Vocabulario Lingoa Japam - Universidade de Aveiro

In: (Giovani Ruffino, org.), Atti del XXI Congresso Internazionale di Linguistica e

Filologia Romanza (Palermo, 18-24 Setembro 1995). Vol. III (Lessicologia e semantica

delle lingue romanze). T¨¹bingen, Max Niemeyer Verlag.

O Vocabulario da lingoa de Iapam (1603),

uma fonte inexplorada da lexicografia portuguesa.

O patrim¨®nio lexicogr¨¢fico portugu¨ºs ¨¦ relativamente modesto, quando

considerado no conjunto das grandes l¨ªnguas rom?nicas. Tem, todavia, algumas

produ??es not¨¢veis, que d?o testemunho dos primeiros confrontos plurilingues com

idiomas n?o europeus, e que podem ainda hoje oferecer informa??es preciosas para a

hist¨®ria do portugu¨ºs e de outras l¨ªnguas. ? o caso dos dois primeiros dicion¨¢rios

publicados e impressos no Jap?o, nos finais do s¨¦culo XVI e no in¨ªcio do s¨¦culo seguinte,

que promoveram um encontro filol¨®gico original entre o latim, o portugu¨ºs e o japon¨ºs.

O primeiro tem por t¨ªtulo: Dictionarium Latino Lusitanicum ac Iaponicum ex

Anbrosii Calepini, e foi publicado em Amacusa, precisamente em 1595. O segundo, que

ser¨¢ especialmente objecto da nossa exposi??o, intitula-se: Vocabulario da lingoa de

Iapam com a declara??o em Portugues, feito por alguns padres e irm?os da Companhia

de Iesu, e foi publicado em 1603 e 1604, igualmente em Nagas¨¢ki.

Entretanto, antes de apreciarmos este Vocabulario da lingoa de Iapam com a

declara??o em Portugues, e de anotarmos alguns dos seus m¨¦ritos dicionar¨ªsticos e bem

assim os aspectos que fazem dele uma fonte extraordinariamente valiosa para o estudo da

diacronia lexical portuguesa, n?o podemos deixar de acrescentar uma breve considera??o

sobre o quarto centen¨¢rio, que este ano justamente se completa do primeiro destes

monumentos lexicogr¨¢ficos. Para mais expl¨ªcita identifica??o, transcrevemos toda a

p¨¢gina de rosto:

Dictionarium Latino Lusitanicum ac Iaponicum ex Anbrosii Calepini volumine

depromptum: in quo omissis nominibus propriis tam locorum quam hominum, ac

quibusdam aliis minus usitatis, omnes vocabulorum significationes, elegantioresque

dicendi modi apponuntur: in usum et gratiam Iaponicae iuuentutis, quae Latino idiomati

operam nauat, necnon Europeorum, qui Iaponicum sermonem addiscunt. In Amacusa in

collegio Iaponico Societatis Iesu. Cum facultate Superiorum. Anno M.D.XCV.

Esta remota edi??o de um Calepino trilingue (oferecido em 1595 ¨¤ juventude

japonesa, que se esfor?ava por aprender o latim, e aos europeus que pretendiam aprender

a l¨ªngua japonesa), com as suas entradas em latim e as respectivas equival¨ºncias em

portugu¨ºs e em Japon¨ºs, constitui um dos mais significativos gestos de reprodu??o da

cultura greco-latina e especialmente da cultura e da ci¨ºncia rom?nica no extremo da

?sia, e ¨¦, sem d¨²vida, um dos epis¨®dios memor¨¢veis da hist¨®ria da filologia e da

elabora??o metalingu¨ªstica internacional. Parece oportuno evoc¨¢-lo neste momento, nesta

reuni?o magna de fil¨®logos e de romanistas.

Trata-se de um belo livro de mais de novecentas p¨¢ginas que d¨¢ testemunho da

definitiva intercomunica??o planet¨¢ria, obtida nesse prodigioso s¨¦culo XVI. Nele se

cruzam os percursos hist¨®ricos de tr¨ºs grandes l¨ªnguas, nele se realiza, com uma

inesperada efic¨¢cia, a erudi??o humanista, e se exercita a filologia e a lexicografia, sob a

tutela, mais simb¨®lica do que real de Ambr¨®sio Calepino.

O famoso Dicion¨¢rio de Ambr¨®sio Calepino foi v¨¢rias centenas de vezes

publicado, a partir de 1502, at¨¦ ¨¤ segunda metade do s¨¦c. XVIII (1). Foi tamb¨¦m

centenas de vezes refeito e alterado e acrescentado e, nas diversas edi??es plurilingues,

propiciou o encontro e o confronto entre quase todas as grandes l¨ªnguas europeias. Foi

um instrumento privilegiado de toda a ci¨ºncia filol¨®gica e dos estudos interlingu¨ªsticos.

Infelizmente, a l¨ªngua portuguesa, sendo embora uma das poucas l¨ªnguas

dicionarizadas no s¨¦culo XVI, n?o teve acolhimento em nenhuma das edi??es europeias

do Calepino, necessitou de acompanhar a l¨ªngua latina at¨¦ ao Jap?o, na sua mais

long¨ªnqua viagem, desde as origens do L¨¢cio, para obter essa consagra??o.

Este dicion¨¢rio Latino Lusitanicum ac Iaponicum, que nos oferece hoje uma

inesperada mem¨®ria de quatro s¨¦culos, aguarda e bem merece um estudo conjunto de

romanistas e de japon¨®logos. ? uma obra de pesquisada e met¨®dica ci¨ºncia, tal como o

Vocabulario da lingoa de Iapam com a declara??o em Portugues, de que a seguir

falaremos e que foi feito na mesma ¨¦poca. S?o dois monumentos que honram a

lexicografia e a lingu¨ªstica europeias.

Para os seus autores, os mission¨¢rios jesu¨ªtas, portugueses e outros (entre eles

contavam-se tamb¨¦m espanh¨®is, italianos, franceses e naturalmente japoneses),

incans¨¢veis estudiosos, eruditos experimentados e verdadeiros linguistas, pela sua

paciente e esfor?ada produ??o dicionar¨ªstica, parece oportuno deixar aqui uma

reconhecida lembran?a e um sentido preito de homenagem, que ¨¦ certamente modesto,

mas que poder¨¢ ser mais meritoriamente partilhado pelo col¨¦gio de estudiosos que neste

Congresso d?o continuidade ¨¤ mesma tradi??o cient¨ªfica que eles levaram at¨¦ ao Jap?o,

h¨¢ quatrocentos anos.

OVocabulario da lingoa de Iapam com a declara??o em Portugues, feito por

alguns padres e irm?os da Companhia de Iesu, foi impresso em Nagasaki, na tipografia

do Col¨¦gio, ao longo do anos de 1603 e 1604. (2)

S?o conhecidos actualmente seis exemplares remanescentes dessa edi??o. (3)

? um volume in 4?, com 803 p¨¢ginas (659 mais 144 de suplemento) de texto

dicionar¨ªstico, composto, por cerca de 35.000 entradas de formas japonesas,

transliteradas em alfabeto latino e distribu¨ªdas em duas colunas por p¨¢gina. A cada

entrada japonesa correspondem artigos, por vezes extensos, com subentradas e frases em

japon¨ºs, em tipo redondo, e com as respectivas equival¨ºncias em portugu¨ºs, estas em tipo

it¨¢lico.

Na indica??o de autoria omite-se qualquer refer¨ºncia pessoal. Diz-se apenas:

"feito por alguns padres e irm?os da Companhia de Jesus". Estamos efectivamente

perante uma obra de realiza??o colectiva e de autoria difusa, feita ao longo de v¨¢rios

anos e com v¨¢rios colaboradores.

Desde a chegada ao Jap?o, em 1549, os Jesu¨ªtas sentiram o "detrimento da

l¨ªngua" e investiram ousadamente toda a sua prepara??o humanista e especialmente a

tecnologia da escrita, no processo de intercomunica??o entre universos de l¨ªnguas t?o

desencontradas como o japon¨ºs, o portugu¨ºs e o latim, formando int¨¦rpretes e

agenciando vocabul¨¢rios e manuais elementares de acesso ¨¤ intercompreens?o.

A ass¨ªdua correspond¨ºncia entre os mission¨¢rios e a obra testemunhal do P. Lu¨ªs

Fr¨®is (4) d?o informa??o abundante sobre esta actividade. O P. Fr¨®is refere-se v¨¢rias

vezes ao trabalho de elabora??o de manuais lingu¨ªsticos (vocabul¨¢rios e gram¨¢ticas "artes") para o estudo do latim e sobretudo para o estudo da l¨ªngua japonesa. D¨¢ not¨ªcia

de um m¨¦dico japon¨ºs, convertido em 1560 que, sendo "homem insigne na lingua de

Jap?o [...] for?o suas ajudas grande meio para se poder fazer a Arte na lingua de Jap?o e

Vocabulario mui copiozo. " (I.172/173-1560).

O pr¨®prio P. Fr¨®is juntamente com o irm?o Jo?o Fernandes diz ter come?ado, na

ilha de Tacuxima, em 1563, "huma tra?a da primeira arte que se fez em Jap?o, ordenando

suas conjuga??es e sintaxis, e hum peda?o de vocabulario, mas como ainda era novo na

terra e tinha t?o pouca noticia da lingua, n?o foi mais que huma previa despoziss?o, que

depois podesse dar luz ¨¤ Arte e vocabulario, que se fez dahi a perto de vinte annos.

"(I.356/357-1563)

A institucionaliza??o do ensino, sobretudo a partir de 1580, com a cria??o de um

col¨¦gio e de um semin¨¢rio, foi particularmente prop¨ªcia para o aperfei?oamento dos

manuais lingu¨ªsticos. Os col¨¦gios davam forma??o human¨ªstica, neles se praticava o

latim e se ensinava o japon¨ºs aos europeus, por isso, diz o P. Fr¨®is: "alem de se

perfei?oar a Arte que se tinha feita, se ordenou e fez hum copiozo Vocabulario e alguns

dialogos faciles e familiares na lingua de Jap?o..."(III:172/173-1580).

Compreende-se assim que o Vocabulario publicado em 1603, seja o resultado de

uma acumula??o de muitas colabora??es. O pr¨®prio texto fornece ind¨ªcios de ter sido

coligido por v¨¢rios redactores. Al¨¦m disso, foi aprontado para a imprensa e publicado

num momento marcado pelo constrangimento e pela imin¨ºncia da persegui??o que deve

ter acentuado a intercolabora??o e o esp¨ªrito colectivo. O breve pr¨®logo ¨¦ a este respeito

muito esclarecedor:

"Agora que com as muitas persegui??es desta Christandade vagou algum tempo

mais aos Padres, & Irm?os Iap?es pera reuer, & examinar melhor os Vocabularios, que

estau?o ja ha annos feitos posto que imperfeitamente: alguns dos que melhor sabi?o a

lingoa de Iap?o, com a ajuda tambem de alguns naturaes entendidos nella nos aplicamos

com diligencia por alguns annos a examinar, acrecentar, & aperfei?oar este

Vocabulario."

A elevada qualidade deste dicion¨¢rio poder¨¢ ter resultado das sinergias de um

verdadeiro trabalho de grupo e da contribui??o de saberes lingu¨ªsticos complementares.

N?o obstante o anonimato autoral, ¨¦ poss¨ªvel identificar "alguns padres e irm?os

da Companhia de Jesus" que estiveram indubitavelmente implicados neste

empreendimento. Para al¨¦m do P. Jo?o Rodrigues T?uzu (autor de duas gram¨¢ticas do

japon¨ºs), que tem sido considerado o autor principal, (5) e do P. Francisco Rodrigues

(+1606) que ter¨¢ sido tamb¨¦m um dos respons¨¢veis pela edi??o, (6).

V¨¢rios outros merecem tamb¨¦m ser lembrados pela sua participa??o directa ou

por uma contribui??o mais remota no que poderemos considerar o longo percurso de

elabora??o.

Dentre os mais antigos, nomearemos O Irm?o Duarte Silva (+1564), o Irm?o Jo?o

Fernandez (+1567) e o P. Gaspar Vilela (+1571) os quais, tendo embora falecido mais de

30 anos antes, ter?o sido os primeiros a organizar gloss¨¢rios do japon¨ºs. Tamb¨¦m o P.

Lu¨ªs Fr¨®is come?ou a comp?r um vocabul¨¢rio de Japon¨ºs em 1563. Colaboradores do

dicion¨¢rio foram, sem d¨²vida, os pr¨®prios japoneses, estudantes e irm?os conversos.

Citaremos entre eles, o irm?o Jorge de Loyola e o irm?o Constantino Dourado que foram

enviados ¨¤ Europa para aprenderem a arte tipogr¨¢fica e que, depois de regressados,

poder?o ter ajudado ¨¤ impress?o do dicion¨¢rio, acrescentando a arte tipogr¨¢fica ¨¤ sua

compet¨ºncia lingu¨ªstica. Poder?o ter tamb¨¦m colaborado no dicion¨¢rio o P. Ant¨®nio

Lopes ("que sabia os costumes e lingua de Jap?o" - Fr¨®is, IV, 290) e que foi superior de

Nagasaki, e ainda o P. Manuel Barreto (+1620?) que redigiu, certamente pela mesma

altura, um Vocabulario Portuguez Japonico (infelizmente perdido) e que, vivendo

embora no Jap?o, comp?s um Vocabul¨¢rio Lusit?nico Latino (enviado para Portugal em

1619) e que se conserva manuscrito, em 3 vols. na Bibl. da Academia das Ci¨ºncias de

Lisboa. (7)

A t¨¦cnica dicionar¨ªstica do Vocabulario da lingoa de Iapam com a declara??o em

Portugues, revela uma apreci¨¢vel qualidade e corresponde ao que de melhor se fazia na

¨¦poca, quer no que respeita ¨¤ estrutura??o formal, quer no concernente ¨¤ textualiza??o

lexicogr¨¢fica.

A configura??o bibliogr¨¢fica do dicion¨¢rio e a sua pagina??o e adequa??o

tipogr¨¢fica s?o not¨¢veis. A actividade tipogr¨¢fica come?ada no Jap?o em 1591, estava

ainda pouco exercitada e n?o podia facilmente socorrer-se dos materiais e da experi¨ºncia

europeia, por outro lado, a composi??o de um dicion¨¢rio exigia das oficinas tipogr¨¢ficas

recursos muito superiores aos necess¨¢rios para a publica??o de um livro normal (8), e

todavia, o Vocabulario da lingoa de Iapam, se exceptuarmos alguma debilidade ou

cansa?o dos tipos, ¨¦ um belo monumento, tamb¨¦m como obra impressa.

Os recursos gr¨¢ficos dispon¨ªveis foram adequados a uma semi¨®tica dicionar¨ªstica

eficaz, ainda que muito simples, dotando o dicion¨¢rio de uma realiza??o material que

pode ser considerada excelente e em que poder?o anotar-se algumas caracter¨ªsticas

exemplares, tais como as seguintes:

-a distin??o b¨¢sica entre os tipos redondo e it¨¢lico ¨¦ aplicada de modo exclusivo ¨¤

separa??o entre as duas l¨ªnguas - o redondo ou romano ¨¦ japon¨ºs, o it¨¢lico ou grifo ¨¦

portugu¨ºs e, eventualmente tamb¨¦m latim;

-as entradas s?o destacadas (identadas) com dois espa?os e iniciadas com capitais;

-a refer¨ºncia num¨¦rica das p¨¢ginas ¨¦ feita por f¨®lios (no suplemento n?o se

guarda qualquer nota??o num¨¦rica), a sequ¨ºncia alfab¨¦tica dos dicion¨¢rios e o uso de

reclamos tornam redundante a pagina??o ou a folia??o;

-o texto em colunas (duas por p¨¢gina, enquadradas por filetes) permite f¨¢cil

legibilidade e uma desembara?ada localiza??o do termo procurado;

-as colunas s?o intituladas, encimando o texto com as duas letras iniciais da

primeira e da ¨²ltima entrada de cada p¨¢gina;

-a estrutura interna dos artigos, al¨¦m do ponto e da v¨ªrgula ¨¦ ainda apoiada por

uma n¨ªtida sinalefa de paragrafa??o (caldeir?o) que marca as subentradas e outras

especifica??es.

A textualiza??o dicionar¨ªstica e sobretudo a informa??o propriamente

lexicogr¨¢fica do Vocabulario da lingoa de Iapam com a declara??o em Portugues, s?o

para n¨®s particularmente interessantes.

Salientaremos apenas alguns aspectos que nos parecem mais relevantes.

No que respeita ¨¤ t¨¦cnica lexicogr¨¢fica, este texto d¨¢ testemunho da tradi??o

europeia, retomando, de modo cr¨ªtico o modelo de dicion¨¢rios elaborados ao longo do

s¨¦culo XVI. Opta por uma alfabeta??o rigorosa de todas as entradas; simplifica a sintaxe

lexicogr¨¢fica; sistematiza a metalinguagem e a classifica??o gramatical; anota as

variantes lingu¨ªsticas e acrescenta uma especiosa informa??o normativa.

A estrutura??o e redac??o dos artigos ¨¦ um dos aspectos mais merit¨®rios do

Vocabulario e onde mais bem se comprova a exigente prepara??o acad¨¦mica dos autores

e a sua cultivada sensibilidade lingu¨ªstica, sobretudo no que respeita ao conhecimento da

l¨ªngua portuguesa. Nele se pode recolher uma informa??o lexicogr¨¢fica copiosa, que se

observa logo ¨¤ primeira vista: na escolha dos exemplos, em que integra e traduz

prov¨¦rbios e modismos japoneses; na abund?ncia e precis?o das par¨¢frases; e sobretudo

nos recursos de uma porfiada aproxima??o sem?ntica, em que se destaca o uso abundante

da hiperon¨ªmia e da expans?o sinon¨ªmica.

Numa s¨ªntese de leitura poderemos assinalar entre outros, os seguintes aspectos,

que devar?o aconselhar o estudo deste dicion¨¢rio, no ?mbito da hist¨®ria da l¨ªngua

portuguesa:

1. Data??o e dicionariza??o de muitas formas insuficientemente conhecidas especialmente entre o vocabul¨¢rio de origem oriental. ("Chicubocu, bambu". 93; "Yabu.

Bambual, ou canaueal". 630; "Cacadaixo. Modo de rir muito, ou dar grandes rizadas

com caquino". 58; "Chayen... Chayal lugar onde esta plantado o Cha. 92; "Axida.

Tamancos, ou chiripos". 32; "Atama. ...dar cutes, ou pancadas na cabe?a ". 26;

"Nanaco. Madronhado que se faz no metal, nos cabos das catanas, nos relicarios". 351;

Nanacusa. Eruas que ... cozem com Mis¨°". 351; "Auoda. H¨¹a maneira de catre como

pauiola, sobre que leu?o as costas algum doente". 30; Axicatia. Peozes de falc?o ou

a?or". 32; "Xif?. Triquitraz ... triquitrazes". 600; "Biacudan migaqi. Modo de vruxar

sobre dourado de madeira..." 43; "Vruxinoqi. Aruore que d¨¢ verniz, ou vruxi". 577) (10)

2. Inova??o e criatividade lexical - ampla explora??o dos paradigmas

derivacionais ("Cabacaxi... Fazer abolore?er, ou deixar tomar bolor. & mofo a cousa.

57, "Yabu. bambual" -630, "Ch?xeu. embarca??o pescareza" -100, "Adaxiyo. Mundo

breue, & perecedeiro" -7), com especial incid¨ºncia no uso dos diminutivos ("Bonsan.

H¨¹a pedra, ou pao tosco que os Iap?es concert?o a maneira de ilheozinho com musgos

verdes & alg¨¹a aruorezinha alli plantada" -49, e ainda, entre muitos outros:

"amarradosinhos ... ou cauaquinhos -504, animalinhos -228, banquinho sobre que

escrevem os Iap?es -701, bichinhos -228, bocetinha de mezinhas -631, bolinhos feitos de

arroz -666, borboletinha -695, boyanzinho pera meter ch¨¢ moido -668, cabacinha -651,

caixinha -504, cestinho -708, cordinha -682, enuoltoriosinho -737, foganzinho que est¨¢

no meo da casa -653, montesinho -550, paosinho -505, passarinho -663, peda?inhos 659, peixinhos -582, penninhas -688, pontinhas dos cabelos -783, raminhos -569,

taboinhas -631, torrezinha de dous sobrados -701, tratadinho -630, varinha de visco

pera tomar passaros -722).

3. Latiniza??o da l¨ªngua e especialmente da ortografia ("Rusudo. absencia" -750,

Yucaxij. pessoa absente" -650, "Cabuqi. architrave" -57, "Yutocu. charitativo" -801,

"Qecqe. Conta, ou computa??o" - 377, "Yuntaye. fluctuando" -801, Yucho ...

magnificencia... magnifico" -650Yutacani... magnificamente" -801).

4. Informa??o diacr¨®nica sobre alguns processos de transforma??o da l¨ªngua

portuguesa, como por exemplo todo o impulso da ortografia latinizante em formas como:

nacer/nascer,

florecer/florescer,

sustancia/subst?ncia,

confei??o/confec??o,

fruita/fructa/fruta, dino/digno, frauta/flauta, fermosa/formosa, imigo/inimigo, etc. Destas

e de outras formas que se integram no mesmo processo de transforma??o, recolhe-se

abundante documenta??o no Vocabulario da lingoa de Iapam. Os autores do dicion¨¢rio

optam normalmente pela grafia n?o latinizada que deveria corresponder ¨¤ realiza??o

fon¨¦tica da ¨¦poca (s?o excep??o absoluta as formas descendencia, descendente e

dignidade).

5. Metalinguagem cuidada e amparada no estrito conhecimento da gram¨¢tica - por

vezes mantendo a terminologia latina ("Yucatabira. l, Yucata, per syncopem" -650 /

"Yugauo. Abobora: por sincopa se chama, Yugo" -651).

6. Rede sem?ntica de largu¨ªssima extens?o com distribui??o de hip¨®nimos e

hiper¨®nimos que organizam e classificam o mundo da significa??o. O Vocabul¨¢rio

recorre a uma grande quantidade de classificadores ou designa??es de grupo que

facilitam a integra??o sem?ntica dos nomes em geral (animal, ¨¢rvore, ave ou passaro,

bicho, erua, flor, fruta, iguaria, instrumrnto, marisco, mezinha, peixe, pessoa, vestido,

etc.)

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