INTRODUÇÃO - Paraná
[Pages:213]INTRODU??O
Percebemos que o s?culo XX foi o s?culo em que o maior n?mero de esfor?os, emanados de diversos grupos sociais, organizados formal e institucionalmente ou n?o, foram empreendidos com o objetivo de alcan?ar resultados que se somassem ? determina??o feminina de ampliar sua ?rea de atua??o do espa?o privado (a casa) ao espa?o p?blico (o trabalho remunerado e a atividade pol?tica). Assim, chegamos ao novo s?culo com uma realidade que inclui a mulher no mercado e no Estado capitalista, apesar das diferen?as salariais e de condi??es estruturais de trabalho que continuam em pauta na agenda das inten??es e conquistas.
O desenrolar dessa nova fase para a mulher abrange a necessidade de significa??o e re-significa??o da sua situa??o enquanto sujeito componente desse novo espa?o. Al?m do que, a velocidade das mudan?as, a instabilidade das identidades e os novos est?mulos constituintes das subjetividades, sejam eles percebidos conscientemente ou n?o, obrigam a procura de mecanismos que auxiliem na ocupa??o de um espa?o simb?lico e mental e tamb?m na constru??o de uma imagem e um papel ainda estranhos ao primeiro e agora antigo sujeito. Atualmente todos s?o incitados a se ajustar a uma cultura globalizada e chamada "de massas", e retirar deste contexto as refer?ncias ou paradigmas para o comportamento individual e de classe. Com isso, a literatura de auto-ajuda, uma das dimens?es dessa cultura midi?tica, surge ? como para outros sujeitos, tamb?m para a mulher ? como possibilidade de ferramenta de compreens?o de si e de orienta??o de conduta no novo mundo.
Logo, instrumento proposto e aceito como meio de produ??o, normatiza??o e orienta??o de comportamentos ? vejam-se os recordes de vendas que a auto-ajuda alcan?a ?, essa literatura prop?e uma imagem de sujeito feminino que pode influenciar ? e provavelmente influencie ?, a??es individuais e sociais da mulher contempor?nea. Da? nosso interesse em buscar identificar o perfil feminino que os livros de auto-ajuda constroem e oferecem a seu p?blico, e verificar com que imagem a mulher atual e leitora de auto-ajuda est? operando para motivar e significar sua conduta pessoal e social.
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Em resumo, o objetivo geral dessa disserta??o ? Verificar o perfil de mulher constru?do pela literatura de auto-ajuda,
especialmente a esse p?blico-alvo, na virada do s?culo XX para o XXI;
Em outras palavras o objetivo espec?fico ?
Identificar os mecanismos e as formas com que essa literatura de autoajuda constr?i um perfil de mulher que pode orientar sua leitora na elabora??o de sua subjetividade.
Acreditamos que a mulher busque na literatura de auto-ajuda valores e orienta??es para conferir sentidos a suas a??es e comportamentos sociais. Ou seja, partimos do princ?pio de que essa literatura de auto-ajuda prop?e uma imagem de sujeito feminino que serve de baliza para orientar os comportamentos das leitoras, e assim justificamos nosso interesse de identificar esta imagem representativa, que os livros de auto-ajuda elaboram, e verificar exatamente com que imagem de identidade essa leitora est? operando. Na seq??ncia l?gica categorizamos os modelos, padr?es, normas de conduta e caracter?sticas com os quais esses livros operam.
Teoricamente afirmamos que a quest?o da identidade e da forma??o da subjetividade ? discutida nas teorias sociais. Entre os autores que debatem o tema, Anthony Giddens, em seu texto Modernidade e Identidade (2002), Stuart Hall, com Identidade cultural na p?s-modernidade (2005), e F?lix Guattari, no seu livro Micropol?tica: cartografias do desejo (2005) ser?o apresentados e discutidos no primeiro cap?tulo. Com eles nota-se, na cultura globalizada do s?culo XX, a exist?ncia de uma dificuldade de elabora??o da identidade unificada e indivisa a partir de uma realidade fragmentada. Essa dificuldade gera uma crise de identidade que leva o sujeito ? procura de elementos que possam auxili?-lo na racionaliza??o e no entendimento de si mesmo enquanto "eu" perante a realidade de seu contexto. Guattari acresce a essa possibilidade de leitura da atualidade a no??o de forma??o da subjetividade, que ? assumida pelos indiv?duos em suas exist?ncias particulares e lhes d? a possibilidade de agir ou n?o mediante os est?mulos diversos e externos.
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Outro tema deste cap?tulo ? a trajet?ria hist?rica e da constitui??o da literatura de auto-ajuda. Um dos principais instrumentos encontrados nos dois ?ltimos dec?nios do s?culo pelo sujeito contempor?neo para auxili?-lo na identifica??o com os diversos sistemas de significa??o que ele percorre foi o livro de auto-ajuda 1, consultado, acreditamos, na tentativa de encontrar solu??es individuais ? e ao mesmo tempo compartilhadas ? de desempenho pessoal e social. Aqui nos servimos do estudo de Francisco Rudger sobre a rela??o entre a leitura de auto-ajuda e a busca de identidade, em Literatura de auto-ajuda e individualismo (1996), e das observa??es de Arnaldo Toni de Souza Chagas sobre os mecanismos discursivos do livro de autoajuda, em A ilus?o no discurso da auto-ajuda e o sintoma social (2001).
A crise de identidade p?s-moderna, ou a realidade em que se constroem as subjetividades nos ?ltimos tempos, ? facilmente observada na situa??o feminina, uma vez que a mulher, no s?culo XX, conquista um novo papel social, o de trabalhadora, que a eleva em muitos casos a provedora da casa e a habilita a tamb?m ocupar cargos pol?ticos p?blicos. Ao lado dos pap?is sociais j? definidos historicamente para o g?nero feminino (a maioria deles retrata o espa?o privado ? o lar), surgem ent?o estes outros, que exigem da mulher a intera??o com um novo sistema de valores e comportamentos at? ent?o estranhos ao g?nero. Essa realidade n?o tira do foco a aparente crise de identidade geral, o sentimento de solid?o e a sensa??o de se estar sempre "perdido", sentimentos que atinge em menor ou maior grau todos os indiv?duos desta ?poca.
Para preencher estas necessidades do sujeito feminino espec?fico, s?o, portanto, propostos os livros de auto-ajuda dirigidos ao desempenho pessoal e profissional da mulher, com regras, normas, dicas, relatos de experi?ncias positivas ou negativas de comportamento, valores e atitudes que t?m como fun??o servir de modelos ou refer?ncias para as leitoras que identificam em suas vidas os problemas que eles elencam. A essa literatura recorre, supomos, boa parte das mulheres com dificuldade de composi??o de uma subjetividade e tomada de consci?ncia do processo
1 Outros recursos podem ser observados nas terapias individuais ou de grupos com profissionais adequados, nas conversas informais com amigos ou parentes, nas novas ou antigas religi?es ou rituais sacralizados ou em todas as outras produ??es midi?ticas que veiculem padr?es de comportamento e identidade, como a televis?o, as revistas ou a Internet.
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de identifica??o do sujeito feminino. ? ela, muitas vezes, a ferramenta auxiliadora na auto-afirma??o da "mulher enquanto mulher" que esteve historicamente habituada a outros pap?is e identifica??es.
Surgem, ent?o, as perguntas que movimentam nossa investiga??o: partindo da id?ia de que o sujeito contempor?neo n?o constr?i uma identidade, mas atravessa sua vida num processo de identifica??o com os diversos sistemas significantes do mundo, que perfil a literatura de auto-ajuda direcionada ? mulher constr?i para servir de refer?ncia no processo de identifica??o constru?do para sustentar seu desempenho? Que imagem de feminino o livro de auto-ajuda est? promovendo? Que tra?os e valores essa literatura tem destacado e recomendado para a mulher que pretende afirmar-se como sujeito? Quais s?o os comportamentos produzidos e normatizados por essa literatura?
Ap?s um cuidadoso e met?dico trabalho de sele??o ? que levou em conta o tema da obra, a data de publica??o, a circula??o e o posicionamento no ranking de p?blico ?, chegamos a quatro obras que passaram a ser nosso objeto de estudo nessa disserta??o. Estas obras s?o: 1) Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? (2000) e 2) Por que os homens mentem e as mulheres choram? (2003), ambos da autoria do casal Allan e B?rbara Pease; 3) Homens s?o de Marte, mulheres s?o de V?nus (1995), de John Gray; e 4) Homem cobra, mulher polvo(2004), do autor brasileiro, I?ami Tiba.
Partimos da hip?tese de que existe uma imagem de mulher que pode ser abstra?da a partir da leitura desses quatro livros, e nos ocupamos em reparar quais os tipos de afirma??es a respeito da mulher fazem parte de seu conte?do, qual ? a forma recorrente de se idear o sujeito feminino em cada um dos autores e o que se pode concluir de uma an?lise comparativa entre seus discursos. A inten??o foi anunciar formas recorrentes de conceber o sujeito feminino em cada um dos autores e em todos conjuntamente. Al?m disso, procuramos mostrar como os livros analisados dialogam com um discurso maior, o da auto-ajuda, ou com as correntes e tradi??es do discurso cient?fico ou paracient?fico. Buscamos tamb?m estabelecer poss?veis v?nculos entre esses discursos e os sistemas de produ??o e veicula??o de imagens peculiares ao contexto em que os livros surgiram e circulam. Outra hip?tese ? a de que a literatura
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de auto-ajuda oferece modelos de subjetividade para suas leitoras e que esses modelos s?o a reafirma??o de valores propostos pelos modos de subjetiva??o capital?stica identificados pelo pensador F?lix Guattari, ou seja, os comportamentos que s?o aconselhados para ambos os sexos s?o recupera??es, a partir de um embasamento pseudocient?fico, de padr?es tradicionais de condutas masculinas e femininas.
Responder as perguntas propostas nesta investiga??o exige um cruzamento de tr?s temas de estudos: o tema do sujeito contempor?neo, a quest?o feminina e o fen?meno da literatura de auto-ajuda direcionada. Por isso esta pesquisa sustenta-se primeiramente pelas modernas teorias de forma??o do sujeito. Como j? anunciamos, fazemos refer?ncia, neste caso, aos te?ricos dos Estudos Culturais brit?nicos, como Stuart Hall, Antony Giddens e F?lix Guattari.
Como a investiga??o nasce, por?m, da conflu?ncia entre duas dimens?es sociais ? a identidade feminina e a literatura de auto-ajuda ?, acrescentamos aos te?ricos do sujeito p?s-moderno aqueles que abordam mais diretamente a identidade feminina. Recorremos, nesse caso, ?s obras de cientistas sociais dedicadas ao estudo das identidades de g?nero, ou seja, ? linha de estudos femininos que aborda especialmente a rela??o da mulher com a sociedade para constru??o de uma identidade. Esta ? perseguida por Judith Butler, Nancy Chodorow, Fra?oise Collin, Maria F?tima da Cunha, Strinati Dominic, June Hahner, Anne Higgonet, J?lian Mar?as, Malvina Muszkat, Sherry B. Ortner, Luisa Passerini, Michelle Rosaldo e Charles Winick. Algumas dentre essas autoras tamb?m nos fornecem estudos, conceitos e m?todos de an?lise dos fen?menos dos produtos culturais na sociedade de massas. A maior parte destas teorias est? discutida, portanto, no primeiro cap?tulo deste trabalho.
Algumas observa??es e conceitos remanescentes, bem como aprofundamentos e verticaliza??es dessas teorias preferimos deixar para contrapontos na discuss?o final, ao t?rmino do cap?tulo 3, da an?lise propriamente dita.
No segundo cap?tulo procuramos apresentar as obras analisadas, a partir de uma explana??o sobre a metodologia de sele??o dos t?tulos, de um resumo das quatro obras escolhidas e de um coment?rio geral sobre o discurso dos autores, bem como dos recursos utilizados para veicular suas informa??es e suas teorias.
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Finalmente, no terceiro cap?tulo, analisamos as obras selecionadas a partir de seis categorias de abordagem criadas por n?s para a elabora??o de um perfil de identidade feminina e retiradas dos pr?prios discursos dos autores selecionados. Assim, procuramos identificar como os autores concebem o comportamento feminino a partir das zonas de conflito estabelecidas e cobertas pelos textos analisados e que s?o as seguintes: sexualidade, namoro e casamento, afetividade (formas de o indiv?duo lidar com seus sentimentos e emo??es), maternidade/paternidade e educa??o dos filhos, sociabilidade (disposi??es para o conv?vio com outros indiv?duos), cogni??o (maneiras peculiares de intelec??o e processamento de informa??es)e trabalho (ocupa??o do espa?o p?blico). No final do cap?tulo procuramos resumir essas categorias num perfil de mulher deduzido das obras e buscamos confront?-lo com teorias sobre a identidade feminina e as quest?es de g?neros.
Enfim, duas ressalvas s?o importantes. A primeira ? que essa n?o ? uma pesquisa de g?nero propriamente dita, logo n?o cabe aqui aprofundar o debate e a discuss?o nesses termos. A segunda ? que nesse trabalho as observa??es sobre a homossexualidade veiculadas nas obras n?o foram objeto de an?lise. Primeiramente, por se revelarem raras ou incidentais no discurso dos autores, mas especialmente em raz?o de n?o constitu?rem diretamente enunciados que evidenciem pressupostos para uma concep??o de mulher sugerida pelos textos, mas concentrarem aten??o principalmente sobre condutas sexuais possivelmente atribu?das a ambos os sexos.
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CAP?TULO 1 ? IDENTIDADE, SUBJETIVIDADE E LITERATURA DE AUTO-AJUDA
Para este estudo, escolhemos quatro obras da literatura de auto-ajuda que prop?em diferen?as de pap?is entre homens e mulheres e estabelecem um sistema de tra?os femininos definidos a partir da oposi??o com a masculina. Esses autores sugerem uma identidade feminina concebida dentro de um esquema bin?rio de valores e comportamentos.
Os t?tulos, conforme apresentados na introdu??o, s?o: Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? (que a passar? a ser referido como PHSMA) e Por que os homens mentem e as mulheres choram? (que poder? ser localizado pela abreviatura PHMMC), ambos de B?rbara e Allan Pease; Homens s?o de Marte, mulheres s?o de V?nus (que ser? mencionado como HMMV), de John Gray; e Homem cobra, mulher polvo (HCMP), de I?ami Tiba.
Todas as obras do corpus analisado foram concebidas para leitores que pretendem promover melhorias em seu relacionamento com o sexo oposto. Para isso, seus autores partem do pressuposto de que os conflitos que comprometem a harmonia das rela??es devem-se ?s diferen?as peculiares e intr?nsecas aos dois sexos.
Essas "respostas" dadas pelos quatro autores em seus livros de auto-ajuda s?o reflexo de quest?es maiores que envolvem toda a sociedade contempor?nea no que diz respeito ? rela??o entre os seres humanos entre si em todos os ?mbitos de sua conviv?ncia. Vivemos hoje uma etapa distinta da modernidade2, na qual existe uma forma de construir a identidade/subjetividade individual pr?pria, in?dita historicamente.
Essa quest?o da forma??o da identidade do indiv?duo no s?culo XX tem sido extensamente discutida nas teorias sociais. Entre os autores que debatem o tema, Stuart Hall (2005) prop?e tr?s formas hist?ricas de constitui??o da identidade cultural. A primeira, que o autor denomina "sujeito do Iluminismo", considera o sujeito como formado a partir de um n?cleo interior que concentra capacidades de
2 Nomeada e conceituada de diferentes maneiras e nomes por te?ricos dessa ?rea.
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raz?o, consci?ncia e a??o, um indiv?duo que tem um eu central que constitui a sua identidade. Essa forma de sujeito foi assim concebida pelos autores iluministas do s?culo XVIII. A forma??o desse n?cleo auto-suficiente de consci?ncia foi considerada posteriormente como elaborada a partir do di?logo do indiv?duo com seu mundo circundante, que media para o sujeito os s?mbolos, valores e sentidos de cada cultura. Esta concep??o interativa da identidade a que Hall chamou "sujeito sociol?gico" mant?m um n?cleo interior constituinte do indiv?duo, mas considera este n?cleo como um centro formado e alterado numa conversa cont?nua com os mundos culturais exteriores e as identidades pertencentes a esses mundos. A identidade modela, assim, o sujeito ? estrutura, pois constitui uma ponte que permite que cada sujeito internalize os significados e os valores sociais at? o limite de ordenar os lugares objetivos (espa?o p?blico/ exterior) com os sentimentos subjetivos (espa?o privado/ interior) e assim possibilitar que cada um possa situar o lugar que ocupa no mundo social e cultural. Foi esse o sujeito definido no s?culo XIX pelo surgimento das ci?ncias sociais.
O terceiro sujeito identificado pelo autor ? o "sujeito p?s-moderno", verificado na sociedade do s?culo XX. Este sujeito, ao contr?rio dos anteriores, n?o possui um n?cleo central formador de sua consci?ncia nem sua identidade ? ainda vista como estratificada a partir da intera??o. Em outras palavras, para Hall, o sujeito resultante da experi?ncia globalizada n?o ? mais detentor de uma identidade unificada e est?vel3. O homem p?s-moderno se transformou em um sujeito fragmentado, que ? resultado da soma de v?rias identidades que chegam a ser contradit?rias ou mal resolvidas. Em fun??o do aumento da velocidade de mudan?a do mundo externo e do contato cada vez maior com o diferente, o processo de identifica??o individual ? atrav?s do qual se projeta o indiv?duo em suas identidades sociais/culturais ? absorveu essas caracter?sticas e passou a ser mais ef?mero, mut?vel, e problem?tico. O autor afirma, ent?o, que esse sujeito n?o tem uma identidade fixa, essencial ou imut?vel que seja definida biologicamente, ao contr?rio, esta passa a ser definida historicamente. "A identidade torna-se uma `celebra??o m?vel': formada e
3 O autor Suart Hall fala da desconstru??o te?rica do sujeito iluminista idealizado a partir do processo "real" pr?tico da descoberta das identidades m?ltiplas, atrav?s de movimentos sociais e culturais, e n?o de uma "esquizofreniza??o" do sujeito.
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