |

| | | | | | |Especial |

|Recife |3,01% |0,93% |1,03% |0,43% |0,53% |0,10% |

|Olinda |5,28% |1,77% |1,70% |1,58% |0,11% |0,12% |

|Jaboatão dos Guararapes |4,16% |2,53% |1,33% |0,06% |0,19% |0,04% |

|Caruaru |5,75% |1,18% |2,67% |1,21% |0,49% |0,20% |

|Petrolina |3,51% |1,12% |0,78% |0,49% |1,12% |0,00% |

|Paulista |4,67% |3,39% |0,80% |0,00% |0,34% |0,13% |

|Garanhuns |6,58% |2,06% |2,72% |0,49% |0,94% |0,37% |

|Vitória de Santo Antão |3,86% |0,25% |2,59% |0,79% |0,14% |0,09% |

|Palmares |8,44% |1,81% |3,95% |2,65% |0,03% |0,00% |

|Timbaúba |4,04% |1,06% |2,18% |0,80% |0,00% |0,00% |

|Salgueiro |8,50% |2,83% |1,36% |4,31% |0,00% |0,00% |

|Cabo de Santo Agostinho |1,36% |0,76% |0,25% |0,16% |0,19% |0,00% |

|Limoeiro |5,32% |2,17% |1,85% |0,83% |0,48% |0,00% |

|Abreu e Lima |2,59% |1,09% |0,00% |0,00% |1,23% |0,27% |

|Goiana |1,58% |1,37% |0,00% |0,00% |0,19% |0,02% |

|Pesqueira |4,33% |0,97% |0,00% |0,00% |3,36% |0,00% |

|Serra Talhada |1,93% |1,01% |0,00% |0,72% |0,00% |0,20% |

|Outros |1,38% |0,91% |0,28% |0,04% |0,13% |0,01% |

|Pernambuco |3,09% |1,16% |0,99% |0,43% |0,43% |0,08% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 6.4 revela as estatísticas sobre o número de empregados, por estabelecimentos, em cada segmento de atividade considerado no cluster de ensino do Estado. Como já visto anteriormente, esta informação fornece uma noção do porte do empreendimento, sendo assim, quanto maior for a razão “empregados/ estabelecimentos”, maior será o tamanho do negócio em questão. Uma análise dos valores apresentados na referida tabela, evidencia que os estabelecimentos do cluster de ensino em Pernambuco são, de uma maneira geral, de pequeno porte, apresentando, em média, 18 empregados por estabelecimentos. Os municípios que empregam o maior número de pessoas por estabelecimento são os de Timbaúba, Salgueiro, Caruaru e Recife. Em todos esses municípios a média de empregados por estabelecimentos varia de 20 a 29 pessoas. Em Salgueiro, Caruaru e Recife a atividade educacional que emprega uma maior quantidade de pessoas por estabelecimentos, é a de ensino superior, enquanto que em Timbaúba, as escolas de maior porte são as de ensino médio.

Tabela 6.4

Cluster de ensino em Pernambuco. Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Ensino Básico|Ensino Médio |Ensino |Ensino |Ensino a |

| |Educação | | |Superior |Técnico |Distância e |

| | | | | | |Educação |

| | | | | | |Especial |

|Recife |24 |13 |68 |177 |20 |10 |

|Olinda |19 |9 |62 |116 |7 |8 |

|Jaboatão dos Guararapes |13 |10 |35 |16 |13 |6 |

|Caruaru |25 |10 |56 |127 |15 |11 |

|Petrolina |20 |11 |47 |116 |22 |- |

|Paulista |10 |9 |18 |- |20 |12 |

|Garanhuns |18 |9 |59 |43 |21 |16 |

|Vitória de Santo Antão |21 |10 |22 |61 |11 |7 |

|Palmares |18 |7 |39 |79 |1 |- |

|Timbaúba |29 |20 |42 |23 |- |- |

|Salgueiro |27 |12 |35 |111 |- |- |

|Cabo de Santo Agostinho |8 |6 |18 |23 |9 |- |

|Limoeiro |13 |9 |29 |26 |8 |- |

|Abreu e Lima |12 |7 |- |- |39 |9 |

|Goiana |11 |11 |- |- |18 |2 |

|Pesqueira |19 |6 |- |- |52 |- |

|Serra Talhada |10 |8 |- |33 |- |9 |

|Outros |9 |8 |13 |20 |12 |2 |

|Pernambuco |18 |10 |47 |104 |19 |9 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

4. Indicadores específicos do cluster de ensino em Pernambuco

Na seção anterior foram apresentados alguns indicadores gerais do cluster de ensino de Pernambuco. O objetivo desta seção é o de analisar aspectos específicos deste cluster, que sejam fundamentais para detectar a sua eficiência. Os principais elementos de análise se basearão no nível de integração das atividades do cluster; na sua competitividade; no tipo de tecnologia utilizada pelos estabelecimentos de ensino que pertencem ao cluster e na amplitude do mercado em que esses estabelecimentos se inserem. Também serão analisados aspectos como a importância da BR 232 para o desenvolvimento do cluster e as perspectivas de crescimento de algumas atividades que o integram, e do município em que se localizam.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a diretores e/ ou proprietários de escolas que responderam a um questionário abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/ IPEA no mês de fevereiro de 2002, e os resultados serão apresentados em seguida.

4.1. Integração das atividades

Em relação ao grau de integração das atividades do cluster, foram colocadas aos diretores dos estabelecimentos educacionais duas perguntas: uma que se referia à integração da escola com o mercado que oferta a mão-de-obra e os “insumos” necessários à atividade escolar (material didático, computadores, etc.) e a outra que se relacionava à sua demanda ao mercado de serviços, relacionados à atividade educacional (serviços de biblioteca pública, acesso a redes públicas de televisão e sites cujos conteúdos sejam dirigidos ao setor educacional, etc.)

No que diz respeito à primeira pergunta, verifica-se uma forte integração da atividade educacional com o mercado local, ou seja, os diretores/proprietários responderam que 77% dos insumos escolares e da mão-de-obra contratada são adquiridos no próprio município ou em municípios vizinhos. São baixos os percentuais dos entrevistados que responderam adquirir insumos em outros estados do Nordeste ou em outros estados do País. Não foi verificada demanda por tais insumos no mercado externo.

Em relação à integração com o mercado de serviços educacionais, verifica-se uma total dependência do mercado local, onde os diretores de escola declararam que 100% desses serviços são prestados no seu próprio município ou em municípios vizinhos.

4.2. Competitividade

No que diz respeito à competitividade da atividade educacional, alguns aspectos foram abordados com o objetivo de identificar em que medida esta atividade está tendo uma atuação eficiente e competitiva dentro do cluster. Em termos de liderança de mercado, foi constatada, com base nos depoimentos dos dirigentes de escolas, uma certa tendência para que o setor educacional seja relativamente concentrado em poucos estabelecimentos. Os resultados comprovam esta hipótese: dos diretores entrevistados, 34% declararam que sua escola não seria líder, mas estaria entre as mais representativas do setor, ao passo que 43% dos respondentes afirmaram que o seu estabelecimento tem a liderança do setor de ensino municipal. No entanto, apesar de se observar uma tendência à concentração do mercado em poucos estabelecimentos, um percentual de 47% dos diretores de escolas afirmou que o setor, como um todo, comporta apenas pequenas escolas, sendo um resultado coerente com os dados da RAIS/MTE apresentado na seção anterior, que mostrou um número médio de apenas 18 empregados por estabelecimento.

Por fim, os dirigentes de escolas emitiram a sua opinião pessoal acerca do grau de competitividade do setor de ensino nos seus respectivos mercados de atuação. Nesse sentido, constatou-se uma visão não muito otimista por parte dos entrevistados, onde 45% deles afirmaram que a competitividade do setor é regular, apesar de ¼ dos mesmos acreditarem que este setor tem uma competitividade elevada.

4.3. Tecnologia

A tecnologia relacionada ao método pedagógico e à infra-estrutura de ensino que as escolas do cluster educacional utilizam, foi investigada sob o aspecto da modernidade e da adequabilidade. Em relação ao aspecto da modernidade, a avaliação geral dos diretores foi a de que a tecnologia utilizada no setor é moderna ou pelo menos não está defasada. A maior parte dos entrevistados afirmou que a tecnologia de ensino, apesar de não ser a mais moderna, ainda está atualizada (58%), enquanto que 28% dos entrevistados declararam que esta tecnologia é uma das mais modernas. No que tange ao aspecto da adequabilidade, 45% dos dirigentes de escola declararam que a tecnologia utilizada pelo setor educacional, nos seus municípios, não seria a mais adequada, porém seria suficiente para o funcionamento das atividades escolares e, em proporções um pouco maior, 47%, afirmaram que a tecnologia utilizada pelo setor de ensino é a mais adequada.

4.4. Amplitude do mercado

O indicador de amplitude do mercado está revelando em que medida o setor educacional de um município atende apenas estudantes localizados no próprio município ou se estaria atuando como um pólo receptor de alunos de outras localidades. Dentro deste contexto, os diretores de escola afirmaram que a grande maioria dos estudantes reside no próprio município, enquanto que apenas 8% são moradores de municípios vizinhos.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

A maioria dos dirigentes de estabelecimentos educacionais entrevistados apresentou uma opinião positiva sobre o efeito que a duplicação da BR 232 poderia exercer na economia de suas cidades e na atividade de ensino municipal. Um percentual de 72% dos entrevistados afirmaram que os benefícios aportados pela duplicação da BR 232 para a economia do município, seriam de médios a elevados. Em relação à atividade de ensino, especificamente, esse percentual foi de 58%. Os entrevistados ainda emitiram opinião acerca de quais seriam os principais benefícios da duplicação da BR 232 no setor de ensino do município. Nesse sentido, foi verificado que as duas maiores vantagens advindas desta obra viária, para 66% dos entrevistados referiam-se: (i) ao melhor acesso do capital humano formado no setor educacional aos principais mercados da região e (ii) à melhoria no acesso dos estudantes aos estabelecimentos educacionais.

4.6. Perspectivas de crescimento

Em relação às perspectivas de crescimento, a presente pesquisa investigou junto aos diretores de escola do cluster de ensino quais seriam as perspectivas para a atividade educacional para a economia do município como um todo, e quais os maiores obstáculos para o crescimento da economia municipal. Em relação à atividade educacional, foi feito, inicialmente, um levantamento acerca do seu crescimento nos últimos dois anos e nos últimos cinco anos. Esses resultados evidenciaram que para o período mais longo, 42% dos diretores responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 29% deles acreditaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Quando se consideram os últimos dois anos, os percentuais de resposta não mudam substancialmente. No entanto, quando se consideram as expectativas de crescimento para os próximos cinco anos, 70% dos entrevistados declararam que as perspectivas de crescimento são boas ou ótimas.

No que se refere à economia municipal, os entrevistados do setor educacional indicaram uma série de obstáculos ao desenvolvimento de seus municípios, mas também avaliaram as suas perspectivas de crescimento. Dentre os obstáculos, as respostas mais freqüentes, fornecidas pelos diretores de escola, foram: a falta de informação ou pouca instrução da população, em 42% dos casos; a falta de fábricas de processamento (34%) e a falta de crédito, em 23% das respostas[4]. Em relação às perspectivas de crescimento do município para os próximos cinco anos, a maior parte dos entrevistados apresentou um julgamento bastante severo sobre este aspecto: em 78% dos casos, os diretores de escola acreditam que sua cidade irá crescer tanto quanto a média do Estado ou num nível inferior à média estadual.

CAPÍTULO 7

O CLUSTER DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA

EM PERNAMBUCO

1. Introdução

O cluster sucroalcooleiro em Pernambuco pode ser considerado um dos mais importantes clusters do Estado, pois tem como base a atividade econômica mais antiga de Pernambuco, que é a produção de cana-de-açúcar. Além de mais antiga, a cultura canavieira foi, por muitos anos, a atividade econômica mais importante do Estado em termos de geração de emprego e renda, apresentando também diferenciais positivos de competitividade em relação aos demais estados brasileiros. Atualmente, sabe-se que a atividade da cana-de-açúcar em Pernambuco não é a mais importante do Estado e tampouco a mais competitiva do país. Porém, em determinadas áreas do Estado, como é o caso da Zona da Mata, esta atividade ainda assume um importante papel na geração de emprego. Este fato justifica por que a atividade sucroalcooleira ainda é uma das mais subsidiadas no Estado de Pernambuco.

O cluster sucroalcooleiro é composto, na sua esfera produtiva, pela produção de cana-de-açúcar e de produtos que dela derivam, como por exemplo, o açúcar, o melaço, o álcool e a aguardente. Esses produtos são destinados a três tipos de mercado: o de produtos químicos (higiene, perfumaria, etc.), o de alimentos e bebidas e o de combustíveis. O cluster como um todo integra quase todos os municípios da Zona da Mata, alguns do Agreste e apenas dois do Sertão. Os pólos sucroalcooleiros mais dinâmicos se encontram, principalmente, na Zona da Mata e a atividade industrial mais importante do cluster em questão é a produção de açúcar, incluindo o melaço, o refino e a moagem.

Ao longo deste capítulo serão abordados vários aspectos específicos do cluster sucroalcooleiro em Pernambuco. Nesse sentido será apresentado, inicialmente, um diagrama que resume todos os segmentos presentes neste cluster e suas interrelações, bem como a distribuição espacial dos municípios que o integram. Em seguida serão discutidos alguns indicadores gerais do cluster sucroalcooleiro em Pernambuco, tais como, as estatísticas de emprego e estabelecimentos obtidas através da RAIS/MTE para as atividades que compõem o cluster em questão.

2. Dimensão espacial do cluster da indústria sucroalcooleira

Como já mencionado ao longo do texto, todo cluster, por definição, é organizado com base na distribuição espacial de suas atividades que se interrelacionam, definindo as vocações econômicas de cada localidade e gerando ganhos de escala no processo de trocas ocorrido dentro do cluster. A figura 7.1 mostra um esquema de como o cluster da indústria sucroalcooleira em Pernambuco está organizado em suas atividades e nas interrelações estabelecidas entre elas. Uma análise desta figura evidencia que o cluster em questão tem na sua base o cluster de agricultura, que fornece a cana-de-açúcar, a matéria-prima que movimenta todas as atividades presentes no cluster sucroalcooleiro de Pernambuco. As atividades que compõem o referido cluster podem ser agrupadas em duas esferas, uma produtiva e outra comercial. Na esfera produtiva estão presentes as atividades da produção da cana-de-açúcar e as relacionadas à fabricação de seus derivados, que englobam os segmentos de produção de álcool; de fabricação de aguardentes e outras bebidas destiladas; de produção de melaço e de refino e moagem do açúcar. É válido salientar que esta última atividade não está diretamente relacionada com a produção da cana-de-açúcar, mas sim, com as usinas de açúcar produtoras de melaço, que é o produto necessário para o refino e moagem do açúcar. A comercialização dos produtos derivados da cana-de-açúcar é feita através dos mercados de produtos químicos (higiene doméstica, perfumaria, etc), de alimentos e bebidas (açúcar, aguardente, etc) e de combustíveis.

Figura 7.1

Cluster da indústria sucroalcooleira - Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar no mapa 7.1 que os municípios que integram o cluster sucroalcooleiro em Pernambuco tanto podem ser produtores de cana-de-açúcar, como também podem ser municípios com indústrias de açúcar e álcool. Os municípios produtores de cana-de-açúcar localizam-se, predominantemente, na Zona da Mata, sendo uma pequena minoria situada no Agreste do Estado e apenas dois municípios no Sertão (Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde). A vocação econômica dos municípios produtores de cana-de-açúcar da Zona da Mata é explicada não apenas pelas condições climáticas e de solo mais adequadas que eles apresentam em relação aos demais municípios, mas também, pela sua condição histórica. A atividade de produção da cana-de-açúcar e de alguns de seus derivados (como o melaço) na referida região vem sendo explorada desde o início da colonização, o que confere a esta região diferenciais de know-how tecnológico, que foram adquiridos e aprimorados ao longo dos séculos.

No que se refere às indústrias de álcool e açúcar, verifica-se uma tendência a que essas indústrias se localizem nas regiões produtoras de cana-de-açúcar, principalmente por causa das razões relacionadas ao barateamento dos custos de transporte para obtenção da matéria-prima e para distribuição dos produtos derivados. O desenvolvimento dessas indústrias na região da Zona da Mata é uma conseqüência natural das economias de aglomeração que se criam nos principais municípios produtores de cana-de-açúcar, que estimulam a criação de atividades que utilizam esta matéria-prima.

Mapa 7.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster da indústria sucroalcooleira

[pic]

Fonte: FADE/UFPE

3. Indicadores gerais do cluster sucroalcooleiro em Pernambuco

A análise de indicadores da distribuição espacial do emprego, dos estabelecimentos e do porte dos empreendimentos sucroalcooleiros, segundo suas principais atividades, ajuda a caracterizar o cluster do açúcar e do álcool em Pernambuco, pois identifica as principais atividades deste cluster e onde se localizam. As informações acerca das principais atividades se basearam nos registros da RAIS/MTE onde foram identificados três grandes segmentos: produção de açúcar, de álcool e de aguardente.

No que se refere ao emprego direto gerado por município, segundo atividades, constata-se a partir da tabela 7.1, que os principais municípios geradores se localizam na Zona da Mata, dentre eles destacam-se: Rio Formoso, Sirinhaém, Joaquim Nabuco, Igarassu, Camutanga, Ipojuca, Catende e Lagoa do Itaenga. Esses municípios, em conjunto, contam com 68,4% dos postos de trabalho do cluster em questão. A principal atividade que compõe o cluster sucroalcooleiro, em termos de geração de empregos, é a de produção de açúcar, que é responsável por 93,92% dos postos de trabalho do cluster estadual.

Ainda com base na tabela 7.1, é possível identificar que, enquanto a produção de açúcar é uma atividade relativamente desconcentrada dentro do cluster, no sentido de que vários municípios a realizam, as atividades de produção de aguardente e álcool são especialidades de alguns municípios. Em relação à fabricação de álcool, os municípios de Maraial e de Chã de Alegria destacam-se como principais produtores, sendo responsáveis por 70,87% dos empregos gerados neste segmento. Quanto à produção de aguardente, as cidades de Vitória de Santo Antão e de Cabo de Santo Agostinho são as maiores fabricantes desta bebida, gerando 71,08% dos postos de trabalho neste ramo de atividade.

Tabela 7.1

Cluster de açúcar e álcool em Pernambuco. Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Açúcar |Aguardentes |Alcóol |

|Rio Formoso |4.504 |11,8% |11,8% |4.504 |- |- |

|Sirinhaém |3.963 |10,4% |22,1% |3.963 |- |- |

|Joaquim Nabuco |3.596 |9,4% |31,5% |3.596 |- |- |

|Igarassu |2.993 |7,8% |39,4% |2.980 |13 |- |

|Camutanga |2.891 |7,6% |46,9% |2.891 |- |- |

|Ipojuca |2.883 |7,5% |54,5% |2.883 |- |- |

|Catende |2.688 |7,0% |61,5% |2.688 |- |- |

|Lagoa do Itaenga |2.647 |6,9% |68,4% |2.647 |- |- |

|Goiana |2.114 |5,5% |73,9% |2.114 |- |- |

|Vicência |1.948 |5,1% |79,0% |1.948 |- |- |

|Timbaúba |1.912 |5,0% |84,0% |1.911 |- |1 |

|Escada |1.235 |3,2% |87,3% |1.235 |- |- |

|Maraial |843 |2,2% |89,5% |- |- |843 |

|Ribeirão |485 |1,3% |90,7% |485 |- |- |

|Vitória de Santo Antão |418 |1,1% |91,8% |- |294 |124 |

|Cortês |385 |1,0% |92,8% |385 |- |- |

|Cabo de Santo Agostinho |384 |1,0% |93,8% |130 |254 |- |

|Recife |382 |1,0% |94,8% |298 |10 |74 |

|Aliança |296 |0,8% |95,6% |296 |- |- |

|Chã de Alegria |260 |0,7% |96,3% |- |- |260 |

|Água Preta |241 |0,6% |96,9% |241 |- |- |

|Jaboatão dos Guararapes |241 |0,6% |97,6% |118 |123 |- |

|Tamandaré |232 |0,6% |98,2% |232 |- |- |

|Primavera |176 |0,5% |98,6% |157 |19 |- |

|Amaraji |147 |0,4% |99,0% |- |- |147 |

|Palmares |142 |0,4% |99,4% |142 |- |- |

|Nazaré da Mata |87 |0,2% |99,6% |- |- |87 |

|Outros |152 |0,4% |100,0% |74 |58 |20 |

|Pernambuco |38.245 |100,0% |- |35.918 |771 |1.556 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Em relação ao número de estabelecimentos do cluster sucroalcooleiro do Estado constata-se, a partir da tabela 7.2, que a grande maioria dos estabelecimentos se localiza em Recife, pois nesta cidade estão os escritórios de várias fábricas de álcool e açúcar do Estado. Em todo o cluster, a atividade que possui mais estabelecimentos é a de produção de açúcar, seguida da produção de aguardente e da de álcool.

Tabela 7.2

Cluster de açúcar e álcool em Pernambuco. Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Açúcar |Aguardentes |Álcool |

|Rio Formoso |1 |1.1% |1.1% |1 |- |- |

|Sirinhaém |1 |1.1% |2.2% |1 |- |- |

|Joaquim Nabuco |1 |1.1% |3.3% |1 |- |- |

|Igarassu |2 |2.2% |5.6% |1 |1 |- |

|Camutanga |1 |1.1% |6.7% |1 |- |- |

|Ipojuca |2 |2.2% |8.9% |2 |- |- |

|Catende |1 |1.1% |10.0% |1 |- |- |

|Lagoa do Itaenga |1 |1.1% |11.1% |1 |- |- |

|Goiana |2 |2.2% |13.3% |2 |- |- |

|Vicência |2 |2.2% |15.6% |2 |- |- |

|Timbaúba |2 |2.2% |17.8% |1 |- |1 |

|Escada |1 |1.1% |18.9% |1 |- |- |

|Maraial |2 |2.2% |21.1% |- |1 |1 |

|Ribeirão |2 |2.2% |23.3% |2 |- |- |

|Vitória de Santo Antão |4 |4.4% |27.8% |- |3 |1 |

|Cortês |1 |1.1% |28.9% |1 |- |- |

|Cabo de Santo Agostinho |3 |3.3% |32.2% |1 |2 |- |

|Recife |24 |26.7% |58.9% |15 |2 |7 |

|Aliança |1 |1.1% |60.0% |1 |- |- |

|Chã de Alegria |1 |1.1% |61.1% |- |- |1 |

|Água Preta |3 |3.3% |64.4% |3 |- |- |

|Jaboatão dos Guararapes |5 |5.6% |70.0% |2 |3 |- |

|Tamandaré |2 |2.2% |72.2% |2 |- |- |

|Primavera |2 |2.2% |74.4% |1 |1 |- |

|Amaraji |2 |2.2% |76.7% |- |- |2 |

|Palmares |1 |1.1% |77.8% |1 |- |- |

|Nazaré da Mata |3 |3.3% |81.1% |- |- |3 |

|Outros |17 |18.9% |100.0% |7 |9 |1 |

|Pernambuco |90 |100.0% |- |51 |22 |17 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os resultados apresentados na tabela 7.3 correspondem à participação que o setor sucroalcooleiro tem no emprego total de cada município que compõe o cluster do Estado. Constata-se que em vários municípios, sobretudo os que se localizam na Zona da Mata, o setor em questão contribui de forma significativa para o emprego formal municipal. Nos municípios de Camutanga, Rio Formoso, Lagoa do Itaenga, Sirinhaém, Catende, Maraial, Joaquim Nabuco e Vicência, o percentual de participação do emprego do setor sucroalcooleiro no emprego total varia de 85% a 57%, sendo a atividade de produção de açúcar a única responsável pelo emprego do setor, excetuando-se o município de Maraial onde a fabricação de álcool é a única atividade geradora de empregos formais do setor sucroalcooleiro da cidade.

Tabela 7.3

Cluster de açúcar e álcool em Pernambuco

Participação do cluster de açúcar e álcool no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Açúcar |Aguardentes |Alcóol |

|Rio Formoso |79.0% |79.0% |0.0% |0.0% |

|Sirinhaém |77.0% |77.0% |0.0% |0.0% |

|Joaquim Nabuco |64.2% |64.2% |0.0% |0.0% |

|Igarassu |31.3% |31.2% |0.1% |0.0% |

|Camutanga |85.1% |85.1% |0.0% |0.0% |

|Ipojuca |32.6% |32.6% |0.0% |0.0% |

|Catende |70.3% |70.3% |0.0% |0.0% |

|Lagoa do Itaenga |77.9% |77.9% |0.0% |0.0% |

|Goiana |22.8% |22.8% |0.0% |0.0% |

|Vicência |57.2% |57.2% |0.0% |0.0% |

|Timbaúba |33.3% |33.3% |0.0% |0.0% |

|Escada |23.1% |23.1% |0.0% |0.0% |

|Maraial |68.1% |0.0% |0.0% |68.1% |

|Ribeirão |14.4% |14.4% |0.0% |0.0% |

|Vitória de Santo Antão |5.4% |0.0% |3.8% |1.6% |

|Cortês |44.8% |44.8% |0.0% |0.0% |

|Cabo de Santo Agostinho |2.7% |0.9% |1.8% |0.0% |

|Recife |0.1% |0.1% |0.0% |0.0% |

|Aliança |11.9% |11.9% |0.0% |0.0% |

|Chã de Alegria |41.8% |0.0% |0.0% |41.8% |

|Água Preta |13.4% |13.4% |0.0% |0.0% |

|Jaboatão dos Guararapes |0.5% |0.2% |0.2% |0.0% |

|Tamandaré |28.2% |28.2% |0.0% |0.0% |

|Primavera |8.7% |7.8% |0.9% |0.0% |

|Amaraji |17.8% |0.0% |0.0% |17.8% |

|Palmares |4.8% |4.8% |0.0% |0.0% |

|Nazaré da Mata |2.6% |0.0% |0.0% |2.6% |

|Outros |0.1% |0.0% |0.0% |0.0% |

|Pernambuco |4.3% |4.1% |0.1% |0.2% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 7.4 mostra as estatísticas sobre o número de empregados por estabelecimentos, em cada segmento de atividade, considerado no cluster sucroalcooleiro do Estado. Uma análise dos valores apresentados na referida tabela evidencia que os estabelecimentos do cluster do açúcar e do álcool em Pernambuco são, de uma maneira geral, de grande porte, apresentando, em média, 425 empregados em cada empresa. Os municípios que empregam o maior número de pessoas por estabelecimento são também aqueles que apresentam a maior quantidade de empreendimentos e que foram listados no parágrafo anterior. A atividade de produção de açúcar é aquela que possui os estabelecimentos de maior porte, com uma média de 704 empregados por empreendimento. Em seguida vêm as fábricas de álcool e de aguardente.

Tabela 7.4

Cluster de açúcar e álcool em Pernambuco.

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Açúcar |Aguardentes |Álcool |

|Rio Formoso |4.504 |4.504 |- |- |

|Sirinhaém |3.963 |3.963 |- |- |

|Joaquim Nabuco |3.596 |3.596 |- |- |

|Igarassu |1.497 |2.980 |13 |- |

|Camutanga |2.891 |2.891 |- |- |

|Ipojuca |1.442 |1.442 |- |- |

|Catende |2.688 |2.688 |- |- |

|Lagoa do Itaenga |2.647 |2.647 |- |- |

|Goiana |1.057 |1.057 |- |- |

|Vicência |974 |974 |- |- |

|Timbaúba |956 |1.911 |- |1 |

|Escada |1.235 |1.235 |- |- |

|Maraial |422 |- |- |843 |

|Ribeirão |243 |243 |- |- |

|Vitória de Santo Antão |105 |- |98 |124 |

|Cortês |385 |385 |- |- |

|Cabo de Santo Agostinho |128 |130 |127 |- |

|Recife |16 |20 |5 |11 |

|Aliança |296 |296 |- |- |

|Chã de Alegria |260 |- |- |260 |

|Água Preta |80 |80 |- |- |

|Jaboatão dos Guararapes |48 |59 |41 |- |

|Tamandaré |116 |116 |- |- |

|Primavera |88 |157 |19 |- |

|Amaraji |74 |- |- |74 |

|Palmares |142 |142 |- |- |

|Nazaré da Mata |29 |- |- |29 |

|Outros |9 |11 |6 |20 |

|Pernambuco |425 |704 |35 |92 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

4. Indicadores específicos do cluster sucroalcooleiro de Pernambuco

Na seção anterior foram apresentados alguns indicadores gerais do cluster sucroalcooleiro de Pernambuco. O objetivo desta seção é o de analisar aspectos específicos do cluster do açúcar e do álcool que sejam fundamentais para detectar a sua eficiência. Os principais elementos de análise se basearão: no nível de integração das atividades do cluster; na sua competitividade; no tipo de tecnologia utilizada pelas empresas que pertencem ao cluster e na amplitude do mercado em que essas empresas se inserem. Também serão analisados aspectos como a importância da BR 232 para o desenvolvimento do cluster e as perspectivas de crescimento de algumas atividades que integram o cluster e do município em que se localizam.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e os resultados serão apresentados em seguida.

4.1. Integração das atividades

Em relação ao grau de integração das atividades do cluster, foram colocadas aos empresários duas perguntas: uma que se referia à integração da empresa entrevistada com o mercado produtor e a outra que se relacionava à sua demanda ao mercado, de serviços do cluster de açúcar e álcool. Os principais serviços relacionados à atividade sucroalcooleira são: os serviços de contratação de mão-de-obra temporária; serviços de transporte (inclusive a conservação das estradas); serviços portuários para armazenagem do açúcar e do álcool; serviços de consultorias para transação das commodities agrícolas e serviços de assistência técnica e pesquisa especializada.

No que diz respeito à primeira pergunta, verifica-se que 52% dos insumos utilizados para atividade sucroalcooleira são adquiridos no próprio município ou em municípios vizinhos, enquanto que cerca de 1/3 desses insumos provém de outros municípios estaduais, mas que não são vizinhos. Não foi verificada demanda por insumos no mercado externo.

Em relação à integração com o mercado de serviços, verifica-se uma total dependência do mercado local, onde os empresários do setor sucroalcooleiro declararam adquirir 99% dos serviços relacionados à atividade canavieira no seu próprio município ou em municípios vizinhos. Este resultado sugere que os entrevistados estão considerando que os serviços do cluster do açúcar e do álcool se limitam, basicamente, aos serviços de contratação de mão-de-obra, de limpeza de terreno e de contabilidade, haja vista que a maior parte dos serviços de consultoria, armazenagem, pesquisa e assistência técnica se localizam sobretudo na RMR.

4.2. Competitividade

No que diz respeito à competitividade da atividade sucroalcooleira, alguns aspectos foram abordados com o objetivo de identificar em que medida esta atividade está tendo uma atuação eficiente e competitiva dentro do cluster. Em termos de liderança de mercado, foi constatada com base nos depoimentos dos empresários deste ramo, uma certa tendência a que o mercado de açúcar e álcool seja relativamente concentrado em poucas empresas. Os resultados comprovam esta hipótese: dos empresários entrevistados: 37% declararam que sua empresa não seria líder mas estaria entre as mais representativas do mercado, ao passo que pouco mais de ¼ dos respondentes afirmaram que o seu estabelecimento tem a liderança do mercado municipal. Além disso, a principal característica do mercado sucroalcooleiro, na opinião de 50% dos empresários deste ramo, é o fato de que ele é dominado por grandes empresas. Por fim, os empresários emitiram a sua opinião pessoal acerca do grau de competitividade da atividade sucroalcooleira nos seus respectivos mercados de atuação. Nesse sentido, houve uma segmentação por parte dos entrevistados, onde 41% deles afirmaram que a competitividade do setor é elevada, contra 41% que declaram que o nível de competitividade da atividade era regular.

4.3. Tecnologia

A tecnologia que as empresas do cluster sucroalcooleiro utilizam foi investigada sob o aspecto da modernidade e o da adequabilidade. Em relação ao primeiro item, a avaliação geral dos empresários foi a de que a tecnologia utilizada no setor do açúcar e do álcool é predominantemente moderna, ou pelo menos não está defasada. Um percentual de 44% dos empresários afirmaram que a tecnologia utilizada na atividade é a mais moderna ou uma das mais modernas, enquanto que este mesmo percentual de entrevistados declarou que esta tecnologia não seria a mais moderna, porém ainda estaria atualizada. No que tange ao aspecto da adequabilidade, 56% dos empresários declararam que a tecnologia utilizada pelo setor sucroalcooleiro nos seus municípios é a mais adequada e em torno de 37% afirmaram que esta tecnologia não seria a mais adequada, porém seria suficiente para o funcionamento.

4.4. Amplitude do mercado

O indicador de amplitude do mercado está revelando nesta pesquisa, qual o principal mercado consumidor de uma determinada atividade econômica. Para o cluster sucroalcooleiro, foi constatada uma ampla penetração das vendas para outros estados do Nordeste e para municípios de Pernambuco que não são vizinhos ao município investigado, que juntos representam 71% do mercado consumidor do setor em questão. Um percentual de vendas de 11% e 7% é destinado, respectivamente, para outros estados do Brasil e para o exterior.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

A maioria dos empresários entrevistados apresentou uma opinião positiva sobre o efeito que a duplicação da BR 232 poderia exercer na economia de suas cidades e na atividade sucroalcooleira municipal. Um percentual de 74% dos entrevistados afirmaram que os benefícios aportados pela duplicação da BR 232 para a economia do município seriam de médio a elevados. Em relação à atividade sucroalcooleira, especificamente, esse percentual foi de 59%. Os entrevistados ainda emitiram opinião acerca de quais seriam os principais benefícios da duplicação da BR 232 para esta atividade, a nível municipal. Nesse sentido, foi verificado que as duas maiores vantagens advindas desta obra viária seriam: (i) o maior acesso aos principais mercados da região (44%) e (ii) a redução no tempo de entrega dos produtos (36%).

4.6. Perspectivas de crescimento

Em relação às perspectivas de crescimento, a presente pesquisa investigou junto aos empresários do cluster sucroalcooleiro quais seriam as perspectivas para esta atividade, em relação à economia do município como um todo, e quais os maiores obstáculos para o crescimento da economia municipal. Em relação à atividade sucroalcooleira, foi feito, inicialmente, um levantamento acerca do seu crescimento nos últimos dois anos e nos últimos cinco anos. Esses resultados evidenciaram que para o período mais longo, 38% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 35% deles acreditaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Quando se consideram os últimos dois anos, a visão do empresariado torna-se mais pessimista: apenas 19% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 48% deles acreditaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Apesar deste fato, constata-se que 82% dos empresários acreditam que as perspectivas de crescimento da atividade, para os próximos cinco anos, serão boas ou ótimas.

No que se refere à economia municipal, os entrevistados do setor sucroalcooleiro indicaram uma série de obstáculos ao desenvolvimento de seus municípios, mas também avaliaram as suas perspectivas de crescimento. Dentre os obstáculos, as respostas mais freqüentes fornecidas pelos empresários entrevistados foram: a falta de mão-de-obra qualificada e a fraca instrução da população, em 78% dos casos e a falta de créditos, em 26% das respostas[5]. Em relação às perspectivas de crescimento do município para os próximos cinco anos, a maior parte dos entrevistados encontra-se com uma visão conservadora: em 56% dos casos, os empresários acreditam que sua cidade crescerá tanto quanto a média do Estado.

Capítulo 8

O Cluster de Bebidas em Pernambuco

1. Introdução

O cluster de bebidas em Pernambuco é composto, na sua esfera produtiva, pelos segmentos de fabricação de vasilhames de plástico e de vidro, pelo engarrafamento e gaseificação de águas minerais e pela fabricação de malte, cervejas, chopes, refrigerantes e refrescos. As bebidas produzidas são destinadas ao comércio atacadista e varejista. Em todo o Estado foram identificados diversos municípios que integram o cluster em questão e que se concentram, sobretudo, na RMR e na Zona da Mata, onde se encontram os maiores centros consumidores e distribuidores de bebidas.

Os principais pólos que integram o cluster de bebidas em Pernambuco estão nos municípios de Recife, Cabo de Santo Agostinho, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Garanhuns, que juntos são responsáveis por 63% dos empregos gerados dentro do cluster. As atividades que se destacam como mais importantes em termos de geração de emprego são as de: (i) comércio de bebidas e (ii) fabricação refrigerantes e refrescos.

Além desta introdução, serão abordados vários aspectos relacionados ao cluster de bebidas em Pernambuco que permitirão caracterizá-lo com maior nível de detalhe. Nesse sentido, será apresentado, inicialmente, um diagrama que resume todos os segmentos presentes neste cluster e suas interrelações. Em seguida serão discutidas estatísticas municipais de emprego e estabelecimento, obtidas através da RAIS/MTE para cada atividade que integra o cluster de bebidas em Pernambuco.

2. Dimensão espacial do cluster de bebidas

O cluster de bebidas em Pernambuco está estruturado de acordo com o diagrama da figura 8.1, onde se identificam todas as atividades que compõem o cluster em questão, bem como as suas interrelações. Em relação às atividades que formam o cluster de bebidas é possível agrupá-las em duas esferas, uma produtiva e a outra comercial. Na esfera de produção estão os segmentos de fabricação de vasilhames e o de produção de bebidas como: cervejas, chopes, refrigerantes, águas minerais e refrescos. A fabricação de determinadas bebidas envolve a importação de matérias-primas de outras regiões do país ou de outros países, como por exemplo: o xarope da coca-cola e o pó do guaraná, que são produtos importados da região Norte, e alguns ingredientes da cerveja, como o malte, que são comprados da região Sul do Brasil ou de outros países. Depois de produzidas e engarrafadas, as bebidas atingem a esfera comercial propriamente dita e, nessa fase, elas podem ser destinadas tanto para o comércio atacadista, como para o varejista.

Figura 8.1

Cluster de bebidas - Diagrama de atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar no mapa 8.1 todos os municípios que integram o cluster de bebidas em Pernambuco. Percebe-se que, de uma maneira geral, os pólos de bebidas estão espalhados por todo o Estado, apesar de se verificar uma maior predominância na região de abrangência da RMR e na Zona da Mata. A razão da maior concentração nas referidas regiões está relacionada à proximidade dos principais centros consumidores e à redução dos custos de distribuição incorridos pelas fábricas de bebidas.

Mapa 8.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster de bebidas

3. Indicadores gerais do cluster de bebidas em Pernambuco

A análise de indicadores do cluster de bebidas, referentes à distribuição espacial do emprego, dos estabelecimentos e do porte dos empreendimentos, fornece uma caracterização mais apurada do cluster em questão, pois com base nessas informações é possível identificar as principais atividades do cluster e onde elas se localizam. Os dados acerca das principais atividades que compõem o cluster de bebidas de Pernambuco se basearam nos registros da RAIS/MTE, onde foram identificados quatro grandes segmentos: fabricação de malte, cerveja e chope; engarrafamento e gaseificação de águas minerais; fabricação de refrigerantes e refrescos e o comércio de bebidas.

No que se refere ao emprego direto gerado por município segundo atividades, constata-se a partir da tabela 8.1, que os principais municípios geradores se localizam na RMR. Dentre eles, destacam-se. Recife, Cabo de Santo Agostinho, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Garanhuns. Esses municípios, em conjunto, contam com quase 63% dos postos de trabalho do cluster em questão. As principais atividades que compõem o cluster de bebidas, em termos de geração de empregos, são aquelas relacionadas ao comércio de bebidas e à fabricação de refrigerantes e refrescos, que juntas são responsáveis por 77,19% dos postos de trabalho do cluster estadual. Atualmente, este percentual de participação deve ser ainda mais elevado, pois uma grande fábrica de refrigerantes, água mineral e refrescos se instalou recentemente no município de Igarassu.

Ainda com base na tabela 8.1 é possível identificar que, enquanto as atividades de comércio de bebidas e de fabricação de refrigerantes e refrescos são relativamente desconcentradas dentro do cluster, no sentido de que vários municípios a realizam, as atividades de fabricação de malte, cerveja e chope e a de engarrafamento e gaseificação de águas minerais são especialidades de alguns municípios. Em relação à fabricação de malte, cerveja e chope, só existe uma única fábrica no Estado que é a Brahma, localizada no município do Cabo de Santo Agostinho, sendo, portanto, o único município gerador de empregos neste segmento. Além da Brahma, uma nova fábrica de cerveja está se instalando no Cabo de Santo Agostinho, o que vem a consolidar a vocação econômica deste município em relação à referida atividade. Quanto à atividade de engarrafamento e gaseificação de águas minerais, os municípios que se destacam dentro do cluster, em termos de geração de empregos, são: Recife, Garanhuns e Paulista que juntos contribuem com 67,45% do emprego deste segmento.

Tabela 8.1

Cluster de bebidas em Pernambuco-

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação de |Engarrafamento e |Fabricação de |Comércio de|

| |Bebidas | | |malte, cervejas e|gaseificação de |refrigerantes e |bebidas |

| | | | |chopes |águas minerais |refrescos | |

|Cabo de Santo Agostinho |867 |13,01% |38,38% |669 |0 |129 |69 |

|Olinda |627 |9,41% |47,79% |0 |48 |346 |233 |

|Jaboatão dos Guararapes |571 |8,57% |56,35% |0 |22 |438 |111 |

|Garanhuns |421 |6,32% |62,67% |0 |114 |107 |200 |

|Petrolina |386 |5,79% |68,46% |0 |0 |272 |114 |

|Caruaru |298 |4,47% |72,93% |0 |24 |8 |266 |

|Paulista |223 |3,35% |76,28% |0 |178 |0 |45 |

|Timbaúba |161 |2,42% |78,69% |0 |0 |0 |161 |

|Serra Talhada |150 |2,25% |80,95% |0 |0 |0 |150 |

|Vitória de Santo Antão |134 |2,01% |82,96% |0 |0 |2 |132 |

|Salgueiro |122 |1,83% |84,79% |0 |0 |0 |122 |

|Arcoverde |109 |1,64% |86,42% |0 |0 |0 |109 |

|Abreu e Lima |83 |1,25% |87,67% |0 |0 |0 |83 |

|Camaragibe |79 |1,19% |88,85% |0 |61 |0 |18 |

|Igarassu |74 |1,11% |89,96% |0 |0 |0 |74 |

|Gravatá |65 |0,98% |90,94% |0 |28 |0 |37 |

|Paudalho |65 |0,98% |91,91% |0 |64 |0 |1 |

|Pesqueira |51 |0,77% |92,68% |0 |0 |33 |18 |

|Goiana |48 |0,72% |93,40% |0 |0 |0 |48 |

|Limoeiro |48 |0,72% |94,12% |0 |0 |1 |47 |

|Carpina |44 |0,66% |94,78% |0 |0 |1 |43 |

|Palmares |43 |0,65% |95,42% |0 |0 |0 |43 |

|Cupira |37 |0,56% |95,98% |0 |0 |9 |28 |

|Barreiros |32 |0,48% |96,46% |0 |0 |0 |32 |

|São Lourenço da Mata |23 |0,35% |96,80% |0 |1 |17 |5 |

|Ouricuri |22 |0,33% |97,13% |0 |0 |0 |22 |

|Outros |191 |2,87% |100,00% |0 |29 |13 |149 |

|Pernambuco |6665 |100,00% | - |669 |851 |2012 |3133 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Em relação ao número de estabelecimentos do cluster de bebidas do Estado, constata-se, a partir da tabela 8.2, uma certa predominância desses empreendimentos na cidade do Recife que sedia 30,59% dos estabelecimentos do cluster estadual. Os municípios de Jaboatão dos Guararapes, Petrolina, Garanhuns, Paulista e Caruaru também apresentam um certo destaque em termos de número de estabelecimentos: em média, cada município possui 6% de todos os estabelecimentos do cluster estadual. A atividade que comporta a maior quantidade de empreendimentos é a de comércio de bebidas que é responsável por 87,53% de todos os estabelecimentos do cluster de Pernambuco.

Tabela 8.2

Cluster de bebidas em Pernambuco-

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação de|Engarrafamento e |Fabricação de |Comércio de |Total de |

| |Bebidas | | |malte, |gaseificação de |refrigerantes e |bebidas |Estabelecimentos |

| | | | |cervejas e |águas minerais |refrescos | | |

| | | | |chopes | | | | |

|Cabo de Santo Agostinho |12 |2,82% |33,41% |2 |0 |1 |9 |704 |

|Olinda |16 |3,76% |37,18% |0 |1 |2 |13 |2548 |

|Jaboatão dos Guararapes |30 |7,06% |44,24% |0 |3 |1 |26 |3330 |

|Garanhuns |21 |4,94% |49,18% |0 |4 |2 |15 |1048 |

|Petrolina |22 |5,18% |54,35% |0 |0 |3 |19 |2290 |

|Caruaru |19 |4,47% |58,82% |0 |1 |3 |15 |2724 |

|Paulista |20 |4,71% |63,53% |0 |4 |0 |16 |1241 |

|Timbaúba |8 |1,88% |65,41% |0 |0 |0 |8 |387 |

|Serra Talhada |4 |0,94% |66,35% |0 |0 |0 |4 |541 |

|Vitória de Santo Antão |10 |2,35% |68,71% |0 |0 |1 |9 |716 |

|Salgueiro |5 |1,18% |69,88% |0 |0 |0 |5 |313 |

|Arcoverde |7 |1,65% |71,53% |0 |0 |0 |7 |574 |

|Abreu e Lima |1 |0,24% |71,76% |0 |0 |0 |1 |343 |

|Camaragibe |6 |1,41% |73,18% |0 |1 |0 |5 |533 |

|Igarassu |4 |0,94% |74,12% |0 |0 |0 |4 |389 |

|Gravatá |12 |2,82% |76,94% |0 |1 |0 |11 |516 |

|Paudalho |3 |0,71% |77,65% |0 |2 |0 |1 |202 |

|Pesqueira |2 |0,47% |78,12% |0 |0 |1 |1 |401 |

|Goiana |1 |0,24% |78,35% |0 |0 |0 |1 |384 |

|Limoeiro |7 |1,65% |80,00% |0 |0 |1 |6 |450 |

|Carpina |6 |1,41% |81,41% |0 |0 |1 |5 |518 |

|Palmares |5 |1,18% |82,59% |0 |0 |0 |5 |353 |

|Cupira |5 |1,18% |83,76% |0 |0 |2 |3 |68 |

|Barreiros |3 |0,71% |84,47% |0 |0 |0 |3 |212 |

|São Lourenço da Mata |3 |0,71% |85,18% |0 |1 |1 |1 |223 |

|Ouricuri |3 |0,71% |85,88% |0 |0 |0 |3 |182 |

|Outros |60 |14,12% |100,00% |0 |2 |1 |57 |8561 |

|Pernambuco |425 |100,00% | - |2 |25 |26 |372 |53738 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os resultados apresentados na tabela 8.3 correspondem à participação que o setor de bebidas tem no emprego total de cada município que compõe o cluster do Estado. Os municípios onde o referido setor apresenta maior participação no emprego formal municipal são os de Cupira, Cabo de Santo Agostinho, Garanhuns e Salgueiro, que apresentam percentuais de participação de, respectivamente, 6,62%, 6,02%, 4,83% e 4,74%. Em Cupira, as principais atividades geradoras de emprego que integram o cluster de bebida são as que se referem ao comércio de bebidas e, em menor escala, à fabricação de refrigerantes e refrescos. No município do Cabo de Santo Agostinho, a atividade de destaque é a de fabricação de malte, cerveja e chope. Em Garanhuns, três segmentos que compõem o cluster de bebidas contribuem de forma relevante para o emprego municipal que são as atividades de engarrafamento e gaseificação de águas minerais, de fabricação de refrigerantes e refrescos e de comércio de bebidas. O município de Salgueiro se destaca dentro do cluster estadual em função da participação que o comércio de bebidas tem no emprego total deste município.

Tabela 8.3

Cluster de bebidas em Pernambuco-

Participação do cluster de bebidas no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de |Engarrafamento e |Fabricação de |Comércio de |

| |Bebidas |malte, |gaseificação de |refrigerantes e |bebidas |

| | |cervejas e |águas minerais |refrescos | |

| | |chopes | | | |

|Recife |0,37% |0,00% |0,06% |0,14% |0,17% |

|Cabo de Santo Agostinho |6,02% |4,65% |0,00% |0,90% |0,48% |

|Olinda |1,43% |0,00% |0,11% |0,79% |0,53% |

|Jaboatão dos Guararapes |1,15% |0,00% |0,04% |0,88% |0,22% |

|Garanhuns |4,83% |0,00% |1,31% |1,23% |2,29% |

|Petrolina |1,62% |0,00% |0,00% |1,14% |0,48% |

|Caruaru |1,42% |0,00% |0,11% |0,04% |1,27% |

|Paulista |1,25% |0,00% |1,00% |0,00% |0,25% |

|Timbaúba |2,81% |0,00% |0,00% |0,00% |2,81% |

|Serra Talhada |3,29% |0,00% |0,00% |0,00% |3,29% |

|Vitória de Santo Antão |1,73% |0,00% |0,00% |0,03% |1,71% |

|Salgueiro |4,74% |0,00% |0,00% |0,00% |4,74% |

|Arcoverde |2,75% |0,00% |0,00% |0,00% |2,75% |

|Abreu e Lima |1,32% |0,00% |0,00% |0,00% |1,32% |

|Camaragibe |1,17% |0,00% |0,90% |0,00% |0,27% |

|Igarassu |0,77% |0,00% |0,00% |0,00% |0,77% |

|Gravatá |1,89% |0,00% |0,81% |0,00% |1,07% |

|Paudalho |1,93% |0,00% |1,90% |0,00% |0,03% |

|Pesqueira |1,65% |0,00% |0,00% |1,07% |0,58% |

|Goiana |0,52% |0,00% |0,00% |0,00% |0,52% |

|Limoeiro |1,53% |0,00% |0,00% |0,03% |1,50% |

|Carpina |0,94% |0,00% |0,00% |0,02% |0,92% |

|Palmares |1,44% |0,00% |0,00% |0,00% |1,44% |

|Cupira |6,62% |0,00% |0,00% |1,61% |5,01% |

|Barreiros |1,31% |0,00% |0,00% |0,00% |1,31% |

|São Lourenço da Mata |0,50% |0,00% |0,02% |0,37% |0,11% |

|Ouricuri |1,56% |0,00% |0,00% |0,00% |1,56% |

|Pernambuco |0,75% |0,08% |0,10% |0,23% |0,35% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 8.4 mostra as estatísticas sobre o número de empregados por estabelecimentos, em cada segmento de atividade considerado no cluster de bebidas do Estado. Uma análise dos valores apresentados na referida tabela, evidencia que os estabelecimentos deste cluster, em Pernambuco, são, de uma maneira geral, de pequeno a médio portes, apresentando, em média, 15,68 empregados em cada empresa. Os municípios que empregam o maior número de pessoas por estabelecimento são os de Abreu e Lima, que emprega 83 pessoas por firma, sobretudo na atividade de comércio de bebidas, e o de Cabo de Santo Agostinho empregando cerca de 72 trabalhadores em cada empreendimento, especialmente nos ramos de fabricação de cerveja e de refrigerantes e refrescos. Outros municípios que também se destacam em termos de quantidade de pessoas empregadas por estabelecimento são os de Olinda (fabricação de refrigerantes e refrescos e comércio de bebidas), Goiana e Serra Talhada (comércio de bebidas). Esses municípios apresentam um número médio de empregados por firma, que varia de 37 a 48 pessoas. A atividade de fabricação de cerveja é aquela que possui os estabelecimentos de maior porte, com uma média de 334 empregados por empreendimento, só havendo fábricas registradas no município de Cabo de Santo Agostinho.

Tabela 8.4

Cluster de bebidas em Pernambuco-

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de |Engarrafamento e |Fabricação de |Comércio de |

| |Bebidas |malte, cervejas e|gaseificação de |refrigerantes e |bebidas |

| | |chopes |águas minerais |refrescos | |

|Recife |13,01 | - |56,40 |106,00 | 6,50|

|Cabo de Santo Agostinho |72,25 |334,50 | - |129,00 | 7,67|

|Olinda |39,19 | - |48,00 |173,00 | 17,92 |

|Jaboatão dos Guararapes |19,03 | - |7,33 |438,00 | 4,27|

|Garanhuns |20,05 | - |28,50 |53,50 | 13,33 |

|Petrolina |17,55 | - | - |90,67 | 6,00|

|Caruaru |15,68 | - |24,00 |2,67 | 17,73 |

|Paulista |11,15 | - |44,50 | - | 2,81|

|Timbaúba |20,13 | - | - | - | 20,13 |

|Serra Talhada |37,50 | - | - | - | 37,50 |

|Vitória de Santo Antão |13,40 | - | - |2,00 | 14,67 |

|Salgueiro |24,40 | - | - | - | 24,40 |

|Arcoverde |15,57 | - | - | - | 15,57 |

|Abreu e Lima |83,00 | - | - | - | 83,00 |

|Camaragibe |13,17 | - |61,00 | - | 3,60|

|Igarassu |18,50 | - | - | - | 18,50 |

|Gravatá |5,42 | - |28,00 | - | 3,36|

|Paudalho |21,67 | - |32,00 | - | 1,00|

|Pesqueira |25,50 | - | - |33,00 | 18,00 |

|Goiana |48,00 | - | - | - | 48,00 |

|Limoeiro |6,86 | - | - |1,00 | 7,83|

|Carpina |7,33 | - | - |1,00 | 8,60|

|Palmares |8,60 | - | - | - | 8,60|

|Cupira |7,40 | - | - |4,50 | 9,33|

|Barreiros |10,67 | - | - | - | 10,67 |

|São Lourenço da Mata |7,67 | - |1,00 |17,00 | 5,00|

|Ouricuri |7,33 | - | - | - | 7,33|

|Outros |3,18 | - |14,50 |13,00 | 2,61|

|Pernambuco |15,68 |334,50 |34,04 |77,38 | 8,42|

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

4. Indicadores específicos do cluster de bebidas de Pernambuco

Na seção anterior foram apresentados alguns indicadores gerais do cluster de bebidas em Pernambuco. O objetivo desta seção é o de analisar aspectos específicos deste cluster, que sejam fundamentais para detectar a sua eficiência. Os principais elementos de análise se basearão: no nível de integração das atividades do cluster; na sua competitividade; no tipo de tecnologia utilizada pelas empresas que pertencem ao cluster, e na amplitude do mercado em que essas empresas se inserem. Também serão analisados aspectos como a importância da BR 232 para o desenvolvimento do cluster e as perspectivas de crescimento de algumas atividades que o integram e do município em que se localizam.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida.

4.1. Integração das atividades

Em relação ao grau de integração das atividades do cluster, foram colocadas aos empresários duas perguntas: uma que se referia à integração da empresa entrevistada com o mercado produtor e a outra que se relacionava à sua demanda ao mercado de serviços do cluster de bebidas. Os principais serviços relacionados à indústria de bebidas são: os serviços de contratação de mão-de-obra temporária; serviços portuários para armazenagem das bebidas; serviços de contabilidade e serviços de assistência técnica e pesquisa especializada.

No que diz respeito à primeira pergunta, verifica-se uma forte integração do segmento de bebidas com o mercado produtor local, pois os empresários entrevistados responderam que 44% de seus insumos são comprados no próprio município ou em municípios vizinhos. Um percentual de aproximadamente 40% dos insumos necessários ao setor de bebidas é comprado no mercado produtor estadual, dado que provêm de municípios do Estado não vizinhos ao local investigado. Constata-se, também, uma integração, em menor escala, da indústria de bebidas com o mercado produtor nacional, pois 10% dos insumos são comprados em outros estados fora do Nordeste.

Em relação à integração com o mercado de serviços, verifica-se uma tendência de integração ao mercado local ainda mais forte do que a observada para o mercado produtor: 96% dos serviços utilizados pela indústria de bebidas são adquiridos no próprio município e apenas 4% são provenientes de municípios vizinhos.

4.2. Competitividade

No que diz respeito à competitividade do setor de bebidas, alguns aspectos foram abordados com o objetivo de identificar em que medida este segmento está tendo uma atuação eficiente e competitiva dentro do cluster. Em termos de liderança de mercado, não foi constatada, com base nos depoimentos dos empresários desta atividade, nenhuma tendência a que apenas uma empresa lidere o mercado. Em 65% das respostas, os entrevistados declararam que a participação de sua empresa em relação ao seu mercado principal é pequena ou semelhante à de seus concorrentes. Quando perguntados acerca do porte dos estabelecimentos, as respostas obtidas foram coerentes com os dados da RAIS/MTE mencionados na tabela 8.4 e com os depoimentos sobre o quesito de liderança de mercado. Dos empresários entrevistados, 48% afirmaram que o mercado de bebidas em Pernambuco tem apenas pequenas empresas e 30% declararam que este mercado comportaria pequenas e também médias empresas. Por fim, os empresários emitiram a sua opinião pessoal acerca do grau de competitividade do setor de bebidas, nos seus respectivos mercados de atuação. Nesse sentido, constatou-se que a maior parte dos empresários (45%) acredita que o nível de competitividade desta atividade no município é elevado, enquanto que 38% têm uma visão menos otimista sobre este aspecto, acreditando que a competitividade do setor é regular.

4.3. Tecnologia

A tecnologia que as empresas do cluster de bebidas utilizam foi investigada sob o aspecto da modernidade e o da adequabilidade. Em relação ao primeiro item, verificou-se que a opinião da maioria dos empresários é de que a tecnologia utilizada pelo segmento de bebidas, nos seus respectivos municípios, não pode ser considerada moderna. Um percentual de 44% dos entrevistados respondeu que esta tecnologia não seria a mais moderna, porém ainda estaria atualizada, enquanto que 36% dos empresários emitiram um julgamento mais crítico, afirmando que a tecnologia usada pelas empresas do ramo de bebidas se encontra defasada. No que tange ao aspecto da adequabilidade, os dados da presente pesquisa evidenciaram que 61% dos empresários declararam que a tecnologia utilizada pelo setor de bebidas, nos seus municípios, não seria a mais adequada, porém seria suficiente para o seu funcionamento. Um percentual de 15% dos empresários apresentou uma visão mais otimista sobre este aspecto, afirmando que a tecnologia utilizada pelo setor é a mais adequada. Em contrapartida, 21% dos entrevistados foram mais severos no seu julgamento e responderam que esta tecnologia não é a mais adequada.

4.4. Amplitude do mercado

O indicador de amplitude do mercado está revelando nesta pesquisa qual o principal mercado consumidor de uma determinada atividade econômica. Para o cluster de bebidas, constatou-se que o mercado local é o seu principal mercado consumidor. Os empresários entrevistados declararam que, em média, 90% das vendas do setor de bebidas são para o próprio município ou para municípios vizinhos. As vendas para municípios não vizinhos, de outros estados do Nordeste e de outros estados fora do Nordeste seriam de, respectivamente, 6%, 4% e 1%.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

A maioria dos empresários entrevistados apresentou uma opinião positiva sobre o efeito que a duplicação da BR 232 poderia exercer na economia de seus municípios. Um percentual de 69% dos entrevistados afirmou que os benefícios aportados pela duplicação da BR 232 para a economia do município seriam de médios a elevados. A mesma tendência foi verificada em relação ao impacto da duplicação da BR 232 sobre o setor de bebidas municipal, pois 62% dos empresários declararam que os benefícios aportados por esta obra seriam de médios a elevados. Dentre as principais vantagens advindas da duplicação desta rodovia para o setor de bebidas, foram apontadas pelos empresários deste segmento: a redução no tempo de recebimento e entrega dos produtos, em 63% dos casos, e o maior acesso aos principais mercados da região (28%).

4.6. Perspectivas de crescimento

Em relação às perspectivas de crescimento, a presente pesquisa investigou junto aos empresários do cluster de bebidas quais seriam as perspectivas para esta atividade, para a economia do município como um todo, e quais os maiores obstáculos para o crescimento da economia municipal. Em relação ao setor de bebidas, especificamente, foi feito, inicialmente, um levantamento acerca do seu crescimento nos últimos dois anos e nos últimos cinco anos. Esses resultados evidenciaram que para o período mais longo 22% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 45% deles acreditaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Quando se consideram os últimos dois anos, os percentuais de resposta para o crescimento das atividades não mudaram substancialmente, no entanto, cresceu o percentual daqueles que acreditaram que o setor não apresentou crescimento ou decresceu: para os últimos cinco anos este percentual foi de 24% e cresceu para 38% nos últimos dois anos.

Quanto às perspectivas de crescimento do setor de bebidas no município para os próximos cinco anos, constatou-se que o empresariado entrevistado não se revelou muito otimista: 53% dos entrevistados acreditam que as perspectivas variam de regulares a péssimas, contra 45% que acham que elas são boas ou ótimas.

No que se refere à economia municipal, os entrevistados do setor de bebidas indicaram uma série de obstáculos ao desenvolvimento de seus municípios, mas também avaliaram as suas perspectivas de crescimento. Dentre os obstáculos, verifica-se que, de uma maneira geral, os municípios que integram o cluster de bebida apresentam duas grandes lacunas que entravam o seu desenvolvimento: uma, referente à falta de um sistema financeiro e creditício; e a outra, relacionada à baixa qualificação da mão-de-obra local. Nesse sentido, os principais obstáculos mencionados pelos entrevistados foram a falta de crédito e de agências bancárias, em 53% das queixas, e a falta de instrução da população e a carência de mão-de-obra qualificada, em 39% dos casos. Em relação às perspectivas de crescimento do município para os próximos cinco anos, a maior parte dos entrevistados encontra-se com uma visão pouco otimista, declarando, em 41% dos casos, acreditar que sua cidade cresça tanto quanto a média do Estado ou mesmo menos do que a média estadual em 26% das respostas obtidas.

CAPÍTULO 9

O CLUSTER DE INFORMÁTICA EM PERNAMBUCO

1. Introdução

Acompanhando as atuais tendências de desenvolvimento do setor tecnológico, o Estado de Pernambuco foi um dos poucos no país a conseguir solidificar um grupo específico na área de tecnologia da informação, grupo este que consolidou o pólo de informática de Pernambuco, a raiz de um promissor cluster de informática no Estado.

A área de tecnologia da informação (TI) envolve, mais que base física instalada de equipamentos, uma grande concentração de capital humano com formação específica aliada à infra-estrutura de trabalho, compatível com a prestação de serviços em caráter, de fato, internacional. O pólo de informática em Pernambuco, que apresenta sua principal face atualmente na figura do Porto Digital, nasceu da confluência de talentos oriundos, principalmente, do meio acadêmico que migraram para o desenvolvimento de soluções em TI para a comunidade e para o mercado.

Este processo logrou êxito em garantir parcerias junto ao setor público e privado que criaram condições para um contínuo aperfeiçoamento dos profissionais e dos equipamentos envolvidos que culminaram com o Porto Digital e o Softex, atualmente as duas principais iniciativas no sentido de viabilizar o cluster de informática em Pernambuco, ambos com elevada participação do setor público.

Considerando a vocação da economia pernambucana para o setor de serviços, juntamente com as enormes potencialidades da área de tecnologia da informação, a consolidação do cluster de informática em Pernambuco poderá tornar este um dos principais expoentes da economia de Pernambuco, projetando o Estado tanta a nível nacional quanto internacional.

2. Dimensão espacial do cluster de informática

A própria concepção de um cluster enfatiza a distribuição espacial das indústrias interconectadas por atividades afins, e que se aproveitam de ganhos advindos de economias de aglomeração, para potencializar a competitividade de seus produtos.

A distribuição espacial das indústrias envolvidas no cluster dependerá, por sua vez, das atividades envolvidas na produção dos diversos produtos/serviços e das necessidades envolvidas nesta produção. A figura 9.1 a seguir, ilustra as principais atividades que envolvem o cluster de informática em Pernambuco, desde a formação de capital humano até a prestação de serviços.

Figura 9.1

Cluster de informática

Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

A base do cluster de informática é a formação de capital humano, que deve ser posto em contato com a infra-estrutura adequada, de forma a criar a massa crítica necessária ao desenvolvimento do cluster. A área de TI tem como um de seus principais diferenciais em relação aos demais setores da economia, o fato de que a informação transita “livremente” pela web. Isto implica que, mesmo um pólo isolado geograficamente dos principais mercados mundiais para TI, pode, virtualmente, atingir qualquer mercado no globo e dispor das mais modernas ferramentas, o que incrementa sobremaneira, a competitividade e força para a contínua formação do profissional envolvido. Pode-se dizer que o capital humano está tanto na base quanto na ponta do processo.

Esta ampla competitividade, por outro lado, cria um forte vínculo entre a empresa e o profissional que, geralmente, tem remuneração mais elevada que a média do mercado, devido não apenas à sua formação, mas também ao elevado valor do produto por ele gerado e que dele depende para a sua contínua atualização.

Evidentemente, o pólo de informática em Pernambuco não depende apenas dos profissionais, mas também de infra-estrutura. Para que os profissionais envolvidos possam desempenhar adequadamente suas funções é preciso que a região seja dotada de uma infra-estrutura compatível com os serviços que se pretende oferecer no mercado. Neste sentido, a recente iniciativa do Porto Digital, que compreende a junção da empresas e dos núcleos de formação em uma mesma área dotada de infra-estrutura tecnológica de última geração, poderá se constituir no pilar que irá resultar na consolidação do cluster.

Outras atividades envolvidas, como indicado, dizem respeito à infra-estrutura de apoio a partir do desenvolvimento do comércio especializado e mesmo a fabricação (ou montagem) de computadores, que se constituiria no braço industrial do cluster de informática. Devido a estas características, um cluster de informática tende a se concentrar nos municípios mais desenvolvidos do Estado e, em geral, apresenta seu cerne centrado em apenas um local, que neste caso seria Recife, como indicado no mapa 9.1 a seguir.

Mapa 9.1

Cluster de informática

No mapa acima são apresentados os municípios integrantes do cluster de informática em Pernambuco, sendo salientados seus principais expoentes. Como pode ser observado, há ocorrências de empresas envolvidas nos pontos extremos de Pernambuco, Araripina e Petrolina, o que se explica pela demanda de serviços nestes municípios, e pela particularidade do setor de informática em permitir a integração dos desenvolvedores via web. Neste sentido, apesar do isolamento espacial, a conexão virtual permite que o pólo de informática seja, de fato, único.

3. Indicadores gerais do cluster de informática em Pernambuco

Um cluster de informática, ou um pólo embrionário de informática depende, como salientado, da presença conjunta de capital humano e infra-estrutura. Dado o grau de especialização necessário e os custos envolvidos na provisão de infra-estrutura, é natural que este cluster apresente grande concentração espacial. O exemplo mais conhecido, e bem sucedido, de um cluster de informática é o da Califórnia, o chamado Vale do Silício, que concentra as principais empresas de informática (hardware e software) do mundo, e cuja pujança do desenvolvimento resultou em inúmeras tentativas de reprodução desta fórmula em todo o mundo.

Uma breve apreciação dos fatores que levaram ao sucesso do Vale do Silício revela que um dos principais elementos de competitividade, e também a maior dificuldade encontrada pelos “clones”, é a concepção arraigada de integração entre os desenvolvedores de hardware e software, num dos principais exemplos de cluster plenamente desenvolvido conhecido. Em todos os locais onde cluster ou pólos de informática se desenvolvem, esta visão de processo integrado é encontrada, mas integrar os diferentes interesses das empresas é uma tarefa normalmente hercúlea, que demanda, normalmente, instituições especificamente desenvolvidas para este fim, como as câmaras setoriais.

Um segundo aspecto a ser levado em consideração é o caráter de bem público da infra-estrutura necessária para a integração com a web, no caso dos clusters especificamente ligados a TI. O sistema em si é custoso, muitas vezes gigantesco e envolve, normalmente, a conexão com o sistema padrão de telecomunicações no país. Uma empresa agindo isoladamente, dificilmente obteria retorno na criação de uma infra-estrutura própria, e mesmo um pool de empresas conseguiria. Em geral, dadas às potencialidades do setor, um cluster de informática aparece com uma opção apreciável na agenda de investimento público, e esta parceria é, em geral, essencial para a consolidação do cluster.

A tabela 9.1 a seguir, ilustra a distribuição do emprego segundo o cluster e segundo os principais setores do cluster. Estes dados são baseados na RAIS e provavelmente subestimam o real nível de emprego, uma vez que parte significativa das atividades no Estado são desenvolvidas em regime de contrato com cooperativas, com terceirização de mão-de-obra. Todavia, a intensidade do emprego, segundo município envolvido, pode ser capturada utilizando as informações apresentadas, e este indicador confirma a hipótese de concentração do cluster de informática, onde cerca de 80% das atividades são desenvolvidas na cidade de Recife.

Tabela 9.1

Cluster de informática em Pernambuco-

Emprego direto registrado 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação e |Comércio de equipamentos e |Serviços de |

| |Informática | | |manutenção de |materiais para escritório; |Informática |

| | | | |computadores |informática e comunicação | |

|Recife |4940 |79,64% |79,64% |188 |1424 |3328 |

|Petrolina |489 |7,88% |87,52% |7 |469 |13 |

|Olinda |222 |3,58% |91,10% |7 |81 |134 |

|Caruaru |135 |2,18% |93,28% |5 |96 |34 |

|Jaboatão dos Guararapes |73 |1,18% |94,45% |2 |64 |7 |

|Araripina |61 |0,98% |95,44% |0 |3 |58 |

|Garanhuns |31 |0,50% |95,94% |7 |13 |11 |

|Paulista |30 |0,48% |96,42% |4 |10 |16 |

|Cabo de Santo Agostinho |13 |0,21% |96,63% |0 |3 |10 |

|Outros |209 |3,37% |100,00% |6 |168 |9 |

|Pernambuco |6203 |100,00% | - |226 |2331 |3646 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE, baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

A Região Metropolitana de Recife (RMR) representa cerca de 90% das atividades englobadas pelo cluster de informática e as razões são claras: concentração da mão-de-obra, qualidade de vida e infra-estrutura. De fato, os demais segmentos do pólo de informática são constituídos, basicamente, por prestadoras de serviços em cidades como Araripina e Petrolina, que se integram com as matrizes ou parceiras junto à RMR.

A prestação de serviços é atualmente a principal atividade do pólo de informática em Pernambuco, embora o mesmo tenha, de fato, se originado na montagem de computadores e no desenvolvimento de centros de eletrônica. Desta forma, o pólo de informática tem suas origens remotas no desenvolvimento da indústria microeletrônica no Nordeste, incentivado (e viabilizado) pela extinta SUDENE. De fato, foi em Pernambuco que foi fundada a primeira empresa de montagem de computadores do País, a Elógica Microeletrônica Ltda, em meados da década de 80, que também migrou para a área de serviços.

O fim da lei da informática no início da década de 90 e a abertura de mercado inviabilizaram o setor industrial de computadores no país, onde as fábricas restantes passaram a ser montadoras, trabalhando quase que exclusivamente com peças importadas. No entanto, uma massa crítica foi formada, especificamente voltada para o setor que, juntamente com as empresas já estabelecidas, passaram a oferecer soluções de informática e serviços afins. Tais empresas receberam grande impulso com a rápida difusão da internet no Brasil, no final da década de 90, tendo Pernambuco apresentado grande destaque ao se posicionar, desde o início do processo de difusão da web com uma proposta de desenvolver um pólo de TI.

A raiz acadêmica do pólo de informática em Pernambuco pode ser percebida pela própria constituição da principal empresa do ramo no Estado, em termos de prestação de serviços, o CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), que é uma ONG vinculada ao Centro de Informática (CI) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), também localizada em Recife.

O CI é, de fato, o principal parceiro e fomentador do pólo de informática em Pernambuco, e dele se originam os principais profissionais e líderes do segmento. A estreita vinculação entre um pólo de informática voltado para a tecnologia da informação e centros formadores de excelência, cria a necessidade, para o desenvolvimento do mesmo, da expansão da oferta de vagas nos cursos de formação, tanto a nível técnico quanto superior. Neste ínterim, Pernambuco apresenta grande vantagem sobre os demais centros da região Nordeste, contando o Estado com a maior rede de ensino superior na região e, atualmente, com mais de 10 cursos de informática em nível superior.

Como indicado na tabela 9.2 a seguir, não apenas os empregos, mas também a maioria dos estabelecimentos ligados ao pólo de informática, se localizam em Recife. Embora haja presença de estabelecimentos em um número significativo de municípios do Estado, a concentração na capital chega a 65% para o total e 70% para os estabelecimentos que prestam serviços de informática, numa clara alusão ao binômio capital humano/infra-estrutura.

Tabela 9.2

Cluster de informática em Pernambuco-

Estabelecimentos 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação e |Comércio varejista de |Serviços de |Total de |

| |Informática | | |manutenção de |equip. e materiais para |Informática |Estab. |

| | | | |computadores |escritório; informática | | |

| | | | | |e comunicação | | |

|Petrolina |39 |4,72% |68,80% |2 |33 |4 |2290 |

|Olinda |49 |5,93% |74,73% |4 |22 |23 |2548 |

|Caruaru |43 |5,20% |79,93% |3 |30 |10 |2724 |

|Jaboatão dos Guararapes |21 |2,54% |82,47% |2 |14 |5 |3330 |

|Araripina |3 |0,36% |82,83% |0 |1 |2 |347 |

|Garanhuns |14 |1,69% |84,52% |2 |8 |4 |1048 |

|Paulista |13 |1,57% |86,09% |2 |3 |8 |1241 |

|Cabo de Santo Agostinho |7 |0,85% |86,94% |0 |5 |2 |704 |

|Outros |108 |13,06% |100,00% |5 |72 |31 |15519 |

|Pernambuco |827 |100,00% | - |60 |476 |291 |53738 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A própria intensificação do uso de computadores em praticamente todos os setores da sociedade, bem como o uso cada vez mais intensivo nas empresas dos mais diversos segmentos, cria a necessidade não apenas de serviços, mas também de treinamento e comércio especializado para aquisição/manutenção. De fato, observa-se que um elevado número de estabelecimentos comerciais localizam-se fora da área do pólo de informática (72), sendo o suporte aos produtos neles comercializados, possivelmente efetuado pelos próprios comerciantes.

Os efeitos da economia de aglomeração são perceptíveis e o pólo de informática é centrado na cidade de Recife. Há grande potencial no setor, que goza atualmente de razoável infra-estrutura e conta com uma rede de suporte comparável apenas à encontrada nas principais capitais do país. Todavia, apenas recentemente, os ganhos do setor começam de fato a surgir, tendo Pernambuco assumido muito recentemente, a liderança do segmento de informática no Nordeste, embora esta atividade ainda apresente um peso relativamente pequeno frente aos demais componentes do setor serviços, o principal da economia pernambucana.

Em termos de emprego, o volume de empregos diretos gerados é pequeno, o que não é estranho para este setor, que é pouco intensivo em mão-de-obra, e intensivo em capital humano e tecnologia. A tabela 9.3 a seguir, indica que, à exceção do comércio de máquinas e de serviços em Petrolina, nenhuma atividade chega, isoladamente, a 1% do emprego em quaisquer dos municípios. O setor como um todo representa apenas 0,7% do emprego total em Pernambuco, percentual que pode ser considerado muito pequeno.

Tabela 9.3

Cluster de informática em Pernambuco-

Participação do cluster de informática no emprego municipal 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação e |Comércio varejista de |Serviços de |

| |Informática |manutenção de |equipamentos e materiais para |Informática |

| | |computadores |escritório; informática e | |

| | | |comunicação | |

|Recife |1,09% |0,04% |0,31% |0,73% |

|Petrolina |2,05% |0,03% |1,96% |0,05% |

|Olinda |0,51% |0,02% |0,18% |0,31% |

|Caruaru |0,64% |0,02% |0,46% |0,16% |

|Jaboatão dos Guararapes |0,15% |0,00% |0,13% |0,01% |

|Araripina |1,92% |0,00% |0,09% |1,82% |

|Garanhuns |0,36% |0,08% |0,15% |0,13% |

|Paulista |0,17% |0,02% |0,06% |0,09% |

|Cabo de Santo Agostinho |0,09% |0,00% |0,02% |0,07% |

|Pernambuco |0,70% |0,03% |0,26% |0,41% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A reduzida participação no emprego não pode ser entendida como um indicador de pequena participação ou pequeno potencial do cluster de informática. Afinal, o Vale do Silício gera parte significativa do PIB da Califórnia, empregando um número reduzido de trabalhadores (altamente remunerados), onde o PIB deste Estado é comparável ao PIB brasileiro.

Uma vez que as empresas em Pernambuco fizeram opção pela tecnologia de informação (TI) e pelo desenvolvimento de software, o perfil das empresas passou a refletir esta mudança, onde predomina a pequena empresa. Os dados apresentados na tabela 9.4 corroboram esta hipótese, onde o número médio de empregados por estabelecimento seria de apenas 8 para o cluster em Pernambuco, chegando a 13 no caso de empresas prestadoras de serviços de informática.

Tabela 9.4

Cluster de informática em Pernambuco-

Empregados por estabelecimento

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação e |Comércio de equipamentos e |Serviços de |

| |Informática |manutenção de |materiais para escritório; |Informática |

| | |computadores |informática e comunicação | |

|Recife |9 |5 |5 |16 |

|Petrolina |13 |4 |14 |3 |

|Olinda |5 |2 |4 |6 |

|Caruaru |3 |2 |3 |3 |

|Jaboatão dos Guararapes |3 |1 |5 |1 |

|Araripina |20 | |3 |29 |

|Garanhuns |2 |4 |2 |3 |

|Paulista |2 |2 |3 |2 |

|Cabo de Santo Agostinho |2 | |1 |5 |

|Outros |2 |1 |2 |0 |

|Pernambuco |8 |4 |5 |13 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Como evidenciado pelos dados apresentados, o pólo de informática de Pernambuco é concentrado na capital, Recife, onde dispõe da oferta de mão-de-obra e infra-estrutura necessária, e onde o Governo do Estado concentra os investimentos no setor, notadamente através do porto digital. O perfil das empresas indica que, na grande maioria, são pequenas as empresas que oferecem os serviços de informática, o cerne do cluster em Pernambuco, indicando que, uma vez que a infra-estrutura seja oferecida, a expansão do setor dependerá da disponibilidade de capital humano. O fato das empresas de TI terem como clientes o mercado internacional, devido à ausência de fronteiras da web, oferece a este setor possibilidades extremamente elevadas, que se efetivadas, poderão transformá-lo num dos principais da economia local.

4. Indicadores específicos do cluster de informática

Os indicadores específicos do cluster de informática se referem ao seu posicionamento frente ao mercado, sua tecnologia e sua integração com os mercados de insumos e com o mercado final. Também são apresentados indicadores quanto à perspectiva de crescimento do setor e dos municípios em que as empresas estão instaladas, bem como as perspectivas do setor quanto ao papel da duplicação da BR 232, em relação ao crescimento da economia do município e da própria atividade.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração com o mercado

A integração do cluster de informática com os demais setores econômicos no Estado de Pernambuco é elevada, onde segundo os resultados obtidos junto aos empresários, mais de 95% dos produtos necessários às atividade do cluster são obtidos fora do próprio município, com exceção de Recife, mas cerca de 70% são adquiridos dentro do Estado de Pernambuco.

Apesar do elevado percentual de produtos que são adquiridos fora do município do estabelecimento, mais de 95% da mão-de-obra e dos serviços relacionados às atividades do cluster de informática são obtidos no próprio município. No entanto, é registrada a contratação de serviços de pessoas e/ou firmas em outros municípios ou outros estados do Nordeste.

4.2. Competitividade

Apesar do relativamente elevado número de empresas do cluster de informática em Pernambuco, a dispersão das mesmas permite que, mesmo pequenas e médias empresas, ocupem a posição de líder de mercado ou dividam a mesma com outras empresas de pequeno e médio portes, devido à sua área de atuação. Segundo os resultados obtidos, cerca de 20% das empresas ocupam posição de líder em suas áreas de atuação de mercado, e outras 33% repartem a posição com outras empresas. Este resultado é reflexo não apenas do zoneamento do mercado, mas também da elevada especialização dos diversos produtos oferecidos pelo cluster de informática.

De fato, 31% dos entrevistados consideram que existem apenas pequenas e médias empresas em seus segmentos específicos, enquanto outros 49% operam em segmentos onde há apenas pequenas empresas. Apenas 18% do cluster opera em segmentos onde existe a competição de grandes empresas e neste, geralmente, são estas empresas que controlam o mercado.

Na opinião de 30% dos empresários dos clusters de informática em Pernambuco a competitividade de seus produtos/serviços é elevada, enquanto outros 53% consideram que a mesma é regular. Todavia, ainda em 17% do cluster, os empresários consideram que a competitividade de suas empresas é ainda abaixo da média ou muito baixa, indicando que o mesmo ainda pode elevar significativamente seu desempenho.

4.3. Tecnologia

Em relação ao atual estado tecnológico do cluster de informática de Pernambuco, frente ao estado das artes, apenas em 32% do cluster os empresários consideram que sua atividade utiliza as tecnologias mais modernas.

Em cerca de 35% do cluster a tecnologia utilizada para a execução de produtos e serviços não é considerada pelos empresários como das mais modernas, mas é tida como ainda atual e, portanto, não compromete a competitividade do setor como um todo.

Contudo, apesar de ser um setor relativamente recente na economia de Pernambuco, o setor de tecnologia é sujeito, atualmente, a uma elevada rotatividade de produtos e tecnologias o que, por sua vez, gera a necessidade de investimentos contínuos em capital físico e humano. Segundo os resultados obtidos, cerca de 30% dos empresários do setor já considera suas tecnologias defasadas, o que é um valor significativamente elevado, embora possa ser reduzido substancialmente nos próximos anos, com a recente parceria governo/setor privado no Porto Digital.

Ainda em relação à tecnologia de produção e os processos utilizados, apenas 24% dos empresários do setor consideram que a tecnologia ou os processos utilizados são os mais adequados, mas outros 60% consideram que os mesmos, embora não sejam os mais adequados, são tidos como suficientes para garantir a rentabilidade do negócio e a manutenção das condições de competitividade. Apenas 12% consideram que sua tecnologia não é mais adequada para as demandas atuais do mercado.

4.4. Amplitude do mercado

O setor de informática e tecnologia da informação é um dos que enfrenta os menores obstáculos para prover serviços e oferecer produtos em outros municípios, regiões ou mesmo países. No entanto, esta realidade ainda é distante para os participantes do cluster de informática de Pernambuco, onde segundo os empresários do setor, 89% da receita de vendas é obtida dentro do próprio município do estabelecimento, e os demais 11% seriam obtidos em outros estados do Brasil.

4.5. Importância da BR 232

4.5.1. Importância e impactos para a atividade

Cerca de 71% dos entrevistados no cluster de informática de Pernambuco consideram que a duplicação da BR-232 irá trazer impactos positivos para o setor, e 31% consideram que este impacto será elevado. Outros 25% consideram que esta obra não trará qualquer impacto para suas atividades e 4% não souberam responder.

Dentre os que consideram que os impactos serão positivos, as respostas mais recorrentes para os motivos que levariam a isto são que o acesso dos clientes às empresas seria melhorado, o que seria uma particularidade das empresas localizadas nos municípios que serão diretamente beneficiados pela obra.

Em linhas gerais, as respostas mais recorrentes seriam com relação a melhoria nos prazos de entrega de componentes e na maior rapidez de atendimento aos clientes em outros municípios, tanto em termos de entrega de mercadoria quanto da prestação de serviços e de manutenção. Apenas 13% das respostas, contudo, se referem à redução de fretes nos produtos enviados ou recebidos, possivelmente devido a pouca importância deste componente no centro de custo das empresas do setor de informática.

4.5.2. Importância e impactos para o município

Quando questionados sobre a importância da duplicação da BR 232 para a economia do município de seu estabelecimento, cerca de 73% dos entrevistados considera que a mesma trará benefícios para a economia dos municípios, e apenas 23% acreditam que a obra não trará qualquer impacto.

4.6. Perspectivas de crescimento

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade

O setor de informática, e seu segmento mais competitivo que forma o cluster de informática de Pernambuco, é tido como um dos setores que apresenta uma das melhores perspectivas de crescimento, devido ao grande mercado que pode ser atingido. No entanto, as empresas locais ainda permanecem operando em escala local e, para os próprios empresários, as perspectivas de crescimento não são tão elevadas quanto parecem à primeira vista.

Apenas 10% dos empresários consideram que as perspectivas para o setor para os próximos cinco anos são ótimas, enquanto 38% acham que são apenas boas e outros 36% consideram que são regulares. Cerca de 14% acham que são ruins e péssimas, percentual compatível com as empresas que não se consideram competitivas em seus respectivos segmentos. Os resultados encontrados sugerem que os empresários são conservadores em suas opiniões sobre o crescimento do setor.

Estas opiniões podem estar baseadas no crescimento histórico do setor em Pernambuco, onde segundo 42% dos entrevistados os seus respectivos segmentos de mercado cresceram menos de 50% nos últimos cinco anos. Outros 29% avaliam que o crescimento nos últimos cinco anos foi entre 50% e 100%, o que conjuntamente balizaria uma opinião conservadora de crescimento mediano para os próximos anos.

De fato, um número equivalente de respostas foi obtido quando os empresários foram questionados sobre o crescimento nos últimos dois anos, sugerindo que a opinião geral se baseia em um crescimento histórico mediano, porém firme.

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município

Quando questionados sobre as perspectivas de crescimento municipal para os próximos cinco anos, 44% dos participantes do setor de informática em Pernambuco consideram que os municípios onde se localizam seus estabelecimentos irão apresentar uma taxa de crescimento semelhante, taxa verificada para o Estado, enquanto outros 18% consideram que irão crescer menos que a média do Estado. Apenas 11% dos entrevistados considera que a economia de seus municípios irá crescer mais do que a média estadual.

A maioria das respostas quanto aos principais obstáculos para o crescimento da economia de seus municípios, segundo os participantes do setor de informática, são a falta de crédito e a falta de indústrias em Pernambuco. Além disto, o nível educacional da população é considerado baixo e a falta de mão-de-obra qualificada também é um problema apontado.

CAPÍTULO 10

O CLUSTER DE PRODUTOS ALIMENTARES EM PERNAMBUCO

1. Introdução

O Estado de Pernambuco apresenta um dos maiores índices de industrialização da região Nordeste, fruto tanto dos investimentos internos quanto, e principalmente, da ação induzida da extinta SUDENE, no desenvolvimento do setor industrial na região, desenvolvimento este, que terminou por se concentrar junto aos mercados principais de Salvador, Recife e Fortaleza.

Esta viabilização do setor industrial, no entanto, não poderia ser desvinculada da realidade econômica dos estados da região Nordeste, que até meados da década de 50 eram eminentemente produtores agrícolas, com presença mais significativa do setor comércio, apenas nas grandes cidades. Entretanto, com o início do processo de desenvolvimento industrial no Nordeste, diversas empresas se deslocaram para esta região, apenas devido aos incentivos recebidos, onde os insumos utilizados eram proveniente das regiões Sul-Sudeste e o produto era para lá direcionado. A maior parte das indústrias que aqui se desenvolveram eram de produção de alimentos.

As indústrias do setor alimentar se desenvolveram em termos horizontal e vertical, agregando valor a diversas culturas locais, e se consolidando como o principal esteio, ao menos em número, do setor industrial nordestino. As empresas do setor alimentar tinham como diferenciais, a presença de matéria-prima, a disponibilidade de mão-de-obra e, notadamente, a simplicidade dos processos de produção, que eram condizentes com o capital físico e humano disponíveis na região, para investimentos de pequenas ou médias proporções com reduzidos riscos para os empreendedores.

A própria natureza deste segmento permite que, em muitos casos, haja uma elevada integração local entre produtores/fornecedores com vistas à manutenção da qualidade/custo do produto final. Apesar desta elevada integração vertical, o setor é pródigo em ter uma baixa integração horizontal, mesmo entre empresas de produtos afins, o que implica que o cluster de produtos alimentares seja, de fato, formado por diversos agrupamentos que têm como pontos comuns às características dos produtos, a distribuição e o mercado final.

2. Dimensão espacial do cluster de produtos alimentares

Face às próprias características da produção de gêneros alimentares, a cadeia de atividades deste cluster apresenta uma grande complexidade, devido às diversas possibilidades de agregação de valor dentro de uma cadeia produtiva, muito embora o produto final não tenha que, necessariamente, passar por todos os elos desta cadeia para chegar ao consumidor final.

A figura 10.1 apresenta uma cadeia de atividade genérica para o cluster de produtos alimentares em Pernambuco, de acordo com a prévia classificação das atividades competitivas que formam este cluster. Um produto qualquer pode, a partir de sua condição in natura, passar por diversos elos desta cadeia para chegar ao consumidor final, ou ser comercializado diretamente para este, sem passar por qualquer elo.

Figura 10.1

Cluster de Produtos Alimentares

Diagrama de Atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

A possibilidade do produto in natura passar por apenas um, ou mesmo nenhum dos elos do cluster, torna a cadeia de atividades bastante complexa. Considere-se por exemplo, o milho, que é comercializado in natura mas pode ser insumo na fabricação de óleos ou ser preparado para conservas. Esta conserva pode, por sua vez, ser produto final ou insumo na produção de outros alimentos.

Apesar das grandes possibilidades de integração vertical, em termos horizontais os diferentes componentes do cluster de produtos alimentares têm, em geral, pouca relação entre si, e são geralmente interdependentes em termos da produção.

A comercialização, no entanto, apresenta características comuns, notadamente em relação à oferta ao consumidor final. Em Pernambuco e no Brasil, em geral, a distribuição dos gêneros alimentícios é dominada pelo grande comércio varejista que toma forma na figura do supermercado e do hipermercado. Embora o perfil destas grandes empresas de venda a varejo, implique em que as mesmas não façam parte diretamente do cluster de produtos alimentares, devido ao grande número de produtos de outros setores ofertado, é forçoso que a maioria dos produtos deste cluster chegue ao consumidor por esta via.

Dentro da economia pernambucana, o setor de produtos alimentares também responde por parte significativa das exportações. Por convenção, no entanto, optou-se por desagregar do cluster de produtos alimentares a parte correspondente à fruticultura e à produção açúcar, devido ao elevado nível de integração e as políticas diferenciadas para estes setores. Sem estes, a participação do cluster de produtos alimentares cai sensivelmente nas exportações do Estado, sendo basicamente de produtos semi-elaborados ou in natura, de baixo valor agregado, o que implica que o mercado externo ainda se constitui em potencial para o setor.

O mapa 10.1 apresenta a distribuição espacial dos municípios envolvidos pelo cluster de produtos alimentares. Como pode ser observado, a distribuição indica que um dos determinantes locacionais é a oferta de matéria-prima.

Mapa 10.1

Cluster de Produtos Alimentares

[pic]

A regiões ocupadas pelo cluster de produtos alimentares no Agreste e Sertão pernambucano agregam, basicamente, os clusters que processam produtos agrícolas de consumo básico com vistas aos mercados locais. Estas empresas são geralmente de pequeno porte e precisam atender vastas áreas para garantir a rentabilidade do negócio, devido ao pequeno porte dos municípios na área.

As principais empresas de produtos alimentares em Pernambuco estão localizadas na Região Metropolitana de Recife, na área litorânea e no corredor para o Agreste, ao longo do trecho da BR 232, que liga Recife ao município de Caruaru. Esta disposição se deve tanto ao posicionamento dos produtores de insumos quanto ao atendimento dos mercados das áreas de interior, predominantemente pobres e onde o custo de transporte de mercadorias a partir de pontos distantes, poderia inviabilizar o comércio.

3. Indicadores gerais do cluster de produtos alimentares em Pernambuco

A tabela 10.1 a seguir, apresenta os valores para o emprego direto, registrado em 2000, nas atividades componentes do cluster de produtos alimentares. Como pode ser observado, o emprego total nos cinco principais municípios representa cerca de 65% do emprego total do cluster, sendo três destes, na Região Metropolitana de Recife e dois no Agreste.

Além de serem importantes centros produtores da indústria de alimentos, Recife, Caruaru e Garanhuns são os responsáveis pela distribuição de mercadorias em quase todo o Estado, à exceção do extremo oeste, onde a distribuição é a partir tanto de Caruaru quanto de Petrolina, sendo que esta última, pode receber mercadorias tanto de leste, a partir de Recife, quanto do Sul, vindas da Bahia.

Individualmente, a atividade de moagem e beneficiamento de grãos é a mais importante em termos de emprego para o cluster, onde se incluí a moagem de trigo, vendido como insumo para panificadoras e indústrias de massas, e a moagem de mandioca, para a fabricação de farinha, largamente consumida nas regiões Nordeste e Norte do país.

A atividade de fabricação de pães seria a que representa o maior número de empregos, mas a própria característica destas empresas, unidades pequenas e isoladas, atendendo a um mercado pequeno e restrito, torna esta menos importante em termos da estrutura do cluster, que a atividade de moagem. No entanto, as fábricas de pães encontram-se em basicamente todos os municípios do Estado e responde pela larga maioria do consumo do trigo beneficiado, bem como são as principais comercializadoras dos produtos agrícolas in natura e semi-elaborados nas áreas remotas do Estado.

Destaca-se também a torrefação e moagem de café, em termos da geração de emprego e mesmo da disposição espacial. De fato, Pernambuco tem uma produção bastante incipiente de grãos de café, sendo esta atividade de caráter artesanal e, geralmente, caracterizada como segunda cultura. A maioria dos grãos são originários de outras regiões do país, visto que apenas a Bahia apresenta produção em escala, mas de grãos selecionados para exportação, e vêm, normalmente, direto para as empresas, uma vez que a demanda é específica e o mesmo precisa ser, necessariamente, torrado e moído antes de qualquer consumo.

Tabela 10.1

Cluster de produtos alimentares-

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acum. |Processament|Produção de óleos |Moagem e |Torrefação e |Fabricação de|

| | | | |o e |vegetais |beneficiament|moagem de café|massas, |

| | | | |preservação | |o de grãos e | |biscoitos e |

| | | | |de alimentos| |outros | |produtos |

| | | | | | |vegetais | |afins |

|Jaboatão dos |154 |9,2% |- |- |12 |1 |129 |12 |

|Guararapes | | | | | | | | |

|Olinda |136 |8,1% |- |- |9 |- |115 |12 |

|Caruaru |99 |5,9% |- |2 |5 |3 |79 |10 |

|Garanhuns |44 |2,6% |- |1 |7 |6 |26 |4 |

|Nazaré da Mata |10 |0,6% |- |- |1 |- |8 |1 |

|Carpina |14 |0,8% |- |- |2 |- |10 |2 |

|Petrolina |45 |2,7% |3 |2 |2 |2 |34 |2 |

|Paulista |83 |4,9% |1 |- |5 |- |74 |3 |

|Abreu e Lima |22 |1,3% |- |- |- |- |18 |4 |

|Vitória de Santo Antão|30 |1,8% |1 |- |1 |1 |26 |1 |

|São Lourenço da Mata |13 |0,8% |- |- |2 |- |11 |- |

|Bezerros |26 |1,5% |- |- |1 |- |18 |7 |

|Cabo de Santo |21 |1,3% |- |- |1 |- |19 |1 |

|Agostinho | | | | | | | | |

|Camaragibe |26 |1,5% |- |- |1 |- |24 |1 |

|Gravatá |20 |1,2% |- |- |- |- |19 |1 |

|Igarassu |12 |0,7% |- |- |2 |- |9 |1 |

|Arcoverde |21 |1,3% |- |- |3 |- |18 |- |

|Limoeiro |30 |1,8% |- |1 |2 |3 |22 |2 |

|Timbaúba |9 |0,5% |- |- |1 |- |8 |- |

|Ipojuca |6 |0,4% |- |1 |- |- |5 |- |

|Surubim |12 |0,7% |- |- |1 |- |11 |- |

|Angelim |2 |0,1% |- |- |2 |- |- |- |

|Palmares |9 |0,5% |- |- |- |- |9 |- |

|Tabira |3 |0,2% |- |- |2 |- |1 |- |

|Paudalho |9 |0,5% |- |- |1 |- |6 |2 |

|Belém de São Francisco|4 |0,2% |- |- |1 |3 |- |- |

|Pesqueira |14 |0,8% |- |- |2 |- |10 |2 |

|Goiana |13 |0,8% |- |- |1 |- |12 |- |

|Serra Talhada |11 |0,7% |- |- |1 |1 |9 |- |

|Araripina |7 |0,4% |- |- |1 |1 |4 |1 |

|Belo Jardim |11 |0,7% |- |- |- |- |11 |- |

|Itambé |6 |0,4% |- |- |- |1 |5 |- |

|Salgueiro |9 |0,5% |- |- |1 |- |7 |1 |

|Outros |253 |15,1% |1 |- |16 |3 |225 |8 |

|Pernambuco |1.678 |100,0% |8 |7 |104 |31 |1.409 |119 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os dados apresentados na tabela 10.2 evidenciam que em praticamente todos os municípios componentes do cluster de produtos alimentícios, existe uma grande quantidade de estabelecimentos ligados à produção. Também, outros 253 estabelecimentos ligados às mesmas atividades existem nos outros 150 municípios do Estado, o que significa, em média, cerca de dois estabelecimentos por município.

Como visto, parte significativa do cluster de produtos alimentícios em Pernambuco utiliza, no início do processo, a moagem de grãos, como o trigo e o milho. Estes produtos apresentam durabilidade elevada e podem, portanto, ser transportados a custos reduzidos, com carga rodoviária. Todavia, uma vez que tenha sido efetuado o primeiro processamento, o produto perde muito de sua durabilidade, o que volta a encarecer o produto ante a necessidade de transporte.

Neste sentido, e como corroborado pelos dados apresentados, os segmentos de moagem e fabricação de pães, principalmente, são largamente difundidos entre os municípios onde, como citado, as panificadoras normalmente também operam como estabelecimentos comerciais.

Os demais produtos alimentícios industrializados enfrentam também a questão do transporte, mas esta termina em segundo plano, frente à questão da escala de produção. A competitividade do produto industrial necessita de escala de produção e isto também é verdade em relação aos produtos alimentares. O fato do mercado varejista ser oligopolizado contribui, por sua vez, para que o setor produtor também o seja, devido à necessidade de investimentos para compensar o poder de mercado do lado da demanda, com redução de custos de produção do lado da oferta. Este processo mantém as margens de lucro dos produtores e varejistas, embora, geralmente, não traga ganho ao consumidor final, uma vez que a redução de custo compensa apenas o poder de mercado, sendo internalizada pelo produtor.

Desta forma, no caso dos produtos alimentares que necessitam de maior elaboração, a tendência que de fato é observada, é que o mesmo se concentre junto aos principais mercados, oriente seu produto para eles ou para o mercado externo e trate o pequeno mercado das áreas de interior como marginal. O principal problema é que ao concentrar as atividades nos principais mercados, como a RMR, Caruaru, Garanhuns e Petrolina, o produto tem de ser transportado por centenas de quilômetros para atender os demais mercados, e isto pode encarecer sobremaneira, o produto que será negociado em praças de baixa renda. Neste sentido, cria-se uma diferença significativa na cesta de produtos alimentares disponíveis nas principais cidades e nas áreas de interior.

A indústria de produtos alimentares é tipicamente intensiva em mão-de-obra e apenas muito recentemente, é que tecnologias inovadoras vêm sendo utilizadas. A tabela 10.3 as seguir, apresenta o peso do cluster no emprego direto registrado nos municípios componentes, evidenciando a importância do mesmo para o Estado, onde esta participação é de 1,9%.

Tabela 10.3

Cluster de produtos alimentares-

Participação no emprego municipal – 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Processamento e |Produção de |Moagem e |Torrefação e |Fabricação de |Fabricação de|

| | |preservação de |óleos |beneficiamento de |moagem de |massas, |outros |

| | |alimentos |vegetais |grãos e outros |café |biscoitos e |produtos |

| | | | |vegetais | |produtos afins|alimentares |

|Jaboatão dos Guararapes |3,6% |0,0% |0,0% |0,4% |0,0% |2,7% |0,4% |

|Olinda |2,2% |0,0% |0,0% |0,3% |0,0% |1,1% |0,8% |

|Caruaru |3,7% |0,0% |0,0% |0,2% |0,3% |2,9% |0,3% |

|Garanhuns |6,3% |0,0% |0,1% |2,4% |2,7% |0,9% |0,2% |

|Nazaré da Mata |14,5% |0,0% |0,0% |11,1% |0,0% |3,1% |0,3% |

|Carpina |9,7% |0,0% |0,0% |8,1% |0,0% |0,7% |0,8% |

|Petrolina |1,7% |0,0% |0,1% |0,2% |0,0% |1,3% |0,1% |

|Paulista |2,1% |0,0% |0,0% |0,6% |0,0% |1,3% |0,1% |

|Abreu e Lima |5,7% |0,0% |0,0% |0,0% |0,0% |1,2% |4,5% |

|Vitória de Santo Antão |4,3% |0,2% |0,0% |0,0% |0,0% |4,0% |0,1% |

|São Lourenço da Mata |5,7% |0,0% |0,0% |4,2% |0,0% |1,5% |0,0% |

|Bezerros |7,3% |0,0% |0,0% |0,6% |0,0% |3,0% |3,7% |

|Cabo de Santo Agostinho |1,6% |0,0% |0,0% |1,0% |0,0% |0,6% |0,0% |

|Camaragibe |2,7% |0,0% |0,0% |0,0% |0,0% |2,6% |0,1% |

|Gravatá |5,2% |0,0% |0,0% |0,0% |0,0% |2,4% |2,8% |

|Igarassu |1,8% |0,0% |0,0% |1,0% |0,0% |0,8% |0,1% |

|Arcoverde |2,6% |0,0% |0,0% |1,3% |0,0% |1,3% |0,0% |

|Limoeiro |3,2% |0,0% |0,1% |0,2% |0,5% |2,3% |0,2% |

|Timbaúba |1,7% |0,0% |0,0% |0,5% |0,0% |1,1% |0,0% |

|Ipojuca |1,0% |0,0% |0,9% |0,0% |0,0% |0,1% |0,0% |

|Surubim |3,5% |0,0% |0,0% |0,1% |0,0% |3,5% |0,0% |

|Angelim |24,0% |0,0% |0,0% |24,0% |0,0% |0,0% |0,0% |

|Palmares |2,5% |0,0% |0,0% |0,0% |0,0% |2,5% |0,0% |

|Tabira |10,0% |0,0% |0,0% |9,1% |0,0% |0,9% |0,0% |

|Paudalho |2,0% |0,0% |0,0% |0,7% |0,0% |0,9% |0,5% |

|Belém de São Francisco |6,3% |0,0% |0,0% |5,6% |0,7% |0,0% |0,0% |

|Pesqueira |1,8% |0,0% |0,0% |0,6% |0,0% |1,0% |0,2% |

|Goiana |0,6% |0,0% |0,0% |0,3% |0,0% |0,3% |0,0% |

|Serra Talhada |0,8% |0,0% |0,0% |0,0% |0,2% |0,6% |0,0% |

|Araripina |1,1% |0,0% |0,0% |0,2% |0,4% |0,4% |0,2% |

|Belo Jardim |0,7% |0,0% |0,0% |0,0% |0,0% |0,7% |0,0% |

|Itambé |1,6% |0,0% |0,0% |0,0% |0,4% |1,2% |0,0% |

|Salgueiro |1,3% |0,0% |0,0% |0,2% |0,0% |1,0% |0,1% |

|Outros |0,6% |0,0% |0,0% |0,1% |0,0% |0,5% |0,0% |

|Pernambuco |1,9% |0,1% |0,0% |0,4% |0,1% |1,0% |0,3% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Note-se que mesmo em municípios cuja atividade econômica gira em torno do comércio, como Caruaru e Garanhuns, a participação do cluster mostra-se não desprezível, com 3,7% e 6,3% respectivamente do emprego total registrado.

Com cerca de 16.000 empregos registrados, diretamente envolvidos com as atividades produtivas do cluster, e quase 1.700 estabelecimentos, este cluster, e este setor, é um dos mais difundidos no Estado e, possivelmente, o mais heterogêneo.

A produção de alimentos envolve diversas tecnologias, que por sua vez estão disponíveis em diferentes estágios de evolução. Para certos produtos, a cadeia de agregação de valor obedece a diversos estágios, estágios estes que envolvem a participação não apenas de elementos do próprio cluster de alimentos, mas de outros clusters e setores da economia, como fabricação de embalagens, sistemas logísticos, armazenamento, fabricação de máquinas para a indústria de alimentos, etc. A necessidade de capital humano adequado também se mostra cada vez mais presente no setor e a competitividade avança à medida que a economia se abre e problemas como a perecibilidade e os custos de transporte vão sendo contornados.

No entanto, convivendo ao lado deste setor moderno, está o tradicional, intensivo em mão-de-obra e com pouca inversão de capital físico e humano, voltado para o mercado interno e, eventualmente, para o mercado regional. Mais difundido, exerce grande papel em relação às demandas do setor agrícola, notadamente entre os pequenos produtores. Uma vez que a demanda por produtos alimentares é perene e que o mercado interno é de mais de 7 milhões de indivíduos, ambos os setores compõem o cluster de produtos alimentares, agindo porém, em segmentos distintos de mercado.

A tabela 10.4 apresenta o número médio de empregados por estabelecimento para o ano de 2000 em Pernambuco, segundo setores componentes do cluster de produtos alimentares. Como esperado, devido ao grande número de estabelecimentos, a média de empregados sugere a predominância de estabelecimentos de pequeno porte em todas as atividades, exceto moagem, que em alguns casos, como em Nazaré da Mata e Carpina, sugere a presença de estabelecimentos médios ou mesmo grandes.

Como sugerido pelas informações constantes na figura 10.2 e na tabela 10.1, a grande difusão espacial do cluster de produtos alimentares leva, de fato, à formação de clusters isolados espacialmente, que têm como afinidade apenas a atividade. Pode-se perceber a formação de um cluster de alimentos na região sob influência de Petrolina, que possivelmente é integrado com a região de Araripina, mas pouco integrado com Caruaru e Recife, em termo de insumos.

Tabela 10.4

Cluster de produtos alimentares-

Número de empregados por estabelecimento -2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Processamento e |Produção de |Moagem e |Torrefação e |Fabricação de |Fabricação de|

| | |preservação de |óleos |beneficiamento de|moagem de |massas, biscoitos |outros |

| | |alimentos |vegetais |grãos e outros |café |e produtos afins |produtos |

| | | | |vegetais | | |alimentares |

|Jaboatão dos Guararapes |12 |- |- |15 |3 |11 |18 |

|Olinda |7 |- |- |14 |- |4 |30 |

|Caruaru |8 |- |3 |8 |18 |8 |7 |

|Garanhuns |13 |- |6 |30 |39 |3 |5 |

|Nazaré da Mata |48 |- |- |369 |- |13 |10 |

|Carpina |32 |- |- |190 |- |3 |19 |

|Petrolina |9 |4 |8 |24 |6 |9 |7 |

|Paulista |4 |6 |- |22 |- |3 |7 |

|Abreu e Lima |16 |- |- |- |- |4 |71 |

|Vitória de Santo Antão |11 |12 |- |1 |2 |12 |5 |

|São Lourenço da Mata |20 |- |- |97 |- |6 |- |

|Bezerros |10 |- |- |22 |- |6 |18 |

|Cabo de Santo Agostinho |11 |- |- |146 |- |4 |4 |

|Camaragibe |7 |- |- |1 |- |7 |4 |

|Gravatá |9 |- |- |- |- |4 |96 |

|Igarassu |14 |- |- |46 |- |8 |6 |

|Arcoverde |5 |- |- |17 |- |3 |- |

|Limoeiro |3 |- |4 |3 |5 |3 |3 |

|Timbaúba |11 |- |- |31 |- |8 |- |

|Ipojuca |15 |- |79 |- |- |2 |- |

|Surubim |7 |- |- |2 |- |8 |- |

|Angelim |38 |- |- |38 |- |- |- |

|Palmares |8 |- |- |- |- |8 |- |

|Tabira |23 |- |- |32 |- |6 |- |

|Paudalho |8 |- |- |22 |- |5 |9 |

|Belém de São Francisco |14 |- |- |51 |2 |- |- |

|Pesqueira |4 |- |- |9 |- |3 |4 |

|Goiana |4 |- |- |25 |- |3 |- |

|Serra Talhada |3 |- |- |- |9 |3 |- |

|Araripina |5 |- |- |6 |12 |3 |5 |

|Belo Jardim |3 |- |- |- |- |3 |- |

|Itambé |6 |- |- |- |9 |5 |- |

|Salgueiro |4 |- |- |5 |- |4 |2 |

|Outros |3 |8 |- |4 |2 |3 |3 |

|Pernambuco |10 |54 |16 |30 |41 |6 |19 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Caruaru e Garanhuns centralizam o cluster de produtos alimentares do Agreste, com forte integração com o mercado da RMR, mas com o predomínio de pequenas empresas, orientadas para os mercados locais de baixa renda, implicando em uma indústria especializada em produtos de baixo valor agregado.

Por sua vez, a indústria do cluster de produtos alimentares em Recife apresenta um perfil distinto, uma vez que o mercado local apresenta demanda por produtos mais elaborados e é composto por um segmento de renda mais alta. Além disso, a oferta de capital existente permite a formação de unidades de produção com tecnologia mais moderna. Em contrapartida, o problema da distribuição através das grandes cadeias varejistas, condiciona o desenvolvimento de diversos segmentos deste cluster.

4. Indicadores específicos do cluster de produtos alimentares

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades do cluster

Segundo os empresários entrevistados, o cluster de produtos alimentares caracteriza-se por adquirir os seus insumos, basicamente, dos municípios pernambucanos, sendo 26% do próprio município, 27% de municípios vizinhos e 38% dos demais. Vê-se, assim, que este cluster possui ligações para trás que beneficiam a economia pernambucana, já que 91% dos insumos são adquiridos no próprio Estado. Em contrapartida, apenas 9% são importados dos demais estados do país, o que representa um percentual relativamente reduzido.

No que tange à utilização de serviços, 98% é contratado no próprio município, gerando um efeito positivo sobre o nível de emprego dos municípios em questão.

4.2. Competitividade

No que tange à estrutura do mercado para o setor de produtos alimentares, parece plausível afirmar, à primeira vista, que o setor é bastante heterogêneo. 16% dos entrevistados afirmaram ser líderes de mercado, 26% pensam que suas empresas, embora não sejam líderes, são uma das principais do setor, 35% ponderam que possuem uma participação semelhante à dos demais representantes no seu mercado de atuação e 23% afirmam possuir uma participação pequena no mercado. Parece, então, que este cluster poderia ser caracterizado como um oligopólio, que coexistiria com uma franja concorrencial, cujas empresas possuiriam uma pequena participação no mercado. Porém, quando questionados sobre os principais mercados de atuação, 88% dos entrevistados afirmaram que estes seriam caracterizados pela existência de pequenas e médias empresas (29%) ou de apenas pequenas empresas (59%). Saliente-se, entretanto, que em 8% dos casos foi admitido a dominação do mercado por uma ou mais grandes empresas, que poderiam estender o seu domínio para outros municípios do Estado.

No que se refere à competitividade das empresas nos seus principais mercados de atuação, constata-se que, de forma geral, estas são bem competitivas. 36% dos empresários consideraram que a atividade possuía elevada competitividade em seus municípios de atuação e 48% afirmaram que esta competitividade seria regular. Ou seja, segundo os entrevistados, de forma geral, a atividade possui condições satisfatórias de competitividade nos municípios-sede das diversas empresas do cluster.

4.3. Tecnologia

Em relação à tecnologia adotada, segundo os dados das entrevistas, 60% dos empresários do cluster utilizam tecnologias atuais, mas que não são consideradas modernas, enquanto que 29% fazem uso de técnicas de produção entre as mais modernas em disposição. Apesar do explicitado anteriormente, quanto à modernidade da tecnologia de produção, em 96% dos casos, os entrevistados afirmaram que a tecnologia seria suficiente para as necessidades de produção do cluster.

4.4. Amplitude do mercado

De acordo com os entrevistados, o cluster de produtos alimentares atua, predominantemente, visando ao abastecimento do mercado local, para o qual são destinados 74% da produção total. Entretanto, pode-se supor que a participação de algumas empresas em outros municípios (que não aqueles que são sedes das empresas) é considerável, já que 21% da produção visa ao abastecimento de municípios vizinhos e/ou não adjacentes ao mesmo. No que tange à exportação de produtos, o percentual é relativamente baixo, sendo de apenas 5% o valor destinado a outros estados. Assim sendo, verifica-se que o setor possui uma integração relativamente reduzida, quando considerados os outros clusters do Estado, a outros estados.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

Em relação às opiniões dos empresários entrevistados, no que concerne aos benefícios que a duplicação da BR 232 vai trazer para a economia municipal na qual estão inseridos, as respostas obtidas foram bastante diversas. 25% dos empresários pensam que os benefícios serão elevados, 35% acham que serão médios, 13% afirmam que serão baixos e 21% ponderam que não haverá benefício algum advindo da duplicação da BR 232. Estas opiniões tão distintas devem possuir uma relação direta em relação ao mercado consumidor, abastecido por cada uma das empresas, esperando-se que aquelas de maior porte, que atuam em vários municípios, ou até mesmo em todo o Estado, possam usufruir de maiores ganhos do que as empresas de pequeno porte que se dedicam completamente ao abastecimento do mercado local, a qual não seria tão favorecida via redução dos custos de transportes. Esta situação pode ser corroborada tendo em vista as opiniões no que se refere às expectativas de crescimento do cluster dada a duplicação da BR 232. Para 22% dos entrevistados, os ganhos serão elevados. Para 28%, os benefícios serão regulares. Para 18%, seriam baixos; enquanto que para 25% dos empresários não haverá qualquer ganho decorrente da duplicação da BR 232.

Quando questionados sobre como a duplicação da BR 232 beneficiaria a exploração das atividades ligadas ao cluster, as respostas mais citadas foram as seguintes: maior acesso aos principais mercados da região (39%); redução do tempo de recebimento das mercadorias (25%); melhor acesso para os clientes (23%) e redução no tempo de entrega (21%). Saliente-se, todavia, que para 21% dos entrevistados, as obras de duplicação da BR 232 não trarão benefício algum, percentual próximo ao citado no parágrafo anterior.

4.6. Perspectivas de crescimento

No que tange ao crescimento recente do cluster, verifica-se que, segundo 64% dos entrevistados, as atividades cresceram até 100% quando considerados os últimos 5 anos. Além disso, saliente-se que 27% dos entrevistados afirmaram ter havido uma estagnação (16%) ou um declínio (11%) da atividade nos municípios. Tal fato demonstra que a taxa de crescimento do setor, no decorrer dos últimos 5 anos, foi diferenciada para as várias empresas do cluster. Tal comportamento foi verificado, também, quando foram considerados os dois últimos anos. Quando observado este intervalo de tempo, 38% dos entrevistados consideram que o setor não cresceu, tendo havido, inclusive, um decréscimo das atividades relacionadas ao cluster para 12% dos entrevistados. Tais acontecimentos podem estar afetando, ainda, as perspectivas quanto ao desenvolvimento das atividades do cluster para os próximos 5 anos. No geral, 46% dos entrevistados consideram que as expectativas de crescimento são ótimas ou boas para o setor. Em contrapartida, 16% acham que as expectativas são ruins ou péssimas.

Em relação às perspectivas de crescimento dos municípios onde se situam os estabelecimentos, observa-se que o esperado é o crescimento semelhante ao do Estado, opinião de 44% dos entrevistados. Não obstante, outros 44% possuem uma visão pessimista quanto ao crescimento da economia/região para os próximos 5 anos, dos quais 25% acreditam que o crescimento dos municípios serão inferiores ao do Estado, 9% acham que será muito menor, e 10% pensam que as economias municipais/regionais não crescerão neste horizonte de tempo. Para eles, o principal empecilho ao desenvolvimento dos municípios seria a falta de fábricas de processamento, citado por 45% dos entrevistados, destacando-se, ainda, a falta de crédito (27%) e a falta de agências bancárias (26%).

CAPÍTULO 11

O CLUSTER DE PRODUTOS DE VESTUÁRIO

1. Introdução

A indústria de vestuário em Pernambuco e no Brasil, se constitui num dos marcos do desenvolvimento industrial brasileiro e nasceu juntamente com as primeiras indústrias têxteis no país, no período pós-independência, nascimento tardio, devido às limitações impostas pela coroa portuguesa face às suas relações com a Inglaterra no período da Revolução Industrial.

As primeiras indústrias do tipo foram criadas no Maranhão, na Bahia e em Pernambuco, de forma a integrar a produção de algodão destes estados com a fiação, a fabricação de tecidos e, por fim, com artigos têxteis. Este processo surgiu da iniciativa de empresários locais, que perceberam a oportunidade de explorar o mercado local, que era atendido quase que completamente com artigos importados.

O processo de expansão dos setores têxteis e de vestuário manteve-se bastante próximo no Nordeste, em diversos estágios de integração, dependendo do local, até a quebra da produção de algodão no Nordeste e a completa reestruturação do setor, que passou a contar com matérias-primas de outras regiões e a disputar o mercado com os produtos da região Sul-Sudeste e, posteriormente, com produtos importados.

O setor de vestuário foi um dos que mais se aproveitou do processo de desenvolvimento industrial induzido no Nordeste, inicialmente comandado pela extinta SUDENE e atualmente capitaneado pelo Banco do Nordeste, e ao lado do setor agroindustrial açucareiro era à época do início do período de incentivos, um dos mais organizados no Nordeste, tornando-se um dos mais incentivados.

Ao longo das últimas décadas do século XX, o setor enfrentou pelo menos duas grandes reestruturações, devido a fatores exógenos. A quebra do setor têxtil no Nordeste, consolidada com a praga do inseto “bicudo” que devastou a lavoura de algodão, levou à busca de novos fornecedores e, paralelamente, a maior concorrência no mercado local, levou à necessidade de buscar, também, novas tecnologias.

De fato, o processo de desenvolvimento industrial levou a abertura de filiais nordestinas das grandes empresas do Sudeste, que viam então, a oportunidade de recuperar créditos fiscais e obter incentivos. Embora o objetivo fosse, inicialmente, produzir no Nordeste para retornar o produto para o Sul/Sudeste, cujo mercado é muitas vezes superior em número e renda, os custos de transporte mostraram ser mais viável direcionar, ao menos em parte, a produção para o mercado local, intensificando, desta forma, a concorrência, e obrigando os produtores locais a adotar padrões de produção compatíveis com o benchmark nacional.

Durante este processo, a necessidade de novos padrões de competitividade levou à necessidade de adoção de novas tecnologias e/ou processos produtivos, de forma que as empresas locais pudessem coexistir com as filiais dos grandes grupos têxteis nacionais. Como resultado, potencialidades locais passaram a ser melhor exploradas, de forma a elevar a rentabilidade e sustentabilidade do negócio de vestuário, gerando a formação de clusters ao longo do Estado.

2. Dimensão espacial do cluster de produtos de vestuário

O cluster de vestuário envolve diversas atividades e apresenta forte relacionamento com o cluster de produtos têxteis e com o setor de máquinas e equipamentos. A figura 11.1 a seguir, ilustra as principais atividades em que está envolvido este cluster em Pernambuco, desde atividades industriais até atividades de comércio especializado.

Figura 11.1

Cluster de produtos de vestuário-

Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

O setor de vestuário, juntamente com o de produtos alimentares, goza da vantagem de que o mercado interno se constitui em todo o contingente populacional do Estado, na medida em que o vestuário é uma das necessidades básicas. Neste sentido, mesmo que o mesmo seja orientado somente para o mercado interno, a observância de elementos de integração e aglomeração de atividades levaria a uma classificação de cluster.

O mercado interno, por sua vez, é abastecido por uma grande e diversificada rede de estabelecimentos, especializados ou não, sendo o produto de vestuário encontrado desde em feiras livres até nas mais sofisticadas lojas da capital, Recife. O mercado externo também pode ser explorado e para tal o Estado conta com dois portos e uma grande malha viária, cortada por algumas das principais rodovias do país.

Como pode ser observado pela figura 11.1, o setor vestuário abrange também os segmentos de calçados e couros, que apresentam crescente importância dentro deste cluster, bem como o segmento de acessórios de vestuário, cujo perfil é cada vez mais integrado com o setor de vestuário, a partir das tendências delineadas pela indústria da moda.

Assim, o cluster de vestuário congrega diversos segmentos interdependentes entre si, mas que tem o mesmo objeto, o vestuário, e em linhas gerais responde aos mesmos determinantes da demanda. Estes segmentos podem mesmo ser vistos como clusters ou agrupamentos separados, embora, dadas às características comuns entre eles optou-se por trabalhar com uma definição mais geral. O mapa 11.1 a seguir, apresenta a disposição espacial do cluster de vestuário em Pernambuco.

Mapa 11.1

Cluster da indústria do vestiário

[pic]

Como indicado pelo mapa 11.1, existem pelo menos 4 áreas distintas de atuação do cluster de vestuário em Pernambuco, que de fato configuram 3 áreas de produção distintas, que abastecem um mesmo mercado, com produtos diferenciados.

A primeira área, geograficamente isolada, seria a de Petrolina, onde a concentração de rebanhos, e conseqüentemente da oferta de couros, é uma das maiores do Estado. Nesta área, o segmento de couros é o mais desenvolvido, assim como também o comércio. De fato, o pólo agroindustrial de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) é o principal centro econômico na área do Sertão do São Francisco, em ambos os estados, sendo ponto de origem de boa parte da mercadoria negociada nos municípios. Neste sentido, o cluster de vestuário em Petrolina é essencialmente um cluster comercial, com um braço industrial no segmento de curtume e fabricação de produtos de couro.

A segunda área de produção seria centrada em Caruaru, onde se localizam muitas indústrias de vestuário e por onde passa a maior parte da mercadoria que é destinada aos municípios do Agreste e do Sertão pernambucano. Além disto, Caruaru é um dos principais municípios de Pernambuco, cujo PIB é superado apenas pelo de Petrolina, entre os municípios fora da Região Metropolitana de Recife. O produto desta área abastece tanto os mercados do interior do Estado quanto o mercado mas sofisticado da RMR, embora nesta, sua penetração seja menor.

A terceira grande área produtora se localiza na própria RMR e é voltada principalmente para os mercados onde predominam os segmentos de renda mais alta. São geralmente unidades fabris de maior porte frente às encontradas no restante do estado e, freqüentemente, utilizam modernas técnicas de produção.

3. Indicadores gerais do cluster de vestuário em Pernambuco

Como indicado pela tabela 11.1 o cluster de vestuário em Pernambuco teria em 2000, 31 municípios integrantes, divididos em três grandes áreas de produção/comércio. Como exposto, a integração é maior entre as áreas de Caruaru e Recife e mais reduzida entre estas e a área de Petrolina. Em termos de montante de emprego direto, com registro, o cluster apresentou cerca de 30 mil empregos ao final de 2000, sendo um dos maiores neste item no Estado.

Recife, Caruaru e Paulista despontam como os municípios com o maior número de empregados, representando em conjunto de cerca de 65% de todo o emprego no setor em todo o Estado. Em conjunto, os municípios do cluster respondem por 97% do emprego do setor, significando que o cluster engloba, de fato, praticamente todo o setor.

Tabela 11.1

Cluster de vestuário em Pernambuco-

Emprego direto registrado 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação |Confecção de |Fabricação de |Fabricação de |Comércio de |

| |Vestuário | | |de tecidos e|pecas do |acessórios do |calçados e |roupas e |

| | | | |artigos de |vestuário e |vestuário, |acessórios para|calçados |

| | | | |malha |roupas |curtimento e |segurança | |

| | | | | |profissionais|preparações de |industrial e | |

| | | | | | |artefatos em couro |pessoal | |

|Caruaru |3818 |13,01% |54,92% |14 |1831 |399 |55 |1519 |

|Paulista |3150 |10,73% |65,66% |154 |2912 |6 |0 |78 |

|Jaboatão dos Guararapes |1971 |6,72% |72,37% |92 |229 |4 |991 |655 |

|Petrolina |1075 |3,66% |76,04% |67 |110 |319 |4 |575 |

|Santa Cruz do Capibaribe |847 |2,89% |78,92% |4 |737 |22 |0 |84 |

|Carpina |719 |2,45% |81,37% |0 |38 |4 |563 |114 |

|Olinda |601 |2,05% |83,42% |8 |356 |15 |0 |222 |

|Garanhuns |458 |1,56% |84,98% |6 |36 |13 |0 |403 |

|Toritama |411 |1,40% |86,38% |0 |234 |140 |14 |23 |

|Vitória de Santo Antão |380 |1,29% |87,68% |0 |90 |0 |0 |290 |

|Belo Jardim |323 |1,10% |88,78% |2 |222 |62 |0 |37 |

|Timbaúba |282 |0,96% |89,74% |0 |20 |153 |51 |58 |

|Pesqueira |241 |0,82% |90,56% |0 |170 |0 |0 |71 |

|Limoeiro |170 |0,58% |91,14% |19 |71 |15 |0 |65 |

|Arcoverde |164 |0,56% |91,70% |0 |38 |0 |0 |126 |

|Ferreiros |157 |0,53% |92,23% |0 |0 |0 |157 |0 |

|Serra Talhada |154 |0,52% |92,76% |0 |51 |13 |0 |90 |

|Palmares |149 |0,51% |93,26% |5 |5 |0 |0 |139 |

|Taquaritinga do Norte |130 |0,44% |93,71% |0 |129 |0 |0 |1 |

|Camaragibe |125 |0,43% |94,13% |0 |28 |0 |0 |97 |

|Cabo de Santo Agostinho |113 |0,39% |94,52% |0 |11 |0 |15 |87 |

|Surubim |102 |0,35% |94,87% |0 |29 |14 |0 |59 |

|Gravatá |101 |0,34% |95,21% |0 |12 |4 |0 |85 |

|Abreu e Lima |100 |0,34% |95,55% |56 |28 |2 |0 |14 |

|Goiana |86 |0,29% |95,84% |0 |1 |0 |0 |85 |

|Salgueiro |76 |0,26% |96,10% |0 |3 |0 |0 |73 |

|Afogados da Ingazeira |67 |0,23% |96,33% |0 |1 |50 |0 |16 |

|Brejo da Madre de Deus |64 |0,22% |96,55% |0 |63 |0 |0 |1 |

|Sanharó |62 |0,21% |96,76% |0 |56 |0 |0 |6 |

|Ipojuca |55 |0,19% |96,95% |0 |0 |0 |0 |55 |

|Outros |896 |3,05% |100,00% |8 |163 |29 |61 |635 |

|Pernambuco |29348 |100,00% | - |469 |9760 |1555 |2049 |15515 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A atividade comercial é a principal em termos de geração de emprego, sendo este tipo de comércio, especializado em artigos de vestuário, muito difundido em todo o Estado, fato explicado, possivelmente, pela simplicidade do negócio e pela larga oferta de produtos sob a mais diversa gama de preços.

O setor de confecção registrava 9.760 postos de trabalho ao final de 2000, aproximadamente 1/3 do total do cluster, e respondia pela maior parte da produção, seguido pelo setor de calçados.

Em termos da distribuição espacial da produção, estimada a partir da concentração do emprego nos diversos municípios do cluster, fica claro que o peso da RMR é muito elevado, qualquer que seja a atividade, reflexo do efeito aglomeração para as indústrias localizadas nesta área.

O setor de confecção, dentre as atividades de caráter industrial, é o mais difundido e, possivelmente, o mais heterogêneo. De fato, o Estado de Pernambuco apresenta diversos tipos de plantas e processos de produção no segmento de confecções, que vão desde a produção artesanal nos arredores de Caruaru até a produção industrial em larga escala em Recife. Grandes empresas convivem com pequenas e microempresas, em regime de competição ou de parceria, sendo a mercadoria comercializada desde em feiras livres até lojas especializadas.

Esta grande dispersão e profusão de tipos enseja um elevado número de estabelecimentos para todos os segmentos envolvidos, estabelecimentos estes, que adotam as mais diversas tecnologias de produção. A tabela 11.2 a seguir, apresenta a distribuição espacial dos estabelecimentos do cluster de vestuário em Pernambuco. Como pode ser observado, em termos do comércio e do segmento de confecções, o número de estabelecimentos é de fato muito elevado, chegando a mais de 3.000, no caso do comércio de confecções, e pouco mais de 600 para as indústrias de confecções.

Em ambos os casos, mais de 90% dos estabelecimentos estão localizados nos municípios do cluster. Embora ainda exista uma quantidade significativa de empregos e estabelecimentos nos demais municípios do Estado, as informações contidas nas tabelas 11.1 e 11.2 sugerem que o cluster de vestuário abrange, praticamente, a totalidade do setor no Estado, indicando a forte presença de efeitos de aglomeração.

O segmento de fabricação de tecidos, no entanto, é concentrado na RMR e em Caruaru, com pouca presença nos demais municípios do Estado. Uma vez que este segmento é o nó inicial da cadeia de atividades do cluster de vestuário, a sua concentração nestas cidades sugere um efeito adicional na concentração dos demais segmentos nestes municípios, visto que os custos de transporte podem ser significativos, devido ao elevado volume de carga envolvido.

A principal característica do cluster de vestuário em Pernambuco, entretanto, é a sua diversidade, não apenas de tipo, mas também de tecnologias e processos associados. As tabelas 11.3 e 11.4 ilustram este argumento, com a participação no emprego municipal e um indicador de porte do estabelecimento, respectivamente.

Tabela 11.2

Cluster de Vestuário em Pernambuco-

Estabelecimentos em 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação |Confecção de |Fabricação de |Fabricação de |Comércio de|

| |Vestuário | | |de tecidos e|pecas do |acessórios do |calçados e |roupas e |

| | | | |artigos de |vestuário e |vestuário, |acessórios para|calçados |

| | | | |malha |roupas |curtimento e |segurança | |

| | | | | |profissionais|preparações de |industrial e | |

| | | | | | |artefatos em couro|pessoal | |

|Caruaru |476 |12,16% |56,07% |4 |162 |34 |3 |273 |

|Paulista |52 |1,33% |57,39% |4 |18 |1 |0 |29 |

|Jaboatão dos Guararapes |159 |4,06% |61,46% |3 |20 |1 |5 |130 |

|Petrolina |159 |4,06% |65,52% |1 |16 |6 |1 |135 |

|Santa Cruz do Capibaribe |143 |3,65% |69,17% |1 |103 |4 |0 |35 |

|Carpina |33 |0,84% |70,01% |0 |3 |1 |2 |27 |

|Olinda |88 |2,25% |72,26% |1 |25 |3 |0 |59 |

|Garanhuns |97 |2,48% |74,74% |1 |6 |3 |0 |87 |

|Toritama |41 |1,05% |75,79% |0 |17 |9 |2 |13 |

|Vitória de Santo Antão |50 |1,28% |77,06% |0 |2 |0 |0 |48 |

|Belo Jardim |36 |0,92% |77,98% |1 |10 |2 |0 |23 |

|Timbaúba |33 |0,84% |78,83% |0 |2 |5 |2 |24 |

|Pesqueira |41 |1,05% |79,87% |0 |11 |0 |0 |30 |

|Limoeiro |34 |0,87% |80,74% |1 |6 |3 |0 |24 |

|Arcoverde |58 |1,48% |82,22% |0 |8 |0 |0 |50 |

|Ferreiros |1 |0,03% |82,25% |0 |0 |0 |1 |0 |

|Serra Talhada |53 |1,35% |83,60% |0 |4 |2 |0 |47 |

|Palmares |33 |0,84% |84,44% |1 |1 |0 |0 |31 |

|Taquaritinga do Norte |10 |0,26% |84,70% |0 |9 |0 |0 |1 |

|Camaragibe |26 |0,66% |85,36% |0 |3 |0 |0 |23 |

|Cabo de Santo Agostinho |29 |0,74% |86,10% |0 |3 |1 |1 |24 |

|Surubim |28 |0,72% |86,82% |0 |3 |2 |0 |23 |

|Gravatá |34 |0,87% |87,69% |0 |3 |2 |0 |29 |

|Abreu e Lima |16 |0,41% |88,10% |1 |4 |2 |0 |9 |

|Goiana |40 |1,02% |89,12% |0 |1 |0 |0 |39 |

|Salgueiro |26 |0,66% |89,78% |0 |1 |0 |0 |25 |

|Afogados da Ingazeira |17 |0,43% |90,22% |0 |1 |1 |0 |15 |

|Brejo da Madre de Deus |2 |0,05% |90,27% |0 |1 |0 |0 |1 |

|Sanharó |6 |0,15% |90,42% |0 |3 |0 |0 |3 |

|Ipojuca |21 |0,54% |90,96% |0 |0 |0 |0 |21 |

|Outros |354 |9,04% |100,00% |3 |29 |6 |6 |310 |

|Pernambuco |3915 |100,00% | - |27 |693 |127 |35 |3033 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Tabela 11.3

Cluster de vestuário em Pernambuco-

Participação no emprego 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de |Confecção de |Fabricação de |Fabricação de |Comércio de |

| |Vestuário |tecidos e artigos|pecas do |acessórios do |calçados e |roupas e |

| | |de malha |vestuário e |vestuário, |acessórios para |calçados |

| | | |roupas |curtimento e |segurança | |

| | | |profissionais |preparações de |industrial e | |

| | | | |artefatos em couro |pessoal | |

|Recife |2,71% |0,01% |0,46% |0,06% |0,03% |2,15% |

|Caruaru |18,24% |0,07% |8,75% |1,91% |0,26% |7,26% |

|Paulista |17,67% |0,86% |16,33% |0,03% |0,00% |0,44% |

|Jaboatão dos Guararapes |3,96% |0,18% |0,46% |0,01% |1,99% |1,32% |

|Petrolina |4,50% |0,28% |0,46% |1,34% |0,02% |2,41% |

|Santa Cruz do Capibaribe |38,40% |0,18% |33,41% |1,00% |0,00% |3,81% |

|Carpina |15,42% |0,00% |0,81% |0,09% |12,07% |2,44% |

|Olinda |1,37% |0,02% |0,81% |0,03% |0,00% |0,51% |

|Garanhuns |5,25% |0,07% |0,41% |0,15% |0,00% |4,62% |

|Toritama |41,35% |0,00% |23,54% |14,08% |1,41% |2,31% |

|Vitória de Santo Antão |4,92% |0,00% |1,17% |0,00% |0,00% |3,75% |

|Belo Jardim |6,97% |0,04% |4,79% |1,34% |0,00% |0,80% |

|Timbaúba |4,91% |0,00% |0,35% |2,67% |0,89% |1,01% |

|Pesqueira |7,79% |0,00% |5,49% |0,00% |0,00% |2,29% |

|Limoeiro |5,42% |0,61% |2,26% |0,48% |0,00% |2,07% |

|Arcoverde |4,14% |0,00% |0,96% |0,00% |0,00% |3,18% |

|Ferreiros |21,22% |0,00% |0,00% |0,00% |21,22% |0,00% |

|Serra Talhada |3,37% |0,00% |1,12% |0,28% |0,00% |1,97% |

|Palmares |4,99% |0,17% |0,17% |0,00% |0,00% |4,66% |

|Taquaritinga do Norte |15,89% |0,00% |15,77% |0,00% |0,00% |0,12% |

|Camaragibe |1,85% |0,00% |0,41% |0,00% |0,00% |1,44% |

|Cabo de Santo Agostinho |0,78% |0,00% |0,08% |0,00% |0,10% |0,60% |

|Surubim |4,20% |0,00% |1,19% |0,58% |0,00% |2,43% |

|Gravatá |2,93% |0,00% |0,35% |0,12% |0,00% |2,47% |

|Abreu e Lima |1,60% |0,89% |0,45% |0,03% |0,00% |0,22% |

|Goiana |0,93% |0,00% |0,01% |0,00% |0,00% |0,92% |

|Salgueiro |2,95% |0,00% |0,12% |0,00% |0,00% |2,83% |

|Afogados da Ingazeira |4,00% |0,00% |0,06% |2,99% |0,00% |0,96% |

|Brejo da Madre de Deus |7,03% |0,00% |6,92% |0,00% |0,00% |0,11% |

|Sanharó |4,65% |0,00% |4,20% |0,00% |0,00% |0,45% |

|Ipojuca |0,62% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |0,62% |

|Pernambuco |3,32% |0,05% |1,11% |0,18% |0,23% |1,76% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Como pode ser observado na tabela 11.3 o cluster de vestuário apresenta participação no emprego municipal que vai desde irrisórios menos de 1% até 41% em Toritama e 38,4% em Santa Cruz do Capibaribe. Mesmo em Caruaru e Paulista, cidades de porte médio com grande diversidade econômica, o percentual é superior a 10%, evidenciando assim a importância regional do cluster de vestuário para o Estado. Observe-se também, que em muitos municípios é elevada a participação do emprego industrial na confecção ou no processamento de couros.

Isto, entretanto, não significa que a tecnologia em todo o cluster seja intensiva em mão-de-obra, embora isto seja verdade para a maioria dos estabelecimentos. De fato, existem diversas empresas que utilizam tecnologia de produção modernas e muitas vezes mais intensivas em capital que em mão-de-obra. Em verdade, o moderno setor de vestuário passou a utilizar as técnicas de CAD/CAM[6] que resultaram em uma verdadeira revolução nos processos deste segmento, que observou dramáticas reduções de custos, devido ao aumento da produtividade e a redução de perdas de corte de tecidos.

Tradicionalmente o setor de confecções e calçados baseava a qualidade no investimento em capital humano, onde o produto apresentava características de produção artesanal em muitas empresas e, de fato, a própria produção artesanal se constituia em uma das marcas do setor. No entanto, a indústria artesanal enfrenta atualmente o desafio da competitividade frente as máquinas automatizadas.

Em termos da economia do Nordeste a indústria de confecções do Estado do Ceará é atualmente a mais desenvolvida, contando com apoio institucional e respondendo ao incentivo inovador dos empresários locais. Esta indústria logrou dominar o mercado de confecções “artesanais” no Nordeste, apresentando uma combinação de mão-de-obra barata, processos de produção modernos e investimentos subsidiados. Com isto, a produção local do artesanato de Pernambuco, na forma de confecções, deixou de ser competitiva para o grande mercado e ficou restrita a pequenos nichos locais.

A indústria de confecções em geral, por sua vez, teve de se adaptar tanto às novas condições de competitividade vigente, quanto à presença de grandes empresas no mercado local, tanto em termos de produção quanto em termos de distribuição de produtos originários de outros estados ou regiões. A indústria local reagiu de diversas formas, indo tanto da adoção de novas tecnologias quanto do aproveitamento de oportunidades locais.

A indústria localizada em Recife e áreas vizinhas em geral, apoiada também por incentivos, passou a adotar novos padrões de produção de forma a competir no mercado local com o produto externo e, da mesma forma, competir com este mesmo produto em seus mercados de origem.

No caso das indústrias localizadas no Agreste, centradas no mercado de Caruaru, uma opção que se mostrou viável foi subdividir a produção em microunidades que fornecem as partes principais para a montagem da peça.

Tabela 11.4

Cluster de vestuário em Pernambuco-

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de|Confecção de |Fabricação de |Fabricação de |Comércio de |

| |Vestuário |tecidos e |pecas do |acessórios do |calçados e |roupas e |

| | |artigos de |vestuário e |vestuário, curtimento e|acessórios para |calçados |

| | |malha |roupas |preparações de |segurança | |

| | | |profissionais |artefatos em couro |industrial e | |

| | | | | |pessoal | |

|Recife |7 |7 |10 |7 |12 |7 |

|Caruaru |8 |4 |11 |12 |18 |6 |

|Paulista |61 |39 |162 |6 |- |3 |

|Jaboatão dos Guararapes |12 |31 |11 |4 |198 |5 |

|Petrolina |7 |67 |7 |53 |4 |4 |

|Santa Cruz do Capibaribe |6 |4 |7 |6 |- |2 |

|Carpina |22 |- |13 |4 |282 |4 |

|Olinda |7 |8 |14 |5 |- |4 |

|Garanhuns |5 |6 |6 |4 |- |5 |

|Toritama |10 |- |14 |16 |7 |2 |

|Vitória de Santo Antão |8 |- |45 |- |- |6 |

|Belo Jardim |9 |2 |22 |31 |- |2 |

|Timbaúba |9 |- |10 |31 |26 |2 |

|Pesqueira |6 |- |15 |- |- |2 |

|Limoeiro |5 |19 |12 |5 |- |3 |

|Arcoverde |3 |- |5 |- |- |3 |

|Ferreiros |157 |- |- |- |157 |- |

|Serra Talhada |3 |- |13 |7 |- |2 |

|Palmares |5 |5 |5 |- |- |4 |

|Taquaritinga do Norte |13 |- |14 |- |- |1 |

|Camaragibe |5 |- |9 |- |- |4 |

|Cabo de Santo Agostinho |4 |- |4 |- |15 |4 |

|Surubim |4 |- |10 |7 |- |3 |

|Gravatá |3 |- |4 |2 |- |3 |

|Abreu e Lima |6 |56 |7 |1 |- |2 |

|Goiana |2 |- |1 |- |- |2 |

|Salgueiro |3 |- |3 |- |- |3 |

|Afogados da Ingazeira |4 |- |1 |50 |- |1 |

|Brejo da Madre de Deus |32 |- |63 |- |- |1 |

|Sanharó |10 |- |19 |- |- |2 |

|Ipojuca |3 |- |- |- |- |3 |

|Outros |3 |3 |6 |5 |10 |2 |

|Pernambuco |7 |17 |14 |12 |59 |5 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Este tipo de estratégia possibilita uma grande redução de custos, à medida em que reduz o tamanho da planta principal, que se ocupa, unicamente, da montagem final. Todavia, o processo é rentável na medida em que as microunidades são basicamente familiares e operando em termos informais. O problema central é que o processo não pode ser padronizado e a qualidade final do produto fica comprometida.

A questão é que os componentes do cluster de vestuário centrados nesta área, geralmente têm como seu mercado principal as populações de baixa renda das áreas do interior do Estado de Pernambuco e dos estados vizinhos, onde o preço, muito mais que a qualidade ou durabilidade, é o item fundamental, em termos da competitividade do produto.

Mesmo nesta região, contudo, existem empresas que direcionam seu produto para os principais mercados e que se aproveitam da economia de aglomeração, formada a partir da presença de um grande número de empresas para o mercado de baixa renda e de uma oferta de produtos/serviços que pode dar suporte a estas empresas.

Na parte do cluster que é centrada em Caruaru, também está presente a indústria de couros e artigos de couro, bem como há alguma presença de indústrias de calçados. A indústria artesanal do couro é uma tradição no interior nordestino e os produtos ainda apresentam considerável demanda, além de serem oferecidos a turistas. A exploração comercial do couro para beneficiamento voltado para a indústria de vestuário, ainda é incipiente, não contando com uma proposta estruturada entre os criadores de gado, os abatedores e a indústria, que aproveitaria as peles que, em caso do desenvolvimento do setor, seriam necessárias, ante a preservação e os cuidados com a qualidade do produto que, atualmente, apresenta muitas falhas e, portanto, elevado índice de perda para a indústria de vestuário e acessórios.

A região de Petrolina/Juazeiro conta com a vantagem estratégica de ser o único centro comercial/industrial em um raio de centenas de quilômetros dentro do Sertão de Pernambuco, Bahia e Piauí. Todavia, apesar da pujança do desenvolvimento do pólo Petrolina/Juazeiro, esta região é preponderantemente ocupada por uma população de baixa renda e onde a circulação monetária é reduzida. Neste sentido, o segmento de vestuário e calçados da região, orientado para o mercado local, tem na redução de custos seu principal diferencial de competitividade.

A produção local reduz os custos de transporte com o produto acabado, oriundo dos principais centros produtores no Litoral e no Agreste, mas a ausência de produção de tecidos força a que os mesmos sejam adquiridos nestas regiões e anulando, desta forma, parte deste diferencial. Assim, o setor local de produção de artigos de vestuário de baixo custo enfrenta a forte concorrência do produto das outras áreas de Pernambuco e tem com estas pouca integração, em termos do processo de produção.

A indústria de couros nesta área, por sua vez, apresenta como diferencial um largo rebanho de ovinos e caprinos, cujas peles são bastante apreciadas e, se de boa qualidade, alcançam, juntamente com os produtos delas originários, preços mais atraentes que os similares em peles bovinas. Contudo, os mesmos problemas observados para este segmento do cluster em Caruaru são novamente verificados, e de fato, mais intensos, dada à grande predominância da pequena criação e da completa falta de articulação entre produtor e criador.

4. Indicadores específicos do cluster de vestuário e calçados

Os indicadores específicos do cluster de vestuário e calçados se referem ao seu posicionamento frente ao mercado, sua tecnologia e sua integração com os mercados de insumos e com o mercado final. Também são apresentados indicadores quanto a perspectiva de crescimento do setor e dos municípios em que as empresas estão instaladas, bem como as perspectivas do setor quanto ao papel da duplicação da BR 232, em relação ao crescimento da economia do município e da própria atividade.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração com o mercado

Cerca de 45% dos insumos utilizados na produção do setor de vestuário e calçados, e empresas diretamente ligadas a estes, são provenientes de outros estados e regiões do Brasil, segundo os próprios empresários. De fato, menos de 10% dos insumos são provenientes do próprio município de localização do estabelecimento, o que implica que o setor apresenta elevada integração com outros municípios do Estado de Pernambuco.

Em termos da contratação de serviços, no entanto, a maioria das empresas alegou que os mesmos são provenientes dos próprios municípios, sugerindo que as décadas de existência do setor foram capazes de permitir a criação de uma infra-estrutura de suporte às empresas, nos próprios locais onde elas se encontram.

4.2. Competitividade

O setor apresenta grande segmentação, não apenas em termos de mercado, mas também em termos dos clientes em cada mercado. 24% dos empresários consultados consideram que são líderes em seus mercados de atuação, enquanto 28% consideram que dividem esta posição com outras empresas. Para 49%, no entanto, o mercado em que atuam não apresenta líderes e suas empresas têm pequena participação neste.

Em termos do porte das empresas, cerca de 80% dos entrevistados, consideram o mercado composto, basicamente, por pequenas e médias empresas.

Quando questionados diretamente sobre a competitividade de seu setor em seus mercados de atuação, 34% dos empresários consideraram que esta é elevada, enquanto 38% consideraram que é regular, não comprometendo assim a rentabilidade do negócio. 28% do setor, contudo, acredita que a competitividade de suas empresas é baixa.

4.3. Tecnologia

Em termos da tecnologia de produção utilizada, o setor e as empresas diretamente ligadas a ele apresentam um perfil vantajoso no mercado, segundo os próprios empresários. Embora somente para 4% a tecnologia empregada seja a mais moderna, para outros 28%, ela está entre as mais modernas, assim como para 55% esta, embora não seja mais moderna, é ainda atual.

A tecnologia utilizada é perfeitamente adaptada às necessidades das empresas. Isto pode ser concluído pelo fato de que 93% destas consideram que a tecnologia e processos utilizados ou são os mais adequados disponíveis, ou são, no mínimo, suficientes para garantir a rentabilidade das empresas.

4.4. Amplitude do mercado

O setor é voltado, em grande parte, para atender às demandas do próprio Estado de Pernambuco, e menos de 20% do produto é exportado para outras regiões ou países. No entanto, a produção é comercializada para diversos municípios, o que sugere um elevado grau de integração deste cluster com as atividades econômicas do Estado.

4.5. Importância da BR 232

4.5.1. Importância e impactos para a atividade

Para 80% dos entrevistados, a duplicação da BR-232 entre Recife e Caruaru, irá trazer benefícios para as suas atividades, enquanto que para 17% não haverá quaisquer benefícios. Em torno de 70% dos empresários do setor, por sua vez, consideram que os benefícios serão, no mínimo, de intensidade média em termos de suas competitividade e rentabilidade.

Dentre os principais motivos apontados para que a duplicação da BR-232 traga benefícios para o setor de vestuário, a maioria dos entrevistados citou o melhor acesso para os clientes e o melhor acesso aos mercados da região onde se realiza a obra. Outros motivos citados foram a redução no tempo de recebimento e entrega de mercadorias e insumos, a provável redução nos fretes e a melhoria dos serviços de apoio.

4.5.2. Importância e impactos para o município

As expectativas quanto aos benefícios da BR 232 na economia dos municípios onde seus estabelecimentos se localizam, se mostram mais positivas que as referentes ao que é esperado em seus próprios segmentos de atuação. Para 44% dos empresários consultados, os impactos serão elevados, enquanto que para outros 27% estes terão intensidade média. Apenas 14% dos empresários do setor consideram que seus municípios não serão afetados pela duplicação.

4.6. Perspectivas de crescimento

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade

Segundo os empresários do setor de vestuário e os empresários do setor de calçados, as expectativas de crescimento para os próximos 5 anos são positivas, mas não excelentes. Apenas 12% consideram que estas são ótimas, dada a conjuntura atual, enquanto que outros 41% são mais conservadores e consideram que as mesmas são boas. Para 34% o crescimento será positivo, mas a taxa será apenas regular. Apenas 9% dos empresários têm expectativas de crescimento negativo.

Quando questionados sobre o histórico do setor nos últimos cinco anos, 44% revelaram que acreditam que o mesmo tenha crescido em até 50% neste período, enquanto outros 27% afirmam que seus segmentos cresceram até 100% em cinco anos.

Considerando um prazo mais curto, de dois anos, cerca de 40% consideraram que o seu segmento cresceu até 50% no período, e outros 26% afirmaram que cresceu até 100% em dois anos. Este resultado sugere que o setor experimentou uma fase recente de expansão e que as expectativas continuam otimistas.

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município

Os empresários do setor de calçados e vestuário também são otimistas em relação ao comportamento da economia de seus municípios. Dos entrevistados, 2% afirmaram que os municípios onde se localizam seus estabelecimentos irão crescer muito mais que média do Estado nos próximos 5 anos, enquanto outros 10% afirmaram que irão crescer mais que o Estado. Em torno de 33% acreditam que os municípios irão ter uma dinâmica econômica idêntica à verificada no Estado e 23% acham que esta será inferior a de Pernambuco.

Dentre os fatores que se constituem em obstáculos ao crescimento da economia municipal, os empresários do setor de vestuário e calçados citam: reduzida atividade econômica, falta de crédito, deficiência na mão-de-obra, nível educacional inadequado, intermediação financeira, carga tributária elevada, entre outros fatores.

CAPÍTULO 12

O CLUSTER DE PRODUTOS TÊXTEIS

1. Introdução

O setor têxtil é um dos mais tradicionais da economia pernambucana e vem alcançando excelentes resultados em termos de desenvolvimento ao longo dos últimos anos, revertendo assim, uma tendência de declínio provocada pela reestruturação da matriz produtiva, a partir de inovações tecnológicas e da crise na produção de algodão no Nordeste[7].

A indústria têxtil em Pernambuco é parceira natural do cluster de vestuário e, desta forma, parte integrante do desenvolvimento de uma estratégia baseada em clusters para o Estado. Segundo pesquisa recentemente realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) o setor foi um dos que apresentou um dos melhores desempenhos nos últimos anos. Para o ano de 2000, com a economia brasileira crescendo em torno de 4,2%, a indústria têxtil registrou um crescimento acima de 6% e o Nordeste brasileiro apresentou papel de destaque neste processo.

De fato, as estatísticas recentes levantadas pela FIEPE sugerem que ao longo dos últimos 20 anos, o setor têxtil vem cada vez mais se concentrando na região Nordeste, fato explicado, possivelmente, pela infra-estrutura criada nas principais áreas metropolitanas da região e pelos programas de incentivos dos governos estaduais e do Governo Federal, estes últimos operados, atualmente, pelo Banco do Nordeste (BN) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Atualmente o Nordeste consome cerca de 340.000 t/ano de algodão (40% do consumo brasileiro) contra um consumo de 100.000 t/ano (17% do consumo brasileiro) em 1980. Em 2000, aliando os efeitos do ajuste cambial, do crescimento da economia brasileira (4,2%) e sobretudo com o novo programa de incentivos fiscais do Estado, PRODEPE II - a indústria têxtil, segundo a FIEPE, surpreendeu em termos de crescimento e dinamismo. Os dados levantados revelam que em 2000:

• o consumo de fibras cresceu acima de 25%;

• o consumo de fios de algodão, usados como matéria-prima para as tecelagens, cresceu acima de 16%;

• a indústria têxtil de Pernambuco cresceu acima de 20%;

• as exportações de têxteis cresceram 27%;

Devido aos efeitos das economias de aglomeração e a proximidade dos principais mercados e pontos de escoamento, o setor têxtil é bastante concentrado na Região Metropolitana do Recife, principalmente em termos dos processos mais elaborados do cluster. No entanto, o setor apresenta também diversas atividades, notadamente a tecelagem, que apresenta elevada dispersão espacial ao longo do Estado de Pernambuco.

O atual estágio de desenvolvimento do setor de produtos têxteis aponta para um grande potencial para uma política de clusterização que, de fato, vem surgindo endogenamente, no atual processo de modernização do setor e na busca de uma maior competitividade do produto pernambucano, em nível nacional e internacional.

2. Dimensão espacial do cluster de produtos têxteis em Pernambuco

O cluster de produtos têxteis em Pernambuco apresenta uma grande gama de atividades, que são apresentadas na figura 12.1, evidenciando o elevado grau de integração vertical e horizontal do setor. De fato, o esquema apresentado envolve apenas as atividades diretamente ligadas ao setor têxtil, que por sua vez é um dos nós iniciais do setor de vestuário que, em Pernambuco, também se caracteriza como um cluster.

Figura 12.1

Cluster de produtos têxteis - Diagrama de atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Como indicado pela figura 12.1 o cluster têxtil em Pernambuco abrange diversas atividades como: fiação, tecelagem, cordoaria, fabricação de fibras naturais e sintética, comércio especializado, etc., sendo um dos clusters de maior diversidade em termos de produto.

Da mesma forma que o cluster de vestuário, o cluster têxtil apresenta uma grande diversidade em termos de tecnologia, competitividade e segmentação de mercados. Em certos casos, pode-se encontrar subdivisões deste cluster, que operam com tecnologia e modo de produção arcaico, cujo segmento de mercado é o artesanato e que são competitivos. Por outro lado, com os elevados investimentos feitos nos últimos anos para a modernização do parque fabril, as indústrias tecnologicamente defasadas, que competem no mercado de tecelagem e fiação, dificilmente terão condições de se manter no mercado, abrindo espaço para a expansão de um cluster competitivo.

O mapa 12.1, a seguir, apresenta a configuração espacial do cluster da indústria têxtil em Pernambuco. Como pode ser observado, a configuração espacial é semelhante a apresentada pelo cluster de vestuário, o que sugere um elevado índice de integração entres estes clusters

Figura 12.1

Cluster da indústria têxtil

As áreas de Recife e Caruaru dominam o cenário da indústria têxtil e de vestuário no Estado. A região do alto Sertão, cujos representantes do cluster têxtil se concentram em Petrolina e Araripina, em parceria com a indústria do vestuário, são orientados para o mercado de baixa renda e para a indústria do artesanato.

Ao contrário do que ocorre nas áreas de Recife e Caruaru, a preocupação fundamental dos participantes deste cluster no alto Sertão é manter os produtos a preços baixos e minimizar os investimentos devido ao elevado custo do crédito e ao reduzido retorno da atividade. Neste sentido, a qualidade pode ser sacrificável ante a redução de custos. Não obstante, este seria o perfil de produto adequado ao mercado desta região, onde predomina a baixa renda e ocorre pouca circulação de dinheiro.

Caruaru, por sua vez, tem como mercado o cluster de vestuário da própria região, de Petrolina, de Recife e pode acessar também mercados fora do Estado. O perfil de renda no Agreste pernambucano, induz à formação de um mercado com preocupação com a qualidade, mas ainda com forte predominância dos preços ante as características de substituição dos produtos. Neste sentido, o cluster têxtil em Caruaru apresenta uma condição intermediária entre o identificado em Recife e em Petrolina, mas cuja condição, em termos de tecnologia e processos de produção, é compatível com o tipo de mercado para o qual está voltado.

A RMR, composta por 14 municípios na parte central do litoral pernambucano, concentra as principais indústrias do cluster têxtil em Pernambuco. Foi nesta área do cluster que se concentraram os investimentos identificados pela recente pesquisa da FIEPE em 2000. O perfil deste ramo do cluster é de empresas de maior porte que, freqüentemente, utilizam matéria-prima importada, exportam seus produtos e, em muitos casos, são unidades fabris de grupos baseados nas regiões Sul e Sudeste que, em virtude de incentivos e financiamento mais adequados, além da presença de infra-estrutura e capital humano, estão formando no Nordeste, a base da indústria têxtil nacional.

Uma das grandes vantagens de Pernambuco para este tipo de deslocamento da base industrial, a nível regional e nacional, é a posição geográfica privilegiada em termos da região Nordeste, e a disponibilidade de infra-estrutura de transportes adequada a uma grande gama de mercadorias, estrutura esta compatível com a movimentação de cargas em pequena, média e grande escalas.

De fato, a logística e a infra-estrutura de transportes estão entre os setores que vêm recebendo maior atenção do governo estadual, de forma a dinamizar a economia local. A expansão e modernização do porto de Suape e a duplicação da BR 232 são as principais obras em andamento do atual governo, e a sua conclusão, permitirá um elevado ganho em termos de competitividade do setor de logística em Pernambuco.

3.Indicadores gerais do cluster têxtil em Pernambuco

A tabela 12.1, a seguir, apresenta a distribuição do cluster de produtos têxteis em Pernambuco segundo a geração de empregos nos diversos municípios envolvidos, incluindo também a informação de emprego para cada grande atividade componente do cluster.

Tabela 12.1

Cluster têxtil em Pernambuco-

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Beneficiamento de |Fabricação de |Tecelagem |Fabricação de |Comércio |

| |Têxtil | | |algodão e outras |linhas e fiação| |artigos e artefatos|atacadista de fios|

| | | | |fibras têxteis |de algodão e | |têxteis e serviços |têxteis, tecidos, |

| | | | |naturais |fibras | |de acabamento |artefatos de |

| | | | | | | | |tecidos |

|Recife |791 |11,82% |23,94% |18 |0 |30 |374 |369 |

|Jaboatão dos |790 |11,80% |35,74% |0 |2 |302 |431 |55 |

|Guararapes | | | | | | | | |

|Caruaru |775 |11,58% |47,32% |0 |382 |98 |83 |212 |

|Camaragibe |678 |10,13% |57,45% |0 |0 |677 |1 |0 |

|Cabo de Santo |555 |8,29% |65,74% |83 |0 |47 |425 |0 |

|Agostinho | | | | | | | | |

|Araripina |296 |4,42% |70,16% |0 |293 |3 |0 |0 |

|Petrolina |288 |4,30% |74,47% |0 |23 |254 |11 |0 |

|Limoeiro |277 |4,14% |78,60% |59 |68 |136 |14 |0 |

|Escada |229 |3,42% |82,03% |0 |0 |229 |0 |0 |

|Igarassu |171 |2,55% |84,58% |116 |0 |54 |1 |0 |

|Sertânia |166 |2,48% |87,06% |43 |0 |120 |3 |0 |

|Santa Cruz do |139 |2,08% |89,14% |0 |0 |3 |40 |96 |

|Capibaribe | | | | | | | | |

|Tacaratu |120 |1,79% |90,93% |0 |0 |0 |0 |120 |

|Abreu e Lima |114 |1,70% |92,63% |100 |0 |0 |14 |0 |

|Taquaritinga do |86 |1,28% |93,92% |3 |0 |0 |83 |0 |

|Norte | | | | | | | | |

|Timbaúba |78 |1,17% |95,08% |0 |0 |78 |0 |0 |

|Poção |53 |0,79% |95,88% |0 |0 |0 |53 |0 |

|Toritama |46 |0,69% |96,56% |0 |0 |0 |46 |0 |

|Moreno |41 |0,61% |97,18% |0 |38 |0 |3 |0 |

|Afogados da |36 |0,54% |97,71% |0 |0 |0 |36 |0 |

|Ingazeira | | | | | | | | |

|Paudalho |30 |0,45% |98,16% |0 |0 |30 |0 |0 |

|Outros |123 |1,84% |100,00% |10 |28 |0 |52 |33 |

|Pernambuco |6693 |100,00% | - |615 |834 |2605 |1754 |885 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

O cluster têxtil em Pernambuco, como indicado, apresenta o maior volume de emprego em três municípios da RMR - Paulista, Recife e Jaboatão dos Guararapes – que, em conjunto, representam cerca de 35% do emprego no cluster. Os municípios de Caruaru, Petrolina e Araripina também aparecem com papel de destaque junto ao cluster de produtos têxteis, estando entre os dez principais em termos de emprego.

Apesar de sua dispersão espacial sugerir a presença de três grandes divisões do cluster têxtil em Pernambuco, com graus de integração cruzadas semelhantes aos apresentados pelo cluster de vestuário, os dados referentes ao emprego sugerem que estas áreas são fortemente dominadas pelos principais centros. Os dez principais produtores do cluster respondem por cerca de 82% do emprego no Estado. Em conjunto, os municípios que compõe o cluster representam 98% do emprego no setor vestuário, implicando que o cluster abrange, basicamente, todo o setor, fato semelhante ao também ocorrido com o cluster de vestuário.

A tabela 12.2 apresenta o número de estabelecimentos do cluster de produtos têxteis em Pernambuco. Ao contrário do que ocorre com o emprego, a concentração dos estabelecimentos nos principais municípios de cada área produtora é menor, indicando uma maior dispersão em termos do número de estabelecimentos.

Tabela 12.2

Cluster têxtil em Pernambuco-

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Beneficiam. de |Fabricação de |Tecelagem |Fabricação de |Comércio atacadista de |

| |Têxtil | | |algodão e |linhas e fiação | |artigos e artefatos|fios têxteis, tecidos, |

| | | | |outras fibras |de algodão e | |têxteis e serviços |artefatos de tecidos |

| | | | |têxteis |fibras | |de acabamento | |

| | | | |naturais | | | | |

|Recife |72 |26,47% |29,41% |2 |2 |5 |34 |29 |

|Jaboatão dos Guararapes |12 |4,41% |33,82% |0 |1 |3 |6 |2 |

|Caruaru |47 |17,28% |51,10% |0 |1 |1 |9 |36 |

|Camaragibe |3 |1,10% |52,21% |0 |0 |2 |1 |0 |

|Cabo de Santo Agostinho |5 |1,84% |54,04% |1 |0 |1 |3 |0 |

|Araripina |3 |1,10% |55,15% |0 |2 |1 |0 |0 |

|Petrolina |7 |2,57% |57,72% |0 |2 |1 |3 |1 |

|Limoeiro |12 |4,41% |62,13% |5 |1 |3 |3 |0 |

|Escada |1 |0,37% |62,50% |0 |0 |1 |0 |0 |

|Igarassu |5 |1,84% |64,34% |3 |0 |1 |1 |0 |

|Sertânia |4 |1,47% |65,81% |2 |0 |1 |1 |0 |

|Santa Cruz do Capibaribe |38 |13,97% |79,78% |0 |0 |1 |6 |31 |

|Tacaratu |10 |3,68% |83,46% |0 |0 |0 |0 |10 |

|Abreu e Lima |4 |1,47% |84,93% |3 |0 |0 |1 |0 |

|Taquaritinga do Norte |5 |1,84% |86,76% |1 |0 |0 |4 |0 |

|Timbaúba |1 |0,37% |87,13% |0 |0 |1 |0 |0 |

|Poção |1 |0,37% |87,50% |0 |0 |0 |1 |0 |

|Toritama |2 |0,74% |88,24% |0 |0 |0 |2 |0 |

|Moreno |2 |0,74% |88,97% |0 |1 |0 |1 |0 |

|Afogados da Ingazeira |1 |0,37% |89,34% |0 |0 |0 |1 |0 |

|Paudalho |1 |0,37% |89,71% |0 |0 |1 |0 |0 |

|Outros |28 |10,29% |100,00% |6 |3 |0 |13 |6 |

|Pernambuco |272 |100,00% | - |25 |13 |26 |93 |115 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os municípios de Recife, Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe apresentam juntos, 57% do total de estabelecimentos do Estado, e os demais 43% são distribuídos de maneira heterogênea ao logo do território.

À exceção do comércio especializado, no entanto, o número de estabelecimentos do cluster têxtil é pequeno nos municípios, em geral não ultrapassando 2 unidades. Recife, particularmente, apresenta todas as unidades que compõem o cluster, além de ser o principal mercado do Estado e um dos maiores da região.

A indústria têxtil é uma das mais tradicionais no Estado de Pernambuco, tendo se desenvolvido muito antes das primeiras políticas de crescimento industrial na região, e sendo também uma das indústrias prioritárias em relação às políticas públicas, em vista da geração de renda, emprego, e da base de infra-estrutura e mão-de-obra disponíveis na região, formadas mesmo diante de um processo histórico de desenvolvimento.

Contudo, o setor têxtil, que hoje se reestrutura, está dividido em dois segmentos razoavelmente distintos. Um segmento tradicional, voltado para atender o mercado local e regional, que necessita de produtos de preços reduzidos mesmo com sacrifício da qualidade, e um segundo segmento, de alta tecnologia, que corresponde a uma iniciativa de deslocamento da indústria nacional para o Nordeste. Este segundo segmento é intensivo em tecnologia e opera em padrões de competitividade elevados, orientando seu produto para o mercado nacional e mesmo internacional.

Devido mesmo à questão do abastecimento de matéria-prima, na maioria das vezes provenientes de outras regiões do país ou mesmo sendo importada, a localização deste segmento do cluster segue os princípios de logística e distribuição, onde a RMR surge como a melhor opção, sob todos os pontos de vista.

Neste sentido, o segmento tradicional da RMR tende a acompanhar o desenvolvimento do segmento moderno ou migrar para a área onde a oferta de serviços é compatível com seu tipo de produto. Apesar disto, o setor têxtil permanece como um importante gerador de emprego para os municípios onde se faz presente, como sugere a tabela 12.3 a seguir.

Embora represente menos de 1% do emprego registrado no Estado de Pernambuco, o setor têxtil registra, em diversos municípios, índice superior a 10%, chegando a 17% em Tacaratu.

Tabela 12.3

Cluster têxtil em Pernambuco

Participação do cluster no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Beneficiamento de |Fabricação de linhas|Tecelagem |Fabricação de artigos e |Comércio atacadista de |

| |Têxtil |algodão e outras |e fiação de algodão | |artefatos têxteis e |fios têxteis, tecidos, |

| | |fibras têxteis |e fibras | |serviços de acabamento |artefatos de tecidos |

| | |naturais | | | | |

|Paulista |4,55% |1,03% |0,00% |3,05% |0,47% |0,00% |

|Recife |0,17% |0,00% |0,00% |0,01% |0,08% |0,08% |

|Jaboatão dos |1,59% |0,00% |0,00% |0,61% |0,87% |0,11% |

|Guararapes | | | | | | |

|Caruaru |3,70% |0,00% |1,82% |0,47% |0,40% |1,01% |

|Camaragibe |10,04% |0,00% |0,00% |10,03% |0,01% |0,00% |

|Cabo de Santo |3,85% |0,58% |0,00% |0,33% |2,95% |0,00% |

|Agostinho | | | | | | |

|Araripina |9,31% |0,00% |9,21% |0,09% |0,00% |0,00% |

|Petrolina |1,21% |0,00% |0,10% |1,06% |0,05% |0,00% |

|Limoeiro |8,83% |1,88% |2,17% |4,34% |0,45% |0,00% |

|Escada |4,28% |0,00% |0,00% |4,28% |0,00% |0,00% |

|Igarassu |1,79% |1,21% |0,00% |0,56% |0,01% |0,00% |

|Sertânia |12,46% |3,23% |0,00% |9,01% |0,23% |0,00% |

|Santa Cruz do |6,30% |0,00% |0,00% |0,14% |1,81% |4,35% |

|Capibaribe | | | | | | |

|Tacaratu |17,14% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |17,14% |

|Abreu e Lima |1,82% |1,60% |0,00% |0,00% |0,22% |0,00% |

|Taquaritinga do |10,51% |0,37% |0,00% |0,00% |10,15% |0,00% |

|Norte | | | | | | |

|Timbaúba |1,36% |0,00% |0,00% |1,36% |0,00% |0,00% |

|Poção |10,13% |0,00% |0,00% |0,00% |10,13% |0,00% |

|Toritama |4,63% |0,00% |0,00% |0,00% |4,63% |0,00% |

|Moreno |1,50% |0,00% |1,39% |0,00% |0,11% |0,00% |

|Afogados da |2,15% |0,00% |0,00% |0,00% |2,15% |0,00% |

|Ingazeira | | | | | | |

|Paudalho |0,89% |0,00% |0,00% |0,89% |0,00% |0,00% |

|Pernambuco |0,76% |0,07% |0,09% |0,30% |0,20% |0,10% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os dados apresentados pela tabela 12.3 sugerem que o cluster têxtil é um dos principais responsáveis pela manutenção da atividade econômica em diversos municípios do Estado, muitos dos quais na RMR e no Agreste.

A simples distribuição espacial dos estabelecimentos, contudo, não é suficiente para se delinear um perfil dos estabelecimentos em termos de porte, que foi estabelecido até o presente, apenas de forma qualitativa. A tabela 12.4 apresenta o número de empregos por estabelecimentos, para o cluster têxtil e para cada uma das grandes atividades componentes deste cluster.

O indicador de emprego por estabelecimento é útil para se determinar o porte da firma. Segundo o critério adotado pelo SEBRAE, indústrias com mais de 99 empregados são classificados como médias ou grandes (>500). Este critério foi definido com base no número total de empregados, enquanto os dados a seguir apontam para o emprego com registro em carteira, significando que o indicador pode mesmo subestimar o porte das empresas.

Tabela 12.4

Cluster têxtil em Pernambuco

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Beneficiamento de |Fabricação de |Tecelagem |Fabricação de artigos |Comércio atacadista |

| |Têxtil |algodão e outras fibras|linhas e fiação | |e artefatos têxteis e |de fios têxteis, |

| | |têxteis naturais |de algodão e | |serviços de acabamento|tecidos, artefatos de|

| | | |fibras | | |tecidos |

|Paulista |101 |92 |- |181 |28 |- |

|Recife |11 |9 |- |6 |11 |13 |

|Jaboatão dos Guararapes |66 |- |2 |101 |72 |28 |

|Caruaru |16 |- |382 |98 |9 |6 |

|Camaragibe |226 |- |- |339 |1 |- |

|Cabo de Santo Agostinho |111 |83 |- |47 |142 |- |

|Araripina |99 |- |147 |3 |- |- |

|Petrolina |41 |- |12 |254 |4 |- |

|Limoeiro |23 |12 |68 |45 |5 |- |

|Escada |229 |- |- |229 |- |- |

|Igarassu |34 |39 |- |54 |1 |- |

|Sertânia |42 |22 |- |120 |3 |- |

|Santa Cruz do Capibaribe |4 |- |- |3 |7 |3 |

|Tacaratu |12 |- |- |- |- |12 |

|Abreu e Lima |29 |33 |- |- |14 |- |

|Taquaritinga do Norte |17 |3 |- |- |21 |- |

|Timbaúba |78 |- |- |78 |- |- |

|Poção |53 |- |- |- |53 |- |

|Toritama |23 |- |- |- |23 |- |

|Moreno |21 |- |38 |- |3 |- |

|Afogados da Ingazeira |36 |- |- |- |36 |- |

|Paudalho |30 |- |- |30 |- |- |

|Outros |4 |2 |9 |- |4 |6 |

|Pernambuco |25 |25 |64 |100 |19 |8 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Como esperado, os dados apresentados apontam para a presença de unidades de porte médio/grande na Região Metropolitana de Recife, enquanto nos demais municípios, o perfil predominante seria de empresas pequenas ou microempresas, notadamente nos municípios vizinhos aos principais centros produtores do interior do Estado, Caruaru e Petrolina.

É possível que, com a atual tendência de desenvolvimento apresentada pelo cluster têxtil em Pernambuco, o mesmo possa se consolidar em dois segmentos igualmente competitivos, um voltado para o mercado regional de baixa renda e um outro para abastecer o mercado nacional de produtos têxteis.

4. Indicadores específicos do cluster de produtos têxteis

Os indicadores específicos do cluster de produtos têxteis se referem ao seu posicionamento frente ao mercado, sua tecnologia e sua integração com os mercados de insumos e com o mercado final. Também são apresentados indicadores quanto à perspectiva de crescimento do setor e dos municípios em que as empresas estão instaladas, bem como as perspectivas do setor quanto ao papel da duplicação da BR 232, em relação ao crescimento da economia do município e da própria atividade.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração com o mercado

Apesar de sua aparente simplicidade, o setor têxtil é um dos que apresentam maior dependência de insumos de fora da região onde se localizam seus estabelecimentos. Segundo os empresários consultados, apenas 15% dos insumos são comprados nos municípios onde os estabelecimentos se localizam e menos de 50% dos insumos são originários de Pernambuco.

O setor adquire, segundo levantamento feito junto aos seus participantes, cerca de 25% de seus insumos em outros estados do Nordeste e mais de 30% vem de outras regiões. Dentre estes, vale ressaltar o insumo básico, o algodão, bem como tinturas e maquinaria.

No entanto, com relação à prestação de serviços, praticamente todos são contratados localmente, com alguma participação de empregados ou serviços contratados fora dos municípios. A principal exceção seria a assistência técnica para as máquinas e equipamentos, mas como estes contratos são sob demanda e não são serviços de prestação contínua, não foram considerados pelos empresários consultados.

4.2. Competitividade

O setor têxtil é bastante heterogêneo em sua composição e os diversos empresários consultados operam em diferentes segmentos. Para 28% destes, suas empresas são líderes do mercado, enquanto para outros 45% suas empresas dividem a liderança com outras empresas de mesmo porte. A ocorrência de pequenas empresas no setor é atestada pelo fato de 17% dos empresários terem pequena participação no mercado.

Devido à sua grande segmentação, os empresários consultados apresentaram diferentes respostas sobre a composição do mercado, que exprimem, na verdade, o que ocorre no segmento específico em que operam. Para 25% dos empresários seus mercados são dominados por grandes empresas, enquanto para 60% seu mercado é predominantemente formado por médias e pequenas empresas, sugerindo que a composição do cluster deverá contemplar empresas que operam em segmentos bastante distintos.

Quando questionados explicitamente sobre a competitividade de seu segmento, 34% dos empresários acreditavam que esta seja elevada, enquanto 38% consideram que é apenas mediana. Em contrapartida, 14% afirmaram ser abaixo da média e outros 15% acreditavam ser muito abaixo da média.

4.3. Tecnologia

Apesar de considerarem que as plantas industriais de seus segmentos são ainda competitivas, a tecnologia de produção é considerada uma das fragilidades do setor e do cluster. Apenas 14% das empresas consideram que utilizam as tecnologias mais modernas e outras 21% acreditam estar utilizando processos e tecnologias entre as mais modernas. No entanto, para 62% das empresas, a tecnologia utilizada atualmente não poderia ser considerada moderna, embora 55% considerem que a mesma seja ainda atual.

De fato, estes 55% também consideram que a tecnologia não é a mais adequada para a produção, mas que ainda é suficientemente competitiva para viabilizar sua manutenção. Apenas 38% dos empresários consideram que sua tecnologia é de fato a mais adequada, embora nem todos considerem que seja a mais moderna.

4.4. Amplitude do mercado

O setor têxtil não foi constituído para atender as demandas locais, pois suas escala necessita de mercados muito mais abrangentes, e Pernambuco não é uma exceção. Segundo os empresários consultados, apenas 18% da receita é proveniente dos próprios municípios enquanto que 50% é originária de outros estados. Além disto, o setor obtêm também receitas de exportação, embora estas não cheguem a ser a principal fonte.

4.5. Importância da BR 232

4.5.1. Importância e impactos para a atividade

Para 90% das empresas têxteis e de atividades diretamente relacionadas em Pernambuco, a duplicação da BR 232 irá trazer benefícios para o setor. 11% consideram que em seus segmentos específicos não haverá impacto algum, sendo estas empresas que operam apenas em nível local. 80% dos empresários do setor, contudo, acreditam que o impacto será elevado.

Diversas razões foram citadas sobre o porque do impacto da duplicação da BR-232 no setor, sendo entre as mais citadas, o melhor acesso aos mercados da região, o melhor acesso para os clientes, a redução no tempo de recebimento e envio de produtos e os efeitos que isto poderá trazer em termos de redução dos custos da empresa.

4.5.2. Importância e impactos para o município

Para 80% dos empresários do setor têxtil e de atividades afins, a duplicação da BR 232 irá trazer benefícios para a economia dos municípios onde se localizam seus estabelecimentos, sendo que 38% consideram que estes benefícios serão elevados, enquanto 41% acreditam que serão de intensidade média.

4.6. Perspectivas de crescimento

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade

Mesmo considerando que suas tecnologias não figuram entre as mais modernas, os empresários consultados foram unânimes em afirmar que as perspectivas do setor para os próximos cinco anos são favoráveis, onde 21% acreditam que são ótimos, outros 41% acham que são boas e 24% pensam que são apenas regulares. Apenas 7% consideram que estas perspectivas serão ruins.

Para apoiar estas expectativas, estes empresários consideram que nos últimos cinco anos o setor apresentou expressivo crescimento, onde 31% acham que o seu segmento cresceu até 50% neste período e outros 34% acreditam que seu segmento cresceu entre 50% e 100% no período.

Quando questionados sobre o crescimento recente, número equivalente, 75%, acredita que o setor cresceu expressivamente também neste período, onde destes, 3% consideram que mais que dobrou nos últimos dois anos.

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município

Os empresários do setor têxtil e de atividades afins também foram questionados sobre suas perspectivas quanto ao crescimento dos municípios em que se localizam seus estabelecimentos para os próximos 5 anos. Quando comparadas às taxas médias que, segundo eles próprios serão verificadas para o Estado, a maioria esmagadora considera que, no máximo, a economia do município irá acompanhar a economia do Estado. Apenas 7% acreditam que seus municípios terão uma taxa mais elevada que a estadual.

CAPÍTULO 13

CLUSTER DE PRODUTOS DE LIMPEZA E COSMÉTICOS

1. Introdução

A indústria química em Pernambuco apresenta um desenvolvimento relativamente recente, tendo se consolidado na região apenas na segunda metade do século XX e trouxe com ela uma grande variedade de produtos para a pauta de produção do Estado.

De tintas a perfumes, diversas empresas do setor químico se estabeleceram no Estado em busca de incentivos, novos mercados e novas oportunidades ante a concessão de benefícios para a exploração de um mercado deixado à margem de uma grande gama de produtos, cujas empresas priorizaram os mercados das regiões Sul-Sudeste em seus estabelecimentos no Brasil.

Com uma população estimada para 2000 de cerca de 48 milhões de pessoas, 60% das quais concentradas nos três estados mais importantes, Bahia, Pernambuco e Ceará, o mercado nordestino se constitui em um celeiro de oportunidades para investidores locais e investidores externos. A indústria se adaptou às condições de mercado local e passou a oferecer produtos de acordo com as características necessárias para que os empreendimentos pudessem obter êxito, em uma área onde predomina o público de baixa renda.

Contudo, há de fato dois Nordestes: o Nordeste das capitais e o resto do Nordeste. O Nordeste das capitais e suas áreas de influência apresenta padrões de renda e consumo semelhantes aos padrões médios das áreas mais desenvolvidas no país, e enseja uma oferta compatível com este perfil de demanda. O restante da região, com a possível exceção de áreas de desenvolvimento isoladas com padrões de renda e consumo semelhantes aos das capitais, como Petrolina (PE), Barreiras (BA) e Balsas (MA), apresentam um perfil de renda muito abaixo da média nacional, bem como uma estrutura sócio-cultural que enseja uma oferta de produtos com características por vezes bastante distintas das observadas nas capitais e centros dinâmicos.

Dentro da indústria química, um dos setores onde os impactos desta diferenciação de mercados é mais sentido, é o de produtos de limpeza e cosméticos. Apesar de algumas indústrias deste segmento apresentarem produtos sem nenhum tipo de afinidade, parte significativa deste segmento é orientado para produtos destinados diretamente ao uso pessoal, como sabonetes, sabões, pastas de dentes, perfumes, etc.

Uma particularidade destes mercados é que, apesar de se tratarem de produtos com tecnologias de produção relativamente simples, a elevada demanda permitiu às empresas investirem em economia de escala que derrubaram os preços e inviabilizou a presença dos pequenos produtores nos principais mercados, estratégia esta acompanhada geralmente por elaboradas campanhas de marketing.

Considerando o grande porte dos principais estabelecimentos industriais, a melhor solução de logística seria concentrá-los nos distritos industriais dos principais mercados e distribuir o produto para os demais centros de consumo, a partir das necessidades da demanda. Como será visto a seguir, este será, precisamente, o retrato do cluster de produtos de limpeza e cosméticos em Pernambuco.

2. Dimensão espacial do cluster de produtos de limpeza e cosméticos em Pernambuco

O cluster de produtos de limpeza e cosméticos é uma segmentação da indústria química, onde a presença velada ou não do grande capital, aparece como predominante. Em alguns produtos, como no caso dos sabões de uso pessoal e das pastas de dente, o controle do mercado é quase que totalmente exercido por empresas multinacionais, o que não impede, no entanto, que algumas pequenas empresas permaneçam no mercado, explorando segmentos do mesmo, considerados não atraentes pelos grandes produtores.

A figura 13.1 apresenta um diagrama de atividades sintético da integração dos diferentes segmentos deste cluster, segundo a sua presença em Pernambuco. Os nós iniciais desta integração, que constitui um dos fundamentos da clusterização do setor no Estado, são a integração com a indústria química e com a indústria do álcool, largamente difundidas na região.

Os produtos de limpeza e cosméticos são essencialmente produtos químicos para uso humano ou industrial, cujas principais características são, no caso de produtos de limpeza, de atuarem como solventes, e no caso dos cosméticos de apresentarem características olfativas e visuais que sejam consideradas agradáveis para os consumidores.

No segmento dos produtos de limpeza, os sabões e saponáceos são os principais produtos, enquanto os chamados produtos “multiuso” dividem o mercado com o próprio álcool, atualmente o produto de limpeza “multiuso” mais utilizado e também o de menor preço. Este segmento deverá sofrer, contudo, uma reestruturação com a recente proibição da comercialização do álcool em forma líquida para uso doméstico, substituído pelo álcool em gel, o que provavelmente irá eliminar uma das poucas oportunidades de negócio para a pequena indústria neste segmento onde predomina a grande empresa.

O próprio álcool também é parte essencial na indústria de cosméticos, sendo o meio de diluição mais difundido, devido às suas características físicas e econômicas. A substituição do álcool entre perfumes e outros cosméticos pode ser feita somente a elevado custo unitário, o que torna estes produtos normalmente direcionados para nichos específicos de mercado.

Figura 13.1

Cluster de produtos de limpeza e cosméticos

Diagrama de atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Como indicado pela figura 13.1 acima, o cluster tem dois braços específicos que são ligados pelo direcionamento dos produtos, linhas de distribuição e de comercialização.

O segmento de produtos de limpeza em Pernambuco se constitui da produção de sabões e detergentes e na fabricação de produtos “multiuso” para limpeza e produtos para polimento. Estes produtos são comercializados, normalmente, no varejo, muitas vezes em mercados e supermercados.

O braço de cosméticos se subdivide entre a fabricação de perfumes e, em menor escala, a fabricação de cosméticos em geral. A fabricação de perfumes tem como principais insumos, em Pernambuco, o álcool e o uso de essências aromatizantes, geralmente adquiridas em outros estados. Ao contrário da indústria do segmento de limpeza, contudo, a perfumaria é um segmento onde a pequena empresa pode encontrar condições para prosperar, principalmente devido a ser um segmento onde predomina a concorrência monopolística. De fato, este é o perfil do segmento em Pernambuco.

O mapa 13.1 apresenta a distribuição espacial do cluster de perfumaria e cosméticos em Pernambuco. Como pode ser facilmente observado, o cluster se situa totalmente na RMR, à exceção da presença de algumas indústrias de fabricação de sabões.

Mapa 13.1

Cluster de perfumaria e produtos de limpeza

A concentração do setor nestes centros pode ser explicada por aspectos de mercado, relacionados com a presença dos consumidores e da renda. A RMR, isoladamente, representa cerca de 65% da renda total do Estado, considerando como proxy a renda dos chefes dos domicílios, dados recentemente divulgados pelo IBGE para o ano de 2000. Além disto, esta região concentra 44% do total da população do Estado, cuja renda média do chefe do domicílio é 47% superior à média do Estado. De fato, todas as mesorregiões apresentam uma renda média pelo menos 15% menor que a média do Estado, à exceção da RMR. Neste sentido, a RMR concentra basicamente a maior parte do mercado consumidor para os produtos do referido cluster. Este fato é particularmente relevante em relação ao município do Recife, que possui a mais alta renda média para os chefes de domicílio nas capitais do Nordeste, de R$ 1.024,00 contra a mesma renda de R$ 1.480,00 na cidade de São Paulo, o principal referencial em termos do mercado nacional.

Isto não significa que as demais áreas do Estado não apresentem potencial de consumo, mas do ponto de vista do atual padrão tecnológico e, principalmente, da escala necessária para a rentabilidade do negócio, torna-se inviável deslocar as plantas para áreas que apesar de oferecerem incentivos fiscais e, por vezes financeiros, não apresentam condições para o desenvolvimento de um sistema de distribuição eficiente.

3. Indicadores gerais do cluster de cosméticos e produtos de limpeza em Pernambuco

O cluster de cosméticos e produtos de limpeza em Pernambuco é concentrado, principalmente, nas cidades de Recife, Paulista e Igarassu, sendo que os cinco municípios da Região Metropolitana representam 95% do total do emprego no cluster.

Tabela 13.1

Cluster de cosméticos e produtos de limpeza em Pernambuco

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cosméticos e |% |% Acumulada |Fabricação de|Fabricação de |Fabricação de|Comércio |

| |Prod. de | | |sabões, |produtos de |artigos de |atacadista de |

| |Limpeza | | |sabonetes e |limpeza e |perfumaria e |cosméticos e |

| | | | |detergentes |polimento |cosméticos |produtos de |

| | | | |sintéticos | | |perfumaria |

|Paulista |898 |24,53% |69,43% |3 |887 |8 |0 |

|Igarassu |708 |19,34% |88,77% |212 |496 |0 |0 |

|Olinda |143 |3,91% |92,68% |13 |101 |2 |27 |

|Jaboatão dos Guararapes |88 |2,40% |95,08% |24 |45 |4 |15 |

|Petrolina |21 |0,57% |95,66% |21 |0 |0 |0 |

|Outros |159 |4,34% |100,00% |71 |51 |8 |29 |

|Pernambuco |3661 |100,00% | - |877 |1922 |219 |643 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A participação do município de Petrolina se resume à presença de produção de produtos de limpeza, com um pequeno volume de emprego e, com isto, uma participação que seria, em grande parte, desagregada do cluster. O município de Recife, por sua vez, apresenta elevado volume de emprego em todos as atividades componentes do cluster.

A tabela 13.2 a seguir apresenta o número de estabelecimentos para o cluster como um todo e para cada atividade. Como pode ser observado, há um elevado número de estabelecimentos em Recife (70) versus um número relativamente pequeno nos demais municípios. Este fato pode ser explicado pela presença da microempresa, principalmente no segmento de perfumaria, em Recife, um dos poucos segmentos no cluster onde este tipo de arranjo se mostra competitivo.

Tabela 13.2

Cluster de cosméticos e produtos de limpeza em Pernambuco

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cosméticos e |Fabricação de sabões, |Fabricação de |Fabricação de |Comércio |Total de |

| |Prod. de |sabonetes e |produtos de |artigos de |atacadista de |Estabelecimentos |

| |Limpeza |detergentes sintéticos|limpeza e |perfumaria e |cosméticos e | |

| | | |polimento |cosméticos |produtos de | |

| | | | | |perfumaria | |

|Recife |70 |9 |8 |7 |46 |23987 |

|Paulista |4 |1 |2 |1 |0 |1241 |

|Igarassu |2 |1 |1 |0 |0 |389 |

|Olinda |11 |3 |2 |2 |4 |2548 |

|Jaboatão dos Guararapes |13 |4 |2 |1 |6 |3330 |

|Petrolina |1 |1 |0 |0 |0 |2290 |

|Outros |31 |10 |10 |2 |9 |19953 |

|Pernambuco |132 |29 |25 |13 |65 |53738 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 13.3, a seguir, apresenta os valores para a participação no emprego municipal do cluster de cosméticos e produtos e limpeza nos municípios em que o mesmo se faz presente. Devido ao pequeno volume de emprego desta atividade, o setor é pouco significante em quase todos os municípios, em termos de empregos, à exceção de Igarassu e de Paulista, ambas cidades que oferecem incentivos para a instalação de unidades fabris.

Tabela 13.3

Participação do cluster de cosméticos e produtos de limpeza no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cosméticos e Prod.|Fabricação de |Fabricação de |Fabricação de |Comércio |

| |de Limpeza |sabões, sabonetes e |produtos de limpeza|artigos de |atacadista de |

| | |detergentes |e polimento |perfumaria e |cosméticos e |

| | |sintéticos | |cosméticos |produtos de |

| | | | | |perfumaria |

|Recife |0,36% |0,12% |0,08% |0,04% |0,13% |

|Paulista |5,04% |0,02% |4,97% |0,04% |0,00% |

|Igarassu |7,41% |2,22% |5,19% |0,00% |0,00% |

|Olinda |0,33% |0,03% |0,23% |0,00% |0,06% |

|Jaboatão dos Guararapes |0,18% |0,05% |0,09% |0,01% |0,03% |

|Petrolina |0,09% |0,09% |0,00% |0,00% |0,00% |

|Pernambuco |0,41% |0,10% |0,22% |0,02% |0,07% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 13.4 apresenta um indicador do porte dos municípios envolvidos neste cluster. Os valores apresentados para 2000 sugerem que as principais indústrias encontram-se instaladas na Região Metropolitana do Recife, e mais especificamente, nos municípios de Paulista e Igarassu. Nos demais municípios, os dados indicam a presença de pequenas empresas que são provavelmente orientadas para os segmentos locais de baixa renda.

Tabela 13.4

Cluster de cosméticos e produtos de limpeza em Pernambuco

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cosméticos e Prod.|Fabricação de |Fabricação de |Fabricação de |Comércio atacadista|

| |de Limpeza |sabões, sabonetes e |produtos de limpeza |artigos de |de cosméticos e |

| | |detergentes |e polimento |perfumaria e |produtos de |

| | |sintéticos | |cosméticos |perfumaria |

|Recife |23,49 |59,22 |42,75 |28,14 |12,43 |

|Paulista |224,50 |3,00 |443,50 |8,00 | - |

|Igarassu |354,00 |212,00 |496,00 | - | - |

|Olinda |13,00 |4,33 |50,50 |1,00 |6,75 |

|Jaboatão dos Guararapes |6,77 |6,00 |22,50 |4,00 |2,50 |

|Petrolina |21,00 |21,00 | - | - | - |

|Outros |5,13 |7,10 |5,10 |4,00 |3,22 |

|Pernambuco |27,73 |30,24 |76,88 |16,85 |9,89 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

O cluster de cosméticos e material de limpeza é mais um dos clusters que vem se desenvolvendo em Pernambuco ao longo dos últimos anos, desenvolvimento este orientado para o aproveitamento do mercado local, regional e, em muitos casos, do mercado nacional, a partir das amplas condições encontradas no Estado para o escoamento da produção.

4. Indicadores específicos do cluster de cosméticos e produtos de limpeza

Os indicadores específicos do cluster de cosméticos e produtos de limpeza se referem ao seu posicionamento frente ao mercado, sua tecnologia e sua integração com os mercados de insumos e com o mercado final. Também são apresentados indicadores quanto a perspectiva de crescimento do setor e dos municípios em que as empresas estão instaladas, bem como as perspectivas do setor quanto ao papel da duplicação da BR 232, em relação ao crescimento da economia do município e da própria atividade.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração com o mercado

O setor de cosméticos e produtos de limpeza apresenta uma demanda genérica por alguns produtos disponíveis em diversas localidades, como o álcool por exemplo, mas apresenta demandas específicas, que somente podem ser supridas por empresas especializadas, como por exemplo, as essências.

Segundo os empresários do setor, cerca de 50% dos insumos produtivos necessários, são adquiridos em Pernambuco, enquanto outros 50% são adquiridos em estados fora da região Nordeste, indicando que o setor apresenta um nível de integração relativamente baixo com a economia local, em termos da compra de insumos.

Apesar de parte significativa dos insumos ser comprada fora de Pernambuco, toda a mão-de-obra utilizada na produção e os serviços necessários às empresas são obtidos dentro dos próprios municípios onde se localizam os estabelecimentos.

4.2. Competitividade

Segundo os próprios empresários, o mercado apresenta empresas líderes e segundo 80% dos participantes do cluster em Pernambuco, suas empresas são as próprias líderes ou dividem a liderança em seus mercados de atuação.

O perfil do mercado depende de sua segmentação; enquanto 60% dos empresários afirmam que em seus segmentos existem apenas pequenas e médias empresas, outros 40% dos empresários que atuam em segmentos mais rentáveis e atraentes afirmam que o mercado é oligopolizado.

Uma vez que o mercado é separado em segmentos distintos, seria natural que as opiniões em termos da competitividade das atividades desempenhadas nos municípios também fossem distintas. De fato, 40% dos empresários consideram que a competitividade de seu segmento é elevada enquanto outros 20% consideram que a mesma é no mínimo regular. No entanto, outros 40% consideram que em seus segmentos, a competitividade é baixa ou muito baixa.

4.3. Tecnologia

Dentre os empresários entrevistados no setor de cosméticos e produtos de limpeza, cerca de 40% consideram que utilizam as tecnologias e processos de produção mais modernos, enquanto outros 20% consideram que suas tecnologias e processos estão entre os mais modernos existentes, o que caracterizaria, a princípio, o setor como de alta competitividade. Mesmos os demais 40% dos empresários consideram que a tecnologia empregada em seu segmento não seria moderna, mas ainda seria atual.

Apesar do setor utilizar tecnologias modernas, a maior parte dos empresários, 60%, considera que as mesmas não são as mais adequadas, dada a realidade local e sendo apenas suficientes, enquanto outros 40% consideram que são as mais adequadas. Isto pode significar que o setor tem excesso de capacidade instalada ou a escala de produção não comporta as tecnologias mais avançadas.

4.4. Amplitude do mercado

As indústrias do setor de cosméticos e produtos de limpeza apresentam elevada amplitude de mercado, com elevada integração regional, em termos de venda de produtos. Segundo os empresários do setor, apenas 38% da produção é comercializada dentro do município, enquanto 42% são comercializados em Pernambuco e outros 10% no resto do país. O setor, no entanto, ainda não passou a explorar o mercado externo.

4.5. Importância da BR 232

4.5.1. Importância e impactos para a atividade

Em torno de 60% dos entrevistados consideraram que a duplicação da BR 232 irá trazer impactos médios para o setor de cosméticos e produtos de limpeza, enquanto 20% acreditavam que não haverá qualquer impacto e 20% não souberam responder.

Dentre os que consideram que os impactos serão positivos, 25% acreditam que isto se dará pelo maior acesso aos principais mercados da região, enquanto 50% acham que a redução no tempo de recebimento dos insumos será o fator preponderante. Outros 25% acreditam que os principais impactos se darão pela redução no tempo de entrega das mercadorias, o que iria contribuir para a satisfação dos clientes deste setor, que comercializam mais de 60% de sua produção fora do local de origem.

4.5.2. Importância e impactos para o município

Em torno de 80% dos entrevistados no setor de cosméticos e produtos de limpeza consideram que a duplicação da BR 232 irá trazer impactos significativos para a economia dos municípios onde se localizam seus estabelecimentos, mas apenas 20% consideram que estes impactos sejam elevados. No entanto, nenhum dos empresários consideram que o impacto seja nulo.

4.6. Perspectivas de crescimento

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade

Todos os empresários entrevistados consideraram que a perspectiva de crescimento de seu setor é positiva e 80% deles acreditam que estas perspectivas sejam ótimas (40%) e boas (40%). Este resultado indica que o setor, além de contar com uma base tecnológica instalada de elevada qualidade, conta para sua expansão com as expectativas positivas de seus integrantes.

Para 40% dos empresários estas expectativas podem estar relacionadas ao fato do setor ter crescido ao menos 50% nos últimos cinco anos, o que seria uma taxa significativamente superior à verificada para a economia brasileira como um todo. Para cerca de 20% dos empresários, no entanto, o crescimento nos últimos cinco anos foi ainda maior, entre 50% e 100% e isto explicaria porque expectativas tão otimistas para o crescimento do setor. Os demais 40% dos entrevistados não souberam caracterizar a expansão do setor.

Quando questionados sobre o desenvolvimento recente do setor, nos últimos dois anos, 40% acreditam que o mesmo cresceu entre 50% e 100%, e outros 40% acham que este crescimento foi positivo mas inferior a 50%. Isto sugere que o desenvolvimento do setor de perfumaria e produtos de limpeza é recente, e que a clusterização pode ter sido uma das causas.

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município

As expectativas otimistas dos empresários do setor de cosméticos e produtos de limpeza não se estendem à dinâmica econômica dos municípios onde se localizam os seus estabelecimentos. Nenhum entrevistado acredita que a economia de seus municípios irá crescer mais que a média estadual e, de fato, apenas 20% acredita que crescerá tanto quanto a média estadual.

Para 60% dos entrevistados, a economia dos municípios crescerá menos ou muito menos que a média de Pernambuco nos próximos cinco anos, outros 20% crêem que a economia em seus municípios não irá crescer. Considerando as expectativas dos empresários quanto a seu próprio setor, este resultado sugere que os mesmos consideram que suas atividades são muito pouco relevantes para a economia do município.

Em torno de 60% dos empresários consideram que o principal problema para a economia de seus municípios é a falta de crédito, seguida por fatores climáticos e por problemas causados pela falta de visão dos agentes produtivos. Outros motivos citados foram a falta de incentivo do governo, o baixo nível educacional da população, a falta de fábricas e a falta de estradas para o escoamento da produção.

CAPÍTULO 14

O CLUSTER DE MÓVEIS

1. Introdução

A indústria de móveis tradicionais em Pernambuco vem apresentando um excelente desempenho nos últimos anos, principalmente a partir dos móveis de madeira em estilo colonial provenientes do município de Gravatá, na região Agreste, e de suas vizinhanças. Apesar da presença de fabricação de móveis metálicos no Estado, em indústrias há muito estabelecidas, foi à indústria artesanal de móveis de madeira que projetou o Estado nacionalmente, não apenas pela grande variedade de peças que estão sendo oferecidas, mas também pela qualidade do material que é empregado.

Historicamente, o Estado de Pernambuco não tem tradição neste tipo de indústria, sendo a produção local proveniente, em quase sua totalidade, de pequenas e médias oficinas, posteriormente substituídas pelas marcenarias em todo o Estado. Tipicamente, em Pernambuco, assim como nos demais estados do Nordeste, as oficinas e marcenarias efetuavam serviços sob encomenda ou trabalhos de restauração para particulares. O serviço apresentava reduzida dimensão, mas grande difusão ao longo do Estado, sendo difícil ocorrer um único município onde não houvesse ao menos uma marcenaria ou um marceneiro que ali trabalhasse.

As empresas que são especializadas na distribuição e comercialização de móveis prontos deram, e ainda dão, preferência às grandes fábricas de móveis nacionais, sendo pouco comum a presença de móveis de origem local no grande comércio. As razões para esta preferência são de origem econômica, pois esta mercadoria apresenta melhores preços, maiores garantias e, em geral, margens de lucros mais elevadas. Esta última vantagem se deve ao fato que o setor artesanal local utiliza, em larga margem, a madeira bruta, enquanto a grande indústria de móveis utiliza a madeira aglomerada e, quando muito, algumas peças em madeira compensada.

Apesar da diferença em termos de material, a maior flexibilidade da madeira processada permite um melhor controle na fabricação das peças e a economia de escala, reduzindo ainda mais os custos, onde a aparência final do produto sugere que os mesmos sejam de madeira bruta, elevando as expectativas da demanda quanto à qualidade do produto.

Contudo, os artesãos locais foram capazes de perceber uma sinalização da demanda para móveis rústicos, que são de fabricação relativamente simples e dependem, basicamente, de oferta de madeira e de mão-de-obra, esta especificamente qualificada. Desta forma, dois setores de fabricação de móveis se desenvolveram recentemente no Estado, o setor de móveis rústicos, basicamente montagens e madeira bruta, e a indústria de móveis propriamente dita, que se utiliza de processos de produção relativamente modernos.

2. Dimensão espacial do cluster de móveis

Uma particularidade do Estado de Pernambuco em relação ao desenvolvimento da produção de móveis é que, de fato, o Estado não possui nenhuma área produtora de madeira. Toda a matéria prima básica para o principal segmento do setor de móveis é trazida de outras regiões. Segue que a localização desta indústria depende, em grande parte, de um problema de logística de recebimento/distribuição. As fábricas e oficinas precisam se localizar em pontos onde seja viável o recebimento de matéria prima e, ao mesmo tempo, os custos de transporte do produto acabado não eliminem a competitividade do mesmo.

A solução seria se instalar nos grandes centros onde existe acesso facilitado para o recebimento de matéria prima, e onde parte da produção pode ser comercializada. Este problema também existe em relação aos móveis feitos com chapas metálicas e, em ambos os casos, a solução foi a mesma, migrar a grande indústria para os centros populacionais, enquanto a indústria tradicional floresceu nas cidades médias ao longo da BR 232, principal rodovia por onde entra a matéria prima no Estado. A figura 14.1, a seguir, ilustra a cadeia de atividade padrão da indústria de móveis em Pernambuco.

Figura 14.1

Cluster de móveis

Diagrama de atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

Como indicado na figura 14.1, a cadeia de atividades da indústria de móveis no Estado é relativamente simples e orientada diretamente ao consumidor, embora haja também a presença de intermediários. Os grandes centros urbanos de Pernambuco estão entre os principais centros comerciais do Nordeste e a presença de estabelecimentos especializados em móveis e outros produtos de uso doméstico é comum em todos estes centros.

Contudo, ocorre uma clara separação entre as lojas que comercializam produtos industrializados e as que comercializam os produtos da indústria artesanal local. Não que a indústria local seja apenas artesanal, mas um dos produtos que mais despontou nos últimos anos, como opção para as pequenas e médias cidades de Pernambuco, é comercializado no próprio Estado, basicamente, em lojas especializadas que são voltadas para o mercado de baixa renda.

De fato, o produto pode ser encontrado à beira da estrada, a partir do município de Caruaru e, apesar de ser um produto artesanal com qualidade razoável, em geral, é vendido a preços muito reduzidos, obrigando os produtores a trabalharem com baixa rentabilidade e, desta forma, o impacto da expansão do setor na economia, é substancialmente reduzido. O mapa 14.1 apresenta a distribuição espacial do segmento competitivo da indústria de móveis em Pernambuco.

Figura 14.2

Cluster de indústria moveleira

Como pode ser visualizado pelo mapa apresentado, a indústria de móveis é dispersa ao longo de diversos municípios, notadamente ao longo da Zona da Mata. A dispersão espacial indica um perfil já esperado para esta indústria, ante a simplicidade das técnicas utilizadas, embora, devido a questões de custos haja uma forte tendência para que o setor venha a se concentrar nos grandes centros.

Dada a potencialidade da indústria de móveis, do elevado número de empresas e das respostas positivas da demanda, tanto local quanto regional, o setor se aglomera, cada vez mais, em pequenas áreas em busca de economias de escala e vantagens competitivas, criando assim, a forma embrionária do cluster da indústria de móveis em Pernambuco.

3. Indicadores gerais do cluster de móveis em Pernambuco

Sendo uma indústria de tecnologia simples, onde mesmo a ação individual pode resultar em todo o processo de produção, o cluster de móveis, como indicado, é bastante disperso pelo Estado de Pernambuco, tendo sido registrada sua ocorrência em 35 municípios como indicado pela tabela 14.1. Este é um número elevado, um dos maiores em termos de dispersão dentre todos os clusters industriais.

Uma análise mais detalhada da tabela 14.1, no entanto, revela que, apesar de estar presente em um grande número de municípios, o cluster de móveis registra 52% do emprego direto em cinco municípios, sendo um no Agreste (Caruaru) e os demais na RMR, e esta distribuição é reflexo das condições sócio-econômicas destas regiões, bem como da infra-estrutura disponível.

Os demais 30 municípios onde o cluster de móveis se faz presente dividem o resto da produção com parcelas relativamente pequenas do mercado, sendo o maior o de Petrolina, com pouco mais de 3%. A indústria de móveis da RMR, contudo, é significativamente diferente da ocorrente nos demais municípios, não apenas no tipo de mobiliário produzido, mas também em relação aos processos de produção adotados.

De certa forma, parte significativa do cluster de móveis em Pernambuco está segmentado no mercado de artesanato e não no de móveis. Ocorre que, sem a devida articulação, o produto termina por chegar ao consumidor como mobiliário de baixa qualidade e baixo preço. Um exemplo típico é que peças produzidas no município de Gravatá são negociadas à beira da estrada, enquanto outras semelhantes, podem ser encontradas nos antiquários da cidade bem como em lojas da periferia de Recife. Sem um padrão definido para o consumidor, o produto termina por ser depreciado, e é neste sentido, que a estratégia de cluster vem tomando força, de forma a permitir uma ação integrada dos produtores em termos do marketing do produto.

Tabela 14.1

Cluster de movelaria

Emprego direto registrado – 2000

|MUNICIPIOS |Móveis |% |% Acumulada |Fabricação de móveis|Fabricação de móveis|Fabricação de |Comércio de |

| | | | |com predominância de|com predominância de|móveis de outros|Móveis |

| | | | |madeira |metal |materiais | |

|Jaboatão dos Guararapes |445 |5,77% |40,80% |156 |3 |61 |225 |

|Caruaru |366 |4,75% |45,55% |36 |10 |0 |320 |

|Olinda |256 |3,32% |48,87% |99 |17 |0 |140 |

|Cabo de Santo Agostinho |253 |3,28% |52,15% |0 |21 |54 |178 |

|Petrolina |243 |3,15% |55,30% |13 |70 |0 |160 |

|João Alfredo |239 |3,10% |58,40% |212 |16 |8 |3 |

|Vitória de Santo Antão |220 |2,85% |61,26% |33 |0 |20 |167 |

|Gravatá |174 |2,26% |63,51% |53 |0 |47 |74 |

|Garanhuns |160 |2,08% |65,59% |68 |0 |0 |92 |

|Paulista |149 |1,93% |67,52% |4 |37 |1 |107 |

|Tacaimbó |133 |1,73% |69,25% |99 |25 |0 |9 |

|Carpina |128 |1,66% |70,91% |4 |3 |0 |121 |

|Abreu e Lima |112 |1,45% |72,36% |49 |0 |0 |63 |

|Salgueiro |101 |1,31% |73,67% |24 |0 |0 |77 |

|Serra Talhada |100 |1,30% |74,97% |13 |0 |9 |78 |

|Igarassu |95 |1,23% |76,20% |58 |0 |0 |37 |

|Palmares |88 |1,14% |77,34% |10 |0 |0 |78 |

|Lajedo |87 |1,13% |78,47% |18 |45 |22 |2 |

|Pesqueira |87 |1,13% |79,60% |40 |0 |0 |47 |

|Limoeiro |85 |1,10% |80,70% |0 |0 |0 |85 |

|Camaragibe |84 |1,09% |81,79% |41 |1 |0 |42 |

|Escada |81 |1,05% |82,84% |30 |0 |1 |50 |

|Timbaúba |81 |1,05% |83,89% |0 |0 |0 |81 |

|Arcoverde |71 |0,92% |84,81% |0 |0 |0 |71 |

|Surubim |69 |0,89% |85,71% |13 |0 |0 |56 |

|Santa Cruz do Capibaribe |68 |0,88% |86,59% |0 |0 |0 |68 |

|Araripina |66 |0,86% |87,44% |0 |0 |0 |66 |

|Barreiros |62 |0,80% |88,25% |0 |0 |0 |62 |

|Itambé |47 |0,61% |88,86% |28 |0 |0 |19 |

|São Lourenço da Mata |46 |0,60% |89,46% |22 |0 |0 |24 |

|Itapissuma |43 |0,56% |90,01% |0 |36 |0 |7 |

|Ferreiros |42 |0,54% |90,56% |39 |0 |0 |3 |

|Rio Formoso |18 |0,23% |90,79% |13 |0 |0 |5 |

|Lagoa do Carro |11 |0,14% |90,93% |0 |11 |0 |0 |

|Outros |699 |9,07% |100,00% |44 |11 |12 |632 |

|Pernambuco |7710 |100,00% |- |1930 |447 |294 |5039 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A tabela 14.2, a seguir, apresenta a distribuição do cluster em termos do número de estabelecimentos nos municípios. As informações apresentadas indicam que o número de indústrias e estabelecimentos comerciais em Recife é muito superior ao encontrado nos demais municípios.

Tabela 14.2

Cluster de movelaria

Número de estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster de |Fabricação de moveis|Fabricação de |Fabricação de |Comércio de|Total de |

| |Móveis |com predominância de|moveis com |moveis de |Móveis |Estabelecimentos |

| | |madeira |predominância de |outros | | |

| | | |metal |materiais | | |

|Recife |462 |59 |11 |10 |382 |23987 |

|Jaboatão dos Guararapes |82 |11 |2 |4 |65 |3330 |

|Caruaru |63 |5 |1 |0 |57 |2724 |

|Olinda |62 |19 |2 |0 |41 |2548 |

|Cabo de Santo Agostinho |31 |0 |2 |2 |27 |704 |

|Petrolina |49 |2 |5 |0 |42 |2290 |

|João Alfredo |20 |17 |1 |1 |1 |73 |

|Vitória de Santo Antão |42 |9 |0 |2 |31 |716 |

|Gravatá |34 |13 |0 |1 |20 |516 |

|Garanhuns |23 |7 |0 |0 |16 |1048 |

|Paulista |48 |1 |6 |1 |40 |1241 |

|Tacaimbó |3 |1 |1 |0 |1 |26 |

|Carpina |24 |2 |1 |0 |21 |518 |

|Abreu e Lima |24 |4 |0 |0 |20 |343 |

|Salgueiro |13 |3 |0 |0 |10 |313 |

|Serra Talhada |16 |2 |0 |2 |12 |541 |

|Igarassu |16 |2 |0 |0 |14 |389 |

|Palmares |19 |2 |0 |0 |17 |353 |

|Lajedo |16 |2 |9 |3 |2 |171 |

|Pesqueira |20 |5 |0 |0 |15 |401 |

|Limoeiro |19 |0 |0 |0 |19 |450 |

|Camaragibe |21 |7 |1 |0 |13 |533 |

|Escada |17 |6 |0 |1 |10 |229 |

|Timbaúba |17 |0 |0 |0 |17 |387 |

|Arcoverde |15 |0 |0 |0 |15 |574 |

|Surubim |16 |2 |0 |0 |14 |290 |

|Santa Cruz do Capibaribe |12 |0 |0 |0 |12 |372 |

|Araripina |13 |1 |0 |0 |12 |347 |

|Barreiros |12 |0 |0 |0 |12 |212 |

|Itambé |8 |1 |0 |0 |7 |158 |

|São Lourenço da Mata |8 |2 |0 |0 |6 |223 |

|Itapissuma |5 |0 |1 |0 |4 |52 |

|Ferreiros |4 |1 |0 |0 |3 |43 |

|Rio Formoso |3 |1 |0 |0 |2 |70 |

|Lagoa do Carro |1 |0 |1 |0 |0 |51 |

|Outros |245 |17 |4 |2 |222 |7515 |

|Pernambuco |1483 |204 |48 |29 |1202 |53738 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Mesmo retirando os estabelecimentos comerciais, a cidade do Recife continua sendo a de maior número de empresas de móveis no Estado, seguida por Caruaru e Olinda. Com base nesta informação é possível concluir que há uma profusão de pequenas e microempresas no setor. A tabela 14.3 apresenta a concentração de emprego setorial no município.

Tabela 14.3

Cluster de movelaria

Participação no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster de|Fabricação de móveis com |Fabricação de móveis |Fabricação de |Comércio de |

| |Móveis |predominância de madeira |com predominância de |móveis de outros |Móveis |

| | | |metal |materiais | |

|Recife |0,60% |0,16% |0,03% |0,01% |0,39% |

|Jaboatão dos Guararapes |0,89% |0,31% |0,01% |0,12% |0,45% |

|Caruaru |1,75% |0,17% |0,05% |0,00% |1,53% |

|Olinda |0,58% |0,23% |0,04% |0,00% |0,32% |

|Cabo de Santo Agostinho |1,76% |0,00% |0,15% |0,37% |1,24% |

|Petrolina |1,02% |0,05% |0,29% |0,00% |0,67% |

|João Alfredo |35,25% |31,27% |2,36% |1,18% |0,44% |

|Vitória de Santo Antão |2,85% |0,43% |0,00% |0,26% |2,16% |

|Gravatá |5,05% |1,54% |0,00% |1,37% |2,15% |

|Garanhuns |1,83% |0,78% |0,00% |0,00% |1,05% |

|Paulista |0,84% |0,02% |0,21% |0,01% |0,60% |

|Tacaimbó |23,25% |17,31% |4,37% |0,00% |1,57% |

|Carpina |2,75% |0,09% |0,06% |0,00% |2,59% |

|Abreu e Lima |1,79% |0,78% |0,00% |0,00% |1,01% |

|Salgueiro |3,92% |0,93% |0,00% |0,00% |2,99% |

|Serra Talhada |2,19% |0,28% |0,00% |0,20% |1,71% |

|Igarassu |0,99% |0,61% |0,00% |0,00% |0,39% |

|Palmares |2,95% |0,34% |0,00% |0,00% |2,61% |

|Lajedo |6,44% |1,33% |3,33% |1,63% |0,15% |

|Pesqueira |2,81% |1,29% |0,00% |0,00% |1,52% |

|Limoeiro |2,71% |0,00% |0,00% |0,00% |2,71% |

|Camaragibe |1,24% |0,61% |0,01% |0,00% |0,62% |

|Escada |1,52% |0,56% |0,00% |0,02% |0,94% |

|Timbaúba |1,41% |0,00% |0,00% |0,00% |1,41% |

|Arcoverde |1,79% |0,00% |0,00% |0,00% |1,79% |

|Surubim |2,84% |0,53% |0,00% |0,00% |2,30% |

|Santa Cruz do Capibaribe |3,08% |0,00% |0,00% |0,00% |3,08% |

|Araripina |2,08% |0,00% |0,00% |0,00% |2,08% |

|Barreiros |2,54% |0,00% |0,00% |0,00% |2,54% |

|Itambé |2,22% |1,32% |0,00% |0,00% |0,90% |

|São Lourenço da Mata |1,00% |0,48% |0,00% |0,00% |0,52% |

|Itapissuma |2,06% |0,00% |1,73% |0,00% |0,34% |

|Ferreiros |5,68% |5,27% |0,00% |0,00% |0,41% |

|Rio Formoso |0,32% |0,23% |0,00% |0,00% |0,09% |

|Lagoa do Carro |1,60% |0,00% |1,60% |0,00% |0,00% |

|Pernambuco |0,79% |0,21% |0,05% |0,03% |0,50% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Com uma participação de apenas 0,8% no emprego total do Estado, o cluster de móveis mostra importância relativamente pequena para a formação do emprego nos municípios onde está presente. Contudo, dado o caráter informal do trabalho artesanal, é possível que este indicador esteja subestimando a importância do setor. A próxima tabela apresenta o indicador de porte dos estabelecimentos.

Tabela 14.4

Cluster de movelaria

Empregados por estabelecimento – 2000

|MUNICIPIOS |Móveis |Fabricação de móveis com |Fabricação de móveis com |Fabricação de |Comércio de |

| | |predominância de madeira |predominância de metal |móveis de outros |Móveis |

| | | | |materiais | |

|Recife |5,85 |12,05 |12,82 |5,90 |4,69 |

|Jaboatão dos Guararapes |5,43 |14,18 |1,50 |15,25 |3,46 |

|Caruaru |5,81 |7,20 |10,00 |- |5,61 |

|Olinda |4,13 |5,21 |8,50 |- |3,41 |

|Cabo de Santo Agostinho |8,16 |- |10,50 |27,00 |6,59 |

|Petrolina |4,96 |6,50 |14,00 |- |3,81 |

|João Alfredo |11,95 |12,47 |16,00 |8,00 |3,00 |

|Vitória de Santo Antão |5,24 |3,67 |- |10,00 |5,39 |

|Gravatá |5,12 |4,08 |- |47,00 |3,70 |

|Garanhuns |6,96 |9,71 |- |- |5,75 |

|Paulista |3,10 |4,00 |6,17 |1,00 |2,68 |

|Tacaimbó |44,33 |99,00 |25,00 |- |9,00 |

|Carpina |5,33 |2,00 |3,00 |- |5,76 |

|Abreu e Lima |4,67 |12,25 |- |- |3,15 |

|Salgueiro |7,77 |8,00 |- |- |7,70 |

|Serra Talhada |6,25 |6,50 |- |4,50 |6,50 |

|Igarassu |5,94 |29,00 |- |- |2,64 |

|Palmares |4,63 |5,00 |- |- |4,59 |

|Lajedo |5,44 |9,00 |5,00 |7,33 |1,00 |

|Pesqueira |4,35 |8,00 |- |- |3,13 |

|Limoeiro |4,47 |- |- |- |4,47 |

|Camaragibe |4,00 |5,86 |1,00 |- |3,23 |

|Escada |4,76 |5,00 |- |1,00 |5,00 |

|Timbaúba |4,76 |- |- |- |4,76 |

|Arcoverde |4,73 |- |- |- |4,73 |

|Surubim |4,31 |6,50 |- |- |4,00 |

|Santa Cruz do Capibaribe |5,67 |- |- |- |5,67 |

|Araripina |5,08 |- |- |- |5,50 |

|Barreiros |5,17 |- |- |- |5,17 |

|Itambé |5,88 |28,00 |- |- |2,71 |

|São Lourenço da Mata |5,75 |11,00 |- |- |4,00 |

|Itapissuma |8,60 |- |36,00 |- |1,75 |

|Ferreiros |10,50 |39,00 |- |- |1,00 |

|Rio Formoso |6,00 |13,00 |- |- |2,50 |

|Lagoa do Carro |11,00 |- |11,00 |- |- |

|Outros |2,85 |2,59 |2,75 |6,00 |2,85 |

|Pernambuco |5,20 |9,46 |9,31 |10,14 |4,19 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os dados apresentados na tabela 14.4 permitem concluir que, não importando o tipo de indústria ou estabelecimento comercial, o cluster de móveis em Pernambuco é dominado pela microempresa. Apesar da ocorrência de empresas de significativo porte no segmento de móveis, o segmento competitivo local é o da pequena produção artesanal, cujas estratégias conjuntas de desenvolvimento, se conduzidas firmemente, deverão lograr êxito em conferir uma identidade ao produto pernambucano.

4. Indicadores específicos do cluster de movelaria

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que respondiam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades do cluster

Segundo os empresários entrevistados, o cluster de movelaria caracteriza-se por adquirir os seus insumos basicamente de municípios do próprio Estado, sejam do próprio município (5%), de municípios vizinhos (14%), ou daqueles não adjacentes aos municípios-sede das empresas (46%). É válido salientar, entretanto, que 35% dos insumos são importados de outros estados, estando eles situados na própria Região (14%), ou não (21%), o que denotaria uma relativa abertura do Estado quanto à importação de insumos para as empresas deste cluster.

No que tange à utilização de serviços, 97% é obtido no próprio município, gerando um efeito positivo sobre o nível de emprego dos municípios em questão.

4.2. Competitividade

No que tange à estrutura do mercado para o setor de movelaria, parece legítimo afirmar que o setor é bastante heterogêneo. Dos entrevistados, 21% afirmaram que suas empresas eram líderes nos mercados em que atuavam. Semelhante percentual caracterizaria o número de empresas que consideram que suas participações são pequenas em relação ao tamanho do mercado. Ademais, 33% dos entrevistados afirmaram que suas empresas eram uma das principais do mercado, embora não fossem as líderes, enquanto que 25% pensavam ter suas empresas um market share semelhante aos dos demais representantes do setor.

No que tange ao porte das empresas, o cluster abrangeria empresas de todos os portes, pequeno, médio e grande, porém os principais mercados de atuação das mesmas seriam caracterizados, majoritariamente, pela coexistência de pequenas e médias empresas, segundo a opinião de 32% dos entrevistados, ou por pequenas empresas apenas, opinião de 46% dos empresários. É válido ressaltar, ainda, que para 12% dos entrevistados, os principais mercados seriam dominados por uma ou mais grandes empresas.

No que se refere à competitividade nos seus principais mercados de atuação, 82% dos empresários entrevistados afirmaram que tal era elevada (32%) ou regular (50%). Ou seja, segundo os entrevistados, a atividade possui boas condições de competitividade nos municípios-sede das diversas empresas do cluster.

4.3. Tecnologia

Em relação à tecnologia adotada, a heterogeneidade citada anteriormente volta a ser contemplada. Segundo os dados das entrevistas, apenas 4% dos empresários consideram a tecnologia utilizada pelo setor como sendo a mais moderna disponível. Este percentual, diga-se de passagem, poderia corresponder às técnicas de produção das grandes empresas dominantes. No entanto, 26% dos entrevistados, alegam ainda utilizar técnicas pouco modernas para a produção. Quanto às demais empresas, elas poderiam estar utilizando tecnologias ainda atuais, embora não modernas (38%), ou técnicas defasadas, opção citada por 30% dos entrevistados. Assim sendo, pode-se supor que a heterogeneidade verificada quanto à condição das empresas, em seus principais mercados, estariam refletidas nas tecnologias adotadas pelas mesmas. Apesar do explicitado anteriormente quanto à modernidade da tecnologia de produção, 84% dos empresários afirmaram que a tecnologia adotada é suficiente para atender às necessidades de produção da atividade em seus municípios, enquanto que apenas 12% responderam o contrário.

4.4. Amplitude do mercado

De acordo com os entrevistados, o cluster de movelaria atua, predominantemente, visando ao abastecimento do mercado interno, com 80% da produção destinando-se ao mercado consumidor do próprio município. Outra forma de se atestar este fato, deriva-se da constatação de que apenas 4% da produção destina-se a outros estados, demonstrando, assim, que a integração a outros estados se dá, mais intensamente, no que se refere à obtenção de insumos, conforme verificado anteriormente, o que pode causar um desequilíbrio na balança comercial estadual.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

Em relação às opiniões dos empresários entrevistados, no que concerne aos benefícios que a duplicação da BR 232 vai trazer para a economia municipal na qual estão inseridos, as respostas obtidas foram relativamente discrepantes. Enquanto que para 62% dos empresários os benefícios serão elevados ou médios, 33% afirmaram que os benefícios serão reduzidos ou simplesmente não existirão, o que pode, mais uma vez, estar refletindo a heterogeneidade do setor. Esta dispersão também é verificada quando se consideram os benefícios da BR 232 para a atividade de movelaria em si. Enquanto 56% dos empresários possuem uma visão otimista quanto aos benefícios da duplicação da BR 232, 39% mostraram-se descrentes quanto às vantagens de tal obra.

Quando questionados sobre como a duplicação da BR 232 beneficiaria a exploração das atividades ligadas ao cluster, 32% dos entrevistados afirmaram que a duplicação propiciaria um melhor acesso para os clientes; 31% ressaltaram a redução no tempo de recebimento dos produtos; 27% exaltaram a possibilidade de reduzir o tempo de entrega dos produtos e 26% cogitaram sobre a possibilidade de maior acesso aos principais mercados da região. Ou seja, os benefícios da BR 232 concentrar-se-iam, fundamentalmente, na redução de custos de transporte e das melhores condições de comercialização, no que se refere à maior proximidade aos clientes potenciais dos produtos do cluster.

4.6. Perspectivas de crescimento

No que tange ao crescimento recente do cluster, verifica-se que, segundo 70% dos entrevistados, as atividades cresceram até 100% nos últimos cinco anos. Destaca-se, ainda, que para 17% dos entrevistados, o crescimento neste mesmo período foi superior a 200%. Tais percentuais são bastante parecidos aos verificados nos dois últimos anos. Ou seja, no período em questão, poder-se-ia afirmar que o setor vem se expandindo consideravelmente. Apesar desses fatos, os empresários do setor demonstraram-se relativamente desconfiados quanto às perspectivas de crescimento da atividade nos municípios, haja vista que 55% dos entrevistados afirmaram possuir expectativas boas (40%) ou ótimas (11%) para o setor, no decorrer dos próximos 5 anos, enquanto que 34% esperam por um crescimento apenas regular, e 13% consideram as possibilidades do setor como sendo ruins (7%) ou péssimas (6%).

Em relação às perspectivas de crescimento dos municípios onde se situam os estabelecimentos dos empresários, observa-se, mais uma vez, a predominância de uma perspectiva pessimista. Enquanto que para 43% dos entrevistados os municípios crescerão num patamar semelhante à média estadual nos próximos 5 anos, 28% dos empresários esperam que os municípios cresçam a uma taxa inferior à estadual; percentual que equivale quase ao dobro (15%) da verificada para aqueles que vislumbram um crescimento acima do verificado para Pernambuco.

Independentemente da expectativa quanto ao crescimento da economia municipal, os principais empecilhos ao desenvolvimento municipal/regional estaria atrelado à falta de fábricas de processamento e à falta de crédito aos empresários do município/região, fatores mencionados, respectivamente, por 26% e 32% dos entrevistados.

CAPÍTULO 15

O CLUSTER DE LOGÍSTICA

E ARMAZENAMENTO DE PERNAMBUCO

1. Introdução

A partir de uma localização privilegiada dentro da região, tendo, por exemplo, num raio de 300 quilômetros do Recife, a presença de três capitais, dois aeroportos internacionais (Recife e Natal), três aeroportos regionais (João Pessoa, Campina Grande e Maceió), quatro portos internacionais e 12 milhões de pessoas, que respondem por 35% do PIB nordestino, Pernambuco já se habilitaria, do ponto de vista logístico, a uma posição de destaque. Se esse raio for ampliado para 800 quilômetros, tem-se seis capitais, quatro aeroportos internacionais (Recife, Natal, Fortaleza e Salvador), cinco aeroportos regionais (João Pessoa, Campina Grande, Maceió, Aracaju e Petrolina), quatro portos internacionais, um porto fluvial (Petrolina), mais de 30 milhões de pessoas e 90% do PIB da região.

Além da localização que, na verdade, está intimamente relacionada com um mercado potencial que enseja demandas de abastecimento e escoamento de mercadorias, a infra-estrutura de transporte e armazenamento é fator chave, indispensável para o crescimento e consolidação da cadeia de atividades que integram o cluster de logística e armazenamento. Nesse sentido, são de importância fundamental para a viabilidade e dinamização do cluster em questão, os esforços expressivos que o setor público, principalmente o Governo do Estado em parceria com o Governo Federal, vem empreendendo para a melhoria da infra-estrutura de transporte e armazenamento de Pernambuco. Dentre essas iniciativas destacam-se o Complexo Industrial Portuário de Suape, a duplicação da BR-232 e a ampliação e reforma do Aeroporto Internacional dos Guararapes. Além destas, a recuperação, ampliação e integração da malha ferroviária do Nordeste, que seriam viabilizadas pela implementação do projeto da Ferrovia Transnordestina, aumentaria ainda mais a possibilidade de sucesso do cluster.

Outra peculiaridade do cluster de logística e armazenamento é a sua importância estratégica para a competitividade e o conseqüente sucesso de outros clusters da economia de Pernambuco, como por exemplo, o de fruticultura e o pólo gesseiro.

2. Dimensão espacial do cluster de logística e armazenamento

A interação entre as atividades que constituem o cluster e, por sua vez, catalisam um efeito sinérgico que é gerado a partir de economias de aglomeração, advém, dentre outros fatores, da localização espacial das mesmas. Esta distribuição espacial se dará em função das características das atividades constituintes bem como de suas necessidades.

Figura 15.1

Cluster de logística e armazenamento

Diagrama de atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

A partir da figura 15.1, que representa esquematicamente as atividades do cluster de logística e armazenamento, pode-se ter uma idéia geral de como as mesmas se dispõe em grupos e se relacionam entre si. Os três grupos de atividades que se dispõem, por assim dizer, na base do cluster são: transporte rodoviário; transporte marítimo; transporte aéreo e ferroviário, sendo a partir deles que se organizam as demais atividades do cluster.

Esses três grupos de atividades, bem como a sua integração, são fortemente dependentes da infra-estrutura de transporte, que funciona como um dos principais insumos para os mesmos, influenciando decisivamente, nos seus custos e eficiência. Exatamente neste contexto é que se inserem e se percebe com mais nitidez a importância das obras de ampliação do Complexo Industrial Portuário de Suape, a duplicação da BR-232 , a ampliação e reforma do Aeroporto Internacional dos Guararapes e a ampliação e integração da malha ferroviária do Nordeste, que seriam viabilizadas pela implementação do projeto da Ferrovia Transnordestina.

A duplicação da BR-232 ocasionará, simultaneamente, uma diminuição nos custos diretos, assim como, no tempo de entrega dos serviços prestados pelas empresas de transporte rodoviário de cargas em geral, de produtos perigosos e de mudanças. O Complexo Industrial Portuário de Suape, que já viabiliza, por exemplo, a exportação de boa parte da produção irrigada do Vale do São Francisco, deverá estar recebendo, em breve, um terminal de regaseificação e um terminal de automóveis, o que transformará o Complexo Industrial Portuário de Suape no maior distribuidor de gás e automóveis (de pelo menos duas marcas) do Nordeste. A realização do projeto da Ferrovia Transnordestina fomentaria a intermodalidade dos transportes rodoviário, ferroviário, fluvial e marítimo possibilitando uma nova logística intraregional e internacional para os produtos nordestinos, seja da irrigação ou de exploração de minérios.

No que se refere às atividades de armazenamento e depósito de cargas e de distribuição, várias empresas estão se instalando ou ampliando sua atuação em território pernambucano. É o caso da multinacional BIC que está abrindo uma central de distribuição em Jaboatão dos Guararapes para atender todo o Nordeste. A Nestlé também está iniciando as operações de uma central de distribuição para os estados compreendidos entre o Maranhão e Alagoas, tendo como principal alvo, o atendimento da rede varejista Bompreço que, por sua vez, está investindo cerca de 70 milhões de reais na construção de uma unidade de 100 mil m2 .

Quanto à distribuição espacial do cluster de logística e armazenamento, que pode ser observada no mapa 15.1, verifica-se uma concentração dos municípios envolvidos, principalmente entre aqueles que se localizam ao longo da BR-101, mais importante rodovia de ligação da RMR às várias capitais nordestinas (João Pessoa, Natal, Maceió, Fortaleza e Salvador). Esta disposição está intimamente relacionada a dois fatores já mencionados anteriormente: proximidade a um mercado potencial, que enseja demandas de abastecimento e escoamento de mercadorias e infra-estrutura de transporte (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos) .

Mapa 15.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster de logística e armazenamento

Fora deste corredor localizado às margens da BR-101 e constituído em boa parte por municípios da RMR, encontram-se dois outros municípios integrantes, que ocupam uma posição de destaque : Petrolina e Caruaru.

O município de Caruaru é um tradicional centro comercial, o mais importante do interior do Estado e, juntamente com Campina Grande, se constitui um dos maiores do interior do Nordeste. Tem como principal via de acesso no sentido leste-oeste a BR-232, por onde realiza o transporte de mercadorias com a RMR e outros municípios situados mais a leste, e municípios do Agreste e Sertão, situados mais a oeste. No sentido norte-sul a BR-104 é quem liga Caruaru a cidades como João Pessoa, Maceió e Campina Grande . Além destas vias, a cidade também conta com um aeroporto regional.

A partir de Petrolina dá-se destino à maior parte da produção da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, que é embarcada em seu aeroporto e em seguida deixa o Estado pelo porto de Suape. Além desta, parte significativa da produção de outro cluster do Estado, o gesseiro, utiliza a infra-estrutura de transporte da cidade para ser escoada. Parte do minério de gipsita, extraído em Araripina e municípios vizinhos, é embarcado no porto fluvial de Petrolina com destino ao porto de Pirapora, num trajeto de 1300 Km pelo rio São Francisco, de onde segue para outros destinos do Sudeste e demais regiões do país. É válido ressaltar que a construção da ferrovia Transnordestina inclui o já batizado "ramal do gesso", ligando Araripina ao trecho de ferrovia já existente em Salgueiro.

Outro município já envolvido no cluster de logística e armazenamento, mas ainda com potencial de dinamizar ainda mais suas atividades, é Belo Jardim. Este município do Agreste pernambucano também localizado na margem da BR-232, possui a maior fábrica de baterias automotivas do país, que poderia tornar-se mais competitiva, com um sistema de distribuição mais adequado do que atualmente é utilizado.

3. Indicadores gerais do cluster de logística e armazenamento em Pernambuco

O cluster de logística e armazenamento é constituído por atividades que se enquadram no chamado setor de serviços ou terciário. Apesar desta classificação, as atividades que o compõe não são tão intensivas em mão-de-obra quanto aquelas relacionadas ao comércio, turismo ou serviços médicos, e também apresentam como peculiaridade, uma mão-de-obra, em geral, pouco qualificada, que por sua vez é remunerada com salários medianos ou baixos. Além dessas características, destaca-se também a dependência e integração destas atividades com a infra-estrutura de transporte.

A tabela 15.1 apresenta a distribuição do emprego entre os municípios integrantes do cluster, segundo as atividades. A segmentação do cluster nas atividades tratadas nas tabelas, bem como os dados referentes às mesmas, são baseados na RAIS.

Além da concentração espacial dos municípios que já pôde ser constatada pela observação do mapa 15.1, verifica-se uma concentração ainda maior dos empregos entre os mesmos. Recife e Jaboatão dos Guararapes respondem por, aproximadamente, 83% de todos os empregos diretos gerados pelo cluster. Esta forte concentração nestes dois municípios não é surpresa, e deve-se à localização privilegiada dos mesmos, em relação à infra-estrutura de transporte existente. Jaboatão dos Guararapes encontra-se no caminho entre o Complexo Industrial Portuário de Suape e os maiores mercados consumidores do Estado, que são o próprio município, Recife, além de Olinda e Paulista; está servido pelas duas mais importantes rodovias do Estado e ainda possui a presença de algumas indústrias no seu território. A cidade do Recife conta com a mais completa infra-estrutura de transporte e armazenamento do Estado e uma das mais completas da região (aeroporto internacional, porto marítimo, rodovias estaduais e federais, ferrovia e trem urbano), um dos maiores mercados do Nordeste e uma tradição secular nas atividades de comércio e distribuição.

Quanto à distribuição dos empregos segundo as atividades, constata-se novamente, a forte concentração dos mesmos em duas delas, transporte rodoviário e carga e descarga, refletindo a pequena utilização de outras formas de transporte e a dependência em relação ao transporte rodoviário, principalmente, para cargas que circulam dentro do próprio Estado ou que têm como origem ou destino os estados vizinhos.

Tabela 15.1

Cluster de logística e armazenamento em Pernambuco

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster de Logística e|% |% Acumulada |Transporte |Transporte |Transporte|Transporte |

| |Armazenamento | | |ferroviário |rodoviário |marítimo |aéreo, regular |

| | | | |interurbano | | | |

|Jaboatão dos Guararapes |2,49% |0,00% |2,06% |0,00% |0,00% |0,42% |0,02% |

|Olinda |0,83% |0,00% |0,53% |0,00% |0,00% |0,26% |0,04% |

|Caruaru |1,71% |0,00% |1,55% |0,00% |0,01% |0,10% |0,05% |

|Ipojuca |3,02% |0,00% |0,34% |0,00% |0,00% |1,62% |1,06% |

|Petrolina |0,96% |0,00% |0,71% |0,00% |0,00% |0,00% |0,25% |

|Cabo de Santo Agostinho |1,09% |0,00% |1,06% |0,00% |0,00% |0,01% |0,02% |

|Igarassu |1,38% |0,00% |1,16% |0,00% |0,00% |0,22% |0,00% |

|Belo Jardim |1,83% |0,00% |1,81% |0,00% |0,00% |0,00% |0,02% |

|Serra Talhada |1,84% |0,13% |1,69% |0,00% |0,00% |0,02% |0,00% |

|Goiana |0,84% |0,00% |0,84% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |

|Garanhuns |0,85% |0,00% |0,79% |0,00% |0,00% |0,00% |0,06% |

|Timbaúba |0,68% |0,00% |0,68% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |

|Camaragibe |0,53% |0,00% |0,50% |0,00% |0,00% |0,00% |0,03% |

|Pernambuco |1,48% |0,01% |0,80% |0,01% |0,06% |0,41% |0,19% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Tabela 15.4

Cluster de logística e armazenamento em Pernambuco

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster de Logística |Transporte |Transporte |Transporte |Transporte |Carga e |Atividades |

| |e Armazenamento |ferroviário |rodoviário |marítimo |aéreo regular|descarga |auxiliares aos |

| | |interurbano | | | | |transportes |

|Jaboatão dos Guararapes |17,99 |18 |- |17 |- |- |30 |

|Olinda |12,55 |13 |- |10 |- |- |114 |

|Caruaru |11,19 |11 |- |14 |- |2 |10 |

|Ipojuca |26,70 |27 |- |5 |- |- |48 |

|Petrolina |10,90 |11 |- |11 |- |- |1 |

|Cabo de Santo Agostinho |6,28 |6 |- |7 |- |- |2 |

|Igarassu |11,00 |11 |- |10 |- |- |21 |

|Belo Jardim |17,00 |17 |- |21 |- |- |- |

|Serra Talhada |10,50 |11 |6 |13 |- |- |1 |

|Goiana |19,50 |20 |- |20 |- |- |- |

|Garanhuns |6,73 |7 |- |7 |- |- |- |

|Timbaúba |19,50 |20 |- |20 |- |- |- |

|Camaragibe |4,00 |4 |- |5 |- |- |- |

|Outros |4,02 |4 |- |4 |3 |- |9 |

|Pernambuco |17,96 |18 |66 |13 |9 |33 |68 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

4. Indicadores específicos do cluster de logística, transporte e distribuição

Os indicadores específicos do cluster de logística, transporte e distribuição se referem ao seu posicionamento frente ao mercado, sua tecnologia e sua integração com os mercados de insumos e com o mercado final. Também são apresentados indicadores quanto a perspectiva de crescimento do setor e dos municípios em que as empresas estão instaladas, bem como as perspectivas do setor, quanto ao papel da duplicação da BR 232 em relação ao crescimento da economia do município e da própria atividade.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração com o mercado

O setor de logística, armazenamento e distribuição apresenta uma alta integração com o mercado local, na medida em que, salvo os aspectos de logística, ele demanda atividades e insumos que podem ser quase que totalmente obtidos no contexto dos mercados locais, à exceção de máquinas pesadas e veículos.

Em termos da contratação de serviços, principalmente de mão-de-obra, o mesmo também é feito no mercado local, à exceção dos grandes centros de distribuição, como os instalados no porto de SUAPE, onde a mão-de-obra e a prestação de serviços é contratada, basicamente, nos municípios da Região Metropolitana.

4.2. Competitividade

O setor de logística apresenta um grande número de empresas oferecendo uma gama de serviços que vai do planejamento estratégico dos transportes até a armazenagem e distribuição. Salvo as grandes transportadoras e as operadoras dos portos de Recife e SUAPE, a maior parte constitui-se em pequenas e médias empresas, e o mercado é considerado fragmentado entre estas.

Entendendo competitividade como número de firmas, a maioria absoluta dos empresários concorda que a mesma é acirrada em praticamente todos os segmentos do setor.

4.3. Tecnologia

A excessiva competição devido a grande fragmentação do mercado, trouxe como reflexo o uso de tecnologias e processos defasados, dentro de um grande número de empresas do setor. Desta forma, o mesmo ficou dividido entre as empresas modernas que se aglutinam para possivelmente formar um cluster e um grande número de firmas que disputa cada espaço restante do mercado, geralmente competindo em preços com detrimento da qualidade. Não raro, os serviços são oferecidos em um mercado informal, que pode ser facilmente encontrado em várias cidades de Pernambuco.

Via de regra, os empresários deste setor têm ciência de que as tecnologias e processos utilizados não são os mais adequados, porém consideram que os mesmos ainda são suficientes para manter a condição de rentabilidade das empresas.

4.4. Amplitude do mercado

Segundo os empresários do setor, apenas 10% das transações envolvem apenas o próprio município do estabelecimento, mas menos de 30% das receitas, para a grande maioria das empresas, são provenientes de operações interestaduais.

4.5. Importância da BR 232

4.5.1. Importância e impactos para a atividade

Naturalmente, uma vez que a duplicação da BR-232 é um dos pontos fundamentais do plano de logística do Estado, sendo também uma das principais rotas do Estado e da região Nordeste, os empresários do setor consideram que esta obra trará grandes benefícios para suas atividades.

Os principais motivos citados pelos empresários se referem à melhoria no acesso aos clientes, a redução no tempo de entrega das mercadorias e a redução nos custos operacionais, com possível redução nos fretes cobrados.

4.5.2. Importância e impactos para o município

Na opinião dos empresários do setor, a duplicação também poderá trazer grandes benefícios às economias municipais. Notadamente dos municípios que serão diretamente beneficiados com a duplicação.

4.6. Perspectivas de crescimento

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade

Considerando a atual conjuntura, principalmente a recente parceria entre o Governo do Estado e os empresários do setor de transportes, para o desenvolvimento de um plano logístico no Estado, os empresários do setor consideram que as perspectivas são de um crescimento elevado para os próximos cinco anos.

Segundo os próprios empresários, apesar da acirrada concorrência, o setor cresceu em termos de receita em mais de 100% nos últimos cinco anos. Os resultados sugerem também, que o setor expandiu-se mais nos últimos 2 anos, o que explicaria a opinião bastante otimista dos empresários quanto ao futuro de seus negócios.

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município

A opinião dos empresários quanto ao desenvolvimento dos municípios em que se situam seus estabelecimentos, contudo, não é tão otimista quanto em relação aos seus próprios negócios. Segundo a maioria, os municípios irão crescer menos que a média do Estado, o que sugere que os impactos da duplicação não serão suficientes, em sua opinião, para reverter uma tendência de declínio econômico. Para os empresários do setor, a falta de indústrias, ou seja, de atividade econômica, é o principal problema de seus municípios.

CAPÍTULO 16

O CLUSTER DE SERVIÇOS MÉDICOS

1. Introdução

Nos últimos anos, o setor de serviços médicos de Pernambuco vem se destacando como um dos principais pólos médicos do país, sendo, atualmente, o segundo maior pólo médico nacional, atrás apenas de São Paulo. Este pólo está gozando de reconhecimento nacional, atraindo pessoas de todas as regiões, principalmente do Nordeste. Segundo a Licite Assessorias, o pólo médico pernambucano absorve 15% da demanda por serviços de saúde de outros estados nordestinos.

O setor é responsável – segundo dados do Governo do Estado de Pernambuco – pela criação de 111 mil empregos diretos e indiretos. Em média, são gerados 5 empregos para cada leito hospitalar existente, tendendo a crescer com a introdução de novas tecnologias na infra-estrutura hospitalar, diferentemente do que normalmente ocorre em outros ramos da atividade.

Atualmente, o setor representa o segundo maior contribuinte de ISS na Região Metropolitana do Recife, cuja participação gira em torno dos 13%, tendo havido um crescimento da arrecadação de cerca de 96,6%, no período compreendido entre 1993 e 1997.

Assim sendo, considerando-se as informações supracitadas, pode-se dizer que o cluster de serviços médicos representa um dos principais setores da economia pernambucana, projetando o Estado, inclusive, para o restante do país.

2. Dimensão espacial do cluster de serviços médicos

O conceito de cluster está intimamente relacionado à questão da distribuição espacial. Tal associação é fruto da tentativa de obtenção de economias de escala, fruto da aglomeração de empresas, cujas atividades são complementares. Por exemplo, seria natural que clínicas especializadas se situassem em áreas onde houvesse uma grande concentração hospitalar.

A figura 16.1 expõe as principais atividades associadas ao cluster de serviços médicos em Pernambuco, abrangendo desde a fabricação de medicamentos e materiais médicos até a prestação do serviço em si.

Figura 16.1

Cluster de serviços médicos

Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

A pedra angular do cluster de serviços médicos reside no binômio capital humano – infra-estrutura adequada. Com base nesses fatores é possível manter e expandir a atuação do cluster em questão. Saliente-se que a formação/expansão do cluster de serviços médicos depende, grosso modo, de dois fatores: a existência de uma demanda satisfatória pelos serviços do cluster, e a aglomeração espacial, que originaria as condições necessárias para a observação de economias de escala no setor. Assim sendo, verifica-se que o cluster de serviços médicos concentra-se, fundamentalmente, no Recife, onde os dois atributos anteriormente citados se fazem presentes. É válido salientar ainda, que Pernambuco desfruta de uma posição geográfica privilegiada em relação à região Nordeste, localizando-se no centro desta, o que representaria, em última instância, mais uma vantagem para a determinação da área de influência do cluster na região. Este último fator, inclusive, atua em prol do crescimento de outro cluster no Estado; a saber, aquele que se refere ao turismo.

Assim sendo, de acordo com o exposto no parágrafo anterior, e segundo a figura 16.1, o cluster de serviços médicos atua em diferentes áreas da economia, como, por exemplo, na fabricação de medicamentos; na fabricação de materiais para uso médico, hospitalar e odontológico; na fabricação de aparelhos e instrumentos para usos médico-hospitalares – atividades estas ligadas ao setor industrial da economia; bem como a atividades do setor terciário, tais como o comércio atacadista e varejista de produtos farmacêuticos, médicos e ortopédicos, além dos serviços prestados diretamente pelos hospitais e clínicas especializadas.

Apesar de o cluster estar altamente concentrado em Recife e em sua Região Metropolitana, vê-se, a partir do mapa 16.1, que vários municípios integram o cluster de serviços médicos. Porém, é válido frisar que tais municípios representam, quase que em sua totalidade, pequenos centros (micro)regionais na prestação de serviços médicos, abrangendo alguns municípios próximos, cuja participação, no âmbito estadual, apresenta um caráter apenas marginal, principalmente quando se comparam os dados destes municípios àqueles verificados na Região Metropolitana do Recife.

Figura 16.2

Cluster de Serviços Médicos

3. Indicadores gerais do cluster de serviços médicos em Pernambuco

O cluster de serviços médicos, como dito anteriormente, depende da coexistência de capital humano e infra-estrutura adequada para a sua manutenção e desenvolvimento. Dados os custos elevados no fornecimento de uma infra-estrutura digna de segundo maior pólo médico do país, espera-se, naturalmente, que este cluster apresente uma grande concentração espacial. Assim sendo, de acordo com as tabelas 16.1 e 16.2, fundamentadas em dados da RAIS, verifica-se que, aproximadamente 64% e 50% dos empregos e estabelecimentos do cluster, respectivamente, situam-se em Recife. Além disso, quando se considera a Região Metropolitana como um todo, esses números correspondem a cerca de 80% e 60%, o que corroboraria a hipótese de concentração apresentada anteriormente.

Outro ponto digno de destaque refere-se à importância relativa observada em municípios como Caruaru, Petrolina e Garanhuns, que, como afirmado na seção anterior, atuariam como centros médicos regionais, atendendo aos municípios vizinhos. É válido frisar que, apesar da atuação desses centros, não raramente os pacientes são encaminhados ao Recife para receberem tratamento mais apropriado, principalmente quando a situação de saúde é mais delicada.

Seria interessante comentar, neste ponto, que tanto o setor público quanto o privado colaboram para a importância do cluster no Estado. Enquanto que em Recife existem várias empresas privadas que utilizam equipamentos de última geração – e que, de fato, elevam o Estado a uma condição de importância no setor de serviços médicos –, não se pode desconsiderar a importância dos grandes hospitais públicos e dos postos de saúde, que, apesar de utilizarem tecnologia defasada e de não desfrutarem de condições ótimas de funcionamento, são responsáveis pelo atendimento do grosso da população, principalmente no que se refere ao atendimento da população interiorana, seja o atendimento realizado no interior ou na própria capital.

A tabela 16.1, a seguir, ilustra a distribuição do emprego segundo o cluster e seus principais setores. As atividades de atendimento hospitalar e complementação diagnóstica, esta última prestada por clínicas e laboratórios, respondem por cerca de 55% dos empregos gerados pelo cluster. Em seguida, as empresas ligadas ao comércio de produtos farmacêuticos e artigos médicos são as que mais empregam, sendo responsáveis pela criação de cerca de 24% dos empregos do referido cluster.

Tabela 16.1.

Cluster de serviços médicos em Pernambuco

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação de |Comércio de |Atividades de |Outras atividades|

| |Serv.Med | | |medicamentos, |produtos |atendimento |relacionadas com |

| | | | |materiais e |farmacêuticos e |hospitalar e |a atenção à saúde|

| | | | |aparelhos |artigos médicos |complementação | |

| | | | |hospitalares | |diagnóstica | |

|Olinda |1956 |5,05% |69,09% |13 |484 |1199 |260 |

|Caruaru |1625 |4,20% |73,29% |298 |411 |711 |205 |

|Jaboatão dos Guararapes |1227 |3,17% |76,46% |132 |397 |482 |216 |

|Petrolina |947 |2,45% |78,90% |7 |150 |647 |143 |

|Camaragibe |767 |1,98% |80,89% |0 |69 |595 |103 |

|Paulista |765 |1,98% |82,86% |34 |180 |518 |33 |

|Garanhuns |672 |1,74% |84,60% |0 |300 |260 |112 |

|Vitória de Santo Antão |489 |1,26% |85,86% |0 |127 |347 |15 |

|Serra Talhada |398 |1,03% |86,89% |0 |79 |287 |32 |

|Bezerros |367 |0,95% |87,84% |1 |39 |186 |141 |

|Arcoverde |344 |0,89% |88,73% |0 |94 |231 |19 |

|Cabo de Santo Agostinho |303 |0,78% |89,51% |0 |105 |165 |33 |

|Palmares |263 |0,68% |90,19% |0 |52 |193 |18 |

|Timbaúba |238 |0,61% |90,81% |71 |48 |84 |35 |

|Carpina |217 |0,56% |91,37% |5 |75 |112 |25 |

|Salgueiro |203 |0,52% |91,89% |0 |79 |105 |19 |

|Limoeiro |202 |0,52% |92,41% |42 |70 |64 |26 |

|Surubim |190 |0,49% |92,90% |0 |24 |150 |16 |

|Araripina |180 |0,47% |93,37% |0 |29 |137 |14 |

|Belo Jardim |127 |0,33% |93,70% |0 |72 |49 |6 |

|São Lourenço da Mata |122 |0,32% |94,01% |0 |44 |76 |2 |

|Gravatá |120 |0,31% |94,32% |0 |72 |40 |8 |

|Paudalho |115 |0,30% |94,62% |0 |13 |102 |0 |

|Abreu e Lima |111 |0,29% |94,91% |0 |50 |59 |2 |

|São José do Egito |103 |0,27% |95,17% |0 |26 |72 |5 |

|Pesqueira |102 |0,26% |95,44% |0 |56 |25 |21 |

|Ribeirão |96 |0,25% |95,68% |0 |32 |61 |3 |

|Moreno |87 |0,22% |95,91% |0 |23 |64 |0 |

|Goiana |81 |0,21% |96,12% |0 |67 |1 |13 |

|Ouricuri |74 |0,19% |96,31% |0 |16 |58 |0 |

|Outros |1428 |3,69% |100,00% |27 |838 |515 |48 |

|Pernambuco |38700 | 100,00% |  |1557 |9141 |21195 |6807 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

No que se relaciona à distribuição dos estabelecimentos, verifica-se que o setor de comércio de produtos farmacêuticos e artigos médicos é o que mais possui estabelecimentos, representando 42,68% do total de estabelecimentos do cluster. Em seguida está o setor de atividades hospitalares e complementação diagnóstica, que representa 23,16%. Essa inversão nos percentuais apresentados por esses dois setores, quando comparado o número de estabelecimentos ao número de empregados, deve-se ao fato de que os estabelecimentos de atividades de atendimento hospitalar possuem um porte bem maior do que os estabelecimentos de comércio, empregando, assim, um maior número de pessoas.

Tabela 16.2

Cluster de serviços médicos em Pernambuco

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação de |Comércio de |Atividades de |Outras |Total de |

| |Serv.Med | | |medicamentos,ma|produtos |atendimento |atividades |Estab. |

| | | | |teriais e |farmacêuticos e |hospitalar e |relacionadas | |

| | | | |aparelhos |artigos médicos |complementação |com a atenção à| |

| | | | |hospitalares | |diagnóstica |saúde | |

|Olinda |215 |4,08% |53,75% |2 |102 |51 |60 |2548 |

|Caruaru |321 |6,09% |59,84% |3 |110 |78 |130 |2724 |

|Jaboatão dos Guararapes |230 |4,36% |64,20% |7 |119 |49 |55 |3330 |

|Petrolina |186 |3,53% |67,73% |1 |63 |59 |63 |2290 |

|Camaragibe |38 |0,72% |68,45% |0 |27 |8 |3 |533 |

|Paulista |88 |1,67% |70,12% |3 |54 |16 |15 |1241 |

|Garanhuns |142 |2,69% |72,81% |0 |57 |25 |60 |1048 |

|Vitória de Santo Antão |61 |1,16% |73,97% |0 |35 |15 |11 |716 |

|Serra Talhada |81 |1,54% |75,51% |0 |39 |19 |23 |541 |

|Bezerros |25 |0,47% |75,98% |1 |17 |3 |4 |236 |

|Arcoverde |68 |1,29% |77,27% |0 |27 |25 |16 |574 |

|Cabo de Santo Agostinho |65 |1,23% |78,51% |0 |34 |13 |18 |704 |

|Palmares |33 |0,63% |79,13% |0 |14 |12 |7 |353 |

|Timbaúba |29 |0,55% |79,68% |1 |15 |6 |7 |387 |

|Carpina |53 |1,01% |80,69% |1 |28 |12 |12 |518 |

|Salgueiro |32 |0,61% |81,29% |0 |17 |5 |10 |313 |

|Limoeiro |54 |1,02% |82,32% |2 |31 |3 |18 |450 |

|Surubim |26 |0,49% |82,81% |0 |14 |2 |10 |290 |

|Araripina |35 |0,66% |83,48% |0 |19 |8 |8 |347 |

|Belo Jardim |41 |0,78% |84,25% |0 |27 |7 |7 |316 |

|São Lourenço da Mata |19 |0,36% |84,61% |0 |11 |6 |2 |223 |

|Gravatá |47 |0,89% |85,51% |0 |33 |7 |7 |516 |

|Paudalho |10 |0,19% |85,70% |0 |8 |2 |0 |202 |

|Abreu e Lima |21 |0,40% |86,09% |0 |15 |5 |1 |343 |

|São José do Egito |20 |0,38% |86,47% |0 |10 |5 |5 |126 |

|Pesqueira |31 |0,59% |87,06% |0 |17 |3 |11 |401 |

|Ribeirão |16 |0,30% |87,36% |0 |10 |3 |3 |179 |

|Moreno |11 |0,21% |87,57% |0 |8 |3 |0 |165 |

|Goiana |34 |0,65% |88,22% |0 |23 |1 |10 |384 |

|Ouricuri |14 |0,27% |88,48% |0 |10 |4 |0 |182 |

|Outros |607 |11,52% |100,00% |1 |499 |69 |38 |7571 |

|Pernambuco |5271 |100,00% | - |58 |2250 |1221 |1742 |53738 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

A importância deste cluster também pode ser corroborada ao se verificar que, aproximadamente 10% dos estabelecimentos de Pernambuco, estão vinculados a ele, gerando 4,38% do total de empregos formais no Estado. Ademais, além desta importância no âmbito estadual, em alguns municípios o cluster de serviços médicos apresenta uma importância ainda maior na geração de empregos. Como exemplos temos Camaragibe (11,36%), Bezerros (10,73%), Palmares (8,81%), Serra Talhada (8,72%), Arcoverde (8,69%), Salgueiro (7,88%), Surubim (7,82%) e Caruaru (7,76%), entre outros. Note-se que todos estes municípios poderiam ser considerados como centros (micro)regionais na prestação de serviços médicos – fato ilustrado pelo grande percentual de empregados ligados às atividades de atendimento hospitalar e complementação diagnóstica –, e que a maioria dos estabelecimentos estariam ligados à administração pública municipal e/ou estadual.

Tabela 16.3

Participação do cluster de serviços médicos no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de |Comércio de |Atividades de |Outras atividades |

| |Serv.Med. |medicamentos, materiais |produtos |atendimento hospitalar e|relacionadas com a |

| | |e aparelhos hospitalares|farmacêuticos e |complementação |atenção à saúde |

| | | |artigos médicos |diagnóstica | |

|Recife |5,46% |0,20% |1,11% |3,00% |1,15% |

|Olinda |4,46% |0,03% |1,10% |2,73% |0,59% |

|Caruaru |7,76% |1,42% |1,96% |3,40% |0,98% |

|Jaboatão dos Guararapes |2,47% |0,27% |0,80% |0,97% |0,43% |

|Petrolina |3,97% |0,03% |0,63% |2,71% |0,60% |

|Camaragibe |11,36% |0,00% |1,02% |8,81% |1,53% |

|Paulista |4,29% |0,19% |1,01% |2,91% |0,19% |

|Garanhuns |7,71% |0,00% |3,44% |2,98% |1,28% |

|Vitória de Santo Antão |6,33% |0,00% |1,64% |4,49% |0,19% |

|Serra Talhada |8,72% |0,00% |1,73% |6,29% |0,70% |

|Bezerros |10,73% |0,03% |1,14% |5,44% |4,12% |

|Arcoverde |8,69% |0,00% |2,37% |5,84% |0,48% |

|Cabo de Santo Agostinho |2,10% |0,00% |0,73% |1,15% |0,23% |

|Palmares |8,81% |0,00% |1,74% |6,47% |0,60% |

|Timbaúba |4,15% |1,24% |0,84% |1,46% |0,61% |

|Carpina |4,65% |0,11% |1,61% |2,40% |0,54% |

|Salgueiro |7,88% |0,00% |3,07% |4,08% |0,74% |

|Limoeiro |6,44% |1,34% |2,23% |2,04% |0,83% |

|Surubim |7,82% |0,00% |0,99% |6,17% |0,66% |

|Araripina |5,66% |0,00% |0,91% |4,31% |0,44% |

|Belo Jardim |2,74% |0,00% |1,55% |1,06% |0,13% |

|São Lourenço da Mata |2,65% |0,00% |0,96% |1,65% |0,04% |

|Gravatá |3,49% |0,00% |2,09% |1,16% |0,23% |

|Paudalho |3,42% |0,00% |0,39% |3,03% |0,00% |

|Abreu e Lima |1,77% |0,00% |0,80% |0,94% |0,03% |

|São José do Egito |7,62% |0,00% |1,92% |5,33% |0,37% |

|Pesqueira |3,30% |0,00% |1,81% |0,81% |0,68% |

|Ribeirão |2,85% |0,00% |0,95% |1,81% |0,09% |

|Moreno |3,18% |0,00% |0,84% |2,34% |0,00% |

|Goiana |0,87% |0,00% |0,72% |0,01% |0,14% |

|Ouricuri |5,26% |0,00% |1,14% |4,12% |0,00% |

|Pernambuco |4,38% |0,18% |1,04% |2,40% |0,77% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Quando se analisa a relação entre o número de empregados e número de estabelecimentos, vemos que, para o Estado com um todo, este valor corresponderia a 7,34, o que poderia denotar uma abundância de microempresas no cluster. Porém, esta impressão estaria errada. Tal aparência poderia ser explicada pela grande heterogeneidade dos estabelecimentos do cluster, onde coexistem grandes centros hospitalares e pequenas farmácias de bairro, por exemplo, bem como pela existência de funcionários autônomos em muitos dos estabelecimentos – principalmente clínicas e laboratórios de análise. Tal fato pode ser verificado, inclusive em Recife, onde a média de 9,47 empregados por estabelecimento seria fortemente influenciada pelo número de empregos por estabelecimento do setor de comércio de produtos farmacêuticos e artigos médicos.

Tabela 16.4

Cluster de serviços médicos em Pernambuco

Empregados por estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de |Comércio de |Atividades de |Outras atividades |

| |Serv.Med. |medicamentos, |produtos |atendimento hospitalar e|relacionadas com a |

| | |materiais e aparelhos |farmacêuticos e |complementação |atenção à saúde |

| | |hospitalares |artigos médicos |diagnóstica | |

|Recife |9.47 |25.75 |6.63 |19.51 |4.64 |

|Olinda |9.10 |6.50 |4.75 |23.51 |4.33 |

|Caruaru |5.06 |99.33 |3.74 |9.12 |1.58 |

|Jaboatão dos Guararapes |5.33 |18.86 |3.34 |9.84 |3.93 |

|Petrolina |5.09 |7.00 |2.38 |10.97 |2.27 |

|Camaragibe |20.18 |0.00 |2.56 |74.38 |34.33 |

|Paulista |8.69 |11.33 |3.33 |32.38 |2.20 |

|Garanhuns |4.73 |0.00 |5.26 |10.40 |1.87 |

|Vitória de Santo Antão |8.02 |0.00 |3.63 |23.13 |1.36 |

|Serra Talhada |4.91 |0.00 |2.03 |15.11 |1.39 |

|Bezerros |14.68 |1.00 |2.29 |62.00 |35.25 |

|Arcoverde |5.06 |0.00 |3.48 |9.24 |1.19 |

|Cabo de Santo Agostinho |4.66 |0.00 |3.09 |12.69 |1.83 |

|Palmares |7.97 |0.00 |3.71 |16.08 |2.57 |

|Timbaúba |8.21 |71.00 |3.20 |14.00 |5.00 |

|Carpina |4.09 |5.00 |2.68 |9.33 |2.08 |

|Salgueiro |6.34 |0.00 |4.65 |21.00 |1.90 |

|Limoeiro |3.74 |21.00 |2.26 |21.33 |1.44 |

|Surubim |7.31 |0.00 |1.71 |75.00 |1.60 |

|Araripina |5.14 |0.00 |1.53 |17.13 |1.75 |

|Belo Jardim |3.10 |0.00 |2.67 |7.00 |0.86 |

|São Lourenço da Mata |6.42 |0.00 |4.00 |12.67 |1.00 |

|Gravatá |2.55 |0.00 |2.18 |5.71 |1.14 |

|Paudalho |11.50 |0.00 |1.63 |51.00 |0.00 |

|Abreu e Lima |5.29 |0.00 |3.33 |11.80 |2.00 |

|São José do Egito |5.15 |0.00 |2.60 |14.40 |1.00 |

|Pesqueira |3.29 |0.00 |3.29 |8.33 |1.91 |

|Ribeirão |6.00 |0.00 |3.20 |20.33 |1.00 |

|Moreno |7.91 |0.00 |2.88 |21.33 |0.00 |

|Goiana |2.38 |0.00 |2.91 |1.00 |1.30 |

|Ouricuri |5.29 |0.00 |1.60 |14.50 |0.00 |

|Outros |2.35 |27.00 |1.68 |7.46 |1.26 |

|Pernambuco |7.34 |26.84 |4.06 |17.36 |3.91 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Conforme os dados apresentados, o pólo de serviços médicos concentra-se, primordialmente, na cidade de Recife, que dispõe de capital humano e infra-estrutura apropriados ao desenvolvimento do cluster, principalmente quando se consideram as empresas privadas do setor de atividades de atendimento hospitalar e complementação diagnóstica. Apesar disso, não se pode ignorar a importância do Governo na oferta deste serviço à população menos aquinhoada, estando ela na capital ou no interior do Estado. O perfil das empresas é bastante heterogêneo, variando conforme o setor de atuação dentro do próprio cluster. Assim, empresas atuantes no setor de atendimento hospitalar geram, em média, 17,36 empregos por estabelecimento, enquanto que aquelas que comercializam produtos farmacêuticos e artigos médicos geram, no geral, 4,06 empregos por estabelecimento.

Por último, é válido lembrar que, considerando-se as informações supracitadas, pode-se dizer que o cluster de serviços médicos representa um dos principais setores da economia pernambucana, sendo um grande gerador de empregos, e responsável por boa parte dos impostos arrecadados nas regiões nas quais o cluster é mais atuante.

4. Indicadores específicos do cluster de serviços médicos

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades do cluster

Segundo os empresários entrevistados, o cluster de serviços médicos caracteriza-se por adquirir os seus insumos, basicamente, de municípios não adjacentes ao município-sede dos estabelecimentos dos entrevistados. Este fato é verificado em 53% das entrevistas, o que poderia denotar a importância de Recife, e sua Região Metropolitana, no fornecimento de insumos hospitalares no interior do Estado. É válido salientar, ainda, que 14% dos entrevistados afirmaram que obtêm os insumos de outros estados do Nordeste e que 15% importa os insumos necessários ao cluster de outros países, o que significaria uma maior interação deste setor com o mercado interestadual e internacional. Tal fato poderia, em última instância, sugerir que tal setor caracterizar-se-ia pela utilização de máquinas e equipamentos de última geração, principalmente quando considerados os estabelecimentos particulares da Região Metropolitana do Recife. No que tange à utilização de serviços, praticamente todo ele (97%) é obtido no próprio município, proporcionando um efeito positivo sobre o nível de emprego dos municípios em questão.

4.2. Competitividade

No que tange à estrutura do mercado, 56% dos entrevistados afirmaram que são líderes (22%) ou um dos principais representantes do mercado (34%). Além disso, 26% dos entrevistados afirmaram que possuíam uma participação semelhante à dos demais representantes. Tais afirmações podem sugerir que o setor atue em forma de oligopólio, havendo uma franja concorrencial relativamente desenvolvida. Esta assertiva poderia ser corroborada ao se constatar que as empresas atuantes no mercado foram classificadas como sendo, em sua grande maioria (81%), de pequeno e médio portes, o que caracterizaria um ambiente de concorrência, onde as empresas seriam price takers. Não obstante, verifica-se também, que para 11% dos entrevistados, o mercado é dominado por uma ou mais grandes empresas, caracterizando o lado oligopolístico do cluster em questão.

Quanto à competitividade, 30% dos entrevistados afirmaram ser elevada nos municípios-sede das empresas, enquanto que 12% julgaram-na muito baixa. Entretanto, a maioria dos entrevistados (51%) considerou a competitividade do cluster no município como sendo regular.

4.3. Tecnologia

Em relação à tecnologia adotada, apenas 6% dos empresários entrevistados afirmaram que a tecnologia utilizada na produção é moderna, enquanto que 28% afirmaram que a tecnologia utilizada é defasada. Além desses extremos, 27% dos entrevistados disseram que a tecnologia adotada no município era uma das mais modernas, enquanto que 37% pensam que, apesar de ser moderna, a tecnologia usada permanece atual. Nota-se, por meio da observação desses percentuais, que a tecnologia utilizada nos municípios é bastante heterogênea, podendo estar variando de acordo com o setor de atividade e/ou com o município-sede do estabelecimento do empresário entrevistado. Apesar dessa heterogeneidade, segundo as entrevistas realizadas, 86% dos empresários afirmaram que a tecnologia utilizada, seja ela moderna ou defasada, é suficientemente adequada à produção do principal produto do cluster em seus municípios, enquanto que apenas 11% afirmaram o contrário.

4.4. Amplitude do mercado

De acordo com os entrevistados, 98% das vendas são destinadas ao próprio município (88%) ou a municípios vizinhos (10%), o que demonstra que os empresários desse cluster abastecem, primordialmente, o mercado local, havendo um envolvimento reduzido com outros estados ou países, no que tange à exportação dos produtos do cluster. Saliente-se, entretanto, que por se caracterizar como sendo um setor predominantemente terciário, que presta serviços em suas próprias instalações, perde-se a dimensão dos serviços exportados a residentes de outros estados e/ou regiões, subestimando, assim, o mercado de atuação do setor ora analisado.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

Em relação às opiniões dos empresários entrevistados, no que concerne aos benefícios que a duplicação da BR 232 vai trazer para a economia municipal na qual estão inseridos, as respostas obtidas foram diversas. Enquanto que 36% responderam que os benefícios serão elevados, 23% afirmaram não existir qualquer benefício. Esta mesma dubiedade foi observada quanto à atividade dos serviços médicos: 30% dos entrevistados acham que os benefícios trazidos pela duplicação da BR 232 serão elevados, enquanto que 25% pensam não haver qualquer tipo de benefício. Para evidenciar ainda mais a incerteza quanto às expectativas do empresariado entrevistado, 25% afirmaram que a duplicação acarretará em benefícios de médio porte, enquanto que 15% asseguraram que serão baixos.

Quando indagados sobre como a duplicação da BR 232 beneficiaria o cluster dos serviços médicos, 31% afirmaram que a duplicação reduziria o tempo de recebimento dos produtos, 29% disseram que melhoraria o acesso para os clientes, 24% dos entrevistados pensam que haverá um maior acesso aos principais mercados da região e 23% acham que haverá uma redução no tempo de entrega dos produtos. Apesar dessas opiniões, saliente-se que, para 24% dos entrevistados, a duplicação da BR 232 não traria benefício algum para o cluster de serviços médicos, evidenciando que a duplicação não afeta uniformemente os diversos setores do cluster.

4.6. Perspectivas de crescimento

No que tange ao crescimento recente do cluster, verifica-se que, segundo 72% dos entrevistados, as atividades cresceram até 100% nos últimos cinco anos, o que denotaria uma evolução no setor nesse período. Apesar deste percentual, cite-se que para 17% dos entrevistados, o setor não cresceu no período em questão, tendo caído, inclusive, para 2% dos entrevistados. Quando se considera o último biênio, vê-se que este percentual sofre uma alteração relativamente significante, havendo um crescimento de até 100% para o cluster em questão, para 68% dos entrevistados, enquanto que 28% afirmaram ter havido uma estagnação/contração do setor, no intervalo de tempo considerado. No que concerne às perspectivas de crescimento da atividade para os próximos cinco anos, 52% dos entrevistados se mostraram otimistas enquanto que apenas 14% se mostraram pessimistas.

Em relação às perspectivas de crescimento dos municípios onde se situam os estabelecimentos dos empresários entrevistados, 46% do empresariado afirmaram que o município cresceria tanto quanto a média estadual, porém 38% dos entrevistados possuem uma visão pessimista em relação aos municípios-sede de suas empresas – 17% pensam que o município crescerá menos que a média estadual, 10% acham que o crescimento será muito menor que a média estadual, 10% entendem que o município não crescerá e 1% espera um decrescimento da economia municipal.

Independentemente da expectativa quanto ao crescimento municipal, 27% dos entrevistados afirmaram que o principal obstáculo ao desenvolvimento do município/região estaria relacionado à falta de crédito para os empresários locais. Outros pontos dignos de nota se referem à falta de fábricas de processamento e à falta de informação/pouca instrução da população, dificuldades citadas por 26% e 22% dos entrevistados, respectivamente.

CAPÍTULO 17

CLUSTER DE PLÁSTICOS E ELASTÔMEROS

1. Introdução

O cluster de plásticos e elastômeros em Pernambuco pode ser caracterizado por dois pontos totalmente distintos. Em primeiro lugar, destacam-se as pequenas empresas locais que produzem, fundamentalmente, artigos de plástico para o mercado interno. Por outro lado, saliente-se a atuação da fábrica da Petroflex em Pernambuco, única na América Latina a produzir o BR alto cis, borracha sintética utilizada na produção do pneu ecológico, cujo mercado vem crescendo, principalmente, nos Estados Unidos e na União Européia. É interessante observar que o processo de exportação, nesse caso, está sendo incrivelmente simplificado por meio da utilização do Porto de Suape, o que reduz os custos de transporte, tornando o produto mais competitivo no mercado internacional.

2. Dimensão espacial do cluster de plásticos e elastômeros

De acordo com o exposto acima, pode-se considerar que os dois fatores determinantes para a fixação de empresas do cluster de plásticos e elastômeros no Estado estão relacionados à infra-estrutura e à logística. A infra-estrutura estaria relacionada, fundamentalmente, ao município do Cabo de Santo Agostinho, cuja parte significativa da produção é escoada para o mercado externo, por meio do Porto de Suape, e a logística seria determinante para os demais municípios, porém, incluindo também, o Cabo de Santo Agostinho.

Figura 17.1

Cluster de plásticos e elastômeros

Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

O mapa a seguir corrobora o que foi dito anteriormente. Além dos municípios da Região Metropolitana do Recife, que concentram aproximadamente 72% dos estabelecimentos e cerca de 80% do emprego do cluster no Estado, alguns municípios, por apresentarem um mercado consumidor relativamente desenvolvido para os produtos deste cluster, apresentam algumas empresas do cluster em questão. Nestes municípios – Caruaru, Garanhuns, Petrolina, entre outros – o cluster estaria se desenvolvendo graças ao próprio mercado consumidor local, que englobaria os municípios que fazem parte da área de atuação daqueles. Assim, por exemplo, a fabricação de sacolas plásticas estaria se desenvolvendo, entre outros fatores, em decorrência da existência de supermercados nos municípios da área de influência, que poderiam ser considerados como um dos principais consumidores dos produtos das empresas componentes do cluster sob análise.

Mapa 17.1

Clusters de plásticos e elastômetros

3. Indicadores gerais do cluster de plásticos e elastômeros em Pernambuco

Para corroborar a análise precedente, basta examinar a tabela 17.1 a seguir. Como exposto anteriormente, cerca de 80% dos empregos gerados neste cluster se situam na Região Metropolitana do Recife, destacando-se os municípios de Recife (21,13%), Cabo de Santo Agostinho (17,90%) e Jaboatão dos Guararapes (15,31%). É válido salientar que, à exceção do Cabo de Santo Agostinho, nos demais municípios a principal atividade do cluster está relacionada à fabricação de embalagens, artefatos e laminados de plástico. Quando se considera o Estado como um todo, aproximadamente 88% dos empregos diretos formais gerados, originam-se neste setor – enquanto que no Cabo de Santo Agostinho tal percentual equivale a 40%. Já a fabricação de resinas e elastômeros são responsáveis pela criação de 51,90% do emprego formal do cluster no município.

Tabela 17.1

Cluster de plásticos e elastômeros em Pernambuco

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Plásticos e |% |% Acumulada |Fabricação de |Fabricação de|Fabricação de |Fabricação de |

| |Elastômeros | | |intermediários |resinas e |outros produtos |embalagens, |

| | | | |para resinas e |elastômeros |químicos |artefatos e |

| | | | |fibras | |orgânicos |laminados de |

| | | | | | | |plástico |

|Cabo de Santo Agostinho |788 |17,90% |39,03% |61 |409 |0 |318 |

|Jaboatão dos Guararapes |674 |15,31% |54,34% |0 |0 |15 |659 |

|Abreu e Lima |285 |6,47% |60,81% |0 |21 |0 |264 |

|Paulista |280 |6,36% |67,17% |0 |0 |0 |280 |

|Gravatá |237 |5,38% |72,56% |0 |0 |0 |237 |

|Igarassu |224 |5,09% |77,65% |0 |10 |0 |214 |

|Belo Jardim |217 |4,93% |82,58% |0 |0 |0 |217 |

|Olinda |185 |4,20% |86,78% |0 |0 |6 |179 |

|Caruaru |134 |3,04% |89,82% |2 |0 |0 |132 |

|Garanhuns |93 |2,11% |91,94% |0 |0 |0 |93 |

|Ipojuca |66 |1,50% |93,43% |0 |0 |0 |66 |

|Petrolina |66 |1,50% |94,93% |0 |0 |0 |66 |

|Vitória de Santo Antão |45 |1,02% |95,96% |0 |0 |0 |45 |

|Lajedo |37 |0,84% |96,80% |0 |0 |0 |37 |

|Pesqueira |35 |0,80% |97,59% |0 |0 |0 |35 |

|Camaragibe |33 |0,75% |98,34% |0 |0 |0 |33 |

|Outros |73 |1,66% |100,00% |0 |4 |0 |69 |

|Pernambuco |4402 | 100,00% |  |69 |444 |21 |3868 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

No que se relaciona aos estabelecimentos do cluster, algumas observações podem ser arroladas. Em primeiro lugar, conforme expresso anteriormente, há uma grande concentração dos estabelecimentos na Região Metropolitana do Recife. Aproximadamente 72% do total de estabelecimentos do cluster situam-se nesta região, especialmente em Recife (32,24%) e Jaboatão dos Guararapes (17,37%). Outro ponto digno de nota, refere-se à existência de apenas 10 empresas do cluster no Cabo de Santo Agostinho, que, como visto anteriormente, é responsável por 17,90% dos empregos do cluster. Tal constatação demonstra que as empresas situadas nesse município possuem um porte mais elevado que a média estadual, o que poderia ser justificado mediante a atuação da Petroflex no município. Saliente-se que este município possui a metade dos estabelecimentos dedicados à fabricação de resinas e elastômeros do Estado. Por último, frise-se que cerca de 92% dos estabelecimentos do cluster de plásticos e elastômeros estão vinculadas à fabricação de embalagens, artefatos e laminados de plástico.

Tabela 17.2

Cluster de plásticos e elastômeros em Pernambuco

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação de |Fabricação de|Fabricação de|Fabricação de |Total de |

| |Plásticos e | | |intermediários |resinas e |outros |embalagens, |Estabelecimentos |

| |Elastômeros | | |para resinas e |elastômeros |produtos |artefatos e | |

| | | | |fibras | |químicos |laminados de | |

| | | | | | |orgânicos |plástico | |

|Cabo de Santo Agostinho |10 |5.99% |38.33% |1 |3 |0 |6 |704 |

|Jaboatão dos Guararapes |29 |17.37% |55.69% |0 |0 |2 |27 |3330 |

|Abreu e Lima |5 |2.99% |58.69% |0 |1 |0 |4 |343 |

|Paulista |5 |2.99% |61.68% |0 |0 |0 |5 |1241 |

|Gravatá |5 |2.99% |64.68% |0 |0 |0 |5 |516 |

|Igarassu |3 |1.80% |66.47% |0 |1 |0 |2 |389 |

|Belo Jardim |2 |1.20% |67.67% |0 |0 |0 |2 |316 |

|Olinda |10 |5.99% |73.66% |0 |0 |1 |9 |2548 |

|Caruaru |10 |5.99% |79.65% |1 |0 |0 |9 |2724 |

|Garanhuns |9 |5.39% |85.03% |0 |0 |0 |9 |1048 |

|Ipojuca |1 |0.60% |85.63% |0 |0 |0 |1 |338 |

|Petrolina |4 |2.40% |88.03% |0 |0 |0 |4 |2290 |

|Vitória de Santo Antão |5 |2.99% |91.02% |0 |0 |0 |5 |716 |

|Lajedo |2 |1.20% |92.22% |0 |0 |0 |2 |171 |

|Pesqueira |2 |1.20% |93.42% |0 |0 |0 |2 |401 |

|Camaragibe |3 |1.80% |95.21% |0 |0 |0 |3 |533 |

|Outros |8 |4.79% |100.00% |0 |1 |0 |7 |12143 |

|Pernambuco |167 |100.00% | - |3 |6 |4 |154 |53738 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Em termos de emprego, o volume de empregos diretos gerados é pequeno, representando apenas 0,49% do total do Estado. Não obstante, o setor possui importância relativa nos seguintes municípios: Gravatá (6,88%), Cabo de Santo Agostinho (5,47%), Belo Jardim (4,68%) e Abreu e Lima (4,55%). Ademais, como afirmado anteriormente, a principal atividade responsável pela geração de empregos é a de fabricação de embalagens, artefatos e laminados de plástico, respondendo por 0,43% dos postos de trabalho formais do Estado.

Tabela 17.3

Participação do cluster de plástico e elastômeros no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Plásticos e |Fabricação de |Fabricação de |Fabricação de outros |Fabricação de |

| |Elastômeros |intermediários para |resinas e |produtos químicos |embalagens, artefatos e|

| | |resinas e fibras |elastômeros |orgânicos |laminados de plástico |

|Recife |0,21% |0,00% |0,00% |0,00% |0,20% |

|Cabo de Santo Agostinho |5,47% |0,42% |2,84% |0,00% |2,21% |

|Jaboatão dos Guararapes |1,35% |0,00% |0,00% |0,03% |1,32% |

|Abreu e Lima |4,55% |0,00% |0,34% |0,00% |4,21% |

|Paulista |1,57% |0,00% |0,00% |0,00% |1,57% |

|Gravatá |6,88% |0,00% |0,00% |0,00% |6,88% |

|Igarassu |2,34% |0,00% |0,10% |0,00% |2,24% |

|Belo Jardim |4,68% |0,00% |0,00% |0,00% |4,68% |

|Olinda |0,42% |0,00% |0,00% |0,01% |0,41% |

|Caruaru |0,64% |0,01% |0,00% |0,00% |0,63% |

|Garanhuns |1,07% |0,00% |0,00% |0,00% |1,07% |

|Ipojuca |0,75% |0,00% |0,00% |0,00% |0,75% |

|Petrolina |0,28% |0,00% |0,00% |0,00% |0,28% |

|Vitória de Santo Antão |0,58% |0,00% |0,00% |0,00% |0,58% |

|Lajedo |2,74% |0,00% |0,00% |0,00% |2,74% |

|Pesqueira |1,13% |0,00% |0,00% |0,00% |1,13% |

|Camaragibe |0,49% |0,00% |0,00% |0,00% |0,49% |

|Pernambuco |0,49% |0,01% |0,05% |0,00% |0,43% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

No que tange ao número de empregados por estabelecimento, pode-se afirmar que, no geral, o cluster de plásticos e elastômeros é formado por empresas de pequeno porte. Porém, dado que as empresas deste cluster são predominantemente industriais, o valor (26,36) não é tão reduzido quanto em outros clusters do Estado, tais como o de serviços médicos, informática, entre outros, cujas atividades pertencem, fundamentalmente, ao setor serviços. Ademais, deve-se frisar que no Cabo de Santo Agostinho (78,80), em Belo Jardim (108,50) e em Igarassu (74,67), as empresas do setor poderiam ser consideradas como sendo de médio porte. Saliente-se, por último, que ao se considerar a atividade de fabricação de resinas e elastômeros, o número médio de empregados por estabelecimentos (74) é bem superior ao do cluster como um todo (26,36), devido ao porte avantajado das empresas do Cabo de Santo Agostinho, que empregam, em média, 136,33 pessoas.

Tabela 16.4

Cluster de plásticos e elastômeros em Pernambuco

Empregados por estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Plásticos e |Fabricação de |Fabricação de |Fabricação de outros|Fabricação de |

| |Elastômeros |intermediários para |resinas e |produtos químicos |embalagens, artefatos |

| | |resinas e fibras |elastômeros |orgânicos |e laminados de |

| | | | | |plástico |

|Recife |17.22 |6.00 |- |0.00 |17.77 |

|Cabo de Santo Agostinho |78.80 |61.00 |136.33 |- |53.00 |

|Jaboatão dos Guararapes |23.24 |- |- |7.50 |24.41 |

|Abreu e Lima |57.00 |- |21.00 |- |66.00 |

|Paulista |56.00 |- |- |- |56.00 |

|Gravatá |47.40 |- |- |- |47.40 |

|Igarassu |74.67 |- |10.00 |- |107.00 |

|Belo Jardim |108.50 |- |- |- |108.50 |

|Olinda |18.50 |- |- |6.00 |19.89 |

|Caruaru |13.40 |2.00 |- |- |14.67 |

|Garanhuns |10.33 |- |- |- |10.33 |

|Ipojuca |66.00 |- |- |- |66.00 |

|Petrolina |16.50 |- |- |- |16.50 |

|Vitória de Santo Antão |9.00 |- |- |- |9.00 |

|Lajedo |18.50 |- |- |- |18.50 |

|Pesqueira |17.50 |- |- |- |17.50 |

|Camaragibe |11.00 |- |- |- |11.00 |

|Outros |9.13 |- |4.00 |- |9.86 |

|Pernambuco |26.36 |23.00 |74.00 |5.25 |25.12 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Como evidenciado pelos dados apresentados, o cluster de plásticos e elastômeros está concentrado na Região Metropolitana do Recife, especialmente nos municípios de Recife, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes; municípios estes que possuem uma melhor infra-estrutura de escoamento da produção e um maior mercado consumidor para os produtos das empresas do cluster. As empresas, em sua grande maioria, são de pequeno porte, excetuando-se algumas raras exceções situadas em Cabo de Santo Agostinho, Belo Jardim, Igarassu, entre outros. Ademais, de forma geral, a contribuição para a geração de emprego e do PIB no Estado é reduzida, podendo, todavia, ser aumentada, através das maiores possibilidades de exportação de produtos via Porto de Suape, principalmente no que se refere às indústrias localizadas na Região Metropolitana do Recife, particularmente em Cabo de Santo Agostinho.

4. Indicadores específicos do cluster de plásticos e elastômeros

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades do cluster

Segundo os empresários entrevistados, o cluster de plásticos e elastômeros caracteriza-se por adquirir os seus insumos, basicamente, de outros estados, sejam eles de outras regiões, o que ocorre em 44% dos casos, ou da Região Nordeste (24%). Saliente-se, ainda, que 29% dos entrevistados obtêm seus insumos de empresas situadas em outros municípios do Estado, não adjacentes àqueles onde se situam as empresas do setor. No que tange à utilização de serviços, 80% é obtido no próprio município, denotando uma necessidade da importação de mão-de-obra de outros municípios, o que é confirmado, quando se constata a contratação de 14% do pessoal ocupado de outros municípios, não vizinhos ao município-sede das empresas.

4.2. Competitividade

No que tange à estrutura do mercado para o setor de plásticos e elastômeros, 85% dos entrevistados afirmaram que são líderes ou um dos principais representantes do mercado. Além disso, os outros 15% dos empresários disseram ter uma participação semelhante à dos demais representantes, o que pode denotar um ambiente oligopolístico no cluster ora analisado. No que tange ao porte das empresas, o cluster abrangeria empresas de todos os portes, pequeno, médio e grande, porém os seus principais mercados de atuação seriam caracterizados, majoritariamente, pela coexistência de pequenas e médias empresas, segundo a opinião de 43% dos entrevistados. Em 29% dos casos, o principal mercado de atuação das empresas seria caracterizado por grandes empresas sem que haja um domínio exercido por estas. Este mesmo percentual caracterizou os principais mercados como possuindo apenas pequenas empresas.

No que se refere à competitividade das empresas nos seus principais mercados de atuação, 86% dos empresários entrevistados afirmaram que tal era elevada (57%) ou regular (29%), sendo de apenas 14% o percentual que a considerou como estando abaixo da média. Ou seja, segundo os entrevistados, a atividade possui boas condições de competitividade nos municípios-sede das diversas empresas do cluster.

4.3. Tecnologia

Em relação à tecnologia adotada, 57% dos empresários entrevistados afirmaram que a tecnologia utilizada na produção é moderna, enquanto que 43% afirmaram que, apesar de não ser moderna, ela permanece atual. No que concerne à adequação das máquinas, 43% dos entrevistados afirmaram que a tecnologia usada é a mais adequada possível. Entretanto, em 57% dos casos, a tecnologia utilizada não é a mais moderna, embora seja suficiente, o que denotaria a possibilidade/necessidade da compra de novas máquinas e equipamentos, visando a melhoria da produtividade no cluster.

4.4. Amplitude do mercado

De acordo com os entrevistados, 78% das vendas são destinadas a outros municípios, sejam eles adjacentes (37%) ou não (41%) ao município-sede das empresas do cluster, o que demonstra que os empresários abastecem várias localidades do Estado. Ademais, saliente-se que os outros estados do Nordeste são responsáveis pela demanda de 12% dos produtos do cluster, mostrando que, de certa forma, o cluster possui uma integração com o mercado (macro)regional, fator favorável ao desenvolvimento do cluster em questão.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

Em relação às opiniões dos empresários entrevistados no que concerne aos benefícios que a duplicação da BR 232 vai trazer para a economia municipal na qual estão inseridos, as respostas obtidas foram satisfatórias: 43% dos empresários responderam que os benefícios serão elevados e 57% afirmaram esperar benefícios médios da duplicação. Este mesmo otimismo, porém em menor escala, também foi observado quanto ao desenvolvimento do cluster de plásticos e elastômeros no Estado: 86% consideram que a duplicação da BR 232 trará benefícios elevados (43%) ou médios (43%) para o setor, enquanto que apenas 14% vislumbram poucos benefícios para o aglomerado em questão.

Quando questionados sobre como a duplicação da BR 232 beneficiaria a exploração das atividades ligadas ao cluster, 57% dos entrevistados afirmaram que a duplicação propiciaria um maior acesso aos principais mercados da região, percentual equivalente ao verificado quanto à redução do tempo de entrega dos produtos, como sendo um benefício decorrente desta obra.

4.6. Perspectivas de crescimento

No que tange ao crescimento recente do cluster, verifica-se que, segundo 86% dos entrevistados, as atividades cresceram até 100% nos últimos cinco anos. Tal fato é corroborado quando se analisa o desempenho do setor nos dois últimos anos. Para todos os empresários do ramo, houve um crescimento de até 100% no último biênio, sendo que em 57% dos casos, o crescimento foi inferior a 50% para o mesmo período, e para 43% dos empresários, o crescimento verificado estabeleceu-se entre os 50% e 100%, o que poderia denotar um crescimento do setor concentrado neste último período. Com base nesses fatos, os empresários do setor demonstraram-se otimistas quanto às perspectivas de crescimento da atividade nos municípios, haja vista que 86% dos entrevistados afirmaram possuir expectativas boas (57%) ou ótimas (29%) para o setor, no decorrer dos próximos 5 anos.

Em relação às perspectivas de crescimento dos municípios onde se situam os estabelecimentos dos empresários, 33% dos entrevistados afirmaram que os municípios cresceriam num patamar superior à média estadual nos próximos 5 anos, enquanto que 67% pensam que tal desempenho será semelhante ao índice do Estado. Saliente-se que, apesar do menor grau de otimismo em relação ao desempenho da atividade, os empresários desse cluster possuem uma visão mais otimista quanto ao futuro dos municípios, em termos individuais, do que aqueles de outros setores, o que pode decorrer das expectativas positivas destes, em relação ao desenvolvimento do próprio cluster no bojo da economia pernambucana.

Independentemente da expectativa quanto ao crescimento da economia municipal, 43% dos entrevistados afirmaram que o principal obstáculo ao desenvolvimento do município/região estaria relacionado à falta de crédito, à falta de mão-de-obra qualificada e à falta de incentivo do Governo. Evidencia-se, assim, que os principais empecilhos ao desenvolvimento das economias municipais referem-se à falta de infra-estrutura apropriada no que tange à questão creditícia e à qualificação do capital humano presente nos municípios-sede das empresas do cluster de plásticos e elastômeros. Saliente-se, nesse caso, a citação, por parte de 14% dos entrevistados, de que o principal empecilho ao desenvolvimento municipal estaria relacionado à excessiva carga tributária, que pode ser vista como estando intrinsecamente ligada à falta de incentivo do Governo, no que tange ao desenvolvimento industrial no Estado de Pernambuco, ao menos com relação às empresas deste cluster.

CAPÍTULO 18

CLUSTER DE PAPEL E PAPELÃO

1. Introdução

O cluster de papel e papelão caracteriza-se por ser bastante heterogêneo, envolvendo fábricas de papel, editoras de livros, grandes jornais, empresas de reciclagem de sucatas não metálicas, entre outras.

Um ponto interessante sobre este aglomerado é a possibilidade de crescimento, via instalação de novas fábricas de reciclagem, dado o aumento da pressão internacional no que concerne ã preservação do meio ambiente.

2. Dimensão espacial do cluster de papel e papelão

Em Pernambuco, o cluster se desenvolve, basicamente, nas áreas cuja demanda por seus produtos é mais intensa. Por esse motivo, as empresas do aglomerado situam-se na Região Metropolitana do Recife, onde se destacam os setores de edição e impressão de jornais e de fabricação de papel. No que tange a este aspecto, saliente-se que a disponibilidade de matéria-prima pode influenciar na determinação da empresa, o que ocorre em Goiana, onde se destaca a atividade de fabricação de papel. Em menor escala, dada a ampliação da comercialização de alimentos e das exportações dos municípios do Vale do São Francisco, principalmente de Petrolina, as empresas de embalagens podem desempenhar um importante papel no desenvolvimento de novos empreendimentos por meio de uma maior integração à fruticultura desenvolvida na região. Saliente-se que este mesmo fenômeno pode gerar efeitos positivos também às empresas da indústria gráfica, principalmente aquelas vinculadas à confecção de rótulos e cartonagem. A figura 18.1, a seguir, ilustra as principais atividades envolvidas na produção dos diversos produtos.

Figura 18.1

Cluster de papel e papelão

Diagrama de atividades

Fonte: elaboração FADE/UFPE.

O cluster de papel e papelão depende, fundamentalmente, do desenvolvimento daquelas indústrias que utilizam estes produtos como matéria-prima. Assim sendo, esperar-se-ia que as indústrias, independentemente do porte, localizar-se-iam próximas aos mercados consumidores de seus produtos, o que justificaria a concentração de empresas na Região Metropolitana do Recife. Outro ponto digno de destaque, refere-se à importância que a impressão e edição de material impresso, relativamente relacionado à imprensa escrita, possui na geração de empregos, em municípios relativamente desenvolvidos. Assim sendo, não se pode estranhar a inclusão de municípios como Caruaru e Petrolina no cluster em questão. Ademais, no caso de Petrolina, saliente-se a importância que empresas fabricantes de embalagens e artefatos de papel e papelão podem possuir, caso estejam coerentemente integradas à fruticultura desenvolvida na região. Todos esses municípios estão discriminados no mapa 18.1 a seguir.

Mapa 18.1

Cluster de papel e papelão

3. Indicadores gerais do cluster de papel e papelão em Pernambuco

A tabela 18.1, a seguir, mostra que o cluster de papel e papelão desempenha um papel relativamente baixo, quanto à geração de empregos diretos formais na economia pernambucana. Apenas 0,68% do emprego total do Estado advém de atividades vinculadas a tal cluster, destacando-se o setor de impressão e edição de material impresso, responsável por, aproximadamente, 56% do total de empregos ofertados pelo cluster, e o setor de fabricação de papel, que origina cerca de 25% dos empregos do cluster.

Como dito anteriormente, o cluster concentra-se, fundamentalmente, na Região Metropolitana do Recife, abrangendo cerca de 90% da população empregada no aglomerado de atividades em questão. Sobressai-se Recife, onde se encontram 51,19% dos empregados do aglomerado, e Jaboatão dos Guararapes, onde estão situados 18,05% dos empregos formais ofertados pelo cluster. É importante salientar que enquanto no Recife o emprego está fortemente ligado à atividade de impressão e edição de material impresso, responsável por 75% dos empregos gerados no município pelo referido cluster, em Jaboatão dos Guararapes a atividade mais importante, no que se relaciona à geração de empregos, é a fabricação de papel, de onde advém 65% dos empregos do cluster no município.

Tabela 18.1

Cluster de papel e papelão em Pernambuco

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação |Fabricação de |Fabricação de fitas|Impressão e |Reciclagem de |

| |Papel e | | |de papel |embalagens e |e formulários |edição de |sucatas |

| |Papelão | | | |artefatos de |contínuos - |material |não-metálicas |

| | | | | |papel e papelão |impressos ou não |impresso | |

|Jaboatão dos Guararapes |1088 |18,05% |69,24% |704 |217 |0 |122 |45 |

|Cabo de Santo Agostinho |385 |6,39% |75,63% |0 |48 |0 |337 |0 |

|Goiana |373 |6,19% |81,82% |348 |20 |0 |5 |0 |

|Olinda |204 |3,38% |85,20% |0 |38 |0 |165 |1 |

|Itapissuma |179 |2,97% |88,17% |0 |0 |0 |0 |179 |

|Igarassu |119 |1,97% |90,15% |0 |2 |117 |0 |0 |

|Caruaru |86 |1,43% |91,57% |0 |22 |0 |48 |16 |

|Camaragibe |62 |1,03% |92,60% |0 |22 |23 |17 |0 |

|Petrolina |58 |0,96% |93,56% |0 |7 |0 |51 |0 |

|Abreu e Lima |57 |0,95% |94,51% |0 |0 |0 |57 |0 |

|Moreno |51 |0,85% |95,36% |50 |0 |0 |1 |0 |

|Gravatá |35 |0,58% |95,94% |0 |0 |0 |5 |30 |

|Outros |245 |4,06% |100,00% |0 |22 |0 |206 |9 |

|Pernambuco |6028 |100,00% | - |1488 |744 |140 |3352 |296 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Como indicado na tabela 18.2, a seguir, não apenas os empregos, mas também a maioria dos estabelecimentos ligados ao cluster de papel e papelão (73%) se localiza na Região Metropolitana do Recife. Destaque especial para Recife, onde se situam 54,15% dos estabelecimentos do cluster no Estado. É válido salientar, entretanto, o desempenho de Petrolina, que possui 4,58% dos estabelecimentos no Estado. Porém, dos estabelecimentos deste município, apenas um está ligado ao setor de embalagens e artefatos de papel e papelão, o que pode indicar a possibilidade de crescimento do aglomerado, tanto no âmbito municipal quanto no estadual, caso haja uma maior sinergia entre este setor e o cluster fruticultor, já que este último, tende a se beneficiar, cada vez mais, a partir da ampliação do comércio de alimentos e das exportações dos produtos explorados no Vale do São Francisco.

Outro setor que pode expandir o cluster de papel e papelão está relacionado às fábricas de reciclagem, dado o aumento da pressão (inter)nacional no que tange ao equilíbrio ambiental, que atualmente correspondem a apenas 3,43% dos estabelecimentos do cluster em Pernambuco. Note-se que, em termos de atividade, aproximadamente 80% dos estabelecimentos estão vinculados à atividade de impressão e edição de material impresso.

Tabela 18.2

Cluster de papel e papelão em Pernambuco

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster Papel e |% |% Acumulada |Fabricação de|Fabricação de |Fabricação de |

| |Papelão | | |papel |embalagens e artefatos|fitas e |

| | | | | |de papel e papelão |formulários |

| | | | | | |contínuos - |

| | | | | | |impressos ou |

| | | | | | |não |

|Recife |0,68% |0,09% |0,08% |0,00% |0,52% |0,00% |

|Jaboatão dos Guararapes |2,19% |1,41% |0,44% |0,00% |0,25% |0,09% |

|Cabo de Santo Agostinho |2,67% |0,00% |0,33% |0,00% |2,34% |0,00% |

|Goiana |4,02% |3,75% |0,22% |0,00% |0,05% |0,00% |

|Olinda |0,46% |0,00% |0,09% |0,00% |0,38% |0,00% |

|Itapissuma |8,59% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |8,59% |

|Igarassu |1,24% |0,00% |0,02% |1,22% |0,00% |0,00% |

|Caruaru |0,41% |0,00% |0,11% |0,00% |0,23% |0,08% |

|Camaragibe |0,92% |0,00% |0,33% |0,34% |0,25% |0,00% |

|Petrolina |0,24% |0,00% |0,03% |0,00% |0,21% |0,00% |

|Abreu e Lima |0,91% |0,00% |0,00% |0,00% |0,91% |0,00% |

|Moreno |1,87% |1,83% |0,00% |0,00% |0,04% |0,00% |

|Gravatá |1,02% |0,00% |0,00% |0,00% |0,15% |0,87% |

|Pernambuco |0,68% |0,17% |0,08% |0,02% |0,38% |0,03% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Quanto ao porte das firmas, no geral, pode-se afirmar que as empresas do aglomerado em questão se caracterizam como sendo de pequeno porte – 17,27 empregos por estabelecimento – havendo algumas exceções. Os municípios do Cabo de Santo Agostinho (96,25), Goiana (124,33) e Itapissuma (179) apresentam médias compatíveis a empresas de médio porte. Saliente-se, todavia, que as empresas dos diversos setores componentes do cluster, apresentam uma heterogeneidade visível, coexistindo empresas de grande porte, como pode ser visto no setor de fabricação de papel em Jaboatão dos Guararapes, médio porte, como aquela relacionada à fabricação de papel em Goiana e à reciclagem de sucatas não-metálicas em Itapissuma, e pequeno porte, conforme a maioria das empresas de todos os setores dos municípios integrados ao cluster. Tal heterogeneidade também é visível ao se considerar os diferentes setores do cluster. Enquanto que os setores de fabricação de papel e fabricação de fitas e formulários contínuos possuem, em média, 124 e 70 empregados por estabelecimento, respectivamente, a atividade de impressão e edição de material impresso apresenta uma relação equivalente a 12,19 empregados por estabelecimento.

Tabela 18.4

Cluster de papel e papelão em Pernambuco

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster Papel |Fabricação |Fabricação de |Fabricação de fitas e |Impressão e |Reciclagem de |

| |e Papelão |de papel |embalagens e |formulários contínuos - |edição de |sucatas |

| | | |artefatos de papel|impressos ou não |material |não-metálicas |

| | | |e papelão | |impresso | |

|Recife |16.33 |42.89 |16.48 |- |14.99 |5.33 |

|Jaboatão dos Guararapes |68.00 |704.00 |43.40 |- |15.25 |22.50 |

|Cabo de Santo Agostinho |96.25 |- |48.00 |- |112.33 |- |

|Goiana |124.33 |348.00 |20.00 |- |5.00 |- |

|Olinda |6.18 |- |4.22 |- |7.17 |1.00 |

|Itapissuma |179.00 |- |- |- |- |179.00 |

|Igarassu |59.50 |- |2.00 |117.00 |- |- |

|Caruaru |6.14 |- |7.33 |- |4.80 |16.00 |

|Camaragibe |8.86 |- |11.00 |23.00 |4.25 |- |

|Petrolina |3.63 |- |7.00 |- |3.40 |- |

|Abreu e Lima |57.00 |- |- |- |57.00 |- |

|Moreno |25.50 |50.00 |- |- |1.00 |- |

|Gravatá |11.67 |- |- |- |2.50 |30.00 |

|Outros |4.22 |- |5.50 |- |4.04 |3.00 |

|Pernambuco |17.27 |124.00 |15.50 |70.00 |12.19 |24.67 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Como evidenciado nos dados apresentados, o cluster de papel e papelão concentra-se na Região Metropolitana da capital pernambucana, destacando-se Recife, responsável por 51,19% dos empregos gerados no cluster no Estado. O perfil das empresas, como visto anteriormente, pode ser considerado de pequeno porte, apesar da heterogeneidade verificada, atuando, primordialmente na fabricação de papel e na impressão e edição de material impresso.

Atualmente, o cluster possui dimensões relativamente reduzidas, não obstante, se esperar que, dada a maior importância relacionada a questões ambientais no decorrer dos últimos anos, sejam desenvolvidas novas unidades de reciclagem nos próximos anos. Um outro fator favorável à expansão do cluster ora analisado, refere-se à expectativa de ampliação do parque industrial estadual, visando à satisfação da demanda interna que é atendida por meio da importação de produtos dos estados do Sul do país. Além disso, frise-se a sinergia que pode existir entre o setor de embalagens e produtos e a fruticultura desenvolvida no Vale do São Francisco, o que pode atuar, também, como um fator dinamizador do cluster no Estado.

4. Indicadores específicos do cluster de papel e papelão

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades do cluster

Segundo os empresários entrevistados, o cluster de papel e papelão caracteriza-se por adquirir os seus insumos, basicamente, de outros municípios do Estado, porém não adjacentes àqueles que sediam as empresas dos entrevistados (62%). Saliente-se, ainda, que apenas 25% dos insumos são obtidos de empresas situadas no próprio município. Nota-se, então, uma forte dependência de produtos fabricados em outros municípios, o que deve indicar a importância de um município, em particular, no fornecimento de um ou mais insumos necessários ao bom funcionamento das empresas do cluster. No que tange à utilização de serviços, praticamente todo ele, 93%, é obtido no próprio município, gerando um efeito positivo sobre o nível de emprego dos municípios-sede em questão.

4.2. Competitividade

No que tange à estrutura do mercado, parece claro a existência de um oligopólio no cluster: 75% dos entrevistados afirmaram que são líderes ou um dos principais representantes do mercado, enquanto que apenas 25% asseguraram que a sua participação no mercado é pequena. A despeito disso, o aglomerado é impregnado de pequenas e médias empresas na opinião dos entrevistados (63%), mesmo que para 25% dos empresários o setor seja dominado por uma grande empresa, que dominaria boa parte do mercado. Assim, mais uma vez ficaria evidenciada a existência de um oligopólio atuando conjuntamente com pequenas empresas que atendem à demanda residual do cluster, formando a chamada franja concorrencial.

No que tange à competitividade das empresas do aglomerado nos diversos municípios-sede do Estado, 75% dos entrevistados afirmam que o cluster apresenta níveis elevados ou regulares de competitividade, enquanto que para 25% tal característica apresenta-se abaixo da média.

4.3. Tecnologia

Em relação à tecnologia adotada, 76% dos empresários entrevistados afirmaram que a tecnologia utilizada na produção é moderna, enquanto que 25% afirmaram que, apesar de não ser moderna, a tecnologia usada permanece atual. Independentemente da modernidade das técnicas de produção por parte das empresas do cluster, 100% dos empresários afirmaram que a tecnologia utilizada é suficientemente adequada à produção dos principais produtos do cluster em seus municípios.

4.4. Amplitude do mercado

De acordo com os entrevistados, 80% das vendas são destinadas ao mercado local, seja ao próprio município (51%) ou a municípios vizinhos (29%), o que demonstra que os empresários desse cluster abastecem, fundamentalmente, o mercado local. Entretanto, verifica-se, também, um envolvimento com outros estados do Nordeste, para os quais são exportados 18% da produção do cluster. Este alto nível de exportação deve estar vinculado à existência de algumas poucas grandes empresas atuantes no Estado.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

Em relação às opiniões dos empresários entrevistados, no que concerne aos benefícios que a duplicação da BR 232 vai trazer para a economia municipal na qual estão inseridos, as respostas obtidas foram satisfatórias: 50% dos empresários responderam que os benefícios serão elevados e 25% afirmaram esperar benefícios médios da duplicação. Por outro lado, apenas 13% afirmaram que a duplicação proporcionará poucos benefícios para o seu município e outros 12% esperam que a duplicação não origine benefício algum. Este mesmo otimismo foi observado quanto ao desenvolvimento do cluster de papel e papelão no Estado: 75% consideram que a duplicação da BR 232 trará benefícios elevados (38%) ou médios (37%) para o setor, enquanto que apenas 25% vislumbram poucos (13%) ou nenhum (12%) benefício para o aglomerado em questão.

Quando questionados sobre como a duplicação da BR 232 beneficiaria a exploração das atividades ligadas ao papel e papelão, 50% dos entrevistados afirmaram que a duplicação propiciaria um maior acesso aos principais mercados da região e 38% salientaram a redução no tempo de recebimento dos produtos e no tempo de entrega dos mesmos.

4.6. Perspectivas de crescimento

No que tange ao crescimento recente do cluster, verifica-se que, segundo 88% dos entrevistados, as atividades cresceram até 100% nos últimos cinco anos, o que denotaria uma evolução do setor nesse período, o que seria corroborado por 13% do empresariado que verificaram um crescimento entre 100% e 200% no referido intervalo de tempo. Porém, quando se considera o último biênio, vê-se que a situação das empresas do cluster sofre uma sensível alteração, tendo havido um crescimento de até 100% para o cluster, para os mesmos 88% dos entrevistados, enquanto que aproximadamente 12% afirmaram que a atividade passou por um período de estagnação nos últimos dois anos. Em relação às perspectivas de crescimento da atividade para os próximos cinco anos, 63% dos entrevistados se mostraram otimistas, enquanto que apenas 13% demonstraram pessimismo.

Em relação às perspectivas de crescimento dos municípios onde se situam os estabelecimentos dos empresários entrevistados, 50% dos empresários afirmaram que o município cresceria tanto quanto a média estadual, porém os outros 50% dos entrevistados possuem uma visão pessimista em relação aos seus municípios – 38% pensam que o município crescerá menos que a média estadual e 10% esperam um crescimento negativo da economia municipal.

Independentemente da expectativa quanto ao crescimento da economia municipal, 38% dos entrevistados afirmaram que o principal obstáculo ao desenvolvimento do município/região estaria relacionado à falta de agências bancárias no município, seguido pela falta crédito para os empresários locais e pela falta de informação/pouca instrução da população, ambos citados por 25% dos entrevistados. Evidencia-se, assim, que os principais empecilhos ao desenvolvimento das economias municipais referem-se à falta de infra-estrutura apropriada, no que tange à questão creditícia e à qualificação do capital humano presente nos municípios-sede das empresas do cluster de papel e papelão.

CAPÍTULO 19

CLUSTER DE COMÉRCIO E MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS

1. Introdução

O setor de comércio e manutenção de veículos em Pernambuco caracteriza-se, fundamentalmente, como sendo uma atividade do setor terciário, dada a predominância de empresas de transporte rodoviário de passageiros e de comércio varejista/atacadista de peças e veículos. Porém, é válido ressaltar que Pernambuco possui empresas no setor industrial que se dedicam a este setor, via fabricação de peças e acessórios automotivos.

Como pode ser visto na figura abaixo, o cluster de comércio e manutenção de veículos engloba atividades tais como fabricação de peças e acessórios; recondicionamento de motores para veículos automotores; comércio varejista e atacadista de veículos automotores, motos, peças e acessórios; manutenção e reparação e recondicionamento de motores para veículos automotores. Note-se que boa parte das atividades está relacionada ao setor terciário da economia estadual.

Figura 19.1

Cluster de comércio e manutenção de veículos

Diagrama de atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

2. Dimensão espacial do cluster de comércio e manutenção de veículos

A dimensão espacial do cluster de comércio e manutenção de veículos está fortemente atrelada ao tamanho do mercado consumidor para esses produtos. Assim sendo, em regiões nas quais existe um grande público consumidor de automóveis e do serviço de transportes públicos, espera-se que o cluster analisado apresente-se relativamente desenvolvido. No âmbito estadual, tal hipótese levaria à conclusão de que o cluster de comércio e manutenção de veículos estaria altamente concentrado na Região Metropolitana do Recife, onde se encontra o maior mercado consumidor para os produtos no Estado. Porém, em municípios que desfrutam de um contingente populacional significativo, capaz de gerar uma demanda mínima por automóveis e/ou transportes coletivos, como, por exemplo, Petrolina, Caruaru, Carpina e Garanhuns, observa-se também um relativo desenvolvimento deste cluster, principalmente devido à existência de revendedoras, concessionárias, oficinas mecânicas e estabelecimentos comerciais de peças e acessórios – todos estabelecimentos do setor serviços.

Tal fato pode ser verificado no mapa 19.1 a seguir. Ou seja, diferentemente de outros clusters, que dependem fundamentalmente, de uma infra-estrutura altamente desenvolvida e especializada para a obtenção de economias de escala, como, por exemplo, o de serviços médicos, o cluster atualmente analisado dependeria sobremaneira do tamanho do mercado consumidor, sendo a logística o fator mais importante na localização das empresas do que a infra-estrutura em si

Mapa 19.1

Cluster de comércio e manutenção de veículos

3. Indicadores gerais do cluster de comércio e manutenção de veículos

Como afirmado anteriormente, o cluster de comércio e manutenção de veículos em Pernambuco caracteriza-se, primordialmente, por seu setor terciário. De acordo com os dados da tabela 19.1, 98,39% das pessoas empregadas formalmente neste cluster atuam no setor serviços, dos quais 47,64% no setor de transporte rodoviário de passageiros, 25,77% no comércio varejista/atacadista de peças e automóveis e 18,30% no comércio de combustíveis. Apenas em Igarassu o setor de fabricação de peças e automóveis tem uma importância relativa, sendo responsável pela geração de cerca de 82% dos empregos do cluster no referido município.

Outro ponto digno de nota refere-se ao fato da alta concentração dos empregos gerados pelo cluster no Recife e em sua Região Metropolitana. Segundo os dados da RAIS para 2000, 42,28% dos empregos do cluster são gerados no Recife, com especial destaque para os setores de transporte rodoviário de passageiros e comércio varejista/atacadista de peças e veículos. Quando se considera a Região Metropolitana do Recife, este percentual sobe para, aproximadamente, 76% dos postos de trabalho gerados, destacando os mesmos setores anteriormente mencionados. Em relação aos demais municípios, pode-se destacar Petrolina e Caruaru, responsáveis por 5,76% e 4,37% dos empregos totais do cluster no Estado. Note-se que, assim como observado em Recife e em sua Região Metropolitana, os setores de destaque nestes municípios são o comércio varejista/atacadista de peças e veículos e o transporte rodoviário de passageiros, o que poderia ser explicado, ao menos parcialmente, dado o caráter de centro econômico regional.

Tabela 19.1

Cluster de comércio e manutenção de veículos

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação |Recondicionamento e |Comércio a varejo e |Transporte |Comércio de |

| |Automóvel | | |de |manutenção de motores|por atacado de peças|rodoviário de|combustíveis |

| | | | |automóveis e|e veículos |e veículos |passageiros | |

| | | | |peças | | | | |

|Jaboatão dos Guararapes |5147 |13,25% |55,54% |0 |216 |776 |3598 |557 |

|Olinda |4062 |10,46% |66,00% |11 |238 |390 |3092 |331 |

|Petrolina |2237 |5,76% |71,76% |0 |90 |744 |1136 |267 |

|Caruaru |1699 |4,37% |76,13% |0 |128 |737 |560 |274 |

|Abreu e Lima |1121 |2,89% |79,02% |0 |63 |48 |960 |50 |

|São Lourenço da Mata |805 |2,07% |81,09% |0 |21 |4 |746 |34 |

|Cabo de Santo Agostinho |790 |2,03% |83,12% |0 |61 |85 |539 |105 |

|Garanhuns |668 |1,72% |84,84% |0 |93 |316 |123 |136 |

|Igarassu |595 |1,53% |86,37% |488 |2 |14 |15 |76 |

|Ipojuca |423 |1,09% |87,46% |0 |2 |2 |40 |379 |

|Itambé |412 |1,06% |88,52% |0 |1 |8 |339 |64 |

|Arcoverde |364 |0,94% |89,46% |0 |19 |180 |50 |115 |

|Carpina |343 |0,88% |90,34% |13 |28 |179 |16 |107 |

|Vitória de Santo Antão |303 |0,78% |91,12% |0 |6 |215 |5 |77 |

|Timbaúba |290 |0,75% |91,87% |0 |9 |218 |0 |63 |

|Paulista |254 |0,65% |92,53% |0 |16 |41 |0 |197 |

|Goiana |244 |0,63% |93,15% |0 |0 |45 |135 |64 |

|Salgueiro |244 |0,63% |93,78% |0 |2 |151 |28 |63 |

|Serra Talhada |219 |0,56% |94,35% |0 |2 |135 |6 |76 |

|Palmares |150 |0,39% |94,73% |0 |4 |94 |6 |46 |

|Belo Jardim |141 |0,36% |95,10% |6 |0 |74 |0 |61 |

|Araripina |123 |0,32% |95,41% |0 |5 |71 |12 |35 |

|Camaragibe |103 |0,27% |95,68% |0 |7 |17 |22 |57 |

|Pesqueira |101 |0,26% |95,94% |0 |3 |12 |21 |65 |

|Cabrobó |86 |0,22% |96,16% |0 |0 |10 |1 |75 |

|Ouricuri |85 |0,22% |96,38% |0 |3 |19 |2 |61 |

|Escada |68 |0,18% |96,55% |0 |3 |8 |1 |56 |

|Outros |1339 |3,45% |100,00% |0 |55 |236 |106 |942 |

|Pernambuco |38839 |100,00% |- |626 |2594 |10007 |18503 |7109 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Semelhante à distribuição dos empregados no Estado, o setor serviços é responsável por quase a totalidade dos estabelecimentos do cluster de comércio e manutenção de veículos. De acordo com a tabela 19.2, 99,62% dos estabelecimentos estão ligados ao setor terciário da economia estadual. Deste total, 49,66% estão relacionados ao comércio varejista/atacadista de peças e veículos e 28,14% ao comércio de combustíveis. Ou seja, cerca de 80% dos estabelecimentos fazem parte de setores caracterizados por micro e/ou pequenas empresas, o que pode ocasionar o nível reduzido de empregos por estabelecimento, no cluster em análise.

Saliente-se que, analogamente ao verificado para o número de empregos formais, a maioria dos estabelecimentos (39,28%) se encontra no Recife e na sua Região Metropolitana (15%), dado a elevada concentração do mercado consumidor dos produtos do referido cluster nesta região. Deve-se destacar, ainda, que os municípios de Petrolina e Caruaru são responsáveis, respectivamente, por 6,43% e 5,88% dos estabelecimentos no Estado, estando atrás apenas de Recife. Nestes dois municípios, sobressai-se o comércio varejista/atacadista de peças e veículos, que abrangem, respectivamente, 62% e 55% dos estabelecimentos nesses municípios. Contrariamente, não existe sequer um único estabelecimento no setor de fabricação de peças e automóveis nestes dois municípios, o que, mais uma vez, denota a importância do setor serviços na determinação do número de estabelecimentos e empregos neste cluster.

Tabela 19.2

Cluster de comércio e manutenção de veículos

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabric. de autom. e |Recondicionamen|Comércio a |

| |Automóvel | | |peças |to e manutenção|varejo e por |

| | | | | |de motores e |atacado de |

| | | | | |veículos |peças e |

| | | | | | |veículos |

|Recife |3,62% |0,02% |0,33% |1,14% |1,53% |0,59% |

|Jaboatão dos Guararapes |10,34% |0,00% |0,43% |1,56% |7,23% |1,12% |

|Olinda |9,26% |0,03% |0,54% |0,89% |7,05% |0,75% |

|Petrolina |9,37% |0,00% |0,38% |3,12% |4,76% |1,12% |

|Caruaru |8,12% |0,00% |0,61% |3,52% |2,68% |1,31% |

|Abreu e Lima |17,89% |0,00% |1,01% |0,77% |15,32% |0,80% |

|São Lourenço da Mata |17,52% |0,00% |0,46% |0,09% |16,23% |0,74% |

|Cabo de Santo Agostinho |5,49% |0,00% |0,42% |0,59% |3,74% |0,73% |

|Garanhuns |7,66% |0,00% |1,07% |3,62% |1,41% |1,56% |

|Igarassu |6,22% |5,10% |0,02% |0,15% |0,16% |0,79% |

|Ipojuca |4,79% |0,00% |0,02% |0,02% |0,45% |4,29% |

|Itambé |19,45% |0,00% |0,05% |0,38% |16,01% |3,02% |

|Arcoverde |9,20% |0,00% |0,48% |4,55% |1,26% |2,91% |

|Carpina |7,36% |0,28% |0,60% |3,84% |0,34% |2,29% |

|Vitória de Santo Antão |3,92% |0,00% |0,08% |2,78% |0,06% |1,00% |

|Timbaúba |5,05% |0,00% |0,16% |3,80% |0,00% |1,10% |

|Paulista |1,42% |0,00% |0,09% |0,23% |0,00% |1,10% |

|Goiana |2,63% |0,00% |0,00% |0,48% |1,45% |0,69% |

|Salgueiro |9,47% |0,00% |0,08% |5,86% |1,09% |2,45% |

|Serra Talhada |4,80% |0,00% |0,04% |2,96% |0,13% |1,66% |

|Palmares |5,03% |0,00% |0,13% |3,15% |0,20% |1,54% |

|Belo Jardim |3,04% |0,13% |0,00% |1,60% |0,00% |1,32% |

|Araripina |3,87% |0,00% |0,16% |2,23% |0,38% |1,10% |

|Camaragibe |1,53% |0,00% |0,10% |0,25% |0,33% |0,84% |

|Pesqueira |3,26% |0,00% |0,10% |0,39% |0,68% |2,10% |

|Cabrobó |28,01% |0,00% |0,00% |3,26% |0,33% |24,43% |

|Ouricuri |6,04% |0,00% |0,21% |1,35% |0,14% |4,33% |

|Escada |1,27% |0,00% |0,06% |0,15% |0,02% |1,05% |

|Pernambuco |4,40% |0,07% |0,29% |1,13% |2,10% |0,81% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

Ao se considerar o número médio de empregados por estabelecimento em Pernambuco, pode-se constatar que o cluster seria caracterizado, fundamentalmente, por empresas de pequeno porte. Porém, os dados são muito heterogêneos para que se chegue a esta conclusão tão generalizada. Com base no exposto na tabela 19.4, vários municípios possuem uma média que varia entre 15 e 30 empregados por estabelecimento, o que, de fato, emprestaria ao cluster a característica de ser fundamentado em pequenas empresas. Entretanto, para muitos dos municípios analisados, a média é inferior a 10 empregados/estabelecimentos, o que caracterizaria o cluster como fundamentado em microempresas. A única exceção a estas observações é São Lourenço da Mata, cuja relação de empregados por estabelecimento equivale a 100, em conseqüência da forte atuação do setor de transporte rodoviário de passageiros.

Tabela 19.4

Cluster de comércio e manutenção de veículos

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabric. de |Recondicionamento e |Comércio a varejo e |Transporte |Comércio de |

| |Automóvel |autom. e |manutenção de motores|por atacado de peças|rodoviário de |combustíveis |

| | |peças |e veículos |e veículos |passageiros | |

|Recife |14.37 |15.43 |6.17 |8.56 |157.82 |11.10 |

|Jaboatão dos Guararapes |30.82 |0.00 |6.17 |10.93 |224.88 |12.38 |

|Olinda |26.90 |11.00 |6.61 |6.09 |309.20 |8.28 |

|Petrolina |11.96 |0.00 |4.74 |6.36 |71.00 |7.63 |

|Caruaru |9.94 |0.00 |5.57 |7.84 |46.67 |6.52 |

|Abreu e Lima |30.30 |0.00 |5.25 |2.67 |480.00 |10.00 |

|São Lourenço da Mata |100.63 |0.00 |21.00 |1.33 |373.00 |17.00 |

|Cabo de Santo Agostinho |19.75 |0.00 |8.71 |5.31 |89.83 |9.55 |

|Garanhuns |8.05 |0.00 |6.64 |7.18 |24.60 |6.80 |

|Igarassu |25.87 |488.00 |0.50 |1.75 |15.00 |8.44 |

|Ipojuca |17.63 |0.00 |2.00 |2.00 |13.33 |19.95 |

|Itambé |29.43 |0.00 |0.50 |2.00 |113.00 |12.80 |

|Arcoverde |6.17 |0.00 |3.17 |5.14 |10.00 |8.85 |

|Carpina |7.46 |13.00 |4.67 |5.97 |8.00 |15.29 |

|Vitória de Santo Antão |6.06 |0.00 |2.00 |6.72 |2.50 |5.92 |

|Timbaúba |9.67 |0.00 |3.00 |9.91 |0.00 |12.60 |

|Paulista |5.77 |0.00 |4.00 |2.28 |0.00 |8.95 |

|Goiana |10.17 |0.00 |0.00 |3.21 |45.00 |9.14 |

|Salgueiro |6.78 |0.00 |2.00 |6.86 |5.60 |7.88 |

|Serra Talhada |4.56 |0.00 |0.67 |3.97 |2.00 |9.50 |

|Palmares |4.69 |0.00 |4.00 |4.09 |6.00 |6.57 |

|Belo Jardim |9.40 |6.00 |0.00 |8.22 |0.00 |12.20 |

|Araripina |4.73 |0.00 |5.00 |4.73 |4.00 |5.00 |

|Camaragibe |4.68 |0.00 |1.40 |2.43 |11.00 |7.13 |

|Pesqueira |5.94 |0.00 |3.00 |1.50 |7.00 |13.00 |

|Cabrobó |9.56 |0.00 |0.00 |2.50 |1.00 |18.75 |

|Ouricuri |5.31 |0.00 |3.00 |3.17 |1.00 |8.71 |

|Escada |5.67 |0.00 |3.00 |2.67 |1.00 |8.00 |

|Outros |3.56 |0.00 |3.24 |2.00 |3.66 |4.44 |

|Pernambuco |13.35 |56.91 |5.73 |6.93 |101.66 |8.68 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

Conforme demonstrado pelas análises das tabelas anteriores, pode-se concluir que o cluster de comércio e manutenção de veículos caracteriza-se, de uma forma generalizada, pela abundância de empresas atuantes na comercialização de peças, automóveis e combustíveis. Porém, em determinados municípios, a influência exercida pelas empresas de transporte rodoviário de passageiros não pode ser desprezada, elevando, sobremaneira, o número de empregos gerados por estabelecimentos.

No que se relaciona à geração de empregos, o cluster mostra-se muito importante, tanto para o Estado de uma forma geral, para o qual representa 4,40% dos postos totais de trabalho formal, quanto para alguns municípios em particular, onde o cluster é responsável pela geração de mais de 10% dos empregos formais, em alguns deles. Este é o caso, por exemplo, de municípios como Cabrobó, Itambé, Abreu e Lima e São Lourenço da Mata. Assim, mesmo que o cluster não apresentasse uma importância significativa em termos econômicos, não se pode negar a sua importância no âmbito social para tais municípios e para o Estado como um todo.

4. Indicadores específicos do cluster de comércio e manutenção de veículos

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades

Segundo os empresários entrevistados, o cluster de comércio e manutenção de veículos caracteriza-se por adquirir os seus insumos, basicamente, de outros municípios do Estado e/ou de outros estados. Em 40% dos casos, os produtos são adquiridos de municípios não adjacentes àqueles onde se situam as empresas do setor. Além disso, 27% dos produtos são importados de outros estados da federação, enquanto que 20% são obtidos em municípios vizinhos. No que tange à utilização de serviços, todo ele é obtido no próprio município, gerando um efeito positivo sobre o nível de emprego dos municípios em questão.

4.2. Competitividade

No que tange à situação das empresas no mercado, 76% dos entrevistados afirmaram que são líderes ou um dos principais representantes do mercado, caracterizado, fundamentalmente, por empresas de pequeno e médio portes. Saliente-se, entretanto, que para 12% dos entrevistados, os mercados são dominados por uma ou mais grandes empresas, o que poderia caracterizar estes mercados como sendo essencialmente oligopolistas, havendo, entretanto, pequenas e médias empresas que competiriam pela parcela restante do mercado.

Esta observação, inclusive, poderia estar relacionada à constatação de que 76% dos entrevistados afirmaram que a competitividade dessa atividade, em seus principais mercados de atuação, é apenas regular ou abaixo da média.

4.3. Tecnologia

Em relação à tecnologia adotada, 47% dos empresários entrevistados afirmaram que a tecnologia utilizada na produção é moderna, enquanto que 41% afirmaram que, apesar de não ser moderna, a tecnologia usada permanece atual. Apesar desse ambiente aparentemente negativo, no que tange à produtividade das empresas do setor, segundo as entrevistas realizadas, 100% dos empresários afirmaram que a tecnologia, seja ela moderna ou defasada, é suficientemente adequada à produção do principal produto do cluster em seus municípios.

4.4. Amplitude do mercado

De acordo com os entrevistados, 97% das vendas são destinados ao próprio município (67%) ou a municípios vizinhos (30%), o que demonstra que os empresários desse cluster abastecem apenas o mercado local, não havendo qualquer envolvimento com outros estados ou países, no que tange à exportação dos produtos do cluster. Tal fato poderia ser justificado, inclusive, pela falta de montadoras em Pernambuco, que, certamente, exportariam parte da produção para outros estados do país, ou até mesmo para o exterior.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

Em relação às opiniões dos empresários entrevistados, no que concerne aos benefícios que a duplicação da BR 232 vai trazer para a economia municipal na qual estão inseridos, as respostas obtidas foram diversas. Enquanto que 41% responderam que os benefícios serão elevados, 35% afirmaram que os benefícios serão baixos. Esta mesma dubiedade foi observada quanto à atividade do comércio e manutenção de veículos. Dos entrevistados, 35% acham que os benefícios trazidos pela duplicação da BR 232 serão elevados, enquanto que o mesmo percentual pensa que os benefícios serão reduzidos. Para evidenciar ainda mais a incerteza quanto às expectativas do empresariado entrevistado, 18% afirmaram que a duplicação acarretará em benefícios de médio porte, enquanto que 12% asseguraram que serão nulos.

Quando indagados sobre como a duplicação da BR 232 beneficiaria a atividade do comércio e manutenção de veículos, 44% dos entrevistados afirmaram que a duplicação melhoraria o acesso para os clientes, 38% pensam que haverá uma redução no tempo de entrega dos produtos e 25% acham que haverá maior acesso aos principais mercados da região e uma redução nos fretes dos produtos recebidos.

Ou seja, de acordo com o exposto anteriormente, as empresas que utilizam a BR 232 para escoar e/ou receber produtos, poderiam ter uma expectativa positiva quanto à duplicação da BR 232; o mesmo não ocorrendo para os empresários cujas firmas atuam num mercado mais restrito.

4.6. Perspectivas de crescimento

No que tange ao crescimento recente do cluster, verifica-se que, segundo 88% dos entrevistados, as atividades cresceram até 100% nos últimos cinco anos, o que denotaria uma evolução significativa no setor nesse período. Quando se considera o último biênio, vê-se que este percentual não sofre uma grande alteração, havendo um crescimento de até 100% para o cluster em questão, segundo 82% dos entrevistados, enquanto que apenas 18% afirmaram ter havido uma estagnação/contração do setor, no intervalo de tempo considerado. Em relação às perspectivas de crescimento da atividade para os próximos cinco anos, 59% dos entrevistados se mostraram otimistas, enquanto que apenas 12% se mostraram pessimistas.

Em relação às perspectivas de crescimento dos municípios onde se situam os estabelecimentos dos empresários entrevistados, 47% do empresariado afirmaram que os municípios cresceriam tanto quanto à média estadual, opinião que, na média, representa as expectativas do empresariado estadual.

Independentemente desta expectativa de crescimento municipal, 41% dos entrevistados afirmaram que o principal obstáculo ao desenvolvimento do município/região estaria relacionado à falta de crédito para os empresários locais. Outros pontos dignos de nota se referem à falta de estradas e às condições climáticas desfavoráveis/falta de água, empecilhos citados por 35% e 29% dos entrevistados, respectivamente.

CAPÍTULO 20

O CLUSTER DE TELECOMUNICAÇÕES

1. Introdução

O setor de telecomunicações é um dos maiores no Brasil, seguindo uma tendência mundial, e vem apresentando elevadas taxas de crescimento nos últimos 10 anos no país. Os resultados recentes foram reflexo, principalmente, da abertura de mercado e da inserção da concorrência dentro do segmento que foi, em sua larga maioria, sujeito ao monopólio público por várias décadas.

As principais atividades do setor são as atividades de comunicação entre pessoas (telefonia), e as atividades de rádio e telecomunicações, que consistem nas transmissões de rádio e de televisão.

O papel do Estado na formação do perfil atual do setor, qualquer que seja a atividade, foi preponderante, na medida em que todo o setor foi, e ainda é, sujeito a políticas regulatórias. Dentre as atividades principais, as transmissões de rádio são, possivelmente, as que enfrentaram menos restrições no sentido do desenvolvimento da concorrência, devido ao elevado número de licenças e ao reduzido alcance imposto às transmissões, o que eleva o número de mercados.

No entanto, qualquer que seja o tipo de serviço de comunicação a ser oferecido, o mesmo somente pode ser implementado sob outorga do poder público, uma vez que, segundo a legislação brasileira, somente a ele pertence o direito de propriedade sobre as freqüências de transmissão.

Devido à importância estratégica dos meios de comunicação para o desenvolvimento sócio-econômico, e mesmo sobre a formação de opinião, a obtenção de concessões tornou-se muito mais um problema de natureza política que econômica, onde até o início da década de 90, as mesmas somente poderiam ser obtidas para rádios e TVs, enquanto todo o sistema de telefonia permaneceu monopólio estatal, operado pela EMBRATEL, em chamadas internacionais e de longa distância, e pelas concessionárias estaduais, para chamadas locais e de curta distância. Este sistema logrou êxito em criar um sistema de telecomunicações integrado em escala nacional, com larga penetração territorial, através do sistema TELEBRAS, e atingido seu objetivo estratégico inicial, proposto à época da privatização da multinacional ITT, a primeira empresa de telefonia no país.

O modelo fechado do setor de telecomunicações no Brasil mostrou sinais de esgotamento já em fins dos anos 80, com sinais claros de um elevado interesse por novas concessões, por parte de investidores privados nacionais e estrangeiros, sinais estes que tiveram sua expressão mais clara, nas negociações políticas das outorgas das rádios e TVs à época da redação da Constituição de 1988.

No início dos anos 90 apenas as rádios empenhavam-se em uma corrida acirrada pelos clientes, com praticamente todo o espectro disponível de freqüências já ocupado, na maioria dos grandes centros urbanos. Havia um reduzido número de emissoras de TV, com uma clara predominância da Rede Globo de Televisão no cenário nacional.

Em termos de telefonia, um dos mercados que mais cresceram nos últimos anos, em todo o mundo, tinha como modelo adotado, ainda o do serviço estatal, com uma empresa nacional e suas concessionárias estaduais. A grande questão que surgiu neste tempo foi de que, ante um cenário francamente favorável à expansão de todos os serviços de comunicação, o Estado e suas empresas não possuíam condições para financiar a expansão destas atividades.

A opção adotada no Brasil, assim como em um grande número de países do mundo, foi a da privatização do sistema de telefonia e a abertura de mercado para o setor de comunicações. Ao longo de toda a década de 90 houve uma grande expansão em termos da oferta de serviços de transmissões televisivas, principalmente com a já tardia permissão de operação das TVs por assinatura, via satélite e, posteriormente, também das TVs a cabo.

A expansão do setor de telefonia, entretanto, superou em larga escala todos as outras atividades de telecomunicações, permitindo não apenas uma multiplicação dos acessos telefônicos em todo o país, mas também, finalmente, permitindo a disseminação da Internet, como meio de comunicação e ferramenta de trabalho e entretenimento.

A estruturação do cluster de telecomunicações em Pernambuco está intimamente ligada à expansão dos serviços de telefonia na década de 90, sendo também interligada ao desenvolvimento do cluster de informática no Estado. Como será explanado a seguir, este cluster, de alta tecnologia, surge com um elevado efeito sobre a economia local, na forma de fornecimento de infra-estrutura, permitindo às empresas locais, elevarem sua competitividade no mercado, ao mesmo tempo em que, mesmo os clientes individuais, passaram a obter um acesso telefônico de melhor qualidade e a um preço ainda mais acessível.

2. Dimensão espacial do cluster de telecomunicações

O cluster de telecomunicações em Pernambuco apresenta uma particularidade de que, apesar de ser concentrado na capital, Recife, e em um pequeno número de cidades, os serviços são prestados a todos os municípios do Estado, e representam a conexão de todos estes, com qualquer sistema de telecomunicações no mundo, seja via telefonia, seja via web. Desta forma, a abrangência dos serviços e a amplitude dos mesmos supera, em muito, a distribuição física das empresas no Estado.

A figura 20.1, a seguir, apresenta um diagrama de atividades simplificado, com respeito à atuação do cluster de telecomunicações em Pernambuco. Como pode ser facilmente observado, as atividades do mesmo não se restringem apenas ao fornecimento de serviços, mas é verificada, também, na presença de indústrias de material para telecomunicações.

Figura 20.1

Cluster de telecomunicações

Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

As atividades do cluster de telecomunicações em Pernambuco estão ligadas à radiodifusão, telecomunicação e televisão, mas o segmento mais dinâmico tem sido o de telecomunicações. De fato, os serviços prestados pelas emissoras de rádio e televisão são, de certa forma, padronizados em todo o país e, salvo na presença de unidades de produção locais, trazem pouco ou nenhum impacto, em termos do emprego e da renda na região. Ainda assim, no entanto, Pernambuco apresenta uma considerável estrutura para produção televisiva.

O setor de telefonia no Estado apresentou uma elevada expansão ao longo da última década, como considerável impacto na economia e no bem-estar da população. Sendo um setor de alta tecnologia e que demanda elevados investimentos iniciais para sua instalação, os efeitos verticais e horizontais da implantação de empresas de telefonia no Estado, podem ser considerados significativamente elevados.

Da mesma forma, a expansão dos pontos de acesso de telefonia fixa, pública e privada, e a introdução e posterior disseminação da telefonia celular, representaram, para a população em geral, a melhoria no acesso, na cobertura e nos preços, implicando com isto em redução dos custos de transação e maior satisfação dos consumidores.

O mapa 20.1 a seguir apresenta a distribuição espacial das empresas ligadas ao cluster de telecomunicações em Pernambuco. Como esperado, estas empresas se concentram nos principais centros urbanos ao longo do Estado, de onde fornecem serviços para todos os demais municípios.

Mapa 20.1

Cluster de telecomunicação

O perfil do setor de telecomunicações demanda profissionais altamente qualificados e infra-estrutura de apoio que dificilmente está disponível fora dos grandes centros urbanos no Nordeste. Neste sentido, a distribuição espacial das empresas segue um padrão esperado e não deverá sofrer modificações, mesmo em médio prazo.

As empresas de maior destaque em Pernambuco na dinâmica do setor, foram as operadoras de telefonia celular TIM e BCP. Originalmente operado por uma estatal, constituída a partir da concessionária pública estadual, o serviço de telefonia celular foi passado às mãos da iniciativa privada, nos moldes de concorrência definidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).

Este modelo previa a criação de áreas de exploração de serviços que englobassem um número de potenciais clientes, que garantissem a viabilidade das empresas, bem como a existência das chamadas empresas espelho, que seriam as concorrentes das concessionárias estatais ao serem privatizadas. Pernambuco ficou como o centro da área 10, que inclui também os Estados da Paraíba, do Piauí, do Maranhão, do Rio Grande do Norte e do Ceará.

Na configuração que se seguiu, o Estado passou a sediar duas das maiores operadoras de telefonia celular do país, cuja concorrência agressiva pelos clientes, levou a uma massificação do uso de celulares que passaram a concorrer em número, mesmo com os telefones fixos. Esta estratégia agressiva de expansão apresentou impactos significativos, tanto em termos da geração de emprego e renda, mas também em relação ao crescimento vertiginoso da oferta de serviços, que até meados da década de 90, sequer eram cogitados de serem implementados.

Uma vez que o negócio da telefonia disputa, em grande parte, o mesmo cliente, as empresas de telefonia fixa, e mais especificamente a Telemar, maior operadora de telefonia do país e que tem concessões em todos os estados da área 10, passou a também operar com uma estratégia agressiva de preços, de forma a recuperar clientes que migraram para o serviço celular, ou que à época da expansão do sistema de telefonia fixa, já tinham se tornado clientes do serviço celular.

Atualmente, a agressividade da concorrência vem se expandindo com a adoção de novas tecnologias, ferramentas de marketing e com o ingresso de novas empresas. Entre as novas empresas a Oi, de fato uma empresa do grupo Telemar que agora passa também a operar no mercado de telefonia celular, é a que apresenta a proposta mais agressiva, seguida pela Vésper, originalmente a espelho da Telemar em sua área de atuação, mas cuja tecnologia torna seu dispositivo de acesso um mix entre o telefone fixo e o celular.

Como resultado da ferrenha disputa pelo mercado, os consumidores e os profissionais ligados ao setor tiveram diversos benefícios, como a redução nos custos das ligações, a maior cobertura, maior facilidade de adquirir o serviço, assim como maior procura por profissionais e criação de demanda para serviços de suporte ao setor. A atual situação não permite delinear até onde a competição entre as empresas irá perdurar, mas indica, claramente, que o caminho escolhido para esta competição apenas tem a beneficiar os consumidores e, como reflexo, a economia pernambucana.

3. Indicadores gerais do cluster de telecomunicações em Pernambuco.

Como indicado, o cluster de telecomunicações apresenta uma significativa diferença entre sua importância e sua dispersão espacial, medida a partir da presença física das firmas. De fato, isto também é verdade em relação ao emprego gerado pelo setor, também bastante reduzido, mesmo considerando que há um segmento industrial no mesmo no Estado.

Segundo os dados apresentados na tabela 20.1, o cluster de telecomunicações em Pernambuco apresentou em 2000 cerca de 6.800 empregos diretos registrados, sendo a maioria absoluta destes, em na empresas de telecomunicações.

Tabela 20.1

Cluster de telecomunicações em Pernambuco

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% | % Acumulada|Fabricação de |Fabricação de |Construção de |Telecomunicações |Atividades |

| |Telecomunicações | | |equipamentos |aparelhos |estações e | |de rádio e |

| | | | |transmissores |receptores de |redes de | |televisão |

| | | | |de rádio e |rádio e televisão |telefonia e | | |

| | | | |televisão |e de reprodução de|comunicação | | |

| | | | | |som e vídeo | | | |

|Olinda |571 |8,36% |86,82% |0 |0 |239 |224 |108 |

|Caruaru |239 |3,50% |90,32% |0 |0 |0 |66 |173 |

|Petrolina |134 |1,96% |92,29% |0 |0 |0 |45 |89 |

|Garanhuns |72 |1,05% |93,34% |0 |0 |0 |19 |53 |

|Outros |455 |6,66% |100,00% |0 |0 |42 |118 |295 |

|Pernambuco |6831 |100,00% | - |8 |11 |613 |4723 |1476 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

Como pode ser observado, mais de 85% do cluster está centrado em Recife e Olinda, onde se localizam todas a principais empresas do cluster. O segmento de telecomunicações também apresenta unidades avançadas em Caruaru, Garanhuns e Petrolina, de forma a viabilizar a cobertura ao longo de todo o território pernambucano, sendo estes, na verdade, parte de uma grande infra-estrutura a nível regional, uma vez que as principais empresas do cluster, as de telefonia, têm como seus mercados, diversos estados do Nordeste e mesmo do país.

A tabela 20.2, a seguir, apresenta a distribuição do cluster de telecomunicações em termos do número de estabelecimentos. No total, o Estado apresenta 191 estabelecimentos do tipo, sendo a maior parte, 108, de telecomunicações, seguidos por 72 estabelecimentos de atividades de rádio e televisão.

Ainda são encontradas no Estado, indústrias de fabricação de equipamentos de transmissão de rádio e televisão (1), fabricação de aparelhos receptores de rádio e televisão e de reprodução de som e vídeo (2) e mesmo empresas especializadas em serviços de construção e montagem para telecomunicações (8).

Ao contrário do que ocorre com os empregos, no entanto, o número de estabelecimentos nos municípios que não fazem parte do cluster, chega a 30% do total, sendo estes, possivelmente, postos de serviço para as indústrias sediadas na Região Metropolitana.

Tabela 20.2

Cluster de telecomunicações em Pernambuco

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação |Fabricação de |Construção de |Telecomunicações |Atividades |

| |Telecomunicações | | |de equip. |aparelhos |estações e | |de rádio e |

| | | | |transmis. de|receptores de |redes de | |televisão |

| | | | |rádio e |rádio e televisão |telefonia e | | |

| | | | |televisão |e de reprodução de|comunic. | | |

| | | | | |som e vídeo | | | |

|Olinda |18 |9,42% |55,50% |0 |0 |3 |8 |7 |

|Caruaru |11 |5,76% |61,26% |0 |0 |0 |6 |5 |

|Petrolina |9 |4,71% |65,97% |0 |0 |0 |7 |2 |

|Garanhuns |8 |4,19% |70,16% |0 |0 |0 |4 |4 |

|Outros |57 |29,84% |100,00% |0 |0 |1 |21 |35 |

|Pernambuco |191 |100,00% | - |1 |2 |8 |108 |72 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

A tabela 20.3 apresenta a participação do cluster de telecomunicações no emprego municipal, que se mostra bastante reduzida, com exceção de Recife, Olinda e Caruaru, onde ultrapassa 1%. Este resultado é particularmente interessante, na medida em que o setor emprega, basicamente, mão-de-obra qualificada com salários normalmente acima da média de mercado.

Tabela 20.3

Participação do cluster de telecomunicações no emprego municipal - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de |Fabricação de |Construção de |Telecomunicações |Atividades |

| |Telecomunicações |equipamentos |aparelhos |estações e redes | |de rádio e |

| | |transmissores de |receptores de |de telefonia e | |televisão |

| | |rádio e televisão |rádio e televisão |comunicação | | |

| | | |e de reprodução de| | | |

| | | |som e vídeo | | | |

|Recife |1,18% |0,00% |0,00% |0,07% |0,94% |0,17% |

|Olinda |1,30% |0,00% |0,00% |0,54% |0,51% |0,25% |

|Caruaru |1,14% |0,00% |0,00% |0,00% |0,32% |0,83% |

|Petrolina |0,56% |0,00% |0,00% |0,00% |0,19% |0,37% |

|Garanhuns |0,83% |0,00% |0,00% |0,00% |0,22% |0,61% |

|Pernambuco |0,77% |0,00% |0,00% |0,07% |0,53% |0,17% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

A tabela 20.4, a seguir, apresenta um indicador quanto ao porte das empresas relacionadas com o cluster de telecomunicações no Estado. Evidentemente, as grandes operadoras de telefonia e as grandes emissoras, empregam centenas de funcionários em todo o país. Porém o cluster é formado destas, juntamente com as pequenas e médias empresas que fornecem serviços auxiliares e permitem a expansão das atividades do cluster e dos agrupamentos produtivos que dele utilizam seus serviços.

Tabela 20.4

Cluster de telecomunicações em Pernambuco

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de |Fabricação de |Construção de |Telecomunicações |Atividades de|

| |Telecomunicações |equipamentos |aparelhos |estações e | |rádio e |

| | |transmissores de |receptores de rádio|redes de | |televisão |

| | |rádio e televisão |e televisão e de |telefonia e | | |

| | | |reprodução de som e|comunicação | | |

| | | |vídeo | | | |

|Recife |60,91 |8,00 |5,50 |83,00 |68,56 |90,19 |

|Olinda |31,72 | - | - |79,67 |28,00 |43,00 |

|Caruaru |21,73 | - | - | - |11,00 |114,50 |

|Petrolina |14,89 | - | - | - |6,43 |44,50 |

|Garanhuns |9,00 | - | - | - |4,75 |13,25 |

|Outros |7,98 | - | - |0,00 |0,00 |0,00 |

|Pernambuco |35,76 |8,00 |5,50 |76,63 |43,73 |78,57 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

Os resultados apresentados na tabela 20.4 indicam que o perfil da empresas do cluster de telecomunicações no Estado de Pernambuco é o de pequenas empresas, que são intrinsecamente ligadas às grandes operadoras de telefonia e televisão. A única exceção seriam as empresas de radiodifusão, que são, em geral, de pequeno porte.

4. Indicadores específicos do cluster de telecomunicações

Os indicadores específicos do cluster de telecomunicações se referem ao seu posicionamento frente ao mercado, sua tecnologia e sua integração com os mercados de insumos e com o mercado final. Também são apresentados indicadores quanto à perspectiva de crescimento do setor e dos municípios em que as empresas estão instaladas, bem como as perspectivas do setor, quanto ao papel da duplicação da BR 232, em relação ao crescimento da economia do município e da própria atividade.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração com o mercado

O setor de telecomunicações em Pernambuco, assim como em todas as demais áreas em que se faz presente, utiliza uma grande quantidade de insumos para seus produtos e processos que estão disponíveis, geralmente, apenas nos grande centros regionais, como seria o caso de Recife em relação a Pernambuco.

Segundo os próprios participantes do setor, de fato, a maior parte dos insumos produtivos são obtidos em Pernambuco, mas a grande maioria se origina de Recife. No entanto, este seria o local de compra destes insumos, que são em grande parte, de outras regiões ou países.

A contratação de serviços, no entanto, é feita em sua maioria, nos próprios municípios dos estabelecimentos, sendo o restante obtido no próprio Estado. Isto sugere que a infra-estrutura de apoio ao setor já está razoavelmente desenvolvida em Pernambuco.

4.2. Competitividade

O mercado de telecomunicações é, via de regra, dominado por grandes empresas, onde os participantes em Pernambuco, geralmente são parte destas empresas, seja na forma de concessionárias, seja no fato de que a grande empresa esteja sediada localmente. Como conseqüência, 33% dos entrevistados eram os próprios líderes do mercado, enquanto outros 33% eram parte do oligopólio que domina seu segmento.

Segundo a grande maioria dos entrevistados, o setor apresenta elevada competitividade no cenário local e mesmo no cenário regional, onde Pernambuco apresenta papel de destaque.

4.3. Tecnologia

Apesar de ser um setor altamente intensivo em tecnologia, uma vez decididos os padrões a serem adotados, a alteração dos mesmos somente é feita no médio ou longo prazo. Isto é verdade para todos os segmentos do setor de telecomunicações e, devido a grande velocidade com que novas tecnologias surgem neste setor atualmente, os padrões adotados logo ficam defasados, embora permaneçam eficazes.

De fato, para apenas 30% dos empresários do setor, suas tecnologias e processos podem ser considerados os mais modernos, enquanto para outros 70%, os mesmos já não são modernos, mas permanecem atuais. Como exemplo, tem-se que o segmento de telefonia celular, que existe há pouco mais de 10 anos, já alterou o padrão duas vezes, e o atual já é considerado defasado.

4.4. Amplitude do mercado

Em termos de seu alcance, os mercados explorados pelo setor de telecomunicações em Pernambuco são bastante vastos, indo de empresas que operam exclusivamente nos próprios municípios dos estabelecimentos, como empresas de radiodifusão, até empresas que operam em diversos estados da região Nordeste, como no caso das operadoras de celular.

4.5. Importância da BR 232

4.5.1. Importância e impactos para a atividade

Apesar das necessidades em termos de insumos serem bastante restritas, em geral, os empresários do setor são unânimes em afirmar que a duplicação da BR 232 irá trazer benefícios para o setor.

Segundo estes empresários, o setor será beneficiado com a obra devido à melhoria no acesso para os clientes e pela redução do tempo de entrega de mercadorias e na execução de serviços associados às atividades do setor.

4.5.2. Importância e impactos para o município

A maioria dos empresários do setor de telecomunicações em Pernambuco considera que a duplicação da BR 232 irá beneficiar a economia dos municípios de seus estabelecimentos, onde 33% consideram que os impactos serão elevados na economia local, e outros 67% acreditam que estes impactos serão de intensidade média.

4.6. Perspectivas de crescimento

4.6.1. Perspectivas de crescimento da atividade

Após um período de elevada expansão do setor, os empresários continuam com expectativas bastante otimistas para os próximos cinco anos. Segundo cerca de 65% destes, as expectativas seriam ótimas para este período, enquanto outros 35% são mais conservadores, e acreditam que estas seriam apenas regulares.

De fato, em torno de 70% dos empresários do setor, em seus diversos segmentos, considera que o mesmo cresceu a taxas significativamente elevadas nos últimos cinco anos, superando com folga, a média do Estado. Quando questionados sobre o período recente, a respeito do crescimento nos últimos dois anos, os empresários afirmaram que a taxa de crescimento neste período foi ainda mais elevada que a verificada nos últimos cinco anos, e isto explica, em parte, as expectativas positivas para o setor.

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município

Questionados sobre o comportamento das economias dos municípios onde seus estabelecimentos estão sediados, os empresários do setor de telecomunicações não apresentaram uma opinião formada a respeito, onde partes relativamente equivalentes consideraram que os municípios iriam crescer mais e menos que a média estadual, enquanto outra parcela, também equivalente, considera que a taxa de crescimento seria a mesma que a estadual. No entanto, todos têm expectativas positivas.

Dentre os principais fatores apontados como obstáculos ao crescimento dos municípios estão a reduzida atividade econômica, a falta de créditos e o nível de qualificação da mão-de-obra, considerado inadequado.

CAPÍTULO 21

O CLUSTER DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM PERNAMBUCO

1. Introdução

Nos últimos anos, a atividade de construção civil em Pernambuco vem despontando como uma das mais dinâmicas do Estado, pois é o segmento que mais cresce dentro do setor de serviços estadual. Este bom desempenho da atividade tem feito com que o setor de construção, principalmente no segmento de construção de obras e edifícios, esteja servindo como referência regional, pois apresenta uma maior competitividade, não somente em relação ao custo de construção, mas também quanto ao prazo de entrega e a qualidade das edificações, especialmente as que se localizam em Recife e Jaboatão dos Guararapes. Ademais, dentre todos os clusters identificados nesta pesquisa, o de construção civil é aquele que mais gera empregos diretos em Pernambuco.

O cluster, como um todo, é composto por diversas atividades: as indústrias de cimento e olarias, os fornecedores de insumos e serviços relacionados à construção, as obras de engenharia civil, o mercado de imóveis, as incorporadoras e as empresas imobiliárias. Em todo o Estado foram identificados diversos municípios que integram o cluster de construção e que podem ser agrupados em três pólos principais: (i) municípios da RMR; (ii) municípios dos arredores de Serra Talhada e (iii) municípios de Caruaru, Bezerros e Gravatá. A principal atividade do cluster é a de construção de edifícios e obras de engenharia civil.

2. Dimensão espacial do cluster de construção civil

A organização do cluster de construção civil envolve diversas atividades inter-relacionadas entre si, que estão esquematizadas de acordo com a figura 21.1 a seguir. Com base neste diagrama de atividades, verifica-se que o cluster em questão é composto por três grandes grupos de atividades. Em primeiro lugar, estão as atividades relacionadas ao fornecimento de insumos e serviços necessários às obras de construção civil; em seguida, encontram-se os segmentos da construção civil propriamente dita, que são as edificações, obras viárias, estações e redes de infra-estrutura, montagens industriais, etc. Por fim, encontra-se o mercado de imóveis, que também envolve as empresas que incorporam, administram e alugam os imóveis.

O interrelacionamento entre os três grupos de atividade que compõem o cluster de construção civil será descrito em seguida. Em primeiro lugar, as indústrias químicas, de plástico, de cimento e olaria vendem os materiais de construção para o comércio atacadista e varejista especializado neste setor que, por seu turno, ofertam esses materiais, aos diversos segmentos da construção civil, como as edificações, obras viárias, estações e redes de infra-estrutura, montagens industriais, etc. Por outro lado, as empresas locadoras de equipamentos para construção civil, alugam essas máquinas que também viabilizam a operacionalização dos segmentos mencionados. Dentro do grupo de atividades da construção civil propriamente dita, as setas da figura mostram como é realizado o relacionamento entre as oito atividades que formam o grupo em questão. Por exemplo, as empresas de estruturas metálicas fornecem este produto para as demais atividades do grupo, com exceção das atividades relacionadas ao acabamento em obras. As empresas que pertencem ao ramo de construção de edificações, precisam se relacionar diretamente com os segmentos de preparação de terrenos, de fornecimento de estruturas metálicas, de construção de instalações (hidráulicas, elétricas, de gás, etc) e com o segmento de acabamento em obras (pinturas, revestimentos, etc). Todas essas atividades, que pertencem ao segundo grande grupo que compõe o cluster de construção civil, vendem seus produtos e/ou serviços no mercado de imóveis e construção civil. Dentro desse mercado ainda existem as incorporadoras e as empresas que administram e alugam imóveis.

Figura 21.1

Cluster de construção civil - Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar no mapa 21.1 todos os municípios que integram o cluster de construção civil em Pernambuco. Neste sentido, apesar de se constatar a existência de pólos de construção civil espalhados ao longo do Estado, percebe-se que, de uma maneira geral, esses municípios se agrupam em três grandes focos: (i) municípios da RMR; (ii) municípios dos arredores de Serra Talhada e (iii) municípios de Caruaru, Bezerros e Gravatá. A tendência à concentração da atividade de construção civil nos focos mencionados é decorrente da criação de economias de aglomeração nas cidades “cerne” de cada um desses focos que, como já visto, impulsionam o desenvolvimento dos municípios vizinhos.

Mapa 21.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster de construção civil

3. Indicadores gerais do cluster de construção civil em Pernambuco

A análise de indicadores do cluster de construção civil, referentes à distribuição espacial do emprego, dos estabelecimentos e do porte dos empreendimentos, fornece uma caracterização mais apurada do cluster em questão, pois com base nessas informações é possível identificar as principais atividades do cluster e onde elas se localizam. Os dados acerca das principais atividades que compõem o cluster de construção em Pernambuco, se basearam nos registros da RAIS/MTE, onde foram identificados cinco grandes segmentos: fabricação de estruturas metálicas para edifícios, pontes e torres; obras e instalações; construção de edifícios e obras de engenharia civil; comércio atacadista e varejista de equipamentos e material de construção e serviços relacionados com construção civil e aluguel/administração de imóveis.

No que se refere ao emprego direto gerado por município, segundo atividades, constata-se a partir da tabela 21.1, que o cluster de construção civil é aquele que mais gera emprego direto, dentre todos os clusters identificados na pesquisa. Os principais municípios geradores que compõem o cluster de construção são: Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes que, em conjunto, contam com 80,25% dos postos de trabalho do cluster em questão. A principal atividade deste cluster, em termos de geração de empregos, é a de construção de edifícios e obras de engenharia civil, que é responsável por quase 52% dos postos de trabalho do cluster estadual.

Ainda com base na tabela 21.1 é possível identificar que quase todas as atividades que pertencem ao cluster de construção civil estão relativamente desconcentradas dentro do cluster estadual, haja vista que vários municípios a realizam. No entanto, percebe-se que a atividade de fabricação estruturas metálicas para edifícios, pontes e torres se concentra exclusivamente nos municípios de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Petrolina. Considerando que a grande maioria das obras de construção civil necessita de estruturas metálicas, pode-se então inferir que os municípios que concentram esta atividade são de fundamental importância para o cluster, pois suprem uma demanda importante da cadeia produtiva do setor de construção civil.

Tabela 21.1

Cluster de construção civil em Pernambuco

Emprego direto registrado - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação de |Obras e |Construção de|Comércio |Serviços |

| |Construção | | |estruturas |instalações |edifícios e |atacadista e |relacionados c/ |

| | | | |metálicas para | |obras de |varejista de |construção civil e |

| | | | |edifícios, | |engenharia |equipamentos e |aluguel/adminis-traç|

| | | | |pontes, torres | |civil |material de |ão de imóveis |

| | | | | | | |construção | |

|Olinda |5522 |7,63% |72,65% |41 |545 |3822 |469 |645 |

|Jaboatão dos Guararapes |5503 |7,60% |80,25% |58 |339 |2338 |787 |1981 |

|Petrolina |2041 |2,82% |83,07% |3 |384 |988 |352 |314 |

|Caruaru |1518 |2,10% |85,17% |0 |13 |691 |504 |310 |

|Paulista |1398 |1,93% |87,10% |0 |115 |713 |284 |286 |

|Cabo de Santo Agostinho |797 |1,10% |88,20% |0 |9 |565 |168 |55 |

|Bezerros |599 |0,83% |89,03% |0 |5 |566 |28 |0 |

|Garanhuns |596 |0,82% |89,85% |0 |10 |393 |167 |26 |

|Ipojuca |519 |0,72% |90,57% |0 |0 |365 |125 |29 |

|Serra Talhada |511 |0,71% |91,28% |0 |8 |143 |360 |0 |

|Camaragibe |502 |0,69% |91,97% |0 |26 |115 |278 |83 |

|Gravatá |492 |0,68% |92,65% |0 |9 |117 |143 |223 |

|Abreu e Lima |383 |0,53% |93,18% |0 |127 |123 |131 |2 |

|Carpina |304 |0,42% |93,60% |0 |3 |143 |154 |4 |

|Arcoverde |262 |0,36% |93,96% |0 |10 |62 |184 |6 |

|Salgueiro |252 |0,35% |94,31% |0 |9 |183 |57 |3 |

|Vitória de Santo Antão |251 |0,35% |94,66% |0 |7 |46 |183 |15 |

|Timbaúba |249 |0,34% |95,00% |0 |2 |27 |218 |2 |

|Floresta |193 |0,27% |95,27% |0 |0 |191 |2 |0 |

|São José do Belmonte |134 |0,19% |95,45% |0 |130 |3 |1 |0 |

|Outros |3292 |4,55% |100,00% |29 |423 |879 |1617 |344 |

|Pernambuco |72374 |100,00% | - |206 |5769 |37598 |10318 |18483 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

Em relação ao número de estabelecimentos do cluster de construção civil do Estado constata-se, a partir da tabela 21.2, uma forte predominância desses empreendimentos na cidade do Recife que sedia 56,27% dos estabelecimentos do cluster estadual. Os municípios de Jaboatão dos Guararapes e Olinda também apresentam um certo destaque em termos de número de estabelecimentos, sendo responsáveis por 9,97% e 6,09%, respectivamente, das firmas do cluster estadual. Os três municípios, em conjunto, comportam 72,33% dos empreendimentos do setor de construção civil de Pernambuco, concentrando-se, sobretudo, no segmento de serviços relacionados com construção civil e aluguel/administração de imóveis. Em Recife e Jaboatão dos Guararapes, as empresas do cluster em questão, se aglutinam com maior freqüência no referido segmento; já em Olinda, os estabelecimentos se encontram mais espalhados entre as demais atividades que compõem o cluster. Em todo o Estado, a atividade de serviços relacionadas com a construção civil e aluguel/administração de imóveis é também a que possui a maior quantidade de estabelecimentos, sendo responsável por 48,22% dos estabelecimentos do cluster.

Tabela 21.2

Cluster de construção civil em Pernambuco

Estabelecimentos - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Fabricação de |Obras e instalações |Construção de |

| |Construção | | |estruturas | |edifícios e obras de|

| | | | |metálicas para | |engenharia civil |

| | | | |edifícios, | | |

| | | | |pontes, torres | | |

|Recife |10,37% |0,02% |0,79% |5,54% |0,91% |3,12% |

|Olinda |12,58% |0,09% |1,24% |8,71% |1,07% |1,47% |

|Jaboatão dos Guararapes |11,06% |0,12% |0,68% |4,70% |1,58% |3,98% |

|Petrolina |8,55% |0,01% |1,61% |4,14% |1,47% |1,31% |

|Caruaru |7,25% |0,00% |0,06% |3,30% |2,41% |1,48% |

|Paulista |7,84% |0,00% |0,64% |4,00% |1,59% |1,60% |

|Cabo de Santo Agostinho |5,53% |0,00% |0,06% |3,92% |1,17% |0,38% |

|Bezerros |17,52% |0,00% |0,15% |16,55% |0,82% |0,00% |

|Garanhuns |6,83% |0,00% |0,11% |4,51% |1,91% |0,30% |

|Ipojuca |5,87% |0,00% |0,00% |4,13% |1,41% |0,33% |

|Serra Talhada |11,19% |0,00% |0,18% |3,13% |7,89% |0,00% |

|Camaragibe |7,43% |0,00% |0,39% |1,70% |4,12% |1,23% |

|Gravatá |14,29% |0,00% |0,26% |3,40% |4,15% |6,48% |

|Abreu e Lima |6,11% |0,00% |2,03% |1,96% |2,09% |0,03% |

|Carpina |6,52% |0,00% |0,06% |3,07% |3,30% |0,09% |

|Arcoverde |6,62% |0,00% |0,25% |1,57% |4,65% |0,15% |

|Salgueiro |9,78% |0,00% |0,35% |7,10% |2,21% |0,12% |

|Vitória de Santo Antão |3,25% |0,00% |0,09% |0,60% |2,37% |0,19% |

|Timbaúba |4,34% |0,00% |0,03% |0,47% |3,80% |0,03% |

|Floresta |18,85% |0,00% |0,00% |18,65% |0,20% |0,00% |

|São José do Belmonte |10,97% |0,00% |10,64% |0,25% |0,08% |0,00% |

|Pernambuco |8,20% |0,02% |0,65% |4,26% |1,17% |2,09% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

A tabela 21.4 mostra as estatísticas sobre o número de empregados por estabelecimento, em cada segmento de atividade considerado no cluster de construção civil do Estado. Uma análise dos valores apresentados na referida tabela evidencia que os estabelecimentos deste cluster em Pernambuco são, de uma maneira geral, de pequeno a médio portes, apresentando, em média, 9 empregados em cada empresa. Em todo o Estado, a atividade de construção de edifícios e obras de engenharia civil é aquela que possui os estabelecimentos de maior porte, com uma média de 21 empregados por empreendimento. Estes resultados indicam que o setor está pulverizado em microempresas, o que dificulta a articulação, mas eleva a competitividade.

Tabela 21.4

Cluster de construção civil em Pernambuco

Empregados por estabelecimento - 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Fabricação de |Obras e |Construção de |Comércio |Serviços |

| |Construção |estruturas metálicas|instalações |edifícios e |atacadista e |relacionados c/ |

| | |para edifícios, | |obras de |varejista de |construção civil e |

| | |pontes, torres | |engenharia |equipamentos e |aluguel/administraçã|

| | | | |civil |material de |o de imóveis |

| | | | | |construção | |

|Recife |10 |13 |19 |27 |6 |5 |

|Olinda |11 |41 |19 |31 |4 |3 |

|Jaboatão dos Guararapes |7 |19 |10 |20 |5 |4 |

|Petrolina |8 |3 |24 |11 |4 |6 |

|Caruaru |6 |- |1 |9 |4 |5 |

|Paulista |6 |- |12 |13 |4 |3 |

|Cabo de Santo Agostinho |10 |- |3 |30 |4 |5 |

|Bezerros |26 |- |1 |81 |2 |- |

|Garanhuns |7 |- |2 |17 |4 |3 |

|Ipojuca |13 |- |- |37 |7 |2 |

|Serra Talhada |8 |- |1 |5 |15 |- |

|Camaragibe |7 |- |7 |9 |7 |8 |

|Gravatá |6 |- |9 |7 |6 |5 |

|Abreu e Lima |11 |- |42 |14 |6 |2 |

|Carpina |5 |- |1 |8 |4 |1 |

|Arcoverde |5 |- |5 |3 |6 |6 |

|Salgueiro |9 |- |5 |18 |4 |3 |

|Vitória de Santo Antão |4 |- |2 |2 |5 |3 |

|Timbaúba |6 |- |2 |4 |6 |2 |

|Floresta |28 |- |- |32 |2 |- |

|São José do Belmonte |45 |- |130 |3 |1 |- |

|Outros |4 |7 |9 |6 |3 |7 |

|Pernambuco |9 |14 |15 |21 |5 |5 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

4. Indicadores específicos do cluster de construção civil de Pernambuco

Na seção anterior foram apresentados alguns indicadores gerais do cluster de construção civil de Pernambuco. O objetivo desta seção é o de analisar aspectos específicos deste cluster, que sejam fundamentais para detectar a sua eficiência. Os principais elementos de análise se basearão: no nível de integração das atividades do cluster; na sua competitividade; no tipo de tecnologia utilizada pelas empresas que pertencem ao cluster e na amplitude do mercado em que essas empresas se inserem. Também serão analisados aspectos como a importância da BR 232 para o desenvolvimento do cluster e as perspectivas de crescimento de algumas atividades que integram o cluster, e do município em que se localizam.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários que responderam a um questionário abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA, no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida.

4.1. Integração das atividades

Em relação ao grau de integração das atividades do cluster, foram colocadas aos empresários duas perguntas: uma que se referia à integração da empresa entrevistada com o mercado produtor de insumos e a outra que se relacionava à sua demanda ao mercado de serviços do cluster de construção civil. Os principais serviços relacionados a este cluster são os de: aluguel de máquinas e equipamentos para a atividade de construção, serviços de consultoria de engenharia civil e de contratação de mão-de-obra.

No que diz respeito ao aspecto da integração com as atividades produtoras do cluster, verifica-se que as empresas do setor de construção civil compram 49% de seus insumos em municípios de Pernambuco, mas que não são vizinhos ao município investigado. Por outro lado, o nível de integração com o mercado de insumos local é bastante reduzido, visto que apenas 6% dos insumos para a construção são adquiridos no próprio município.

Em contrapartida, no que se refere à integração da atividade de construção civil com o mercado de serviços deste cluster, verifica-se uma total dependência do mercado local, onde os empresários do setor de construção declararam adquirir 97% dos serviços relacionados à referida atividade, no seu próprio município. Este resultado sugere que os entrevistados estão considerando que os serviços do cluster de construção civil se limitam, basicamente, aos serviços de contratação de mão-de-obra, de limpeza de terreno e de contabilidade, haja visto que a maior parte dos serviços de consultoria e de aluguel de máquinas e equipamentos para a atividade, se localiza, sobretudo, na RMR.

4.2. Competitividade

No que diz respeito à competitividade do setor de construção civil, alguns aspectos foram abordados com o objetivo de identificar em que medida este segmento está tendo uma atuação eficiente e competitiva dentro do cluster. Em termos de liderança de mercado, não foi encontrado nenhum consenso entre os empresários entrevistados, pois 52% deles afirmaram que suas empresas seriam líderes de mercado ou pelo menos estariam entre as mais representativas, ao passo que 58% dos respondentes, declararam que seus empreendimentos teriam uma pequena participação no mercado ou uma participação semelhante à dos demais representantes. No entanto, apesar de não se observar consenso quanto à liderança de mercado, os empresários do ramo da construção entrevistados nesta pesquisa, declararam que o mercado deste setor é dominado por pequenas e médias empresas, em 31% dos casos, ou somente por pequenas empresas em 49% das respostas. Por fim, os empresários emitiram a sua opinião pessoal acerca do grau de competitividade da atividade de construção civil nos seus respectivos mercados de atuação. Nesse sentido, foi revelado que a maior parte dos entrevistados tem uma visão pouca entusiasta do setor, pois 53% dos empresários acreditam que a competitividade da atividade em questão é regular, porém um percentual de 30% é da opinião de que o grau de competitividade é elevado.

4.3. Tecnologia

A tecnologia que as empresas do cluster de construção civil utilizam foi investigada sob o aspecto da modernidade e o da adequabilidade. Em relação ao primeiro item, verificou-se que a opinião da maioria dos empresários é a de que a tecnologia utilizada no setor não está entre as mais modernas, mas ainda não se encontra defasada. Um percentual de 31% dos entrevistados respondeu que a tecnologia utilizada pelo setor de construção se enquadraria dentre as mais modernas, e 36% deles declararam que esta tecnologia podia não ser a mais moderna, mas ainda estaria atualizada. No que tange ao aspecto da adequabilidade, 61% dos empresários declararam que a tecnologia utilizada pelo setor de construção nos seus municípios, não seria a mais adequada, porém seria suficiente para o seu funcionamento e, cerca de ¼ dos entrevistados afirmaram que a tecnologia utilizada pelo setor é a mais adequada.

4.4. Amplitude do mercado

O indicador de amplitude do mercado está revelando, nesta pesquisa, qual o principal mercado consumidor de uma determinada atividade econômica. Para o cluster de construção civil, constatou-se que o mercado local é o seu principal mercado consumidor. Os empresários entrevistados declararam que, em média, 96% da demanda do setor de construção é proveniente do próprio município ou de municípios vizinhos.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

A maioria dos empresários entrevistados apresentou uma opinião positiva sobre o efeito que a duplicação da BR 232 poderia exercer na economia de suas cidades e na atividade de construção civil municipal. Em torno de 61% dos entrevistados afirmaram que os benefícios aportados pela duplicação da BR 232 para a economia do município seriam de médios a elevados. Em relação ao setor de construção, especificamente, esse percentual foi de 56%. Os entrevistados ainda emitiram opinião acerca de quais seriam os principais benefícios da duplicação da BR 232 no ramo de construção civil do município. Nesse sentido, foi verificado que as duas maiores vantagens advindas desta obra viária seriam: (i) a redução no tempo de recebimento e de entrega dos produtos, para 56% dos empresários entrevistados e (ii) o melhor acesso para os clientes, em 29% dos casos.

4.6. Perspectivas de crescimento

Em relação às perspectivas de crescimento, a presente pesquisa investigou junto aos empresários do cluster de construção civil, quais seriam as perspectivas para esta atividade para a economia do município como um todo e quais os maiores obstáculos para o crescimento da economia municipal. Em relação à atividade de construção civil, foi feito, inicialmente, um levantamento acerca do seu crescimento nos últimos dois anos e nos últimos cinco anos. Esses resultados evidenciaram que para o período mais longo, 42% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento inferior a 50%, enquanto que 29% deles acreditavam que o setor teve um crescimento entre 50% e 100%. Quando se consideram os últimos dois anos, os percentuais de resposta não mudam substancialmente. Quanto às perspectivas de crescimento do setor para os próximos cinco anos, constatou-se que o empresariado está dividido: 50% dos empresários entrevistados acreditam que as perspectivas de crescimento são boas ou ótimas, ao passo que 49% deles crêem que as perspectivas variam de regulares a péssimas.

No que se refere à economia municipal, os entrevistados do setor de construção civil indicaram uma série de obstáculos ao desenvolvimento de seus municípios, mas também avaliaram as suas perspectivas de crescimento. Dentre os obstáculos, as respostas mais freqüentes fornecidas pelos empresários entrevistados foram: a falta de fábricas de processamento, em 28% dos casos; a falta de créditos (28%) e o reduzido grau de instrução da população, em 20% das respostas[8]. Em relação às perspectivas de crescimento do município, a maior parte dos entrevistados encontra-se com uma visão que oscila entre conservadora e pessimista: em 43% dos casos, os empresários acreditam que sua cidade cresça tanto quanto a média do Estado, enquanto que em 38% das respostas, a crença é de que o crescimento municipal seja inferior ao estadual ou até mesmo que não haja crescimento.

CAPÍTULO 22

O CLUSTER DE FRUTICULTURA EM PERNAMBUCO

1. Introdução

A cultura de frutas em Pernambuco é uma atividade que começou a se consolidar a partir do desenvolvimento das plantações irrigadas em Petrolina, incentivadas pelo Banco do Nordeste (BN), que realizou na década de 70, um trabalho de identificação de pólos de desenvolvimento em toda a região Nordeste.

Em menos de trinta anos Petrolina se tornou o principal pólo de fruticultura do Estado, e pode-se inferir que alguns fatores foram determinantes para a liderança deste município. Em primeiro lugar, o fato das fazendas deste município se localizarem às margens do Rio São Francisco facilitou o aproveitamento de seu potencial, promovendo o desenvolvimento de sistemas irrigados para os estabelecimentos produtivos. Em segundo lugar, Petrolina tem a vantagem de se localizar numa região onde o solo de é de boa qualidade e adequado para a plantação de frutas. Esses dois aspectos fizeram com as frutas produzidas no município em questão, apresentasse um diferencial de produtividade em relação aos demais municípios do Estado. Paralelamente a este evento, foi desenvolvida toda uma estrutura de pesquisa, também com incentivos do BN, para a atividade de fruticultura deste município, que tinha por objetivo produzir frutas com padrões para exportação. Além disso, não se pode deixar de mencionar o fato de que Petrolina, desde a época em que foi iniciada a atividade de fruticultura, já era considerado um grande centro comercial, que contava com sistemas de distribuição já desenvolvidos e, devido à sua localização, apresentava a vantagem de que sua produção agrícola podia ser escoada via Pernambuco ou via Bahia. O resultado de todo esse processo colocou Petrolina como principal pólo de fruticultura do Estado.

O exemplo de Petrolina se espalhou para o resto do Estado fazendo com que vários municípios que já desenvolviam essa atividade, buscassem padrões de qualidade semelhantes aos de Petrolina, para assim aumentarem seus níveis de competitividade e consolidassem ainda mais esta atividade. A consolidação da atividade de fruticultura em diversos municípios do Estado estimulou o desenvolvimento de atividades industriais que utilizavam frutas como matéria-prima. A partir da intensificação das relações entre as atividades agrícolas e industriais, começou a se estabelecer o cluster de fruticultura de Pernambuco.

Vários municípios integram o cluster de fruticultura na sua esfera agrícola e industrial, sendo os principais destaques, o município de Petrolina, que apresenta o maior valor de produção de frutas do Estado e o município de Custódia, que é o pólo que mais gera empregos na esfera industrial do cluster. No que se refere às atividades agrícolas do cluster, as principais culturas de frutas do Estado são as de abacaxi, banana, coco, melão, goiaba, manga, tomate, uva e melancia. A produção de frutas pode ser destinada tanto para o segmento industrial do cluster, como para o mercado consumidor. Em relação à esfera industrial do cluster, três grandes atividades o compõem: o processamento, preservação e produção de conservas de frutas; a produção de sucos de frutas e legumes e a fabricação de vinhos, sendo a segunda atividade a mais importante para o cluster como um todo.

2. Dimensão espacial do cluster de fruticultura

O cluster de fruticultura em Pernambuco está estruturado de acordo com o diagrama da figura 22.1, onde se identificam todas as atividades que o compõem, bem como as suas interrelações. Em relação às atividades que formam o cluster de fruticultura é possível agrupá-las em dois grupos: um relacionado às plantações de diversas culturas e o outro associado à atividade industrial de processamento e beneficiamento da produção agrícola. No primeiro grupo, destacam-se as principais culturas do Estado (abacaxi, banana, coco, melão, goiaba, manga, tomate, uva e melancia) que podem ser destinadas às indústrias beneficiadoras do cluster ou vendidas diretamente para o mercado consumidor, seja ele interno ou externo. O grupo das atividades industriais é composto por três segmentos que englobam: o processamento, preservação e produção de conservas de frutas; a produção de sucos de frutas e legumes; e a fabricação de vinhos. Esses dois últimos segmentos também estão ligados ao cluster de bebida estadual.

Figura 22.1

Cluster de fruticultura - Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar no mapa 22.1 todos os municípios que integram o cluster de fruticultura em Pernambuco. Neste mapa são identificados, por um lado, os municípios onde estão presentes as atividades industriais do cluster, e, por outro lado, os municípios onde se encontram as plantações. No que se refere às atividades industriais, os municípios mais dinâmicos do cluster são os de Recife, Igarassu, Belo Jardim, Custódia e Petrolina. Quanto às plantações de frutas, pode-se distinguir quatro grandes pólos ao longo do Estado, que serão identificados como: (i) o Pólo Petrolina que engloba também os municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Orocó; (ii) o Pólo Petrolândia onde também se localiza o município de Floresta; (iii) o Pólo Agreste que abrange as cidades de Belo Jardim, Camocim de São Félix e São Joaquim do Monte e (iv) o Pólo Mata, que é composto pelos municípios de Goiana, Macaparana, São Vicente Férrer, Vicência e Machados.

Mapa 22.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster de fruticultura

[pic]

3. Indicadores gerais do cluster de fruticultura em Pernambuco

A análise de indicadores do valor da produção agrícola e do emprego direto gerado nas atividades industriais do cluster de fruticultura, permite identificar as principais atividades deste cluster e onde se localizam. O primeiro indicador a ser analisado será o valor da produção agrícola, cujas informações se encontram na tabela 22.1.

De acordo com os resultados da tabela mencionada, podem-se identificar as principais atividades relacionadas à atividade agrícola no cluster de fruticultura, que serão avaliadas segundo os principais pólos identificados no mapa 22.1. O Pólo Petrolina se destacou como sendo o mais importante para o cluster estadual, em termos do valor da produção no ano de 2000, sendo responsável por 53,44% do valor da produção total do Estado. A cidade de Petrolina é a mais importante para o pólo quanto à geração de valor e as principais culturas como um todo. Estas se referem às produções de uva e manga. O Pólo Mata ocupa o segundo lugar em termos de valor da produção, com 9,32% de todo valor agrícola produzido em Pernambuco. Neste pólo se verifica uma maior descentralização da atividade de fruticultura, sendo os municípios de São Vicente Férrer, Goiana e Vicência os que mais contribuem em termos de geração de valor. A produção de bananas é a cultura que gera mais valor dentro deste pólo. Os Pólos Agreste e Petrolândia apresentam a mesma participação em termos de geração de valor, com um percentual de 6,13% observado em cada pólo. Em ambos os pólos, a cultura que mais se destaca é a de tomates. No Pólo Agreste, a cidade mais importante é São Joaquim do Monte, enquanto que no de Petrolândia é o município de mesmo nome.

Tabela 22.1

Cluster de fruticultura – Atividade agrícola/valor da produção - 2000 (Mil R$)

|MUNICIPIOS |Fruticultura |Uva |Banana |Tomate |Manga |Outras Frutas* |

| |(Mil R$) | | | | | |

|Pólo Petrolina |153689 |89647 |22179 |5018 |18234 |18611 |

|% |53,44 |98,12 |25,28 |11,74 |89,19 |60,38 |

|Petrolina |117422 |63840 |16800 |3600 |17100 |16082 |

|Santa Maria da Boa Vista |19056 |16000 |1114 |473 |945 |524 |

|Lagoa Grande |12692 |9793 |345 |441 |189 |1924 |

|Orocó |4519 |14 |3920 |504 |- |81 |

|Pólo Petrolândia |17641 |263 |5442 |6181 |63 |5692 |

|% |6,13 |0,29 |6,20 |14,47 |0,31 |18,47 |

|Petrolândia |11010 |263 |5402 |631 |63 |4651 |

|Floresta |6631 |- |40 |5550 |- |1041 |

|Pólo Agreste |17631 |0 |4083 |13508 |22 |18 |

|% |6,13 |0,00 |4,65 |31,61 |0,11 |0,06 |

|Belo Jardim |4231 |- |4000 |191 |22 |18 |

|Camocim de São Félix |3874 |- |34 |3840 |- |- |

|São Joaquim do Monte |9526 |- |49 |9477 |- |- |

|Pólo Mata |26797 |940 |19338 |38 |7 |6474 |

|% |9,32 |1,03 |22,04 |0,09 |0,03 |21,00 |

|São Vicente Ferrer |7066 |884 |6161 |14 |- |7 |

|Goiana |6354 |- |21 |- |1 |6332 |

|Vicência |5821 |- |5741 |8 |- |72 |

|Machados |3926 |- |3920 |- |6 |- |

|Macaparana |3630 |56 |3495 |16 |- |63 |

|Quipapá |4142 |- |4114 |- |- |28 |

|Pernambuco |287599 |91364 |87722 |42729 |20443 |30823 |

Fonte: IBGE, Pesquisa Agrícola Municipal (2000).

*: Goiaba, Côco-da-baía, Melancia, Abacaxi e Melão.

Os dados acerca das principais atividades industriais que compõem o cluster de fruticultura em Pernambuco se basearam nos registros da RAIS/ MTE, onde foram identificados três segmentos: (i) processamento, preservação e produção de conservas de frutas; (ii) produção de sucos de frutas e de legumes e (iii) fabricação de vinho.

Na tabela 22.2, os dados de emprego direto, por município, evidenciam que aqueles que geram mais empregos nos segmentos industriais do cluster de fruticultura são: Custódia, Belo Jardim, Bonito e Garanhuns, que juntos são responsáveis por 70,35% dos postos de trabalho do cluster em questão. Cada um dos referidos municípios é especializado na produção de apenas um dos três segmentos industrias que compõem o cluster de fruticultura. No município de Custódia destaca-se o segmento de processamento, preservação e produção de conservas de frutas. As cidades de Belo Jardim e Bonito são especializadas na produção de sucos de frutas e de legumes, enquanto que Garanhuns se destaca na atividade de fabricação de vinho. A principal atividade industrial de todo o cluster de fruticultura, em termos de geração de empregos, é a de produção de sucos de frutas e de legumes, que é responsável por quase 43% dos postos de trabalho da esfera industrial deste cluster.

Tabela 22.2

Cluster de fruticultura – Atividade industrial

Emprego direto registrado nos principais produtores – 2000

|MUNICIPIOS |Fruticultura |% |% Acumulada |Processamento, |Produção de |Fabricação de vinho|

| | | | |preservação e produção|sucos de frutas | |

| | | | |de conservas de frutas|e de legumes | |

|Belo Jardim |231 |18,61% |45,69% |0 |231 |0 |

|Bonito |167 |13,46% |59,15% |0 |167 |0 |

|Garanhuns |139 |11,20% |70,35% |0 |0 |139 |

|Petrolina |81 |6,53% |76,87% |0 |81 |0 |

|Recife |51 |4,11% |80,98% |13 |35 |3 |

|Igarassu |48 |3,87% |84,85% |0 |0 |48 |

|Carpina |29 |2,34% |87,19% |29 |0 |0 |

|Abreu e Lima |24 |1,93% |89,12% |0 |0 |24 |

|Santa Maria da Boa Vista |17 |1,37% |90,49% |0 |0 |17 |

|Lagoa Grande |11 |0,89% |91,38% |0 |0 |11 |

|Outros |107 |8,62% |100,00% |77 |14 |16 |

|Pernambuco |1241 |100,00% |- |455 |528 |258 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE (2000)

4. Indicadores específicos do cluster de fruticultura em Pernambuco

Na seção anterior foram apresentados alguns indicadores gerais do cluster de fruticultura em Pernambuco. O objetivo desta seção é o de analisar aspectos específicos deste cluster, que sejam fundamentais para detectar a sua eficiência. Os principais elementos de análise se basearão: no nível de integração das atividades do cluster; na sua competitividade; no tipo de tecnologia utilizada pelas empresas que pertencem ao cluster e na amplitude do mercado em que essas empresas se inserem. Também serão analisados aspectos como a importância da BR 232 para o desenvolvimento do cluster e as perspectivas de crescimento de algumas atividades que integram o cluster, e do município em que se localizam.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/ IPEA no mês de Fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida.

4.1. Integração das atividades

Em relação ao grau de integração das atividades do cluster, foram colocadas aos empresários duas perguntas: uma que se referia à integração das empresas pertencentes ao cluster de fruticultura com o mercado produtor e a outra que se relacionava à sua demanda ao mercado de serviços do cluster em questão. Os principais serviços relacionados à atividade agrícola do cluster de fruticultura são os de assistência técnica e pesquisa especializada. Quanto aos serviços demandados pela esfera industrial do cluster, destacam-se os de consultoria especializada, de contabilidade, de contratação temporária de mão-de-obra, dentre outros.

No que diz respeito à integração das empresas do cluster de fruticultora com o mercado produtor, verifica-se uma forte integração desta atividade com o mercado produtor estadual, pois os empresários responderam que 81% dos seus insumos são adquiridos em municípios de Pernambuco. A freqüência das respostas obtidas seguiu a seguinte distribuição: 36% dos insumos são comprados em municípios do Estado que não são vizinhos ao município investigado; 45% desses insumos são adquiridos no próprio município ou em cidades vizinhas e 15% deles vêm de outros estados fora do Nordeste. Apenas 4% dos insumos são adquiridos de mercados produtores localizados em outros estados do Nordeste e não há demanda por insumos no mercado externo.

Em relação à integração com o mercado de serviços, verifica-se uma forte tendência de integração ao mercado local, pois 99% dos serviços utilizados pelas empresas do cluster de fruticultura são adquiridos no próprio município ou em municípios vizinhos.

4.2. Competitividade

No que diz respeito à competitividade da fruticultura municipal, alguns aspectos foram abordados com o objetivo de identificar em que medida esta atividade está tendo uma atuação eficiente e competitiva dentro do cluster. Em termos de liderança de mercado, não foi constatado, com base nos depoimentos dos empresários deste setor, nenhuma tendência a que apenas uma empresa lidere o mercado. A freqüência das respostas em relação a este aspecto foi distribuída de forma quase igualitária, onde: 24% dos empresários afirmaram ser líderes do mercado; 29% declararam que não seriam líderes, mas um dos principais representantes do mercado; 14% disseram ter uma participação no mercado semelhante a dos demais, enquanto que 33% afirmaram ter uma pequena participação.

Quando perguntados acerca do porte dos estabelecimentos, as respostas também não revelaram nenhuma tendência clara pois, em média, metade dos entrevistados acredita que o mercado é dominado por grandes empresas, ao passo que a outra metade crê que este mercado é basicamente dominado por pequenas e médias empresas. Por fim, os empresários emitiram a sua opinião pessoal acerca do grau de competitividade da atividade de fruticultura nos seus respectivos mercados de atuação. Nesse sentido, constatou-se que cerca de 1/3 dos empresários acredita que o nível de competitividade desta atividade no seu município é regular, enquanto que 38% têm uma visão mais otimista sobre este aspecto, acreditando que a competitividade do setor é elevada. No entanto, aproximadamente 28% dos entrevistados ainda julgam que a fruticultura, nos seus respectivos mercados de atuação, tem um grau de competitividade muito baixo ou abaixo da média.

4.3. Tecnologia

A tecnologia que as empresas do cluster de fruticultura utilizam foi investigada sob o aspecto da modernidade e o da adequabilidade. Em relação ao primeiro item, verificou-se que a opinião da maioria dos empresários é de que a tecnologia utilizada no setor não está entra as mais modernas, mas ainda não se encontra defasada. Em torno de 33% dos entrevistados responderam que a tecnologia utilizada na atividade de fruticultura se enquadraria dentre as mais modernas e 38% deles declararam que esta tecnologia podia não ser a mais moderna, mas ainda estaria atualizada. No que tange ao aspecto da adequabilidade, os dados da presente pesquisa evidenciaram que 48% dos empresários declararam que a tecnologia utilizada pelo setor de fruticultura, nos seus municípios, seria a mais adequada, enquanto que 38% deles acreditavam que esta tecnologia não seria a mais adequada, porém ainda seria suficiente para o funcionamento da atividade .

4.4. Amplitude do mercado

O indicador de amplitude do mercado está revelando nesta pesquisa, qual o principal mercado consumidor de uma determinada atividade econômica. Para o cluster de fruticultura, os empresários entrevistados declararam que, em média, 49% das vendas desta atividade são destinadas para municípios do Estado, que não são vizinhos ao município investigado. Constata-se, também, que um percentual significativo das vendas (25%) atingiram o mercado consumidor regional, que engloba outros estados do Nordeste.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

A maioria dos empresários entrevistados apresentou uma opinião positiva sobre o efeito que a duplicação da BR 232 poderia exercer na economia de seus municípios. Dos entrevistados, 57% afirmaram que os benefícios aportados pela duplicação da BR 232, para a economia do município, seriam elevados. No que diz respeito ao impacto da duplicação da BR 232 sobre a atividade da fruticultura municipal, os empresários entrevistados também emitiram uma opinião positiva, declarando, em 52% das respostas, que os benefícios para esta atividade seriam elevados. Os principais benefícios provenientes desta obra viária para a fruticultura municipal, apontados pelos entrevistados com maior freqüência, foram: o melhor acesso aos principais mercados da região, em 62% dos casos, e a redução no tempo de entrega dos produtos (52%).

4.6. Perspectivas de crescimento

Em relação às perspectivas de crescimento, a presente pesquisa investigou junto aos empresários do cluster de fruticultura, quais seriam as perspectivas para esta atividade, para a economia do município como um todo e quais os maiores obstáculos para o crescimento da economia municipal. Em relação à atividade da fruticultura foi feito, inicialmente, um levantamento acerca do seu crescimento nos últimos dois anos e nos últimos cinco anos. Esses resultados evidenciaram que para o período mais longo, 52% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 14% deles acreditaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Quando se consideram os últimos dois anos, a visão do empresariado torna-se mais pessimista: apenas 38% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 29% deles opinaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Apesar deste fato, constata-se que 86% dos empresários acreditam que as perspectivas de crescimento da atividade, para os próximos cinco anos, serão boas ou ótimas.

No que se refere à economia municipal, os entrevistados do setor de fruticultura indicaram uma série de obstáculos ao desenvolvimento de seus municípios, mas também avaliaram as suas perspectivas de crescimento. Dentre os obstáculos, as respostas mais freqüentes fornecidas pelos empresários entrevistados foram: o reduzido grau de instrução da população e a baixa qualificação da mão-de-obra, em 52% dos casos; a falta de fábricas de processamento (43%) e a falta de estradas, em 19% das respostas[9]. Em relação às perspectivas de crescimento do município, a maior parte dos entrevistados encontra-se com uma visão mais conservadora, pois 62% deles acreditam que sua cidade irá crescer tanto quanto a média do Estado nos próximos cinco anos.

CAPÍTULO 23

O CLUSTER DA PECUÁRIA LEITEIRA EM PERNAMBUCO

1. Introdução

O Estado de Pernambuco, atualmente, possui a terceira maior bacia leiteira do Nordeste. Esta se localiza no Vale do Ipojuca, na região Agreste do Estado, perdendo apenas para as bacias de Porto Seguro (BA) e de Batalha (AL). Este fato confere ao setor de pecuária leiteira de Pernambuco, uma posição de destaque, evidenciando que esta atividade apresenta vantagens comparativas em relação às demais bacias leiteiras da região Nordeste, principalmente quando se considera o fato de que Pernambuco já teve a maior bacia leiteira da região. Em decorrência deste fato, o desenvolvimento da atividade de produção de leite nas bacias do Agreste pernambucano que reúne as principais bacias leiteiras do Estado, vem estimulando a implantação de outras atividades de caráter industrial e comercial que fabricam e vendem produtos derivados do leite. A interrelação entre essas diversas atividades (produtiva, industrial e comercial) gera, conseqüentemente, a consolidação do cluster de pecuária leiteira no Estado.

O cluster de pecuária leiteira é parte de um cluster maior que engloba todo o setor de pecuária de Pernambuco. O presente cluster está organizado em duas grandes esferas: a esfera não-industrial, onde se encontram as atividades relacionadas à criação de animais e à produção leiteira e a esfera industrial que é composta pelas atividades de fabricação de leite e de produtos que dele derivam. Em todo o cluster percebe-se que as atividades de criação de animais se concentram fortemente no Agreste Pernambucano, e em menor escala, no Sertão, ao passo que as atividades industriais e comerciais se encontram relativamente bem espalhadas ao longo do Estado.

Além desta introdução, serão abordados vários aspectos relacionados ao cluster de pecuária leiteira em Pernambuco, que permitirão caracterizá-lo com maior nível de detalhe. Nesse sentido, será apresentado, inicialmente, um diagrama que resume todos os segmentos presentes neste cluster e suas interrelações. Em seguida serão discutidas estatísticas de quantidade de leite produzida e do emprego industrial e comercial para cada atividade que integra o cluster de pecuária leiteira em Pernambuco.

2. Dimensão espacial do cluster de pecuária leiteira

O cluster de pecuária leiteira de Pernambuco está estruturado de acordo com o diagrama da figura 23.1. Nele é possível identificar que este cluster é parte de um maior, que abrange todo o setor de pecuária do Estado, e que algumas de suas atividades estão ligadas também ao cluster agrícola. A análise do diagrama de atividades da figura 23.1 mostra que o cluster de pecuária leiteira é composto por atividades industriais e não-industriais e pela atividade de serviços veterinários.

Pertencem à esfera não-industrial: (i) o segmento de criação e manejo de animais, que está diretamente ligado ao cluster agrícola, através da demanda de pasto, rações e outros produtos alimentares para animais e (ii) a atividade de produção de leite que fornece o leite para as diversas atividades industriais do cluster de pecuária leiteira. A atividade de criação e manejo dos animais, além de demandar produtos alimentares para os animais, demanda também serviços veterinários especializados. No que diz respeito às atividades industriais do cluster de pecuária leiteira, existem, basicamente, três segmentos que compõem a esfera industrial do cluster: (i) produção de leite; (ii) fabricação de produtos laticínios e (iii) fabricação de produtos alimentares (sovertes, etc). Os produtos das duas primeiras atividades podem ser destinados para as empresas que fabricam produtos alimentares, para o comércio atacadista de leite e produtos de leite ou para o comércio varejista de alimentos e bebidas. A fabricação de produtos alimentares, tais como sorvetes, tanto pode se destinar para o comércio varejista de alimentos e bebidas, como para o consumidor final[10].

Figura 23.1

Cluster da Pecuária Leiteira - Diagrama de Atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

No que diz respeito à distribuição espacial, pode-se observar, através do mapa 23.1 todos os municípios que integram o cluster de pecuária leiteira em Pernambuco. Neste mapa são identificados, por um lado, os municípios onde estão presentes as atividades industriais do cluster (representado pelo símbolo que indica indústria/comércio) e, por outro lado, os municípios onde se encontram as criações de animais. No que se refere às atividades industriais, os municípios mais dinâmicos do cluster são os de Recife, Bezerros, Caruaru, Garanhuns, Serra Talhada e Petrolina. Quanto à criação de animais observa-se uma grande concentração desta atividade na região Agreste e uma concentração, em menor escala, ao norte do Sertão Pernambucano.

Mapa 23.1

Distribuição espacial dos municípios que integram o cluster de pecuária leiteira

[pic]

3. Indicadores gerais do cluster de pecuária leiteira em Pernambuco

A análise de indicadores da quantidade de leite produzida e do emprego direto gerado nas atividades industriais e comerciais do cluster de pecuária leiteira, permite identificar as principais atividades deste cluster e onde se localizam. O primeiro indicador a ser analisado será a produção leiteira, cujas informações se encontram na tabela 23.1.

De acordo com os resultados da tabela mencionada, pode-se identificar os principais municípios produtores de leite que, como já comentado no mapa 23.1, localizam-se, predominantemente, no Agreste Pernambucano. Os dados referentes à quantidade de leite produzida mostram que esta produção é muito bem distribuída entre todos os municípios produtores do cluster, de forma que a maior parte desses municípios apresenta percentuais de participação semelhantes. Estes variam entre 2% e 1%. Somente os municípios de Itaíba, Sanharó, Bom Conselho, Buíque, Pedra e Pesqueira apresentam uma participação um pouco superior à média estadual, com percentuais de participação que variam de 5,60% a 2,76%. Esses municípios, em conjunto, contribuem com 21,84% de toda a produção leiteira de Pernambuco. Em todo o Estado a produção de leite para o ano de 2000 foi de 292.138.000 litros.

Tabela 23.1

Cluster de pecuária leiteira – Atividade pecuária

Produção - 2000 (Mil Litros)

|MUNICIPIOS |Leite (Mil litros) |% |% Acumulada |

|Itaíba |16362 |5,60% |5,60% |

|Sanharó |13508 |4,62% |10,22% |

|Bom Conselho |8932 |3,06% |13,28% |

|Buíque |8532 |2,92% |16,20% |

|Pedra |8424 |2,88% |19,09% |

|Pesqueira |8050 |2,76% |21,84% |

|São Bento do Una |6825 |2,34% |24,18% |

|Gravatá |6336 |2,17% |26,35% |

|Bodocó |5954 |2,04% |28,38% |

|Venturosa |5881 |2,01% |30,40% |

|Limoeiro |5460 |1,87% |32,27% |

|Cumaru |5440 |1,86% |34,13% |

|Águas Belas |5377 |1,84% |35,97% |

|Exu |5351 |1,83% |37,80% |

|Cachoeirinha |5151 |1,76% |39,56% |

|Serra Talhada |4725 |1,62% |41,18% |

|Tupanatinga |3931 |1,35% |42,53% |

|Ouricuri |3870 |1,32% |43,85% |

|Caruaru |3793 |1,30% |45,15% |

|Correntes |3791 |1,30% |46,45% |

|Capoeiras |3726 |1,28% |47,72% |

|Tacaimbó |3685 |1,26% |48,99% |

|Salgueiro |3560 |1,22% |50,20% |

|Outros |145474 |49,80% |100,00% |

|Pernambuco |292138 |100,00% |- |

Fonte: IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal (2000).

Após investigar como a produção de leite é distribuída dentro do cluster estadual, é necessário efetuar uma análise das principais atividades industriais e comerciais que compõem o cluster de pecuária leiteira em Pernambuco. De acordo com os registros da RAIS/ MTE, foram identificadas quatro atividades industriais e comerciais: preparação do leite; fabricação de produtos do laticínio; fabricação de sorvetes e comércio atacadista de leite e produtos do leite.

Na tabela 23.2, os dados de emprego direto, por município, evidenciam que os municípios que geram mais empregos nos empreendimentos industriais e comerciais do cluster de pecuária leiteira são: Jaboatão dos Guararapes, Recife e Caruaru, que juntos são responsáveis por 80,70% dos postos de trabalho do cluster em questão. Jaboatão dos Guararapes é o município que mais gera emprego dentro do cluster, com um percentual de participação de 45%. As atividades que mais se destacam neste município, em termos de geração de empregos, são as de fabricação de sorvetes e a de comércio atacadista de leite e produtos de leite. A cidade de Recife é responsável por cerca de ¼ dos postos de trabalho do cluster de pecuária leiteira, destacando-se, nesse sentido, as atividades de fabricação de laticínios e a de comércio atacadista de leite e produtos de leite. Em relação ao município de Caruaru, a atividade que se destaca, em termos de geração de empregos, é a de comércio atacadista de leite e produtos de leite. Em todo o Estado os empreendimentos comerciais e aqueles relacionados à fabricação de sorvetes são os maiores responsáveis pela geração de empregos no cluster da pecuária leiteira, em sua esfera comercial e industrial. Juntos, esses dois segmentos geram 1.721 postos de trabalho, o que corresponde a 76,52% do emprego total do cluster em questão.

Tabela 23.2

Cluster de pecuária leiteira – Atividade industrial e comercial

Emprego direto registrado nos principais produtores – 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% Acumulada |Preparação do|Fabricação de |Fabricação de |Comércio atacadista |

| | | | |leite |produtos do |sorvetes |de leite e produtos |

| | | | | |laticínio | |do leite |

|Recife |563 |25,03% |70,03% |65 |185 |84 |229 |

|Caruaru |240 |10,67% |80,70% |4 |2 |20 |214 |

|Garanhuns |136 |6,05% |86,75% |0 |130 |6 |0 |

|Paulista |58 |2,58% |89,33% |0 |2 |56 |0 |

|Petrolina |34 |1,51% |90,84% |0 |9 |25 |0 |

|Bom Conselho |23 |1,02% |91,86% |0 |23 |0 |0 |

|Olinda |22 |0,98% |92,84% |0 |2 |17 |3 |

|Limoeiro |15 |0,67% |93,51% |0 |0 |0 |15 |

|Serra Talhada |12 |0,53% |94,04% |7 |0 |5 |0 |

|Bezerros |11 |0,49% |94,53% |0 |11 |0 |0 |

|Pesqueira |10 |0,44% |94,98% |0 |8 |2 |0 |

|Outros |113 |5,02% |100,00% | | | | |

|Pernambuco |2249 |100,00% |- |79 |449 |782 |939 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

4. Indicadores específicos do cluster de pecuária leiteira de Pernambuco

Na seção anterior foram apresentados alguns indicadores gerais do cluster de pecuária leiteira de Pernambuco. O objetivo desta seção é o de analisar aspectos específicos deste cluster, que sejam fundamentais para detectar a sua eficiência. Os principais elementos de análise se basearão no nível de integração das atividades do cluster; na sua competitividade; no tipo de tecnologia utilizada pelas empresas que pertencem ao cluster e na amplitude do mercado em que essas empresas se inserem. Também serão analisados aspectos como a importância da BR 232 para o desenvolvimento do cluster e as perspectivas de crescimento de algumas atividades que integram o cluster e do município em que se localizam.

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam um questionário abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/ IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida.

4.1. Integração das atividades

Em relação ao grau de integração das atividades do cluster, foram colocadas aos empresários duas perguntas: uma que se referia à integração da empresa entrevistada com as atividades que pertencem ao mercado produtor apresentado na figura 23.1, e a outra que se relacionava à demanda das empresas investigadas ao mercado de serviços do cluster de pecuária leiteira.

No que diz respeito à primeira pergunta, verifica-se uma forte integração da atividade com o mercado produtor local, ou seja, os empresários responderam que adquirem 57% de seus insumos no próprio município ou em municípios vizinhos. Cerca de ¼ dos insumos necessários à atividade de pecuária leiteira são comprados em outros municípios não vizinhos e 12% deles provêm de outros estados do Nordeste. Constata-se também, uma integração, em menor escala, da atividade de pecuária leiteira com o mercado produtor nacional, pois 12% dos insumos são comprados em outros estados fora do Nordeste. Não foi verificada demanda por insumos no mercado externo.

Em relação à integração com o mercado de serviços, verifica-se uma total dependência do mercado local, onde os empresários do setor declararam adquirir 96% dos serviços relacionados à atividade de pecuária leiteira no seu próprio município ou em municípios vizinhos.

4.2. Competitividade

No que diz respeito à competitividade da atividade de pecuária leiteira, alguns aspectos foram abordados com o objetivo de identificar em que medida esta atividade está tendo uma atuação eficiente e competitiva dentro do cluster. Em termos de liderança de mercado, não foi constatada, com base nos depoimentos dos empresários deste setor, nenhuma tendência a que apenas uma empresa lidere o mercado. A freqüência das respostas em relação a este aspecto foi distribuída de forma quase igualitária, onde: 23% dos empresários afirmaram ser líderes do mercado; 29% declararam que não seriam líderes, mas um dos principais representantes do mercado; 29% disseram ter uma participação no mercado semelhante à dos demais, enquanto que 19% afirmaram ter uma pequena participação. No entanto, apesar de não haver consenso entre os entrevistados em termos de liderança do mercado de pecuária leiteira, observou-se um certo consenso a respeito do porte das empresas que pertencem a este mercado: os empresários deste ramo afirmaram que 79% dos estabelecimentos deste setor são de pequeno ou médio portes. Por fim, os empresários emitiram a sua opinião pessoal acerca do grau de competitividade da atividade de pecuária leiteira nos seus respectivos mercados de atuação. Nesse sentido, constatou-se que 45% dos empresários acredita que o nível de competitividade desta atividade no município é regular, enquanto que 34% têm uma visão mais otimista sobre este aspecto, acreditando que a competitividade do setor é elevada. No entanto, aproximadamente 22% dos entrevistados, ainda julgam que a pecuária leiteira tem um grau de competitividade muito baixo ou abaixo da média.

4.3. Tecnologia

A tecnologia que as empresas do cluster de pecuária leiteira utilizam foi investigada sob o aspecto da modernidade e o da adequabilidade. Em relação ao primeiro item, a avaliação geral dos empresários foi a de que a tecnologia utilizada no setor de pecuária leiteira não seria a mais moderna, mas ainda estaria atualizada. Dos entrevistados, 56% declararam que a tecnologia do setor podia não ser a mais moderna, mas ainda estaria atualizada e 21% deles responderam que a tecnologia utilizada na atividade de pecuária leiteira se enquadraria dentre as mais modernas No que tange ao aspecto da adequabilidade, 58% dos empresários declararam que a tecnologia utilizada pelo setor de pecuária leiteira, nos seus municípios, não seria a mais adequada, porém seria suficiente para o seu funcionamento e 31% afirmaram que a tecnologia utilizada pelo setor é a mais adequada.

4.4. Amplitude do mercado

O indicador de amplitude do mercado está revelando, nesta pesquisa, qual o principal mercado consumidor de uma determinada atividade econômica. Para o cluster de pecuária leiteira, constatou-se que o mercado local é o seu principal mercado consumidor. Os empresários entrevistados declararam que, em média, 69% das vendas deste setor são para o próprio município ou para municípios vizinhos. As vendas para municípios não vizinhos também apresentaram um percentual significativo de 26%.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

A maioria dos empresários entrevistados apresentou uma opinião positiva sobre o efeito que a duplicação da BR 232 poderia exercer na economia de suas cidades e na atividade de pecuária leiteira municipal. Dos entrevistados, 84% afirmaram que os benefícios aportados pela duplicação da BR 232 para a economia do município seriam de médios a elevados. Em relação à atividade de pecuária leiteira, especificamente, esse percentual foi de 76%. Os entrevistados ainda emitiram opinião acerca de quais seriam os principais benefícios da duplicação da BR 232 para o setor de pecuária leiteira no município. Nesse sentido, foi verificado que as três maiores vantagens advindas desta obra viária seriam: (i) a redução no tempo de recebimento e de entrega dos produtos, para 56% dos empresários; (ii) o maior acesso aos principais mercados da região, em 50% das respostas e (iii) o melhor acesso aos clientes (31%).

4.6. Perspectivas de crescimento

Em relação às perspectivas de crescimento, a presente pesquisa investigou junto aos empresários do cluster de pecuária leiteira, quais seriam as perspectivas para esta atividade, para a economia do município como um todo e quais os maiores obstáculos para o crescimento da economia municipal. Em relação à atividade de pecuária leiteira, foi feito, inicialmente, um levantamento acerca do seu crescimento nos últimos dois anos e nos últimos cinco anos. Esses resultados evidenciaram que para o período mais longo, 27% dos empresários responderam que a atividade apresentou um crescimento entre 50% e 100%, enquanto que 44% deles opinaram que o setor teve um crescimento inferior a 50%. Quando se consideram os últimos dois anos, esses percentuais de resposta se reduzem em ambos os casos, e aumenta o percentual dos empresários que acreditam que o setor não cresceu ou mesmo decresceu, passando de 12% (para o período dos últimos cinco anos) para 30% (no período mais curto). Este fato demonstra que os empresários já não vêem o setor com o mesmo otimismo verificado há cinco anos atrás, o que tem influenciado nas expectativas futuras do crescimento da atividade: 53% dos empresários entrevistados acreditam que as perspectivas de crescimento da pecuária leiteira, para os próximos cinco anos, variam de regulares a péssimas.

No que se refere à economia municipal, os entrevistados do setor de pecuária leiteira indicaram uma série de obstáculos ao desenvolvimento de seus municípios, mas também avaliaram as suas perspectivas de crescimento. Dentre os obstáculos, verifica-se que, de uma maneira geral, os municípios que integram o cluster de pecuária leiteira apresentam três grandes lacunas que entravam o seu desenvolvimento: uma referente à falta de um sistema financeiro e creditício, outra relacionada à baixa qualificação da mão-de-obra local e, finalmente, a falta de fábricas de processamento. Nesse sentido, os principais obstáculos mencionados pelo entrevistados foram a falta de crédito e de agências bancárias, em 47% das queixas; a falta de fábricas de processamento também em 47% dos casos e a falta de instrução da população e a carência de mão-de-obra qualificada, em 34% das respostas. Em relação às perspectivas de crescimento do município, a maior parte dos entrevistados encontra-se com uma visão que oscila entre conservadora e pessimista: em 46% dos casos, os empresários acreditam que sua cidade cresça tanto quanto a média do Estado, enquanto que, em 23% das respostas, a crença é de que o crescimento municipal seja inferior ao estadual.

CAPÍTULO 24

O CLUSTER DA PECUÁRIA DE CORTE

1. Introdução

A pecuária de corte é uma das atividades econômicas mais tradicionais de Pernambuco, tendo sido um dos esteios do processo de ocupação da região, desde os tempos da colonização portuguesa no período de desenvolvimento da indústria açucareira.

O processo inicial de distribuição espacial do rebanho pernambucano trouxe implicações de longo prazo para a organização da produção, onde a produção secular do açúcar, e mais recentemente do álcool, domina a região agrícola da Zona da Mata. A lógica de ocupação das áreas agrícolas do Estado considera, logicamente, a rentabilidade das culturas vis-à-vis a elevada área de terras disponíveis na região.

Neste processo, deve ser considerado que a atividade canavieira, que dá suporte à indústria do açúcar e do álcool, opera não apenas com vistas ao mercado local, mas também ao nacional e internacional. Com isto, a rentabilidade desta cultura, juntamente com a necessidade de enormes quantias para a produção requerida, terminou por induzir o deslocamento dos rebanhos para as áreas do Agreste e do Sertão.

A respeito deste processo de deslocamento dos rebanhos é preciso considerar a situação inicial da economia pernambucana. Sendo uma colônia de exploração, a lógica de ocupação teria de obedecer a critérios de rentabilidade, e em termos de rentabilidade, nada superou, por muitos séculos, a produção de açúcar para Portugal nos séculos XVI e XVII. A produção foi centrada no Nordeste e Pernambuco era o centro da área produtora. Não por acaso, a cidade do Recife foi a primeira grande cidade ocidental das Américas.

Ocorre que em Pernambuco, assim como nos demais estados nordestinos, a caracterização geoclimática e, portanto, as condições de ocupação do solo, obedecem a padrões relativamente bem definidos em três áreas distintas: a Zona da Mata, o Agreste e o Sertão. Apenas a Zona da Mata oferecia condições propícias ao desenvolvimento da agricultura canavieira em escala industrial, mas dadas as suas reduzidas dimensões relativas, praticamente toda a região passou a ser ocupada pela lavoura da cana-de-açúcar, inaugurando um longo e ainda vivo período de monocultura.

O desenvolvimento da pecuária se deu através da pecuária de corte, e o fornecimento de peles, assumiu papel secundário na economia local e deslocou-se, inicialmente, para a região do Agreste onde o solo oferecia condições propícias para a pastagem, embora não fosse rentável para a monocultura. Parte dos rebanhos também migrou para as regiões ribeirinhas e penetrou nas áreas de Sertão, onde, dada a pobre condição do solo, a criação passou a assumir características nômades, acompanhando sempre as margens dos principais rios.

Este processo de ocupação inicial criou uma série de raízes culturais na região, muitas decorrentes do isolamento das criações dos principais centros de consumo. Desenvolveu-se toda uma produção artesanal de artigos de consumo e vestuário, baseada na oferta de peles no Agreste e no Sertão, que não encontrava mercado nos centros urbanos.

Enquanto perdurou a rentabilidade da cultura canavieira da Zona da Mata, a pecuária de corte no Estado se apresentou como uma atividade desagregada e difundida em um grande número de municípios com vistas sempre ao mercado local. Ao longo da segunda metade do século XX, contudo, a atividade canavieira declinou na Zona da Mata em todo o Nordeste, em resposta à dinâmica dos preços externos e, principalmente, à perda de competitividade do produto nordestino, frente às novas áreas produtoras em São Paulo, que apresentaram produtividade média cerca de duas vezes superior e custos de produção por hectare inferiores aos verificados no Nordeste.

Com efeito, apesar das políticas intervencionistas do Governo Federal e dos governos estaduais, a fim de propiciar condições artificiais para a manutenção da atividade no Nordeste, a cultura entrou em declínio acentuado no final do século XX. O declínio da cultura da cana liberou grandes áreas na Zona da Mata dos principais estados produtores, Alagoas e Pernambuco, áreas estas que foram, em sua larga maioria, substituídas por pastagens.

Considerando novamente a questão da rentabilidade, o rebanho bovino oferece melhores condições de retorno, e a carne e o leite bovinos, têm maior penetração nos principais mercados urbanos. Desta forma, houve um deslocamento dos rebanhos do Agreste em direção à Zona da Mata. Ocorre que o nível de capitalização dos novos produtores da Zona da Mata é bem mais elevado que o apresentado pelos criadores do Agreste. Além disto, a criação passa a ser encarada como um negócio a substituir ou complementar a monocultura, sendo praticada por empresários com um largo passado de cooperação mútua e parcerias para cooperação institucional.

Neste sentido, houve a aquisição de novas matrizes e o desenvolvimento de infra-estrutura adequada a comercialização, paralelamente ao crescimento da rentabilidade do rebanho, devido à melhor qualidade das pastagens e/ou condições das criações. O agrupamento dos rebanhos, junto as principais áreas de consumo, resolve um dos principais problemas do setor que é o transporte para os abatedouros/frigoríficos, onde estes últimos se localizam, via de regra, nos próprios centros de consumo.

2. Dimensão espacial do cluster da pecuária de corte

Devido às distâncias envolvidas e as dificuldades de transporte, se criou o hábito do consumo de carne salgada na região, mais conhecida como “carne de sol”, cujo consumo é largamente difundido em todo o Agreste e Sertão pernambucanos. De fato, apenas muito recentemente, é que a eletrificação nestas áreas chegou às camadas mais pobres da população e a presença de geladeiras ainda permanece como uma realidade dos centros urbanos.

A combinação do hábito cultural com a impossibilidade de conservação da carne in natura, ou “carne verde”, cria um enorme mercado potencial para a venda deste produto. Contudo, este mercado é extremamente competitivo no varejo, sendo um produto de simples preparação e fornecido, em sua larga maioria, a partir de abatedouros ilegais.

Os mercados mais rentáveis são os para a carne in natura, que é comercializada para o consumidor final a partir de lojas especializadas (açougues, butiques de carne, etc) e também através de supermercados. O produto precisa passar por um abatedouro/frigorífico certificado pelo Ministério da Agricultura, receber um selo oficial e somente então pode ser comercializado. Este processo não é interessante para o pequeno produtor do Agreste e do Sertão, enquanto ele possa levar o produto direto ao consumidor, o que é de fato verdade na atual conjuntura. O grande produtor, por sua vez, neutraliza esta impossibilidade pela vantagem na diferenciação do produto, o que eleva a rentabilidade do animal como um todo.

A figura 24.1, a seguir, apresenta as principais atividades nas quais o cluster da pecuária de corte está ligado no Estado de Pernambuco. O cluster em si, surgiu da necessidade de propostas unificadas para o setor, que permitissem uma maior competitividade do produto, que encontrou respaldo na expansão do rebanho de corte devido ao aproveitamento de áreas antes empregadas na monocultura.

Como pode ser observado na figura 24.1, apesar de ser uma atividade agropecuária, o cluster da pecuária de corte envolve uma série de atividades anexas e se relaciona com diversos outros clusters, inclusive com o de vestuário e calçados, a partir do fornecimento de couros.

De fato, a produção pecuária pode ser orientada para carne, peles e leite. A produção leiteira é suficientemente estabelecida no Estado, para dar origem a um cluster próprio, que se orienta por diretrizes diferentes da do cluster da pecuária de corte. Este, por sua vez, é francamente orientado para a produção de carne e a produção de peles ocorre como subproduto da carne. Este direcionamento traz grandes implicações para o segmento de couro, na medida em que os animais são criados para incrementar a rentabilidade com a carne e não para preservar as características do couro.

Figura 24.1

Cluster da pecuária de corte - Diagrama de atividades

[pic]

Fonte: Elaboração FADE/UFPE

Particularmente, a criação extensiva é a forma mais amplamente difundida, devido aos menores custos com o manejo e a menores riscos de doenças que seriam inerentes ao confinamento. A criação extensiva, no entanto, afeta significativamente a qualidade do couro, notadamente no Agreste e no Sertão pernambucano devido ao tipo predominante de vegetação.

A pecuária de corte não se resume ao rebanho bovino no Estado, mas também aos caprinos, ovinos e suínos. Os caprinos e suínos são criados extensivamente no Agreste e no Sertão e sua carne é mais valorizada nesta região. No entanto, mais que a criação bovina, a criação de caprinos e ovinos é quase que totalmente artesanal, mesmo contando com o apoio de diversos órgãos de extensão, a exemplo da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA). Os criadores são tipicamente pequenos produtores, onde predomina a agricultura familiar, e os animais, não raro, são utilizados como reserva de valor.

O mercado para as peles destes animais é muito reduzido pois há pouca preocupação com as condições de conservação da pele, evidenciada pela utilização irrestrita dos marcadores de ferro em brasa, além das próprias condições de criação não favorecerem, em absoluto, este controle.

O mapa 24.1 apresenta a dispersão da indústria e comércio relacionado ao cluster da pecuária de corte em Pernambuco. O posicionamento da indústria é fortemente influenciado pela relação entre o fornecimento da matéria-prima e a distância para os mercados consumidores. A carne in natura, particularmente, precisa ser transportada em caminhões frigoríficos e isto torna o custo significativamente mais elevado que o transporte do animal vivo ao abatedouro.

Mapa 24.1

Clusters de preparação e processamento de produtos da pecuária de corte

[pic]

Como pode ser observado no mapa 24.1, o cluster da pecuária de corte é caracterizado por uma maior concentração da parte industrial/comercial na Região Metropolitana do Recife (RMR), com presença do mesmo também em diversos outros municípios.

A distribuição espacial do cluster segue a distribuição espacial do rebanho, incluindo os tipos. Neste sentido, a região de Petrolina apresenta uma seção do cluster orientada, principalmente, para o rebanho de caprinos e ovinos, que são preponderantes nesta região, enquanto a RMR concentra os segmentos da indústria, como os frigoríficos, e os grandes comerciantes. Estes clusters não apresentam grande integração entre si, e podem ser tratados como seções distintas do cluster dentro do Estado, sujeitos mesmo a políticas de desenvolvimento distintas.

A criação de suínos, por sua vez, é a menos desenvolvida no Estado, tanto em termos do rebanho quanto em termos das condições da criação, muitas vezes praticadas dentro das áreas urbanas. A quase inexistência de um controle de qualidade e procedência da carne suína no Estado torna a mesma inviável para o criador, devido à combinação provocada de baixo consumo e baixo preço. Ao contrário do que ocorre com os demais rebanhos, onde a ação endógena dos produtores pode reduzir a participação do mercado informal, no caso dos suínos, o efeito formado nas expectativas dos consumidores quanto à baixa (e perigosa) qualidade do produto, necessita de uma ação conjunta entre governo e criadores para ser revertido.

3. Indicares gerais do cluster da pecuária de corte em Pernambuco

A tabela 24.1 apresenta a distribuição do rebanho em Pernambuco, segundo os principais municípios componentes do cluster da pecuária de corte. A lista de municípios foi obtida considerando os 15 maiores rebanhos por município, segundo o tipo, e agregando todos em uma única lista apresentada na tabela 24.1 a seguir.

As informações apresentadas indicam que, com exceção dos caprinos, o rebanho pernambucano encontra-se distribuído em todo o Estado. Os municípios apresentados, que são os de maior destaque, respondem por 42% do rebanho bovino, 53% do rebanho suíno, 68% do rebanho de ovinos e 79% do rebanho de caprinos.

A dispersão do cluster ao longo do território pernambucano é reflexo da dispersão original dos rebanhos, orientados para atender os mercados locais, a partir de pequenos abatedouros e frigoríficos, não raro irregulares. De fato, a atual distribuição mostra uma concentração maior que a verificada décadas atrás, quando os custos de transporte inviabilizavam a distribuição do rebanho, salvo através de longas caminhadas do próprio rebanho que implicavam em perda de peso.

A atual dispersão dos rebanhos indica que o estágio do cluster é ainda embrionário, ficando, portanto, atrás do cluster da pecuária leiteira, que é mais desenvolvido. Dentro dos diferentes tipos de rebanhos, ou seja, dos diferentes tipos de criadores, o rebanho bovino é o que vem recebendo mais atenção em termos de uma política endógena de desenvolvimento, enquanto as criações de caprinos e ovinos são as que vêm recebendo maior atenção da iniciativa pública, a partir de políticas de desenvolvimento para os pequenos produtores, que apenas em pequena medida incorporam o conceito de cluster em suas estratégias.

Tabela 24.1

Cluster da pecuária de corte (rebanho) – Principais criadores (2000)

|MUNICIPIOS |Bovino |% |Suíno |% |Ovino |% |Caprino |% |

|Itaíba |34.000 |2,24% |2.900 |0,78% |10.500 |1,39% |2.500 |0,18% |

|Exu |32.630 |2,15% |3.401 |0,91% |1.236 |0,16% |642 |0,05% |

|Bom Conselho |32.435 |2,14% |1.480 |0,40% |2.890 |0,38% |1.446 |0,10% |

|Bodocó |31.625 |2,09% |5.346 |1,43% |5.692 |0,76% |2.218 |0,16% |

|Ouricuri |30.260 |2,00% |14.061 |3,76% |21.900 |2,91% |24.750 |1,76% |

|Floresta |29.450 |1,94% |3.730 |1,00% |33.550 |4,45% |220.500 |15,69% |

|Buíque |29.000 |1,91% |6.900 |1,85% |4.600 |0,61% |5.700 |0,41% |

|Petrolina |26.000 |1,72% |12.000 |3,21% |38.000 |5,05% |60.000 |4,27% |

|Caruaru |25.600 |1,69% |7.820 |2,09% |3.050 |0,40% |4.500 |0,32% |

|Sertânia |24.150 |1,59% |2.200 |0,59% |30.360 |4,03% |44.000 |3,13% |

|Gravatá |23.120 |1,53% |3.320 |0,89% |900 |0,12% |2.090 |0,15% |

|São Joaquim do Monte |22.680 |1,50% |1.190 |0,32% |361 |0,05% |2.315 |0,16% |

|Correntes |21.780 |1,44% |469 |0,13% |1.685 |0,22% |398 |0,03% |

|Parnamirim |21.500 |1,42% |10.050 |2,69% |23.000 |3,05% |65.000 |4,62% |

|Araripina |19.186 |1,27% |10.416 |2,79% |2.744 |0,36% |3.220 |0,23% |

|Bonito |17.500 |1,15% |5.980 |1,60% |2.320 |0,31% |3.160 |0,22% |

|Custódia |15.000 |0,99% |3.450 |0,92% |15.000 |1,99% |30.000 |2,13% |

|Cabrobó |15.000 |0,99% |7.000 |1,87% |13.000 |1,73% |27.000 |1,92% |

|Dormentes |13.000 |0,86% |3.350 |0,90% |36.000 |4,78% |30.000 |2,13% |

|Salgueiro |13.000 |0,86% |6.300 |1,69% |13.000 |1,73% |15.000 |1,07% |

|Belém de São Francisco |12.300 |0,81% |3.700 |0,99% |13.000 |1,73% |36.000 |2,56% |

|Afrânio |11.800 |0,78% |2.850 |0,76% |33.000 |4,38% |26.000 |1,85% |

|Santa Maria da Boa Vista |11.600 |0,77% |4.350 |1,16% |31.600 |4,20% |44.600 |3,17% |

|Serrita |10.700 |0,71% |5.900 |1,58% |15.000 |1,99% |16.000 |1,14% |

|Ibimirim |10.000 |0,66% |1.750 |0,47% |5.000 |0,66% |35.000 |2,49% |

|Carnaubeira da Penha |8.180 |0,54% |6.200 |1,66% |5.000 |0,66% |80.000 |5,69% |

|Santa Cruz |7.842 |0,52% |3.321 |0,89% |27.160 |3,61% |54.650 |3,89% |

|Santa Filomena |7.787 |0,51% |6.067 |1,62% |11.756 |1,56% |25.200 |1,79% |

|Tacaratu |7.200 |0,48% |1.965 |0,53% |28.270 |3,75% |75.800 |5,39% |

|Lagoa Grande |7.000 |0,46% |3.120 |0,83% |23.000 |3,05% |35.000 |2,49% |

|Betânia |6.734 |0,44% |3.605 |0,96% |8.390 |1,11% |46.580 |3,31% |

|Orocó |6.700 |0,44% |2.720 |0,73% |14.600 |1,94% |18.200 |1,29% |

|Verdejante |5.700 |0,38% |6.300 |1,69% |7.400 |0,98% |6.000 |0,43% |

|Igarassu |4.000 |0,26% |16.400 |4,39% |180 |0,02% |500 |0,04% |

|Abreu e Lima |2.300 |0,15% |9.000 |2,41% |- |0,00% |130 |0,01% |

|Outros |884.853 |58,38% |176.895 |47,32% |246.294 |32,70% |299.960 |21,34% |

|Pernambuco |1.515.712 |100,00% |373.846 |100,00% |753.218 |100,00% |1.405.479 |100,00% |

Fonte: IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal (2000).

A tabela 24.2, a seguir, apresenta dispersão espacial do cluster da pecuária de corte, em termos da indústria associada, bem como da distribuição dos estabelecimentos comerciais. A cidade de Recife concentra mais da metade do emprego direto do cluster no Estado, notadamente em relação ao comércio especializado e, particularmente, em relação às indústrias de abate e de processamento.

Tabela 24.2

Cluster da pecuária de corte – Atividade industrial e comercial

Emprego direto registrado nos principais produtores - 2000

|MUNICIPIOS |Pecuária de |% |% Acumulada |Abate e |Curtimento e |Comércio de |

| |Corte | | |Processamento de |Fabricação de |Animais e Produtos|

| | | | |Carne |Produtos de Couro |de carne |

|Petrolina |353 |10,21% |65,61% |0 |281 |72 |

|Caruaru |152 |4,40% |70,00% |0 |143 |9 |

|Jaboatão dos Guararapes |143 |4,14% |74,14% |76 |0 |67 |

|Paulista |136 |3,93% |78,07% |66 |0 |70 |

|Timbaúba |131 |3,79% |81,86% |0 |130 |1 |

|Olinda |105 |3,04% |84,90% |77 |0 |28 |

|Igarassu |74 |2,14% |87,04% |16 |0 |58 |

|Vitória de Santo Antão |51 |1,48% |88,52% |13 |0 |38 |

|Cabo de Santo Agostinho |45 |1,30% |89,82% |0 |0 |45 |

|São Lourenço da Mata |42 |1,21% |91,03% |6 |0 |36 |

|Limoeiro |29 |0,84% |91,87% |19 |4 |6 |

|Pesqueira |23 |0,67% |92,54% |22 |0 |1 |

|Arcoverde |19 |0,55% |93,09% |5 |0 |14 |

|Ouricuri |19 |0,55% |93,64% |0 |14 |5 |

|Ribeirão |19 |0,55% |94,19% |4 |0 |15 |

|Moreno |18 |0,52% |94,71% |10 |0 |8 |

|Serra Talhada |18 |0,52% |95,23% |0 |4 |14 |

|Outros |165 |4,77% |100,00% |29 |10 |126 |

|Pernambuco |3457 |100,00% |- |1183 |683 |1591 |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os dados apresentados na tabela 24.2 não deixam dúvidas quanto ao efeito de concentração dos grandes centros urbanos, sendo estes também os principais mercados consumidores. Aparentemente, as empresas experimentam economias de aglomeração ao se instalarem nas zonas urbanas e comprando a matéria prima das áreas produtoras, ainda localizadas em sua larga maioria na região agreste do estado. Todavia, a maior parte das negociações envolve a carne bovina, de maior penetração nos mercados urbanos.

A evolução do cluster da pecuária em Pernambuco encontra-se ainda em seus estágios iniciais e ainda depende de diversos aspectos para chegar a um estágio de amadurecimento. Particularmente, a falta de padronização do produto e, conseqüentemente, a restrição dos mercados para os produtos mais elaborados aos grandes centros urbanos restringe a expansão do setor. A via de exportação para carnes, por sua vez, permanece fechada aos produtores pernambucanos devido a motivos fitossanitários.

Uma vez que o Brasil é atualmente um dos cinco maiores exportadores de carne bovina do mundo, e que as exportações de couros alcançaram em 2000 cerca de US$ 9,5 milhões, mesmo sem uma criação especializada, é provável que com o aumento da integração entre os produtores e intermediários através de um processo de clusterização do setor, o mercado externo deixe de ser negligenciado e uma política ativa, com participação dos produtores e do estado, venha a ser implementada neste sentido.

4. Indicadores específicos do cluster de pecuária de corte

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades do cluster

Segundo os empresários entrevistados, o cluster da pecuária de corte caracteriza-se por adquirir os seus insumos basicamente de outros municípios do Estado, sejam eles vizinhos (29%) ou não (39%). Outro ponto digno de nota refere-se à importação de insumos de outros estados, chegando a representar 16% do total utilizado pelo cluster. Nota-se, então, uma relativa integração a outros estados, ao menos no que tange à compra de insumos necessários ao bom funcionamento das empresas do aglomerado. No que concerne à utilização de serviços, praticamente todo ele, 94%, é obtido no próprio município, propiciando um efeito positivo sobre o nível de emprego dos municípios em questão.

4.2. Competitividade

No que tange à estrutura do mercado da pecuária de corte, 36% dos entrevistados afirmaram que são líderes ou um dos principais representantes do mercado. Além disso, outros 35% dos empresários disseram ter uma participação semelhante à dos demais representantes, enquanto que 23% disseram ter uma pequena participação no mercado. Tais percentuais poderiam denotar um ambiente oligopolístico no cluster ora analisado envolvendo, ainda, uma franja concorrencial de pequenas empresas. No que tange ao porte das empresas, o cluster caracterizar-se-ia pela existência de pequenas e médias empresas ou por apenas pequenas empresas, situações citadas por 84% dos entrevistados. Saliente-se, entretanto, que 12% dos empresários afirmaram que os principais mercados são dominados por uma ou mais grandes empresas, o que caracterizaria um mercado monopolístico/oligopolístico.

No que se refere à competitividade das empresas, nos seus principais mercados de atuação, 84% dos empresários entrevistados afirmaram que esta era elevada (44%) ou regular (40%), sendo de apenas 15% o percentual que a considerou como estando abaixo da média. Ou seja, segundo os entrevistados, a atividade possuiria boas condições de competitividade nos municípios-sede das diversas empresas do cluster.

4.3. Tecnologia

Em relação à tecnologia adotada, apenas 16% dos empresários entrevistados afirmaram que a tecnologia utilizada na produção é moderna, enquanto que 46% pensam que, apesar de não ser moderna, a tecnologia usada permanece atual. Ressalte-se, entretanto, que a tecnologia foi considerada defasada por 34% dos entrevistados. Apesar desses valores, 65% dos entrevistados confirmaram que, apesar de não serem as mais adequadas, as técnicas usadas são suficientes, enquanto que 20% pensam que a tecnologia não é adequada. Pode-se pensar, então, que a pecuária de corte no Estado seria caracterizada por um processo de produção extensivo, que, sabidamente, possui uma produtividade inferior aos processos produtivos mais intensivos.

4.4. Amplitude do mercado

De acordo com os entrevistados, 92% das vendas são destinadas ao mercado local, seja ao próprio município (86%) ou de municípios vizinhos (6%), enquanto que a proporção das vendas para outros estados corresponde a apenas 3%, o que demonstra que os empresários desse cluster, produzem visando, fundamentalmente, ao abastecimento do mercado local.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

Em relação às opiniões dos empresários entrevistados, no que concerne aos benefícios que a duplicação da BR 232 vai trazer para a economia municipal na qual estão inseridos, as respostas obtidas apresentaram-se bastante diversificadas. Para 35% dos empresários, os benefícios serão elevados, enquanto que para 32% serão médios. Enquanto isto, 28% dos entrevistados afirmaram que os ganhos serão baixos ou inexistentes. Tal diversificação de opiniões também foi observada quanto ao desenvolvimento do cluster da pecuária de corte no Estado: 33% consideram que a duplicação da BR 232 trará benefícios elevados; 29%, médios; 11%, baixos; e 22% afirmaram que não haverá benefício algum para o cluster, em decorrência da duplicação da BR 232. Estas opiniões tão diversas podem retratar a situação dos diversos produtores do cluster. Àqueles que possuem um mercado consumidor mais amplo, a duplicação poderia ser vista como um fator redutor dos custos de transporte, o que afetaria positivamente às expectativas do empresariado quanto à duplicação da BR 232. Já para aqueles que produzem visando ao abastecimento de mercados mais restritos, tal obra não teria uma importância tão elevada, já que os custos não seriam tão dependentes de fretes e do tempo de entrega/recebimento dos produtos.

Tais suposições são confirmadas ao se constatar quais seriam os principais benefícios da duplicação da BR 232, segundo os empresários. Para 39% dos entrevistados, o maior benefício estaria relacionado à redução no tempo de recebimento dos produtos, seguido pela redução do tempo de entrega dos produtos, fato citado por 30% dos entrevistados.

4.6. Perspectivas de crescimento

No que tange ao crescimento recente do cluster, verifica-se que, segundo 51% dos entrevistados, as atividades cresceram até 50% nos últimos cinco anos. Ademais, para 25% dos empresários, as atividades do setor não cresceram, ou até mesmo declinaram neste mesmo período de tempo, o que, em última instância, denotaria uma evolução reduzida no setor nesse período. Ao se considerar o último biênio, vê-se que a situação das empresas do cluster reflete essa mesma situação, tendo havido um crescimento de até 50% para o cluster, para 44% dos entrevistados, enquanto que, aproximadamente 38%, afirmaram que a atividade passou por um período de estagnação ou declínio nos últimos dois anos. Para os próximos 5 anos, vê-se que as perspectivas do empresariado do cluster não se alteram significativamente: 43% deles pensam haver ótimas ou boas perspectivas de crescimento para a atividade nos municípios no período citado. Por outro lado, 22% acreditam que as mesmas são ruins ou péssimas.

Em relação às perspectivas de crescimento dos municípios onde se situam os estabelecimentos dos empresários entrevistados, apenas 11% dos empresários afirmaram que o município cresceria mais que a média estadual, enquanto que 46% possuem uma visão pessimista em relação aos seus municípios – 35% pensam que o município crescerá menos que a média estadual e 16% esperam uma estagnação ou crescimento negativo da economia municipal para os próximos 5 anos.

Independentemente da expectativa quanto ao crescimento da economia municipal, 30% dos entrevistados afirmaram que o principal obstáculo ao desenvolvimento do município/região estaria relacionado à falta de crédito, seguido pela falta de informação/pouca instrução da população e pela falta de agências bancárias, empecilhos citados por 29% e 26% dos entrevistados, respectivamente. Evidencia-se, assim, que os principais empecilhos ao desenvolvimento das economias municipais, segundo a opinião dos entrevistados, referem-se à falta de infra-estrutura apropriada no que tange à questão creditícia e à qualificação do capital humano, presente nos municípios-sede das empresas do cluster de pecuária de corte – o que, em última instância, poderia justificar a execução de programas governamentais tais como o PRONAF.

CAPÍTULO 25

O CLUSTER DA AVICULTURA

1. Introdução

A avicultura é outra atividade de desenvolvimento relativamente recente no Estado de Pernambuco e que passou, rapidamente, de uma atividade complementar à renda das propriedades, para uma atividade especializada e desenvolvida em escala industrial.

O setor é dominado por grandes criadores e, ao contrário da pecuária de corte tradicional, a avicultura é uma atividade que para ser praticada em larga escala, necessita de investimentos em qualificação de pessoal e em infra-estrutura, principalmente fitossanitária, devido à fragilidade dos animais.

A produção avícola baseia-se em dois produtos básicos: o frango vivo ou abatido e a produção de ovos. A produção de ovos é destinada, basicamente, ao consumidor final. Enquanto isto, a produção de frangos pode ser destinada ao consumidor final ou a indústrias de beneficiamento, que encaminham o produto processado para o consumidor final.

Pernambuco apresenta papel de destaque na produção regional de aves e ovos, com a 2a maior criação de aves e a maior produção de ovos do Nordeste. Também em Pernambuco, a microrregião de Vale do Ipojuca apresenta a 2a maior criação de aves do Nordeste e a maior produção de ovos da região, sendo também uma das principais produtoras no cenário nacional.

Ao longo da última década, a criação de aves em Pernambuco apresentou também uma taxa de crescimento de 36% para o período, enquanto a mesma, na região Nordeste, foi de apenas 6%, aumentando a participação na região de 17% em 1991 para 22% em 2000, ficando atrás somente do Estado da Bahia, com 24%, segundo os dados do IBGE. Estes mesmos dados indicam que entre as dez microrregiões com as maiores criações no Nordeste, cinco ficavam em Pernambuco, em 2000.

Neste mesmo período, a produção de ovos em Pernambuco cresceu 17%, enquanto a produção nordestina cresceu apenas 0,8%. Com este resultado, o Estado ampliou sua participação na produção regional de 26%, em 1991, para 30% em 2000, superando a produção cearense e consolidando-se na liderança do segmento no Nordeste. Em termos nacionais, Pernambuco é o sexto Estado produtor nacional de ovos, sendo superado apenas pelos estados das regiões Sul e Sudeste. A produção local representou 4,6% da produção nacional em 2000.

Comparando-se o desempenho do segmento frangos e do segmento ovos na última década, conclui-se que ambos os segmentos se mostraram relativamente mais rentáveis nestes estados, e que o segmento frangos se mostrou mais atrativo do que o segmento ovos, com uma taxa de variação duas vezes superior a este no mesmo período.

O reduzido número de produtores e a maior complexidade da criação levaram a uma maior integração entre estes produtores, que resultou em benefícios mútuos na forma de ganhos de produtividade/qualidade. Estes ganhos advêm de economias de aglomeração, devido à grande proximidade das áreas produtoras, que podem ser exploradas mediante a maior competitividade do setor de insumos e da infra-estrutura de suporte.

Considerando o desempenho de todos os segmentos da pecuária em Pernambuco, na última década, a avicultura foi o que apresentou o melhor resultado, tanto em termos quantitativos quanto em termos qualitativos. A mais recente inovação do setor tem sido a discriminação do mercado de aves e ovos com a introdução de técnicas de marketing para explorar o potencial de produtos como o frango caipira, o ovo de capoeira, e os embutidos à base de carne de frango e peru, que possuem sabor característico e podem ser enquadrados nos segmentos light e diet. Estes são os que apresentam maior crescimento no consumo de alimentos.

2. Dimensão espacial do cluster da avicultura

A figura 25.1 a seguir apresenta um diagrama de atividades simplificado para o cluster da avicultura no Estado de Pernambuco, considerando o atual estágio da indústria de processamento e distribuição, bem como o relacionamento destas com a atividade pecuária e com os clusters agrícolas, que produzem insumos para a produção.

Além das matrizes, que podem ser encontradas no mercado local, um dos principais insumos para a avicultura é a ração animal que, por sua vez, é constituída, basicamente, de milho. O Nordeste em geral e Pernambuco em particular, possuem um déficit na produção de milho, fazendo com que os produtores avícolas importem o produto a granel. Apesar dos esforços realizados por agências de desenvolvimento, ao longo dos últimos anos, o crescimento da produção de milho não foi capaz de suprir este déficit, e o problema secular desta produção, de ser concentrada nas áreas de Sertão não foi superado, o que condiciona a oferta à não ocorrência de longos períodos de estiagem que são comuns na região.

Apesar da logística de distribuição da produção de frangos não apresentar tantos problemas quanto a da produção de carne bovina, permanece como um determinante crucial a localização dos estabelecimentos que processam e distribuem o produto ao consumidor final, à medida que, uma vez abatido, ocorre a necessidade de resfriamento do produto.

Figura 25.1

Cluster da avicultura

Diagrama de atividades

Fonte: Elaboração FADE/UFPE.

A produção de ovos não apresenta este tipo de problema. Porém, devido à rotatividade extremamente elevada do produto, que deve permanecer na granja no máximo três dias após ter sido colhido, ocorre a necessidade de proximidade com os centros consumidores. Esta necessidade também é decorrente da dependência da qualidade das estradas e dos meios de transporte utilizados, pois o excesso de vibração gera índices elevados de perdas.

Assim, por diferentes razões, a produção de ovos e a criação de aves devem se situar próximas aos grandes centros de consumo, de forma a manter a qualidade dos produtos e garantir a competitividade frente ao produto oriundo de outras regiões do país, que é comercializado em forma congelada.

A disposição espacial das indústrias relacionadas com a produção de aves e ovos em Pernambuco é, por sua vez, condicionada pela distância aos principais mercados consumidores, ponderada pelo custo de obtenção de matérias-primas. Uma vez que as principais zonas produtoras também se localizam próximas aos centros consumidores, é natural que o setor industrial e o setor produtor estejam próximos entre si.

O mapa 25.1 apresenta a dispersão espacial do segmento industrial e comercial do cluster da avicultura em Pernambuco, que é claramente concentrado ao redor da principal área urbana do Estado, a região Metropolitana do Recife.

Mapa 25.1

Cluster de preparação e processamento de produtos da avicultura

[pic]

As informações acima apresentadas também indicam que há a ocorrência de indústrias também junto à área de criação do cluster, que é localizada no Vale do Ipojuca, cujo município central é Caruaru.

Apesar da distância entre os municípios do Vale do Ipojuca e a RMR não ser pequena, em torno do 100 a 150 Km em média, a região é cortada por algumas das principais estradas do Estado, que se encontram, em geral, em condições razoáveis de pavimentação. Desta forma, o tempo médio de qualquer um destes municípios até Caruaru ou a RMR, as principais zonas urbanas do Estado, é de aproximadamente 2-3 horas, o que permite aos criadores ocuparem áreas serranas, onde o clima é mais ameno e as condições climáticas são mais adequadas à criação de aves.

3. Indicadores gerais do cluster da avicultura

A tabela 25.1, a seguir, apresenta a distribuição espacial da criação de aves, e logicamente da produção de ovos, no Estado de Pernambuco. A criação de aves, em geral, é uma atividade relativamente simples de ser implementada em pequena escala para autoconsumo, e isto é evidenciado pela elevada proporção de animais em outros municípios que não os principais produtores, 42%.

A produção de aves em escala comercial, no entanto, demanda investimentos em infra-estrutura e treinamento de mão-de-obra, tornando-se uma das mais complexas atividades da pecuária, devido a diversos aspectos, como a fragilidade dos animais e a elevada rotatividade da criação.

Os 15 municípios que apresentam as maiores criações de aves são apresentados na tabela 25.1 e estas representavam, em 2000, 58% do total de aves em Pernambuco. Os municípios de maior destaque são São Bento do Una, Bonito, Nazaré da Mata e São José do Egito, com uma criação total de cerca de 7,5 milhões de aves.

Tabela 25.1

Cluster da avicultura

Criação de aves – Principais produtores (2000)

|MUNICIPIOS |Avicultura - Criação |% |Galinhas |Galos, Frangas, |

| | | | |Frangos e Pintos |

|São Bento do Una |3.100.000 |12,69% |1.500.000 |1.600.000 |

|Bonito |1.960.720 |8,02% |79.600 |1.881.120 |

|Nazaré da Mata |1.226.000 |5,02% |482.000 |744.000 |

|São José do Egito |1.140.000 |4,66% |76.000 |1.064.000 |

|Belo Jardim |916.700 |3,75% |183.500 |733.200 |

|Camaragibe |740.000 |3,03% |320.000 |420.000 |

|Moreno |675.000 |2,76% |550.000 |125.000 |

|Igarassu |670.000 |2,74% |120.000 |550.000 |

|Carpina |620.757 |2,54% |70.757 |550.000 |

|Cabo de Santo Agostinho |598.000 |2,45% |18.000 |580.000 |

|Paudalho |584.271 |2,39% |394.271 |190.000 |

|Jaboatão dos Guararapes |560.400 |2,29% |80.400 |480.000 |

|Pesqueira |500.000 |2,05% |50.000 |450.000 |

|Caruaru |444.770 |1,82% |176.290 |268.480 |

|Barra de Guabiraba |430.510 |1,76% |4.110 |426.400 |

|Outros |10.270.923 |42,03% |3.631.656 |6.639.267 |

|Pernambuco |24.438.051 |100,00% |7.736.584 |16.701.467 |

Fonte: IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal (2000).

A tabela 25.2 apresenta a distribuição espacial da produção de ovos, que é bastante correlacionada com a criação de aves. São apresentados os 15 municípios com a maior produção e os de maior destaque são São Bento do Una, Moreno, Paudalho, Nazaré da Mata e Camaragibe, que conjuntamente, respondem por 45% da produção do Estado, representando cerca de 650 milhões de ovos/ano.

A produção total de ovos em Pernambuco é elevada e, como é provável que se destine basicamente ao consumo, implica em um consumo per capita de cerca de 169 unidades/ano, bem acima da média nacional de 93 unidades/ano per capita[11]. O consumo brasileiro, porém, ainda é muito mais baixo que o registrado nos países desenvolvidos como os Estados Unidos (258 unidades/ano), França (265 unidades/ano) e Japão (346 unidades/ano) estimados[12] para o ano de 2001.

Tabela 25.2

Cluster da avicultura

Produção de ovos – Principais produtores (2000)

|MUNICIPIOS |Ovos de Galinha (Mil dúzias) |% |

|São Bento do Una |19.000 |16,07% |

|Moreno |12.073 |10,21% |

|Paudalho |8.424 |7,13% |

|Nazaré da Mata |7.712 |6,52% |

|Camaragibe |6.486 |5,49% |

|Orobó |5.122 |4,33% |

|Goiana |4.207 |3,56% |

|Glória do Goitá |4.121 |3,49% |

|Pombos |3.638 |3,08% |

|Vitória de Santo Antão |3.559 |3,01% |

|Caruaru |3.422 |2,90% |

|Lagoa do Carro |3.203 |2,71% |

|Belo Jardim |3.013 |2,55% |

|Garanhuns |2.090 |1,77% |

|Igarassu |1.865 |1,58% |

|Outros |30.268 |25,61% |

|Pernambuco |118.203 |100,00% |

Fonte: IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal (2000).

O consumo de carne de frango no Brasil, por sua vez, apresentou elevação significativa nos últimos anos e segundo os dados da USDA[13] o consumo per capita aumentou de 23 Kg/pessoa no ano, em 1998, para 29,4 Kg/pessoa no ano, em 2001, um aumento de 27%, e é hoje semelhante ao observado para o Canadá e para a Argentina. Os principais fatores que levaram ao aumento no consumo de frango foram os baixos preços do produto e a elevação no diferencial em relação à carne bovina. Com as baixas taxas de crescimento da economia nos últimos dez anos e a redução do salário real registrada, a carne de frango substituiu em larga escala a carne bovina.

Dentre os fatores que levaram à redução no preço médio do frango, no entanto, reside a chave para a complexidade da criação em escala comercial, frente à simplicidade da criação doméstica. O frango de corte foi, assim como bovinos e caprinos, aprimorado para um crescimento rápido, com redução da massa óssea frente à quantidade de carne do animal. Nenhum animal de criação sofreu processo de seleção e melhoramento genético como o frango de corte, e nenhum tem um ciclo de crescimento e um nível de aproveitamento como o dele. No entanto, esta melhoria no ciclo de produção gerou um animal com uma fragilidade proporcional à sua rentabilidade, que necessita de condições controladas para sua criação, e que passa todo seu período de vida em confinamento.

Os diversos cuidados necessários para a manutenção das condições de vida no confinamento, bem como a exigência em termos do controle fitossanitário e mesmo do manejo dos animais, inviabiliza a pequena criação em escala familiar em Pernambuco. Neste sentido, apesar de ser encontrado em praticamente todas as propriedades rurais do Estado, ao longo de seus 184 municípios, o frango de corte é, de fato, uma cultura especializada, que demanda significativos investimentos em capital e mão-de-obra.

A tabela 25.3 apresenta os valores para o emprego direto registrado nas atividades de abate, processamento e preparação de produtos de carne de frango, principalmente os embutidos.

Tabela 25.3

Cluster da avicultura – Atividade industrial e comercial

Emprego direto registrado nos principais produtores - 2000

|MUNICIPIOS |Abate de aves e outros pequenos |% |

| |animais e preparação de produtos de | |

| |carne de aves | |

|Igarassu |375 |45,29% |

|Paulista |173 |20,89% |

|Afogados da Ingazeira |168 |20,29% |

|Belo Jardim |21 |2,54% |

|Recife |17 |2,05% |

|Jaboatão dos Guararapes |17 |2,05% |

|Olinda |15 |1,81% |

|São Lourenço da Mata |13 |1,57% |

|Outros |29 |3,50% |

|Pernambuco |828 |100,00% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseado nos dados da RAIS/MTE, 2000.

Os dados apresentados na tabela 25.3 mostram, claramente, que a produção é concentrada nas cidades vizinhas ao município de Recife, Olinda e Jaboatão, e intermediárias, entre estes e as zonas produtoras de aves e ovos. Isto indica que estas empresas são orientadas ao mercado interno, que se concentra, principalmente, na RMR.

De fato, Pernambuco não exportou carne de frango em 2000 apesar de apresentar uma das maiores criações no Brasil, o que pode indicar que o potencial de crescimento de setor ainda não foi alcançado no Estado. No entanto, a exportação de carne de frango, assim como a bovina, dependerá de infra-estrutura portuária adequada, que ainda não está disponível.

4. Indicadores específicos do cluster de avicultura

Todas as informações utilizadas nesta seção foram levantadas a partir de entrevistas feitas junto a empresários, que responderam a um questionário, abrangendo perguntas referentes a todos os tópicos mencionados no parágrafo anterior. A pesquisa foi realizada pela equipe do CONDEPE/IPEA no mês de fevereiro de 2002 e o resultados serão apresentados em seguida..

4.1. Integração das atividades do cluster

Segundo os empresários entrevistados, o cluster de avicultura caracteriza-se por adquirir os seus insumos em diferentes regiões: 40% dos insumos são adquiridos de outros municípios, não adjacentes ao município-sede, e 33% de municípios vizinhos. Além disso, 26% dos insumos necessários ao desenvolvimento do cluster são oriundos de outros estados da nação, o que denotaria uma relativa abertura de Pernambuco quanto à importação de insumos para as empresas deste cluster. No que tange à utilização de serviços, 87% é contratado no próprio município, gerando um efeito positivo sobre o nível de emprego dos municípios em questão, enquanto que 7% advêm de outros estados, o que pode denotar uma escassez de mão-de-obra especializada nos municípios do Estado.

4.2. Competitividade

No que tange à estrutura do mercado para o setor da avicultura, pareceria plausível afirmar, à primeira vista, que o setor é bastante homogêneo. Dos entrevistados, 100% afirmaram que suas empresas eram uma das principais representantes do mercado, embora não atuassem como líderes. Entretanto, os dados sobre os principais mercados de atuação não corroboram esta conclusão. Segundo os entrevistados, os principais mercados de atuação seriam dominados por grandes empresas (67%), enquanto que apenas 33% dos mercados seriam caracterizados pelas existência de pequenas empresas – o que contraria a afirmação dos próprios empresários que responderam, em sua totalidade, que as suas empresas representariam uma das principais do setor.

No que se refere à competitividade das empresas nos seus principais mercados de atuação, constata-se que, de forma geral, estas não são competitivas. Em apenas 33% das entrevistas, as empresas foram consideradas possuidoras de uma competitividade regular em seus municípios de atuação. Contrariamente, 67% dos empresários afirmaram que a competitividade das empresas em seus municípios era muito baixa. Ou seja, segundo os entrevistados, a atividade possui condições insatisfatórias de competitividade nos municípios-sede das diversas empresas do cluster.

4.3. Tecnologia

Em relação à tecnologia adotada, segundo os dados das entrevistas, 67% dos empresários do cluster utilizam alguma das tecnologias mais modernas de produção, enquanto que 33% fazem uso de técnicas de produção não modernas, porém consideradas atuais. Apesar do explicitado anteriormente, quanto à modernidade da tecnologia de produção, em 100% dos casos os entrevistados afirmaram que a tecnologia é suficiente para as necessidades de produção do setor.

4.4. Amplitude do mercado

De acordo com os entrevistados, o cluster de avicultura atua, predominantemente, visando ao abastecimento do mercado estadual, com 80% da produção destinando-se ao mercado consumidor do Estado, dos quais 53% se destinam ao próprio município, 13% aos municípios vizinhos, e outros 13% aos demais municípios. Entretanto, pode-se verificar que o setor também exporta seus produtos para os demais estados do país, sendo 17% destinados a estados da Região Nordeste e apenas 3% a estados de outras regiões. Assim sendo, verifica-se que o setor possui uma integração relativamente grande, quando considerados os outros clusters do Estado, a outros estados, principalmente àqueles do Nordeste.

4.5. Importância da BR 232 no contexto do desenvolvimento do cluster

Em relação às opiniões dos empresários entrevistados no que concerne aos benefícios que a duplicação da BR 232 vai trazer para a economia municipal na qual estão inseridos, as respostas obtidas foram bastante otimistas. 100% dos empresários pensam que os benefícios serão elevados (33%) ou médios (67%). Estes mesmos percentuais também são verificados quando se consideram os benefícios da BR 232 para a atividade da avicultura propriamente dita.

Quando questionados sobre como a duplicação da BR 232 beneficiaria a exploração das atividades ligadas ao cluster, 100% dos entrevistados citaram a redução do tempo de recebimento do produto, e 67% alertaram sobre a redução do tempo de entrega dos produtos, ou seja, os benefícios da BR 232 concentrar-se-iam, fundamentalmente, na redução de custos de transporte dos produtos do cluster.

4.6. Perspectivas de crescimento

No que tange ao crescimento recente do cluster, verifica-se que, segundo todos os entrevistados, as atividades cresceram até 100%, tanto quando considerados os últimos 5 anos, quanto quando considerado o último biênio. Tal fato demonstra que a taxa de crescimento do setor, no decorrer dos últimos 5 anos, foi modesto. Ou seja, no período em questão, poder-se-ia afirmar que o setor vem se expandindo timidamente. Apesar desses fatos, os empresários do setor demonstraram-se otimistas quanto às perspectivas de crescimento da atividade nos municípios no próximo qüinqüênio. Para 33% dos entrevistados as expectativas de crescimento são ótimas, enquanto que para 67% tais expectativas são boas.

Em relação às perspectivas de crescimento dos municípios onde se situam os estabelecimentos dos empresários, observa-se que o esperado é o crescimento semelhante ao do Estado, sendo esta a opinião de todos os entrevistados. Para eles, o principal empecilho ao desenvolvimento dos municípios seria a falta de informação/pouca instrução da população, o que afetaria negativamente a qualidade do capital humano nos municípios-sede das empresas do cluster em questão.

CAPÍTULO 26

CLUSTERS AGRÍCOLAS SELECIONADOS

(ARROZ, BATATA – DOCE, CAFÉ, CEBOLA, FEIJÃO, MANDIOCA, MILHO)

1. Introdução

Praticamente em todo Estado de Pernambuco, destacando-se os municípios do Sertão e do Agreste pernambucano, algumas culturas são exploradas, apesar da utilização de técnicas ultrapassadas de produção e da falta de integração das culturas em questão, à agroindústria, o que tornaria a atividade mais dinâmica. Esse é o caso das culturas do arroz, da batata-doce, do café, da cebola, do feijão, da mandioca e do milho. Muitas vezes, inclusive, tais culturas estão vinculadas à agricultura familiar, e, por isso, são vistas como sendo destinadas, fundamentalmente, à subsistência. Porém, tal fato não é de todo verdade, dado que o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, identificou tais culturas como possíveis fontes de desenvolvimento regional, caso houvesse uma maior integração ao mercado consumidor, e melhores condições de crédito e infra-estrutura.

Assim sendo, caso haja uma atuação do Governo Estadual e/ou Federal visando à superação de tais estrangulamentos, pode-se vislumbrar um futuro promissor no que tange a estes pré-clusters. Para tal, deveriam ser realizados investimentos em irrigação, construção e/ou melhoramento de rodovias, como por exemplo, a duplicação da BR 232, melhores e maiores condições de crédito, prestação de cursos profissionalizantes e técnicos relacionados à agricultura, entre outros. Apesar da atuação governamental necessária, dado a característica de bens públicos de várias dessas medidas, seria interessante, também, que houvesse uma contrapartida privada, objetivando o desenvolvimento do cluster, criando-se, por exemplo, cooperativas de agricultores que poderiam usufruir de melhores condições de negociação tanto na compra de insumos quanto na venda dos produtos finais.

Caso este cenário fosse transformado em realidade, seria possível que Pernambuco se tornasse um Estado mais desenvolvido e menos desigual, havendo uma interiorização do desenvolvimento estadual.

2. Dimensão espacial dos clusters agrícolas selecionados

A própria concepção de clusters enfatiza a distribuição espacial das atividades afins e que se aproveitem de ganhos de aglomeração para potencializar a competitividade de seus produtos. Destarte, esperar-se-ia que cada um dos produtos considerados neste capítulo, possuíssem um nicho principal onde pudessem se desenvolver de forma mais eficiente a sua exploração.

Assim sendo, apesar dessas culturas estarem espalhadas por praticamente todo o território estadual, conforme mostra o mapa 26.1, seria interessante que houvesse uma especialização regional, visando os ganhos de escala citados no parágrafo anterior, considerando-se, ainda, as necessidades específicas de produção.

Figura 26.1

Distribuição dos clusters agrícolas em Pernambuco

Culturas selecionadas

[pic]

Quando se considera o Estado como um todo, conclui-se que as principais culturas do que se convencionou denominar de clusters agrícolas selecionados, são o feijão, o milho e a mandioca, responsáveis, respectivamente, por 40%, 20% e 18% do valor de produção do aglomerado. No tocante aos municípios, destacar-se-iam Cabrobó, Petrolina e São José do Belmonte, responsáveis, respectivamente, por 4,34%, 3,50% e 2,97% do valor da produção estadual desses produtos. Saliente-se, ainda, que os seis principais municípios em termos de produção das culturas consideradas neste cluster, localizam-se no Sertão Pernambucano, e que praticamente todo o Sertão Pernambucano e o Agreste Meridional são os maiores produtores estaduais em termos de valor de produção.

No que tange à exploração individual das culturas, tomando-se por base a tabela 26.1, pode-se determinar áreas particulares à exploração de cada uma das atividades em questão.

Em primeiro lugar, o arroz poderia ser produzido mais intensamente ao longo do Rio São Francisco, com vistas a atender o mercado estadual. Neste caso, três dos quatro maiores produtores estaduais de arroz estariam sendo beneficiados pela política de desenvolvimento local. Além disso, dado à proximidade do município de Serrita à região, poder-se-ia pensar também, numa forma de integrá-la a mesma, por meio, por exemplo, de um melhor malha viária e de um sistema de transporte mais apropriado entre as duas regiões produtoras.

Também nesta região do Estado localiza-se o que poderia vir a ser o cluster de produção de cebola em Pernambuco. Terra Nova, Parnamirim, Belém do São Francisco e Cabrobó são os principais municípios no que se refere ao cultivo deste produto. Com exceção de Parnamirim, os outros municípios fazem parte do São Francisco Pernambucano, que, mais uma vez, aparece como um local potencialmente explorável, no que concerne à formação de clusters. Quanto a Parnamirim, assim como no caso de Serrita explicitado anteriormente, poder-se-ia pensar numa maior integração à microrregião anteriormente citada, via melhoramento da malha viária e do sistema de transporte, dada a sua proximidade ao São Francisco Pernambucano.

No que se refere à batata-doce, os dois maiores produtores estaduais são Correntes e Bom Conselho, municípios próximos, localizados no Agreste Meridional, nas proximidades de Garanhuns. Assim sendo, pode-se vislumbrar a formação de um cluster para o cultivo da batata-doce, que possuiria vantagem locacional dada a sua proximidade a um centro regional, no caso, Garanhuns. Adicionalmente, este cluster poderia estar usufruindo da mesma infra-estrutura que seria fornecida ao cluster do café, que tem em Brejão e em Garanhuns, dois dos principais produtores estaduais deste produto. Além disso, quanto a Taquaritinga do Norte, seria interessante um melhoramento do sistema viário até Campina Grande, município paraibano relativamente próximo, o que permitiria ao município exportar sua produção para aquela cidade, onde existe um fábrica da São Braz, líder de mercado na Região Nordeste.

Quanto aos demais produtos do cluster, a saber; o feijão, a mandioca e o milho, estes não são produzidos em uma região em particular, o que impossibilitaria, assim, a criação de um sistema de infra-estrutura local beneficiando, concomitantemente, os maiores produtores estaduais, assim como pode acontecer em relação aos outros produtos anteriormente analisados, restando apenas o abastecimento do mercado local.

Tabela 26.1

Clusters agrícolas selecionados

Valor pa Produção – 2000 (Mil R$)

|MUNICIPIOS |Cluster |% |% |Arroz |Batata -|Café |Cebola |Feijão |

| | | |Acumulad|(em casca) |doce |(em coco) | |(em grão) |

| | | |a | | | | | |

|Petrolina |4,28% |0,00% |0,00% |0,00% |1,05% |2,61% |0,14% |0,48% |

|São José do Belmonte |61,55% |0,44% |0,00% |0,00% |7,40% |31,95% |8,22% |13,54% |

|Belém de São Francisco |71,22% |10,20% |0,44% |0,00% |50,28% |7,00% |3,28% |0,02% |

|Araripina |98,53% |0,05% |0,16% |0,00% |0,00% |25,52% |54,38% |18,41% |

|Parnamirim |70,68% |0,83% |0,20% |0,00% |54,87% |8,09% |0,43% |6,26% |

|São João |92,25% |0,00% |0,17% |3,04% |0,00% |53,10% |30,29% |5,65% |

|Lagoa Grande |19,58% |0,00% |0,00% |0,00% |2,55% |10,11% |0,06% |6,86% |

|Bom Conselho |76,44% |0,00% |12,91% |2,66% |0,00% |35,85% |12,24% |12,78% |

|Dormentes |95,24% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |66,67% |6,80% |21,77% |

|Terra Nova |94,43% |0,44% |0,10% |0,00% |90,23% |2,02% |0,00% |1,64% |

|Caetés |99,29% |0,00% |0,12% |0,12% |0,00% |40,14% |54,04% |4,87% |

|Ouricuri |78,86% |0,07% |0,00% |0,00% |0,80% |26,26% |3,11% |48,61% |

|Serra Talhada |74,07% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |41,85% |1,36% |30,87% |

|Petrolândia |16,81% |0,07% |0,31% |0,00% |13,50% |1,55% |0,71% |0,67% |

|Afrânio |95,27% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |66,54% |7,01% |21,73% |

|Floresta |24,09% |0,00% |0,00% |0,00% |19,07% |2,82% |0,00% |2,19% |

|Garanhuns |88,65% |0,00% |0,60% |21,92% |0,00% |27,89% |29,35% |8,90% |

|Lajedo |93,65% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |83,75% |1,49% |8,40% |

|Saloá |81,63% |0,00% |0,00% |7,15% |0,00% |38,71% |22,80% |12,98% |

|Santa Filomena |98,29% |0,05% |0,00% |0,00% |0,00% |39,97% |12,33% |45,94% |

|Santa Maria da Boa Vista |8,74% |0,35% |0,00% |0,00% |1,55% |6,17% |0,00% |0,67% |

|Paranatama |94,64% |0,00% |0,05% |7,02% |0,00% |33,96% |42,59% |11,02% |

|Orocó |26,46% |7,86% |0,00% |0,00% |7,34% |8,86% |0,00% |2,40% |

|Correntes |86,08% |0,00% |65,64% |1,25% |0,00% |8,53% |8,13% |2,54% |

|Jupi |96,49% |0,00% |0,00% |0,06% |0,00% |41,57% |45,76% |9,11% |

|Exu |95,97% |0,11% |0,00% |7,44% |0,00% |17,73% |31,53% |39,15% |

|Santa Cruz |64,24% |0,04% |0,00% |0,00% |3,61% |38,68% |0,08% |21,83% |

|Calçado |95,33% |0,00% |0,00% |0,06% |0,00% |47,75% |35,86% |11,67% |

|Flores |86,92% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |52,25% |5,22% |29,45% |

|Itaíba |95,13% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |74,74% |2,37% |18,02% |

|Iati |99,35% |0,00% |0,00% |- |0,00% |47,87% |35,06% |16,42% |

|Tupanatinga |97,73% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |65,33% |3,24% |29,16% |

|Capoeiras |94,90% |0,00% |0,19% |0,00% |0,00% |46,46% |36,84% |11,41% |

|Limoeiro |41,39% |0,00% |1,31% |0,00% |0,00% |31,26% |0,00% |8,82% |

|Carnaíba |76,96% |0,00% |2,50% |0,00% |0,00% |27,95% |10,01% |36,50% |

|Afogados da Ingazeira |52,81% |0,04% |6,48% |0,00% |2,99% |19,27% |1,73% |22,30% |

|Custódia |70,06% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |49,90% |2,02% |18,15% |

|Tacaratu |93,04% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |59,52% |6,68% |26,84% |

|Bodocó |96,41% |0,07% |0,00% |0,00% |0,00% |34,87% |16,04% |45,42% |

|Tacaimbó |98,35% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |62,27% |16,80% |19,28% |

|João Alfredo |63,43% |0,00% |1,49% |0,00% |0,00% |40,19% |8,92% |12,83% |

|Águas Belas |85,21% |0,00% |0,00% |0,13% |0,00% |39,96% |18,61% |26,51% |

|Lagoa do Ouro |88,90% |0,00% |1,62% |1,48% |0,00% |50,88% |14,97% |19,96% |

|Jucati |99,20% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |37,77% |54,42% |7,01% |

|Ipubi |84,53% |0,07% |0,00% |0,00% |0,00% |23,34% |28,27% |32,85% |

|Brejão |89,96% |0,00% |0,63% |54,75% |0,00% |13,41% |16,55% |4,63% |

|Itacuruba |62,89% |1,87% |0,00% |0,00% |59,37% |1,54% |0,00% |0,11% |

|Betânia |58,82% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |23,22% |1,44% |34,16% |

(continua)

Tabela 26.2 (Continuação)

Clusters agrícolas selecionados

Participação no Valor da Produção Agrícola – 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Arroz |Batata -|Café |Cebola |Feijão |Mandioca |Milho |

| | |(em casca) |doce |(em coco) | |(em grão) | |(em grão) |

|Abreu e Lima |64,69% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |64,69% |0,00% |

|Serrita |83,38% |10,00% |0,62% |0,00% |5,23% |31,15% |0,85% |35,54% |

|Bom Jardim |27,28% |0,00% |0,92% |0,00% |0,00% |20,86% |0,00% |5,50% |

|Taquaritinga do Norte |74,69% |0,00% |1,31% |65,26% |0,00% |3,63% |3,26% |1,23% |

|Cedro |75,17% |3,12% |0,22% |0,00% |2,60% |12,19% |0,82% |56,21% |

|Passira |62,09% |0,00% |0,87% |0,00% |0,00% |34,10% |0,12% |26,98% |

|São José do Egito |69,74% |0,07% |3,38% |0,00% |0,00% |21,60% |0,35% |44,33% |

|Tabira |62,19% |0,06% |2,39% |0,00% |0,00% |21,04% |0,31% |38,38% |

|Salgueiro |59,41% |1,75% |0,30% |0,00% |28,53% |20,02% |0,48% |8,32% |

|Manari |98,17% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |73,78% |7,93% |16,46% |

|Condado |20,40% |0,00% |0,56% |0,00% |0,00% |1,31% |18,30% |0,24% |

|Pedra |86,96% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |66,21% |2,96% |17,79% |

|Cumaru |66,91% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |35,53% |0,98% |30,41% |

|Orobó |25,15% |0,00% |0,56% |0,28% |0,00% |17,04% |1,87% |5,40% |

|Itapetim |71,49% |0,00% |0,73% |0,00% |0,00% |26,41% |1,09% |43,26% |

|Sertânia |94,19% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |83,90% |1,57% |8,72% |

|Mirandiba |49,04% |0,26% |0,20% |0,00% |2,12% |21,84% |7,15% |17,47% |

|Santa Cruz da Baixa Verde |64,85% |0,00% |0,00% |1,41% |0,00% |46,87% |3,44% |13,13% |

|Quixabá |90,13% |0,00% |1,27% |0,00% |0,00% |34,94% |0,76% |53,16% |

|Iguaraci |67,83% |0,00% |6,32% |0,00% |2,53% |27,70% |0,39% |30,90% |

|Belo Jardim |13,58% |0,00% |0,00% |3,39% |0,00% |5,83% |2,34% |2,02% |

|Bonito |14,97% |0,00% |4,83% |0,22% |0,00% |0,99% |8,65% |0,29% |

|Verdejante |81,30% |1,45% |0,36% |0,00% |22,44% |37,52% |0,48% |19,06% |

|Santa Terezinha |71,89% |0,11% |2,58% |0,00% |0,00% |30,79% |7,73% |30,69% |

|Trindade |98,94% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |39,70% |12,58% |46,67% |

|Vertentes |76,08% |0,00% |0,82% |12,54% |0,00% |49,36% |1,17% |12,19% |

|Terezinha |91,27% |0,00% |0,00% |28,90% |0,00% |32,90% |16,60% |12,88% |

|Feira Nova |61,33% |0,00% |0,89% |0,00% |0,00% |27,14% |23,86% |9,44% |

|Canhotinho |35,04% |0,00% |1,96% |1,49% |0,00% |10,17% |17,19% |4,22% |

|Sanharó |83,38% |0,00% |0,00% |0,29% |0,00% |42,05% |27,02% |14,02% |

|Triunfo |41,20% |0,00% |0,00% |5,35% |0,00% |23,83% |2,13% |9,90% |

|Ingazeira |36,28% |0,00% |1,60% |0,00% |3,13% |13,78% |0,33% |17,44% |

|Paulista |90,56% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |90,56% |0,00% |

|Ibimirim |34,08% |0,00% |0,00% |0,00% |3,37% |20,87% |3,51% |6,32% |

|Pesqueira |15,44% |0,00% |0,00% |0,07% |0,00% |0,00% |15,38% |0,00% |

|Moreilândia |84,49% |1,89% |2,10% |0,00% |0,00% |12,16% |15,51% |52,83% |

|Panelas |52,66% |0,00% |3,86% |0,53% |0,00% |13,56% |29,79% |4,92% |

|Salgadinho |88,54% |0,00% |1,12% |0,00% |0,00% |69,89% |1,35% |16,18% |

|Quipapá |8,21% |0,00% |0,00% |0,47% |0,00% |1,11% |6,41% |0,21% |

|Solidão |77,98% |0,00% |4,94% |0,00% |0,00% |31,69% |2,06% |39,30% |

|Angelim |84,01% |0,00% |0,00% |4,50% |0,00% |28,60% |40,32% |10,59% |

|Amaraji |4,76% |0,00% |0,99% |0,00% |0,00% |0,00% |3,77% |0,00% |

|Jurema |38,81% |0,00% |1,07% |18,66% |0,00% |13,01% |0,85% |5,22% |

|Inajá |72,03% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |39,84% |8,05% |24,14% |

|Arcoverde |50,00% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |22,82% |1,83% |25,35% |

|Caruaru |47,97% |0,00% |3,65% |5,95% |0,00% |15,14% |18,92% |4,32% |

|Brejinho |53,80% |0,00% |3,65% |0,00% |0,00% |18,39% |10,94% |20,82% |

|Jatobá |49,51% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |29,68% |7,45% |12,38% |

(continua)

Tabela 26.2 (Continuação)

Clusters agrícolas selecionados

Participação no valor da produção agrícola – 2000

|MUNICIPIOS |Cluster |Arroz |Batata -|Café |Cebola |Feijão |Mandioca |Milho |

| | |(em casca) |doce |(em coco) | |(em grão) | |(em grão) |

|São Bento do Una |94,41% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |54,19% |5,87% |34,36% |

|Granito |92,59% |0,28% |0,00% |0,00% |0,00% |23,08% |0,00% |69,23% |

|Palmeirina |50,40% |0,00% |2,71% |3,83% |0,00% |14,04% |23,60% |6,22% |

|Goiana |1,43% |0,00% |0,15% |0,00% |0,00% |0,27% |0,96% |0,05% |

|Cortês |5,12% |0,00% |0,52% |0,00% |0,00% |0,00% |4,59% |0,00% |

|Cachoeirinha |93,11% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |52,79% |2,62% |37,70% |

|Agrestina |82,50% |0,00% |0,00% |0,31% |0,00% |33,13% |31,56% |17,50% |

|Calumbi |56,25% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |31,47% |8,19% |16,59% |

|Carnaubeira da Penha |35,47% |0,00% |1,50% |0,00% |0,00% |6,96% |19,10% |7,91% |

|Tuparetama |65,54% |0,00% |2,59% |0,00% |0,00% |32,12% |1,30% |29,53% |

|Venturosa |67,23% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |44,82% |5,60% |16,81% |

|Bezerros |8,34% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |7,16% |0,84% |0,35% |

|Poção |84,53% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |8,99% |51,80% |23,74% |

|Chã Grande |13,91% |0,00% |1,74% |0,00% |0,00% |0,00% |12,17% |0,00% |

|Glória do Goitá |7,17% |0,00% |0,55% |0,00% |0,00% |0,13% |6,43% |0,06% |

|São Vicente Ferrer |2,40% |0,00% |0,17% |0,52% |0,00% |0,73% |0,86% |0,11% |

|Água Preta |1,11% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |0,00% |1,11% |0,00% |

|Vitória de Santo Antão |3,05% |0,00% |0,76% |0,00% |0,00% |0,00% |2,29% |0,00% |

|Lagoa dos Gatos |24,58% |0,00% |4,18% |0,12% |0,00% |6,21% |12,05% |2,03% |

|Nazaré da Mata |2,06% |0,00% |0,19% |0,00% |0,00% |0,17% |1,67% |0,03% |

|Vicência |1,19% |0,00% |0,07% |0,00% |0,00% |0,25% |0,83% |0,04% |

|São Joaquim do Monte |1,97% |0,00% |1,69% |0,01% |0,00% |0,06% |0,16% |0,04% |

|Outros |2,29% |0,00% |0,25% |0,02% |0,00% |0,83% |0,90% |0,29% |

|Pernambuco |18,35% |0,48% |0,53% |0,46% |2,48% |7,34% |3,33% |3,73% |

Fonte: Elaboração FADE/UFPE. Baseada nos dados do IBGE, 2000.

Conforme demonstrado pelos dados disponíveis neste capítulo, os clusters agrícolas selecionados podem se apresentar como um fator de dinamismo econômico em certas áreas do Estado. O São Francisco Pernambucano, por exemplo, poderia se especializar na produção de arroz e cebola, o que poderia dinamizar a economia local, juntamente com a fruticultura. Além disso, o Agreste Meridional poderia se aperfeiçoar na produção de café e batata-doce. Saliente-se que o desenvolvimento destes clusters estariam altamente influenciados pela atuação governamental, que ficaria responsável pela dotação de uma infra-estrutura de produção mais eficiente, visando à eliminação dos gargalos citados anteriormente no texto. Ressalte-se, entretanto, que a iniciativa adequada dos agentes privados também seria importante para o desenvolvimento destes clusters potenciais. A criação de cooperativas e a integração à agroindústria seriam medidas a serem tomadas pelos agentes particulares que poderiam alavancar o sucesso desses aglomerados locais.

Quanto às demais culturas, estas se estenderiam quase que uniformemente pelo Estado, e os municípios teriam que produzir visando o abastecimento dos mercados locais.

Enfim, de um modo geral, o desenvolvimento dos clusters agrícolas selecionados poderiam – e devem – ser vistos como uma possibilidade de desenvolvimento das regiões onde se concentram, o que propiciaria, conseqüentemente, o desenvolvimento econômico e social da dessas regiões.

4. Indicadores específicos dos clusters agrícolas

Os indicadores específicos apresentados se referem aos resultados obtidos em pesquisa de campo junto aos produtores do cluster. Estes indicadores se referem a diversos aspectos referentes ao desempenho, estrutura, perspectivas e, principalmente, a relação esperada entre a duplicação da BR 232 e as diferentes atividades econômicas que compõem os clusters agrícolas.

Diferentemente, dos demais clusters apresentados neste relatório, os indicadores aqui apresentados são complementados por um segundo conjunto de indicadores que está presente no banco de dados sobre a economia de Pernambuco, que também é parte integrante deste trabalho. Isto se dá devido ao relativo pouco amadurecimento das relações de cluster entre os setores agrícolas aqui contemplados, bem como pela grande participação das culturas de autoconsumo nestes setores. A composição destes indicadores adicionais pode ser encontrada nos arquivos de ajuda do referido banco de dados, e estes indicadores têm papel apenas complementar no corpo da presente pesquisa.

4.1. Integração

Apesar de ser um setor que apresenta uma grande heterogeneidade entre os tipos de produtores, os resultados encontrados apresentam um perfil relativamente homogêneo em termos da compra de insumos. Segundo os produtores, cerca de 65% dos insumos produtivos são adquiridos nos próprios municípios onde se localizam os estabelecimentos, enquanto os demais 35% ou são adquiridos em municípios vizinhos ou em outros municípios de Pernambuco.

A contratação de serviços, no entanto, é totalmente realizada dentro do próprio município. Este resultado é esperado, uma vez que as propriedades são, em geral, pequenas e não apresentam escala ou complexidade nos processos administrados que justifiquem a contratação de serviços especializados, normalmente não disponíveis nos municípios de base agrícola. No entanto, o fato da contratação ocorrer no município não significa que as pessoas contratadas nele residam, mas que ao menos o intermediário do trabalho opera naquele município.

4.2. Competitividade

O mercado agrícola é geralmente pulverizado entre um grande número de pequenos produtores, com exceção de algumas culturas comercias como a soja e o café. Ocorre que dentre as aglomerações produtivas no meio rural de Pernambuco ocorre o confronto entre o pequeno produtor local e o produto oriundo de lavouras comerciais, via de regra mais barato e cujo principal entrave para dominar o mercado local é o custo de frete. Assim, quando questionado sobre qual sua posição em seus principais mercados 75% dos produtores responderam que tinham apenas uma pequena participação, enquanto 25% consideraram que estão entre os principais representantes do mercado.

Em 25% dos casos os produtores também consideraram que seus mercados são dominados por grandes empresas, enquanto para os demais 75% que operam em mercados onde a agricultura comercial não é predominante consideraram que existem apenas pequenas e médias empresas em seu negócio.

Os produtores também foram explicitamente questionados sobre a competitividade de seu produto e apenas 50% argumentaram que a mesma seria compatível com a manutenção das condições de rentabilidade do negócio. Para os demais 50%, esta competitividade é considerada baixa ou muito baixa, frente à média do mercado. Este resultado pode ser interpretado como um indicador de que a falta de integração com outros setores, combinada com a baixa rentabilidade destas culturas, está ocasionando a perda de fatias do mercado por parte dos produtores locais.

4.3. Tecnologia

Sendo um setor pouco integrado e de baixa rentabilidade, o uso de tecnologias modernas certamente poderia ser inviabilizado, salvo a interferência exógena de investidores ou do governo. Este não foi o caso da agricultura pernambucana em seus segmentos não integrados a agroindústria. Para 75% dos produtores, a tecnologia utilizada é defasada, e apenas 25% acreditam que a mesma seja atual embora nenhum considere que seja moderna.

De fato, estes mesmos 25% são os únicos que consideram que a mesma seja suficiente para garantir a rentabilidade do negócio, enquanto outros 75% consideram que esta não é mais adequada.

4.4. Amplitude

O produto agrícola dos setores agrícolas selecionados e que são passíveis de um processo de desenvolvimento através de uma estratégia exógena de clusters é negociado, basicamente, em todos os municípios do Estado, bem como em diversos estados da região Nordeste.

Segundo os próprios produtores, cerca de 55% da produção comercializada é negociada no próprio município, enquanto 20% são destinadas ao mercado de Pernambuco e outros 25% são negociados fora do Estado.

4.5. Importância e impactos da BR-232

4.5.1. Importância no contexto do setor

Os produtores rurais se dividem sobre os efeitos da duplicação da BR 232 em suas atividades econômicas. Metade acredita que os benefícios advindos poderão ser elevados ou de média intensidade, enquanto a outra metade acredita não haver nenhum efeito.

Considerando que as culturas selecionadas não estão, em sua maioria, localizadas nas áreas diretamente atingidas com a duplicação, é possível que apenas os produtores que negociam suas culturas, total ou parcialmente nos municípios da Zona da Mata possam esperar algum tipo de efeito. Da mesma forma, uma vez que a integração com o mercado de insumos e serviços é basicamente em nível local, os produtores podem não perceber vantagens ou benefícios que somente chegariam a eles de forma indireta.

Os produtores agrícolas que esperam benefícios decorrentes da duplicação se referem, basicamente, a dois aspectos fundamentais no âmbito de seus negócios: a redução nos fretes para o envio da produção aos principais mercados do Estado, e conseqüentemente o ganho de competitividade via redução de preço, além da redução no tempo de entrega, que implica em menores perdas no transporte e maior tempo de exposição para negociação.

4.5.2. Importância no contexto do município

Quando questionados sobre que efeitos poderiam advir da duplicação da BR 232 para a economia dos municípios em que se localizam seus estabelecimentos, 75% dos produtores afirmaram que esperam efeitos elevados ou de intensidade média, e apenas 25% acreditam que este efeito será nulo.

4.6. Perspectivas de crescimento

4.6.1. Perspectivas de crescimento do setor

Apesar da atual conjuntura em que se encontram, combinando baixa competitividade com tecnologias defasadas e condições climáticas desfavoráveis, 75% dos produtores agrícolas das culturas selecionadas apresentam perspectivas otimistas quanto ao desempenho para os próximos cinco anos.O restante (25%) não soube responder.

Uma possível explicação seria o fim do período de estiagem, que historicamente, trás consigo um período de euforia para o produtor nordestino, com a expansão das operações de financiamento para os pequenos produtores, através de programas como o PRONAF, que permitem o acesso ao crédito em condições viáveis para estes produtores.

4.6.2. Perspectivas de crescimento do município

Em termos do crescimento da economia de seus municípios, no entanto, os produtores se mostraram mais reticentes. Apenas 50% consideraram que estas economias apresentariam a mesma dinâmica do resto do Estado, enquanto outros 50% não souberam responder.

Para os produtores agrícolas, os principais obstáculos ao crescimento da economia dos municípios são: falta de estradas para o escoamento da produção; condições climáticas desfavoráveis e a falta de incentivo por parte do governo.

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[1] Segundo dados da Sudene (1998), o turismo de lazer (passeio e visita a amigos e parentes) é responsável por 38,46% dos gastos médios do turista, o de negócios e convenções por 59,85% e o de saúde por 3,37%

[2] A soma de todos os percentuais pode ultrapassar 100%, porque cada entrevistado poderia apresentar mais de uma resposta.

[3] A soma de todos os percentuais pode ultrapassar 100% porque cada entrevistado poderia apresentar mais de uma resposta.

[4] A soma de todos os percentuais pode ultrapassar 100% porque cada entrevistado poderia apresentar mais de uma resposta.

[5] A soma de todos os percentuais pode ultrapassar 100% porque cada entrevistado poderia apresentar mais de uma resposta.

[6] Desenho auxiliado por computador/Manufatura auxiliada por computador.

[7] Segundo os dados do IBGE, a produção de algodão arbóreo na região declinou cerca de 96% entre 1990 e 1999, enquanto a produção de algodão herbáceo cresceu apenas 8,7%, com um valor de cerca de R$ 55 milhões no Nordeste. Mesmo neste caso, entretanto, a produção declinou 65% em relação a seu pico em 1994, evidenciando os efeitos de uma combinação de secas com pragas de insetos.

[8] A soma de todos os percentuais pode ultrapassar 100% porque cada entrevistado poderia apresentar mais de uma resposta.

[9] A soma de todos os percentuais pode ultrapassar 100% porque cada entrevistado poderia apresentar mais de uma resposta.

[10] Exemplos de fabricantes de produtos alimentares que vendem diretamente para o consumidor final são as fábricas de sorvete (John’s, Bacana, etc).

[11] Estimativa do United States Department for Agriculture (USDA), disponível em .

[12] Idem.

[13] Estimativa do United States Department for Agriculture (USDA), disponível em .

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Fonte: FADE/UFPE

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Fonte: FADE/UFPE

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