CENA 1. SALA DE AFONSO NA TCA. INTERIOR. DIA.
VALE TUDO
Capítulo 204
Novela de
GILBERTO BRAGA/AGUINALDO SILVA/LEONOR BASSERES
Personagens deste capítulo
AFONSO
ANDRÉ
AUDÁLIO
ALDEÍDE
BARTOLOMEU
CÉSAR
CELINA
CONSUELO
DANIELA
DAYSE
EUGÊNIO
FREITAS
FÁTIMA
FERNANDA
HELENA
IVAN
IRIS
JARBAS
LUCIANO
LAÍS
LEILA
LUCIMAR
MARCO AURÉLIO
MARIA JOSÉ
ODETE
PEQUENINA
RENATO
RAQUEL
SARDINHA
SOLANGE
TIAGO
WILLIAM
Participação Especial
ARNALDO
CUNHA
LAURA
MARÍLIA
OLAVO
PROCURADOR
CENA 1. sala de afonso na tca. ambiente. Interior. Dia.
Afonso, Ivan e William, cena de ritmo de diálogo muito rápido.
Ivan — (a William) PDG da Macpherson and Son?
Afonso — Tava a fim de ter um pé no Brasil, achou que a TCA era bagunça por causa da atuação do Marco Aurélio lá na Irlanda e veio se assuntar, se apresentou só com o nome da mãe, pensando talvez em comprar a TCA ou entrar de sócio...
William — A gente não tem tempo a perder, olha aí a hora, o Marco Aurélio pode ter apanhado mais um cheque em branco assinado pelo Antunes pra retirar a grana do empréstimo no Californian Savings Bank...
Afonso — Eu vou ligar já pro banco, pra tentar sustar o pagamento desse cheque! Melhor ligar pra polícia também...
William — Ele tem avião particular, não tem?
Ivan — Claro que vai tentar se mandar do país, o melhor que a gente tem a fazer é ir pra casa dele nesse instante!
Corta rápido pra:
CENA 2. delegacia. ambiente. Interior. Dia.
Arnaldo falando com um auxiliar figurante, Gildo presente. Diálogo muito rápido.
Arnaldo — Você me localiza esse Freitas, além do Marco Aurélio. Bota o Tomaz pra ver se encontra o César também, e eu quero depoimento dessa empregada, Dayse não sei das quantas. Pra terem mentido sobre o dia da chegada dessa mulher do Marco Aurélio no Rio, seja lá o que eles tiverem querendo esconder a empregada deve tar fazendo parte do conchavo, com certeza subornou a empregada também...
Corta rápido pra:
CENA 3. sala de marco aurélio e leila. ambiente. Interior. Dia.
Leila chorando, com Eunice e Bartolomeu. Continuação da última cena do capítulo precedente.
Leila — Não matou, Bartolomeu, o Marco Aurélio não matou ninguém... Mas a gente ia ter que fugir do país de qualquer maneira, a gente vai fugir desse país, se Deus quiser...
Bartolomeu — Mas porque essa mentira sobre a sua chegada de Itaipava? Isso não faz sentido! Quem matou a Odete Roitman?
Leila — Eu cheguei com o Bruno no dia do crime...
Corta pra:
CENA 4. sala de marco aurélio e leila. ambiente. Interior. Dia.
Flash-back a ser gravado. Leila e Bruno sendo recebidos por Dayse, chegando de Itaipava, com alguma bagagem. Dayse sorridente. Bruno vai pro seu quarto e Leila faz perguntas sem importância a Dayse, fora de áudio.
Leila — (off, narração) O Marco Aurélio não tava em casa, claro... eu comecei a tomar as providências que toma toda dona de casa quando chega de fora...
Corta pra:
CENA 5. quarto de fátima na casa de marco aurélio e leila. ambiente. Interior. Dia.
Leila entrando, casual. Plano da cama de Fátima, intocada, como se ninguém tivesse dormido ali. (Flash-back a ser gravado)
Leila — (off, narração) Fui procurar a Fátima, mas como a cama dela tava intacta, eu achei que ela não tivesse dormido em casa...
Corta pra:
CENA 6. quarto de marco aurélio e leila. ambiente. Interior. Dia.
(Flash-back a ser gravado) Leila olhando sua cama desfeita, diante de Dayse. Nitidamente uma cama onde dormiram duas pessoas e não uma.
Leila — A Fátima não dormiu em casa, Dayse?
Dayse — Eu... não sei dizer pra senhora, porque quando eu acordei... ela realmente não tava aí... e a cama tava arrumadinha... quem sabe ela não saiu cedo, d. Leila, e arrumou a cama?
Leila — A Fátima, arrumar a própria cama? Escuta aqui, ô Dayse, tá se passando alguma coisa estranha dentro dessa casa! Porque nessa cama aqui, na minha cama, dormiram duas pessoas!
Inserir durante o diálogo apenas um take rápido da cena 4, capítulo 190 (QUARTO DE MARCO AURÉLIO E LEILA) Marco Aurélio e Fátima, quando ela tem a crise de choro. O plano deve ser rápido e apenas lembrar ao público que por causa desta cena a cama ficou desfeita, como se ali tivessem dormido duas pessoas. Sem som. O som é do tempo real, Leila e Dayse, sem interrupção.
Dayse — (muito sem jeito) Não, d. Leila, eu acho que a senhora tá enganada, eu servi café pro dr. Marco Aurélio sozinho...
Leila — Olha essa cama?! Quantas pessoas dormiram aqui?
Dayse — Eu... não sei, d. Leila... eu acho que o dr. Marco Aurélio dormiu sozinho sim...
Leila — Você é minha amiga, Dayse, você não tem o direito de esconder nada de mim! O que é que tá acontecendo entre a Fátima e o meu marido?
Dayse — (sem jeito) Acho que não dormiram juntos não, d. Leila... Eles se encontraram fora daqui...
Leila — (fora de si) Se encontraram fora daqui? Você vai me contar tudo o que você sabe, Dayse, você é minha amiga! Se eu souber que a Fátima tá fazendo uma coisa dessas comigo... eu... fala Dayse!
Dayse — Eu acho que ela é que deu em cima dele... Eu peguei sem querer, uma vez ou duas... Depois a senhora sabe, é difícil a gente deixar de escutar... Antes de casar com a senhora, o dr. Marco Aurélio tinha um apartamento, parece que pequeno aqui mesmo na zona sul... onde exatamente eu não sei... mas ele não se desfez desse apartamento, e tem se encontrado com a d. Fátima sim...
Leila — (desesperada) Todo o mundo me avisou que eu não podia confiar nessa vagabunda!
Dayse — Calma, d. Leila...
Leila — (chorando) Eu não acredito... eu não posso acreditar... (refaz-se um pouco) Não fala pra ninguém que eu tô em casa, Dayse... eu não quero falar com ninguém... dá alguma desculpa pro Bruno... me deixa sozinha... me avisa só quando o Marco Aurélio chegar...
Leila deita-se na cama e tem uma violenta crise de choro. Dayse faz menção de se aproximar pra consolar, mas sente que não há o que fazer. Sai do quarto. Tempo com Leila chorando.
Corta descontínuo pra muito mais tarde, Leila na cama, os olhos inchados de tanto chorar. Tentando acreditar no que ouviu. Tempo. Entra Dayse.
Dayse — A senhora pediu pra avisar quando o dr. Marco Aurélio chegasse... ele tá aí na sala, d. Leila, com o Freitas...
Leila — (sofrida) A que horas ele costuma se encontrar com essa piranha no tal apartamento?
Dayse — Não fica pensando nisso, d. Leila, eu tenho certeza que é da senhora que ele gosta... homem é assim mesmo...
Leila — (autoritária) A que horas, Dayse? Você sabe.
Dayse — Eu acho que geralmente assim depois do expediente lá na TCA, antes do jantar...
Corta pra:
CENA 7. sala de MARCO aurélio e leila. ambiente. Interior. Dia.
Flash-back a ser gravado. No início é repetição da cena 22 do capítulo 192. Marco Aurélio e Freitas.
Freitas — (entregando a pasta a Marco Aurélio) Eu verifiquei. Os papéis do leasing estão todos aí. O senhor vai precisar de mais alguma coisa?
Marco Aurélio — Acho que não, Freitas. Pode ir.
Freitas — Até amanhã, dr. Marco Aurélio.
Freitas sai. Marco Aurélio olha a pasta pensativo enquanto termina o seu drinque. De repente, pega a pasta de negócios, pra sair, ao mesmo tempo em que Leila entra, vinda do quarto.
Leila — Nós precisamos ter uma conversa muito séria/
Marco Aurélio — (saindo) Agora não dá, Leiloca. Eu tenho um assunto super urgente pra resolver, mas eu não demoro... na hora do jantar eu tô aí...
Marco sai. Dayse entra. Leila sofrendo.
Leila — Você tem certeza que não sabe o endereço desse bordel?
Rimo de diálogo muito rápido.
Dayse — Eu juro pra senhora...
Leila — Pega a chave do meu carro, depressa! Ele saiu pra se encontrar com ela! Levou uma pasta de trabalho pra disfarçar!
Dayse — Pelo amor de Deus, d. Leila, a senhora não vai fazer nada de cabeça quente!
Leila — A chave do meu carro, depressa!
Corta rápido pra:
CENA 8. ruas da zona sul. ambiente. Exterior. Dia.
Flash-back a ser gravado. Muito rápido. Ao por do sol. São quase oito horas de noite, horário de verão. Plano de Marco Aurélio, dirigindo seu Mercedes.
Plano de Leila, atrás, perseguindo o marido em direção do seu carro.
Atenção edição: são planos muito rápidos, porque não há suspense nesta situação.
Corta pra:
CENA 9. apartamento de odete e césar. ambiente. Interior. Noite.
Flash-back a ser gravado. No início, é uma repetição do final da cena 27 do capítulo 192, Marco Aurélio e Odete.
Odete — O que foi que você fez com os doze milhões de dólares da nossa conta conjunta... já que você não pagou ainda nenhuma prestação de leasing?
Marco Aurélio — Eu fiz um negócio ainda melhor pra nós... eu te explico...
Odete — Explica que é um ladrão sem vergonha que vem roubando a companhia há anos? Não é pra mim que você tem que explicar isso não/
Marco Aurélio — (corta) O que é que você pretende fazer/ Você tá me ameaçando?
Odete — Eu estou pasma! Eu tive muita confiança em você, Marco Aurélio e você traiu essa confiança.
Marco Aurélio — Você não vai Lucrar nada em me denunciar, Odete... Talvez... se você conseguir manter a calma... a gente talvez pudesse entrar numa composição... Você sempre foi uma empresária esperta... com jogo de cintura...
Odete — Manter a calma... com a minha família toda contra mim... aquela cena deprimente lá na firma... eu estou com ânsias de vômito, Marco Aurélio, a idéia de que além de tudo... você... (vontade de vomitar) Me espera aqui...
Odete vai entrando no lavabo. Vai fechar a porta.
Marco Aurélio — Você tá precisando de alguma coisa?
Odete fecha a porta. Ao mesmo tempo, a campainha toca e Marco abre a porta. Entra Leila, feito um raio, nervosíssima. O revólver está à vista desde o início da cena. Discussão histérica.
Leila — Onde é que ela está?
Marco Aurélio — Pera aí, Leila, ela não tá se sentindo bem... o que é que você tá fazendo aqui? Você não tem nada com isso!
Leila — (uma fúria) Eu não tenho nada com isso?
Marco Aurélio — São assuntos meus, particulares!
Leila — Eu nunca vi ninguém tão cínico quanto você!
Marco Aurélio — Se intrometendo num assunto desses você só pode se rebaixar, meu amor!
Leila — Eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida! Todo o mundo me avisou, a própria mãe dela me avisou, eu fui uma imbecil, Marco Aurélio! Vocês me traíram de uma maneira bárbara!
Marco Aurélio — Pera aí, do que é que você tá falando?
Leila — (pega o revólver) Nega! Quero ver você ter a coragem de negar que eu te meto uma bala na cara!
Leila aponta o revólver pra Marco Aurélio.
Marco Aurélio — Negar o que?
Leila — Não, eu acho que quem merece uma bala não é você não, eu não podia ter confiado nessa/
Odete abre a porta do lavabo, Leila vê a sua silhueta.
Marco Aurélio — Pra aí, Leila, você tá pensando que/
Leila dá três tiros. Odete cai. Logo depois de Odete cair, Leila se dá conta de que é Odete quem está no chão. Marco Aurélio certifica-se de que Odete está morta enquanto fala.
Marco Aurélio — Você se dá conta do que você fez, Leila?
Leila tem uma violenta crise de choro. Marco a ampara, com pena e carinho.
Marco Aurélio — Fica calma... Vamos embora daqui... a gente não tem um minuto a perder... eu vou te ajudar...
Corta pra:
CENA 10. quarto de marco aurélio e leila. ambiente. Interior. Noite.
Flash-back a ser gravado. Leila chorando, mais calma. Marco Aurélio consolando.
Marco Aurélio — Fica calma, Leiloca... eu já fui até lá... tá tudo sob controle... tão desconfiando da própria Fátima... eu te juro que esse caso não tinha a menor importância pra mim... Você é a mulher da minha vida... a gente vai escapar dessa juntos... Nós tínhamos que nos mandar do Brasil do qualquer maneira...
Corta rápido pra:
CENA 11. sala de marco aurélio e leila. ambiente. Interior. Dia.
Leila termina sua confissão a Bartolomeu e Eunice. Marco vai entrar, da rua.
Leila — (tensa) Ele me convencer... me convenceu que pra escapar eu tinha que tratas a Fátima como se nada tivesse acontecido... nós conversamos com a Dayse... que entendeu tudo... o Marco Aurélio foi muito generoso com ela... conversamos com o Bruno, que não desconfiou de nada, mas acabou dando com a língua nos dentes... Eu não queria matar ninguém, Eunice, acredita, eu perdi completamente a cabeça...
Marco entrou, com a sua chave.
Marco Aurélio — Vambora, Leiloca, que o resto da grana já tá no meu bolso. Tira essa gente daqui porque nós não temos um minuto a perder!
Corta rápido pra:
CENA 12. ante-sala da delegacia. ambiente. Interior. Dia.
Apenas um plano rápido. Raquel, Fátima, Gildo. Figurantes passando.
Raquel — Vai ser feita justiça, minha filha, porque vocês todos podem falar o contrário, mas eu tenho muita confiança em Deus, vai ser feita justiça sim, o nosso país não é a baderna que todo o mundo tá falando não, a justiça ainda existe!
Corta rápido pra:
Gal Costa cantando BRASIL. As próximas cenas fazem um clipe pra canção-tema: Até a cena 17 final, plano do avião no ar, devemos ter exatamente um minuto e cinco segundos na edição, da cena 13 inclusive à 17 inclusive. É o tempo da última parte da canção Brasil.
CENA 13. sala de marco aurélio. ambiente. Interior. Dia.
Arnaldo com dois auxiliares figurantes prendendo Dayse. Policial começa a colocar algemas em Dayse. (Mesmo que não se usem algemas vamos usar pra ficar impactante).
Corta pra:
CENA 14. rua carioca. exteriorambiente.. Dia.
(O certo seria porta do prédio de Marco Aurélio mas não é importante que seja lá). Carro de polícia bem característico, camburão. Arnaldo presta declaração a repórteres. Policiais da cena precedente colocam Dayse algemada no camburão e fecham a porta do camburão. Corta descontínuo pra camburão em movimento.
Corta pra:
CENA 15. cela de delegacia. ambiente. Interior. Dia.
Veiga empurra Olavo pra dentro da cela, onde há outros detentos, figuração com ar bem popular. Corta pra fora da cela, Consuelo chorando. Corta pra close de Olavo, atrás das grades.
Corta pra:
CENA 16. corredores da tca. ambiente. Interior. Dia.
Delegado Arnaldo efetuando a prisão de Freitas. Freitas tentando argumentar que é inocente. Dois policiais figurantes vão carregando Freitas ao longo do corredor. Freitas é carregado esperneando, com as pernas no ar.
Corta pra:
CENA 17. campo de aviação. ambiente. Exterior. Dia.
Marco Aurélio, Leila e Bruno vão entrar com co-piloto no avião particular de Marco Aurélio. Co-piloto vai jogando malas dentro do avião. Bartolomeu e Eunice despedem-se de Leila e Bruno, abraços demorados, emoção. Marco Aurélio diz que não Há tempo a perder. Todos entram. Plano de Marco Aurélio, pilotando seu jatinho, pronto pra levantar vôo. Plano de Eunice e Bartolomeu, abraçados, olhando o avião decolar. Plano do avião já no ar, afastando-se. Plano de Marco Aurélio, pilotando ao lado do co-piloto. Dá uma banana lá pra baixo. Último plano deve ser o avião no ar.
Corta pra:
(Terminou Gal Costa)
CENA 18. sala do apartamento de raquel. ambiente. Interior. Dia.
Abre em Fátima com Poliana. Depois Tiago e Fernanda, depois Raquel e Ivan.
Fátima — (chocada) Mas logo eu? Porque, Poliana? Essa mulher só pode ser maluca, onde é que já se viu?
Audálio — Se você acha isso mesmo, Fátima, é porque você ainda tem muito o que prender, sabe?
Corta pra Tiago e Fernanda, em outro ambiente.
Tiago — (muito triste) Meu próprio pai... Muito difícil de aceitar, viu Fernanda?
Fernanda — Eu sei, meu amor, e tô aqui pra te dar toda a força que você precisar... mas no seu caso... eu acho que a melhor coisa que você tem pra fazer é esquecer que tem pai...
Corta pra Raquel e Ivan em outro ambiente.
Ivan — Justiça, Raquel? Só mesmo da tua cabeça... Vai ser feita justiça é no meu caso...
Raquel — (maliciosa) Não sei não... Você tem tanta certeza assim? Porque você se acusou, fez o que a sua consciência mandava... mas cadê as provas? Ou você acha que numa hora dessas o Marco Aurélio ia ter cabeça, tempo ou interesse pra entregar essas provas pra polícia?
Reação de Ivan, animado.
Corta pra:
CENA 19. delegacia. ambiente. Interior. Dia.
Freitas presta depoimento oficial a Antunes, escrivão batendo à máquina.
Freitas — As provas contra o Ivan Meirelles? Claro que eu sei onde é que tão... Se eu vou entrar pelo cano vou livrar a cara dele porque?
Corta pra:
CENA 20. salas de celina. ambiente. Interior. Dia.
William com Helena, em outro ambiente Laís, Marília e Celina.
Helena — Mas eu não queria morar fora, meu amor! Apesar dessa bagunça toda, eu me sinto feito o meu irmão, sou brasileira, quero morar aqui!
William — E não foi justamente por esse motivo que eu agi da forma que agi e acabei entrando pra sócio do grupo, Heleninha? Agora, eu não posso deixar a Macpherson ao Deus dará. A gente tem que manter pelo menos um apartamento em Londres pra passar uns três meses por ano...
Helena o abraça, com carinho.
Corta pra outro ambiente, Celina, Laís e Marília.
Marília — Mas vocês acham que o Ivan Meireles tem mesmo alguma chance de ir pra cadeia por causa desse processo de suborno?
Celina — Em primeira instância já foi condenado, Marília. Hoje é o dia do julgamento da apelação.
Laís — Eu acho que na terra da impunidade ia ser até uma piada, o Ivan ser condenado por tão pouco...
Celina — Eu não sei não, Laís... Houve muita pressão por parte da imprensa... Eu estou tão nervosa, meu Deus do céu....
Marília — Na pior das hipóteses, o que é que pode acontecer?
Celina — A pena é de 1 a 8 anos, e pode ser aumentada em um terço, se a corrupção for consumada, o que foi o caso. O tal funcionário público fugiu, tá sendo julgado à revelia...
Laís — Eu tenho muita fé que o Ivan vai escapar dessa, viu, Celina?
Celina — Deus permita que você esteja certa, mas a opinião pública tá contra ele, o Ivan foi capa de várias revistas, pelo inusitado do processo. O povo está querendo justiça!
Corta pra:
CENA 21. sala de espera do julgamento. ambiente. Interior. Dia.
Planos rápidos, um clima de muita apreensão. Raquel abraçada a Ivan. Poliana, Iris, Afonso, Aldeíde, André, Bartolomeu, Consuelo, Daniela com Luciano, Eunice, Fátima, Fernanda com Tiago, Gildo, Jarbas, Maria José, Renato. Mais repórteres e fotógrafos.
Corta pra:
CENA 22. sala do julgamento. ambiente. Interior. Dia.
Em suas respectivas posições, o advogado, 4 desembargadores, o procurados da justiça, o desembargador presidente, o escrivão.
Procurador — Defendo portanto a manutenção da condenação de primeira instância, já que a defesa não conseguiu destruir o manancial de provas apresentadas no processo, tendo o doutor juiz julgado nos precisos limites da Lei...
Corta rápido pra:
CENA 23. sala de espera do julgamento. ambiente. Interior. Dia.
Mesmos da cena 21, clima de grande apreensão. Abre em Renato e Maria José.
Maria José — O senhor acha que vão condenar ele, dr. Renato?
Renato —Se você quer a minha opinião, o Ivan vai escapar, quer dizer, pelo menos da prisão. Porque com as circunstâncias atenuantes que o advogado de defesa apresentou ele pode ter uma pena de até dois anos, com direito a sursis, a suspensão condicional, e nesse caso não é preso... Pra ser preso, ele teria que ser condenado a mais de dois anos... E nesse caso, vamos rezar pra que não aconteça, claro, ele teria direito a prisão especial, porque tem nível superior e é um réu primário e com bons antecedentes...
Abrem-se as portas da sala do julgamento. Renato corre pra falar com o procurador. Reação de Ivan, com medo, vendo ao longe Renato falando com o procurador. Reação de Raquel. Renato afasta-se do procurador. Raquel corre até Renato.
Raquel — Pelo amor de Deus, Renato, ele vai pra cadeia?
Corta pra:
1º INTERVALO PARA COMERCIAIS
CENA 24. sala de espera do julgamento. ambiente. Interior. Dia.
Mesmos da cena 23, continuação imediata, Raquel com Renato.
Raquel — Fala, Renato, pelo amor de Deus, sem rodeios.
Renato — Eu acho que a Celina tinha razão, a imprensa fez muito alarde, a opinião pública foi contra...
Raquel — Ele vai pra cadeia?
Renato — Foi condenado exatamente a dois anos e um mês. Até o livramento condicional, vai ter que ficar preso por um ano e quinze dias.
Raquel — (apavorada) Um ano!
Corta pra:
CENA 25. quarto de raquel. ambiente. Interior. Dia.
Ivan e Raquel, muito emocionados e tristes.
Raquel — (quase chorando) Um ano...
Ivan abraça Raquel. Os dois ficam abraçados, um tempo.
Corta pra:
CENA 26. sala de iris. ambiente. Interior. Dia.
Iris e Pequenina.
Pequenina — Mas se você gosta dele, meu amor, se você se sente bem ao lado dele, vai recusar essa proposta de casamento com o Poliana porque?
Iris — Não sei, vó... por mais que eu pense... eu gosto dele sim... Acho que pode ser um bom pai pros meus filhos, um bom companheiro... Mas a vida inteira eu sonhei com... ah, vó, a senhora sabe como eu adoro as histórias de amor, nas revistas... Eu sonho com esses homens que tão nas revistas...
Pequenina — É como você própria está dizendo, são homens de revistas!
Iris — Mas na vida real também tem! O dr. Ivan! Quando sair da prisão vai ser feliz com a Raquel pelo resto da vida! E o dr. William? Vai casar com a d. Heleninha! Esse então parece que saiu de um conto de fadas, é um príncipe mesmo de verdade, que chegou na TCA disfarçado, a senhora vê só que história romântica, disfarçado! Um homem daqueles!
Pequenina — É. Mas quem te pediu em casamento foi o Audálio! E você mesma está dizendo que gosta dele, que o vê perfeitamente como pai dos seus filhos!
Iris — (frágil) E onde é que fica o meu romantismo, vó Pequenina? Os sonhos românticos que eu sempre tive, desde garotinha?
Pequenina — Ah, meu amor, esses grandes amores... você faz como nove entre dez brasileiras. Você acompanha nas novelas de televisão!
Iris se convence.
Corta pra:
CENA 27. sala de afonso na tca. ambiente. Interior. Dia.
Laís e Afonso.
Afonso — Você tem certeza?
Laís — Absoluta. Ela se separou do Mário Sérgio já faz algum tempo. Ele tá morando em S. Paulo. Eu ouvi dizer que separaram numa boa, mas eu posso te garantir que a Solange tá sozinha, criando a filha...
Corta pra:
CENA 28. sala de solange e sardinha. ambiente. Interior. Dia.
Solange estava cuidando da filha, Márcia, quando Afonso entrou. Os dois estão constrangidos.
Afonso — Tô te incomodando?
Solange — Não, tudo bem... Cheguei do trabalho agora, tava cuidando da Marcinha, mas tudo bem...
Afonso — É verdade que você e o pai dela... se separaram?
Solange — O Mário Sérgio foi pra S. Paulo. Falei com ele ontem. Tá até namorando, tá tudo bem...
Tempo. Emoção.
Afonso — Você... gosta de cuidar dela, não gosta?
Solange — Hum-hum...
Afonso — Solange, eu sei o quanto eu fui injusto com você... eu... pô, é difícil falar o que eu tô pensando, tudo o que tá entalado aqui, porque você é tão... (corta-se) Eu queria pedir você em casamento, queria me oferecer pra criar do teu lado essa menina que eu te juro eu sou capaz de tratar como se fosse a minha própria filha... e queria... (corta-se)
Afonso olha a menina. Planos alternados de Afonso e do bebê.
Afonso — Eu não sou esse homem forte que eu queria ser não. Eu me sinto... diante de você... eu me sinto igualzinho a essa criança, de quem você tá cuidando tão bem... com tanto carinho... Eu acho que isso eu tenho o direito de pedir, sim, Solange... cuida de mim, cuida?... vamos ficar juntos... eu preciso tanto de você...
Solange cede e beija Afonso apaixonadamente. Planos muito românticos.
Corta pra:
CENA 29. sala de renato na revista. ambiente. Interior. Dia.
Afonso e Sardinha, outro dia.
Afonso — (orgulhoso) Então a gente resolver se casar só no civil, no mesmo dia que a Helena e o William...
Sardinha — Eu acho que não preciso dizer o quanto essa notícia me deixa feliz, meu camaradinha... Porque o Mário Sérgio é super boa gente, mas eu sempre saquei que a Solange não era apaixonada por ele.
Afonso — Claro que o rapaz é boa gente... E você vai ver: eu vou criar a filha dele como se fosse minha própria filha!
Sardinha — Filha dele?
Afonso — Então, havia de ser filha de quem?
Sardinha — Escuta, ô Afonso, a Solange te falou alguma vez que a Marcinha é filha do Mário Sérgio?
Afonso — Falar eu acho que não... Mas... pô, eles tavam juntos, esse tempo todo... havia de ser filha de quem? A Solange nunca foi de (corta-se) Péra lá, o que é que você tá querendo me dizer?
Sardinha — Eu não tô querendo dizer nada, inclusive porque eu jurei pra Solange que eu nunca ia contar essa história pra ninguém, e principalmente pra você. Mas um toque eu acho que eu tenho o direito de dar, já que vocês resolveram se casar... Pede à Solange pra te contar uma história sobre produção independente.
Afonso — Produção independente, de cinema?
Sardinha — Não. Produção independente, de criança.
Corta rápido pra:
CENA 30. sala de SOLANGE e sardinha. ambiente. Interior. Noite.
Luz suave. Solange e Afonso, ela rindo muito.
Solange — Aí... como ninguém topou... eu resolvi mandar a ética pras cucuias e... naquela noite... literalmente... eu aproveitei o porre e... abusei de você!
Afonso — (emocionadíssimo, quase chorando) Essa é a história mais... eu não posso acreditar, Sô, a Marcinha é... eu... que sempre sonhei em ter uma menina... ela é...
Solange — (no seu tom seco) Olha, Afonso, você é bastante desligado, ficou dois anos casado com a Fátima sem notar que ele te corneava! Só por isso eu te perdôo, viu, porque bastava olhar com mais atenção pra Marcinha! Ela é a tua cara!
Afonso beija Solange apaixonadamente. Deve ser uma cena muito curtida pela direção porque eles fazem um casal muito emocionante. A critério da direção, a criança deve estar nesta cena ou não.
Sonoplastia: Da cena 27 até o final da cena 30, FAZ PARTE DO MEU SHOW, por Cazuza. Não tem importância termos letras e diálogos ao mesmo tempo, desde que seja possível ouvirmos o diálogo.
Corta pra:
CENA 31. sala do apartamento de raquel. ambiente. Interior. Dia.
Abre em Daniela e Luciano.
Luciano — Tem que se apresentar hoje, Daniela?
Daniela — (muito triste) A Raquel vai levar... eu não tenho nem coragem de olhar pra cara deles...
Corta pra Raquel com Ivan, ele tem uma mala e uma máquina de escrever portátil pra carregar.
Raquel — (muito triste) Doze meses... se ao menos isso tivesse um sentido, Ivan...
Ivan — Quem sabe não tem?
Raquel — Prenderam meia dúzia de pobres, os ricos ficaram impunes... Eu vou acreditar que esse país tem jeito? vou me conformar de você ser um bode expiatório, num delito mínimo, quando tanta gente, os próprios políticos, o próprio povo... (gesto vago)
Ivan — O povo votou melhor nas últimas eleições... esse ano vai ser decisivo pra nós todos, Raquel... Eu tenho esperança, sim, vou tentar aproveitar esse tempo pra escrever um livrinho sobre essa minha esperança...
Raquel — Eu não me conformo... Tem que ser o único preso, por um delito mínimo?
Ivan — Eu prefiro pensar que em vez de ser o único eu vou ser o primeiro. Um crime não é mais grave do que outro não... É preciso dar um basta nisso tudo! Esse clima tem que acabar! Sabe qual é a palavra mais odiosa que eu conheço? acho que é careta. Porque nesse país passou a ser careta quem é íntegro, honesto, é careta não transgredir a lei, não tentar levar vantagem em tudo...
Raquel — Eu continuo achando que o que você fez não foi mais do que molhar a mão dum guarda de trânsito pra se livrar duma multa...
Ivan — (olha o relógio) Tá na hora.
Corta pra:
CENA 32. externa de presídio. ambiente. Exterior. Dia.
Ivan vai caminhando em direção ao presídio, Raquel e Afonso parados, vendo Ivan se afastar. De repente, Ivan larga a mala e a máquina de escrever no chão, por um instante, volta-se e fala com Raquel e Afonso.
Ivan — Há países em que é impossível molhar a mão dum guarda, Raquel! Não existe!
Afonso — Quanto é que ganha um guarda num desses países, Ivan?
Ivan — (emocionado) Não é só questão de progresso não. É questão de mentalidade também... Eu quero escrever sobre isso... Porque eu não tô agüentando mais morar num país onde você molha a mão do guarda. Eu acho que ninguém tá agüentando mais morar nesse país em que o natural é molhar a mão do guarda!
Raquel — Eu te amo.
Raquel e Ivan beijam-se suavemente. Ivan entra na prisão, Raquel e Afonso olhando, muito emocionados. Afonso ampara Raquel. Raquel com lágrimas no solhos.
Sonoplastia e edição: durante a última fala de Ivan, entra inteira a canção “É”, do Gonzaguinha, que vai constituir um clip bastante longo de todas as cenas que se seguem. Estas cenas, a que vamos dar letras em vez de números, devem ser entremeadas com planos que temos em arquivo de POVO NA RUA, POVO NA RUA... A canção de Gonzaguinha dura exatamente três minutos e dez segundos. Deve morrer já dentro da cena 33, no botequim.
CENA 33. (antiga cena 32A) sala de ivan. ambiente. Interior. Dia.
Uma cela limpa, de prisão especial. Ivan bate à máquina. Está escrevendo um livro.
CENA 34. (antiga cena 32b) sala grande de reuniões na tca. ambiente. Interior. Dia.
Reunião de diretoria, Afonso presidindo, William ao lado, discussões.
CENA 35. (antiga cena 32C) externa bonita. ambiente. Exterior. Dia.
Aldeíde e André beijam-se apaixonadamente.
CENA 36. (antiga cena 32D) externa bonita. ambiente. Exterior. Dia.
Tiago e Fernanda beijam-se apaixonadamente.
CENA 37. (antiga cena 32 e) cozinha de celina. ambiente. Interior. Dia.
Jarbas discute calorosamente com Eugênio e Marina. Celina faz festa na Rebeca, que está no seu colo. CAM fecha no rosto de Rebeca.
CENA 38. (antiga cena 32f) escritório de raquel na paladar. ambiente. Interior. Dia.
Raquel, Celina e Poliana em reunião de negócios. Falam.
CENA 39. (antiga cena 32g) igreja. ambiente. Exterior. Dia.
Casamento de Poliana e Iris. Explorar principalmente os noivos. Entre os convidados estão Aldeíde, André, Bartolomeu, Eunice, Consuelo, Daniela, Luciano, Fernanda, Tiago, Flávia, Gildo, Jarbas com uma mulher bonita, fazendo um casal (é importante aqui um plano de Jarbas sorridente com a namorada), Maria José, Pequenina chorando, Vasco. Saída da igreja, convidados jogando arroz nos noivos.
Corta pra:
CENA 40. (antiga cena 32 h) salas de celina. ambiente. Interior. Dia.
Coquetel de casamentos civis. Planos rápidos, com figuração muito elegante. Temos que passar que: Solange está se casando no civil com Afonso; Helena está se casando no civil com William.
Convidados cumprimentam efusivamente os casais. Presentes: além dos noivos, Aldeíde e André, Bartolomeu e Eunice, Celina, Daniela e Luciano, Eugênio muito emocionado (marcar), Fernanda com Tiago, Flávia, Laís com Marília (marcar as duas juntas), Marieta, Renato, Sardinha com a filha de Solange (marcar), Suzana.
CENA 41. (antiga cena 33) botequim. ambiente. Interior. Dia.
Lucimar, agora bem, vestida, pagando uma rodada a Jarbas, que está com a mesma mulher do casamento, abraçado, Vasco e figurantes.
Jarbas — E tá dando pra viver sem trabalhar, superior?
Lucimar — Ih, botei pra render juros! Tá pensando o que? 200 milhões! Tô comprando um baita dum apartamento em Copacabana! Vou ter até empregada de uniforme! Vou pagar o salário mínimo, conforme manda a lei, mas vou descontar tudo o que eu tenho direito! E muito breve eu vou fazer a minha primeira viagem ao estrangeiro!
Jarbas — Olha aí, hem Vasco, vê se não vai exagerar na cachaça pra ficar cumé que era a minha patroa.
Lucimar — Ela não entorna mais não, Jarbas?
Jarbas — Que eu visse, nunca mais!
Corta pra:
CENA 42. sala de reuniões de alcoólicos anônimos. ambiente. Interior. Dia.
Cunha, o ator da primeira reunião que fizemos, coordenando a reunião. Helena e William entre os figurantes.
Cunha — Agora eu quero chamar o companheiro William pra que ele entregue a fica comemorativa de um ano de sobriedade à nossa companheira Helena.
Helena se levanta e vai ficar de pé ao lado da mesa. William vai até ela e lhe entrega uma ficha. Os dois trocam um demorado abraço. Muita emoção.
Helena — (muito emocionada) Obrigada, companheiros e companheiras... Pros que não me conhecem, o meu nome é Helena, eu sou uma doente alcoólica e hoje eu não bebi. Aliás, de vinte em quatro em vinte e quatro horas... faz exatamente um ano que eu não venho bebendo... Eu tô conseguindo levar uma vida criativa... eu... eu sou pintora... eu tenho conseguido trabalhar... eu trouxe convites pra vocês, porque amanhã... depois de muito tempo inativa... eu tô inaugurando uma exposição, e se vocês quiserem me dar uma força no vernissage eu vou ficar muito feliz...
Corta rápido pra:
CENA 43. galeria de arte. ambiente. Interior. Noite.
A exposição de Heleninha. Mostrar bem os quadros. explorar beleza visual. Helena, ao lado de William, recebe cumprimentos de convidados. Presentes Raquel, Poliana, Iris, Afonso com Solange, Aldeíde com André, Bartolomeu com Eunice, Celina, Consuelo, Daniela com Luciano, Eugênio, Fernanda com Tiago, Laís com Marília (marcar bem), Marieta, Renato, Sardinha. Depois de planos gerais, Laís com Marília conversam com Sardinha.
Sardinha — Foi morar em Búzios, Marília?
Marília — Como psicóloga eu tava ganhando tão pouco... Aproveitei que tinha uma graninha que os meus pais deixaram, entrei de sócia da Laís...
Laís — (orgulhosa) E tá se saindo uma revelação como dona de pousada!
Corta pra Raquel com Renato, ao lado de uma das telas.
Renato — Eu ouvi dizer que a Maria de Fátima tá trabalhando numa loja de presentes... Você acha que ela se modificou, Raquel?
Raquel — Acho que aprendeu a lição, né? Tá outra. Só não tá muito falante, sabe, Renato, reclama que trabalha demais... de vez em quando ainda tem uma recaída e fala em arranjar marido rico... Mas eu tenho muita fé que besteira ela nunca mais vai fazer não...
Helena se aproxima. Fala com Raquel.
Helena — (emocionada) O Víctor comentou que você comprou uma tela, Raquel! Eu... eu nem sei o que dizer... eu fico tão contente...
Raquel — (com orgulho, mostra) Essa aqui. Eu sempre fui fã do teu trabalho. E o Ivan também...
Helena — (sem jeito) Falta muito tempo pra ele...
Raquel — (emocionada) Seis meses.
Corta pra:
CENA 44. externa do presídio. ambiente. Exterior. Dia.
Seis meses depois. Raquel e Afonso esperando. Tempo. Ivan sai. Vem lentamente ao encontro de Raquel e beijam-se apaixonadamente. Deve ser uma cena muito emocionante.
Corta pra:
CENA 45. sala grande de reuniões na tca. ambiente. Interior. Dia.
Reunião de assembléia. Afonso, Ivan, William, Luciano (sentado à mesa) e diretores figurantes. Depois, Consuelo.
Afonso — E agora, senhores, o assunto principal dessa reunião: a eleição do novo presidente. Eu proponho o nome de Ivan Meireles.
Ivan — Eu? Você tá doido, Afonso?
Afonso — Eu acho que nunca tive tão lúcido. Com o apoio da diretoria durante esse ano aí em que você... “se retirou” pra escrever o seu livro, com a ajuda do William nós conseguimos vencer a crise provocada pelo golpe que o Marco Aurélio nos deu... Mas eu acho que nesse momento, com o William tendo que se dividir entre Irlanda e Rio, você é a pessoa certa pro cargo. Eu não tenho idade... acho que ainda tenho muito chão pra percorrer...
Close de Ivan, emocionado.
Afonso — Vamos proceder à votação?
Corta rápido pra:
CENA 46. ante-sala de marco aurélio na tca. ambiente. Interior. Dia.
Ivan vem ao encontro de Raquel, que o espera. Ela está muito emocionada.
Raquel — O que a Consuelo acabou de me dizer... é verdade, Ivan? Presidente?
Ivan — Hum-hum...
Raquel o abraça, emocionada.
Ivan — Você trouxe mala com umas roupas, como eu mandei?
Raquel — Trouxe... mas não tô entendendo nada...
Ivan — Não é pra entender mesmo... é uma surpresa, vem...
Corta pra:
CENA 47. planos gerais de búzios. ambiente. Exterior. Dia.
Arquivo. Os planos mais bonitos que tivermos. Música de Tracy Chapman. A música continua até o final da cena seguinte.
Corta pra:
CENA 48. casa do canal em búzios. ambiente. Exterior. Dia.
(a cena já foi gravada previamente)
Carro de Ivan parado à porta da casa. Ivan e Raquel saltam. Ela não entende bem o que está acontecendo.
Raquel — Eu... eu não tô entendendo direito, amor...
Ivan — Será que não?
Raquel olha a casa. Plano da casa.
Raquel — (muito emocionada) Você... lembrou?
Ivan — Comprei pra nós.
Corta pra dentro da sala vazia, os dois se beijando apaixonadamente. A câmera faz 360 graus em torno do beijo.
Corta pra:
CENA 49. livraria. ambiente. Exterior. Dia.
Tarde de autógrafos de livro de Ivan. Título: “Vale Tudo?”, de Ivan Meireles. Produzir, Ivan, sorridentes, autografa livro pra Helena e William. Raquel sorridente.
Presentes Afonso, Solange, Aldeíde, André, Bartolomeu, Eunice, Tiago, Fernanda, Celina, Consuelo, Daniela, Luciano, Gildo, Helena, William, Laís com Marília, Maria José, Poliana com Iris. Depois de planos gerais, Poliana com Celina.
Celina — A Fátima não veio, Audálio?
Audálio — Vem depois... Ela só sai da loja às seis horas, tem trabalhado muito, coitadinha...
Celina — Eu tenho pensado muito nela... Será que se modificou mesmo? Porque isso... puxa, me dá uma certa confiança na humanidade...
Audálio — Está outra, Celina. Boa mãe, trabalhadeira... E amanhã o Rafael vai fazer dois aninhos, você tem que vir, pra mesinha de doces...
Corta pra:
CENA 50. loja fina de presentes. ambiente. Interior. Dia.
Gerente arrumando coisas. Fátima fechando a loja, cansada. Dirige-se à gerente.
Fátima — Posso ir, d. Laura?
Laura — Tudo bem... Até amanhã... Nove em ponto, hein, Maria de Fátima, porque você tem chegado muito atrasada, o proprietário já reclamou diversas vezes, eu não sei mais que desculpa inventar...
Fátima faz uma cara de nojo, e raiva, e sai da loja.
Corta pra:
CENA 51. avenida atlântica. ambiente. Exterior. Dia.
Fim de tarde. Fátima sai da livraria (não é preciso mostrar a livraria) e caminha pela rua, de volta pra casa. Denota cansaço. Os pés doem. Num sinal, passa a mão no pé, mostrando cansaço. De repente, um carro de luxo para ao seu lado. Buzina. Ela olha. César está ao volante. Close de César. Reação de Fátima.
César — Entra aí, Fátima! Tá esperando o que?
Close de Fátima, ainda assustada.
Corta pra:
2º INTERVALO PARA COMERCIAIS
CENA 52. quarto de hotel de luxo. ambiente. Interior. Noite.
Fátima e César tomando um drink, depois do amor.
César — No início foi duro, porque a grana que aquele desgraçado deixou a minha mão não dava nem pra saída... Cheguei a andar pela Europa de carona, Fátima, na minha idade... já pensou?
Tempo. Fátima não responde. Ainda gosta de César. Passa isso no olhar.
César — Mas acabei me dando relativamente bem...
Fátima — Como?
César — Conheci um cara... Um príncipe de uma das famílias mais antigas de Milão... Príncipe de Volterra... Você vai conhecer o Giovanni... Boa praça, não é de tar chateando ninguém...
Fátima — Ele tá aqui no Brasil?
César — Por tua causa.
Fátima — Do que é que você tá falando? Um príncipe? Olha César, fazer hora com a minha cara não, tá, que você já me sacaneou demais.
César — (animado) Mas é que pintou um esquema que pode ser muito bom pra nós dois. O Giovani resolveu entrar pra política, partido conservador... Vai concorrer às próximas eleições, deputado pela Lombardia... Só que... sabe como é... correm certos boatos sobre ele... Daí ele tá precisando duma mulher, pra se casar e tapar a boca da oposição, tá entendendo?
Fátima — E é pra ficar casada com esse cara o resto da vida?
César — Não. Ele faz um contrato, lavrado em cartório, se você topar... Fátima, você não imagina a grana que tem nessa jogada, uma das famílias mais ricas de Milão... Um casamento só pra constar, eu fico morando na mesma casa que vocês... Ele faz um pacto antenupcial... Pelos cálculos da família e a assessoria do partido político... tão dispostos a dar pra essa mulher que topar o casamento um milhão de dólares por ano, e dificilmente você vai precisar ficar casada por mais do que 5 anos...
Tempo. Fátima pensativa. César faz um carinho nela.
Fátima — Sabe que o nosso filho vai fazer dois anos amanhã?
César — Olha, não vai dar pra tar misturando estações não, viu Fátima?... Ou bem a tua mãe, com aniversário de criança... o bem Princesa de Volterra, circulando nas melhores rodas da Europa. Quem tem que sabe que vida tá a fim de levar é você!
Corta pra:
CENA 53. sala do apartamento de raquel. ambiente. Interior. Dia.
A sala lindamente enfeitada para aniversário de criança, Rafael está fazendo dois anos. Muita alegria de todos, menos Fátima, que está com o pensamento longe, de cara amarrada. Presentes Aldeíde, André, Bartolomeu, Eunice, Consuelo, Daniela, Luciano, Fernanda, Flávia, Gildo, Iris, Poliana, Jarbas, Pequenina. Já começa o “Parabéns pra você”. Todos muito alegres, curtindo a bonita mesa de doces. Raquel é quem tem Rafael no colo. Figurantes finos e muitas crianças pela sala. O importante da cena, é que durante a canção de parabéns, Raquel saca que Fátima não está curtindo. Close de Fátima, querendo estar bem longe dali. Termina a canção. Fátima vai pro quarto de Raquel, que vai segui-la. No caminho, Fátima é interceptada por Consuelo.
Consuelo — Come um olhinho de sogra caramelado que tá uma maravilha, Fátima!
Fátima olha Consuelo com desprezo e entra no quarto. Raquel a segue.
Corta pra:
CENA 54. quarto de raquel. ambiente. Interior. Dia.
Fátima pensativa, triste. Raquel entra. As duas se olham lentamente. Closes alternados. Elas têm muito pra se dizer, mas ao mesmo tempo a impressão de que tudo já foi dito. Finalmente, Raquel fala.
Raquel — Você não tá feliz, Fátima? o Rafael tá tão lindo...
Fátima — (seca) Eu tentei. Eu gosto muito de você, você é testemunha que eu tentei mas eu não dou pra isso não. Por favor, você curte, é seu neto, cuida dela pra mim.
Corta rápido pra:
CENA 55. porta do copacabana palace. ambiente. Exterior. Dia.
Mostrar a fachada do hotel. Fátima saltando de um taxi elegante, muito bem vestida, dois funcionários pegando malas dela.
Fátima — Eu mandei reservar uma suite, Fátima Acioli, vocês podem ir levando as malas, porque eu tenho que encontrar um hóspede, o Príncipe de Volterra, acho que tá hospedado na mesma suite que César Ribeiro.
Corta pra:
CENA 56. piscina do copacabana palace. ambiente. Exterior. Dia.
Planos gerais, bonitos, que passem a impressão de um ambiente muito sofisticado. Fátima vem do restaurante ou da rua e procura César com os olhos. Corta pra César e Giovani nadando, jogando água um no outro. Clima de brincadeira. César vê Fátima e sai da piscina. Caminha ao encontro de Fátima.
César — Resolveu?
Fátima — Depende das bases. Acho que se for um milhão por ano de casada eu topo sim.
César — Deixa eu te apresentar.
Um fotógrafo se aproxima. Quando Fátima for apresentada a Giovani, o fotógrafo vai bater a chapa.
César faz sinal a Giovani, que sai da piscina e vem ser apresentado a Fátima.
César — Príncipe Giovani Piero Giacomo Grimaldi de Salina e Volterra. Fátima Acioli.
Giovani beija a mão de Fátima. O fotógrafo se aproxima, pra tirar foto.
César — (baixo) Tá pintando fotógrafo, Fátima. Pra essa história dar certo, sempre que pintar fotógrafo na jogada você tenta passar um clima de sensualidade entre vocês dois.
Fátima fala quase beijando Giovani na boca.
Fátima — Isso não vai ser difícil... Já que eu vou ter um maridinho tão sexy... tão gostoso...
Fotógrafo bate a chapa.
Corta pra:
CENA 57. sala de consuelo e jarbas. ambiente. Interior. Noite.
Noite de sábado. Reunião familiar. Iris com bebê no colo, Poliana, Pequenina, Jarbas com a namorada desse capítulo, Consuelo, Vasco, Aldeíde, André.
Abre em Aldeíde e André. Durante o diálogo a campainha toca, Pequenina vai atender.
André — Verdade mesmo que a Fátima vai casar com um príncipe?
Aldeíde — Então, menino? Tá em todos os jornais. Vem gente de tudo que é lugar do mundo, a granfinada toda! Mas eu não sei porque a Raquel falou que não vai ao casamento não. E pra nós ela nem mandou convite...
Corta pra Jarbas falando pra namorada a respeito de Lucimar que está entrando com um rapaz lindo, Pequenina abrindo a porta.
Jarbas — Ah, essa eu não posso perder, a velha Lucimar de guerra, que ficou rica, foi fazer a primeira viagem dela, ao estrangeiro, menina, foi a Mar del Plata! (aproxima-se) E aí, Lucimar, como é que é? Gostou de Mar del Plata?
Só então enquadramos Lucimar, que deve imitar Odete Roitman em gestos e estar caracterizada lembrando Odete. Durante a fala, Lucimar tira um cigarro e faz sinal ao rapaz lindo pra acendê-lo.
Lucimar — Se eu gostei? Eu me encontrei, Jarbas, ah, no estrangeiro eu me encontrei! De agora em diante, o que eu mais quero é distância aqui desse país de tupiniquins porque gente civilizada é outra coisa! (cigarro) Acende aí, ô gato. (já fumando) Vocês tão pensando que é essa bagunça daqui? Praias limpas, gente muito elegante, dão passagem no trânsito, ah, minha gente, Brasil, nunca mais!
Todos riem. Corta pra Pequenina e Poliana, à parte.
Audálio — Amanhã de tarde a gente podia transar um biribinha, hein, Pequenina? Fala com a Consuelo!
Pequenina — A Consuelo? Mas quem é que consegue botar os olhos em Consuelo aos domingos? Todo domingo à tarde, desaparece logo depois do almoço! Não diz aonde vai! Eu andei sondando, ela fala muito vagamente que é pra igreja, cuidar de obras de caridade, uma irmandade nova aí... mas detalhes dessa irmandade ela não dá!
Corta rápido pra:
CENA 58. pátio de presídio. ambiente. Exterior. Dia.
Domingo à tarde. Visita dominical aos presos. Planos gerais. Corta pra Consuelo, visitando Olavo. Entrega presentes.
Consuelo — Cigarros... eu trouxe esse bolo aqui... meia dúzia de maçãs...
Olavo — E grana, Consuelo? Então eu não preciso de grana?
Consuelo — (entregando dinheiro) Trouxe... Trouxe sim...
Corta pra:
CENA 59. salas de celina. ambiente. Interior. Dia.
Celina lendo jornal. Eugênio servindo alguma coisa.
Celina — Eu não posso acreditar, Eugênio! Você sabe que é verdade mesmo que a Maria de Fátima está de casamento marcado com um príncipe, de uma das melhores casas da Lombardia, um rapaz que está inclusive começando carreira na política? Casamento grandioso, um monte de convidados estrangeiros, cobertura de toda a imprensa internacional! Eu já vi nota até no Paris-Match e no Vanity Fair! Eu não sei não, mas acho que alguém devia prevenir este rapaz, coitado!
Eugênio — Pelo que eu vi, d. Celina, e eu prestei bastante atenção às fotografias, o príncipe sabe muito bem o que está fazendo. Porque esse filme eu já vi: Teorema!
Corta pra:
CENA 60. salão chiquíssimo. ambiente. Interior. Dia.
Num salão muito bonito, planos rápidos do casamento civil de Fátima e o príncipe. César deve ser caracteristicamente o padrinho. Juiz oficializando a cerimônia, troca de olhares entre Fátima e César. César pisca o olho pra ela.
Sonoplastia: a partir do início desta cena até o último plano da novela, “Isto aqui o que é?” por Caetano Veloso, tocada inteira.
Corta pra:
CENA 61. praia de búzios. ambiente. Exterior. Dia.
(cena já gravada) Numa praia deserta, Raquel e Ivan caminham de mãos dadas, sem sapatos, curtindo a areia. Tempo com os dois caminhando de costas para a câmera.
Letreiro FIM.
FIM
Seguem-se imagens de atores e participantes da novela:
Rogério Fróes / Walney Costa
Martha Linhares / João Resende
Renata Castro Barbosa / João Bourbonnais
Ana Lucia Monteiro / Fernando Almeida
Paulo César Grande / Zeni Pereira
João Camargo / Bia Seidl
Jairo Lourenço / Paula Lavigne
Rita Malot / Nara Abreu
Danton Melo / Carlos Gregório
Paulo Porto / Lourdes Mayer
Cristina Galvão / Otávio Muller
Iris Bruzzi / Marcelo Novaes
Fábio Villa Verde / Flávia Monteiro
Rosane Goffman / Paulo Reis
Cristina Prochaska / Lala Deheinzelin
Stephan Nercessian / Sérgio Mamberti
Lilia Cabral / Marcos Palmeira
Claúdio Correa e Castro / Cássia Kiss
Adriano Reis / Pedro Paulo Rangel
Cássio Gabus Mendes
Lídia Brondi
Denis Carvalho
Nathália Timberg
Daniel filho
Renata Sorah
Reginaldo Faria
Beatriz Segal
Carlos Alberto Riccelli
Glória Pires
Antonio Fagundes
Regina Duarte
Evaldo Lemos - produção executiva
Raul Travassos - cenografia
Helena Gastal - figurinos
Cristina Médicis - produção de arte
Ivan Zettel - co-direção
Mauro Mendonça Filho - co-direção
Ricardo Wanddington - direção
Denis Carvalho - Direção geral
Leonor Bassères
Aguinaldo Silva
Gilberto Braga
(Do início da cena 52 até o último plano dos participantes, a edição deve contar exatamente três minutos e quarenta segundos, que é o tempo da canção de Caetano Veloso)
Nota: Estamos morrendo de vergonha de mandar pra vocês este último capítulo desfalcado das páginas 2 a 9, numa tentativa de manter em segredo o assassino de Odete Roitman. Mas durante toda a novela tivemos o dissabor de ver todas as nossas tramas reveladas pela imprensa. Tentamos caprichar no suspense, mas ao sair à rua, ninguém nos perguntava quem é o pai do bebê ou se Raquel ia ou não perdoar a filha, porque liam tudo previamente nas revistas. A nossa impressão é que o público viu a novela só pra conferir, porque do jeito que a imprensa está tratando o nosso trabalho, suspense só houve nas bancas de jornais. Gostaríamos então de manter em segredo o assassino de Odete. Vamos fazer uma tentativa. escrevemos quatro versões, que serão gravadas em segredo. Vamos escolher a que será usada na própria noite do 6 de janeiro, quando o capítulo irá ao ar. Quem sabe assim, Vale Tudo terá uma primeira surpresa?
No mais, dispensável dizer o quanto foi emocionante pra nós trabalhar com uma equipe fantástica como a que Vocês formaram. Temos muita fé de que em breve vamos nos encontrar de novo, na vida e na arte. Beijos.
Leonor
Aguinaldo
Gilberto
................
................
In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.
To fulfill the demand for quickly locating and searching documents.
It is intelligent file search solution for home and business.
Related download
- projeto de lei n° 036 de 11 de abril de 2002
- o futuro dos acordos das dívidas estaduais
- kawall carlos rede academica de ciencia economica
- forum permanente afro descendente do amazonas
- preciso fazer um trabalho amplo espécie de monografia
- dissuasÃo nova forma de mediar conflitos
- modelo para transcriÇÕes do presidente
- dia 17 de abril 11 às 13 horas
- cena 1 sala de afonso na tca interior dia
- br