Exercícios de Morfossintaxe 2

[Pages:6]Exerc?cios de Morfossintaxe 2

Material de apoio do Extensivo

Portugu?s

Professor: Eduardo Valladares

1. (PUC 2008 ? Grupo 2 ? Quest?o 01) Texto 1

Esquecer algumas coisas facilita lembrar outras Esquecer uma informa??o menos importante, mediante um processo de mem?ria seletiva, torna mais f?cil lembrar um dado mais relevante, segundo um estudo elaborado por cientistas dos Estados Unidos. Para chegar a esta conclus?o, que a revista cient?fica brit?nica "Nature Neuroscience" traz em sua ?ltima edi??o, os especialistas fizeram resson?ncias magn?ticas em indiv?duos enquanto estes tentavam lembrar associa??es de palavras que tinham aprendido anteriormente. Durante os exames, os cientistas analisaram o comportamento do c?rtex pr?frontal, a parte do c?rebro que participa do processo de recupera??o das informa??es armazenadas na mem?ria. Como se fosse uma competi??o em que uma informa??o vence quando outra ? descartada, quanto maior o n?mero de coisas que os pesquisados esqueciam, menos ativo o c?rtex pr?-frontal se mostrava, isto ?, menos recursos o c?rebro precisava usar para recuperar uma informa??o. Portanto, para os indiv?duos que participaram da experi?ncia, foi muito mais simples lembrar uma associa??o de palavras ao esquecer outras.

Adaptado de texto dispon?vel em: Yahoo Not?cias, , 03 de junho de 2007.

Texto 2

Esquecimento de impress?es e conhecimentos Tamb?m nas pessoas saud?veis, n?o neur?ticas, encontramos sinais abundantes de que uma resist?ncia se op?e ? lembran?a de impress?es penosas, ? representa??o de pensamentos aflitivos. [...] O ponto de vista aqui desenvolvido ? de que as lembran?as aflitivas sucumbem com especial facilidade ao esquecimento motivado ? merece ser aplicado em muitos campos que at? hoje lhe concederam muito pouca ou nenhuma aten??o.Assim, parece-me que ele ainda n?o foi enfatizado com for?a suficiente na avalia??o dos testemunhos prestados nos tribunais, onde ? patente que se considera o juramento da testemunha capaz de exercer uma influ?ncia exageradamente purificadora sobre o jogo de suas for?as ps?quicas. ? universalmente reconhecido que, no tocante ? origem das tradi??es e da hist?ria legend?ria de um povo, ? preciso levar em conta esse tipo de motivo, cuja meta ? apagar da mem?ria tudo o que seja penoso para o sentimento nacional.

FREUD, Sigmund. Fragmento de Sobre a psicopatologia da vida cotidiana. Edi??o standard brasileira das obras psicol?gicas completas de Sigmund Freud, vol. VI, Tradu??o dirigida por

Jayme Salom?o, Rio de Janeiro: Imago, 1996, p. 152-153.

a) Os Textos 1 e 2 tematizam o esquecimento, associando sua ocorr?ncia a fatores distintos. Diga quais s?o esses fatores e compare-os quanto ? sua natureza. b) No experimento descrito no Texto 1, que rela??o foi observada entre a menor atividade do c?rtex pr?-frontal e o desempenho dos participantes na tarefa proposta? c) Leia o per?odo abaixo, extra?do do Texto 2 (linhas 5-7), e retire o termo oracional que exerce a mesma fun??o sint?tica de muito divertida em O menino achou muito divertida a com?dia. "Assim, parece-me que ele ainda n?o foi enfatizado com for?a suficiente na avalia??o dos testemunhos prestados nos tribunais, onde ? patente que se considera o juramento da

Este conte?do pertence ao Descomplica. ? vedada a c?pia ou a reprodu??o n?o autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

Material de apoio do Extensivo

Portugu?s

Professor: Eduardo Valladares

testemunha capaz de exercer uma influ?ncia exageradamente purificadora sobre o jogo de suas for?as ps?quicas."

Texto 2

Afinal de contas a Maria sempre era saloia, e o Leonardo come?ava a arrepender-se seriamente de tudo que tinha feito por ela e com ela. E tinha raz?o, porque, digamos depressa e sem mais cerim?nias, havia ele desde certo tempo concebido fundadas suspeitas de que era atrai?oado. Havia alguns meses atr?s tinha notado que um certo sargento passava-lhe muitas vezes pela porta, e enfiava olhares curiosos atrav?s das r?tulas: uma ocasi?o, recolhendo-se, parecera- lhe que o vira encostado ? janela. Isto por?m passou sem mais novidade. Depois come?ou a estranhar que um certo colega seu o procurasse em casa, para tratar de neg?cios do of?cio, sempre em horas desencontradas: por?m isto tamb?m passou em breve. Finalmente aconteceu-lhe por tr?s ou quatro vezes esbarrar-se junto de casa com o capit?o do navio em que tinha vindo de Lisboa, e isto causou-lhe s?rios cuidados. Um dia de manh? entrou sem ser esperado pela porta adentro; algu?m que estava na sala abriu precipitadamente a janela, saltou por ela para a rua, e desapareceu. ? vista disto nada havia a duvidar: o pobre homem perdeu, como se costuma dizer, as estribeiras; ficou cego de ci?me. Largou apressado sobre um banco uns autos que trazia embaixo do bra?o, e endireitou para a Maria com os punhos cerrados. -- Grandess?ssima!... E a inj?ria que ia soltar era t?o grande que o engasgou... e p?s-se a tremer com todo o corpo. A Maria recuou dois passos e p?s-se em guarda, pois tamb?m n?o era das que se receava com qualquer coisa. -- Tira-te l?, ? Leonardo! -- N?o chames mais pelo meu nome, n?o chames... que tranco-te essa boca a socos... -- Safe-se da?! Quem lhe mandou p?r-se aos namoricos comigo a bordo? Isto exasperou o Leonardo; a lembran?a do amor aumentou-lhe a dor da trai??o, e o ci?me e a raiva de que se achava possu?do transbordaram em socos sobre a Maria, que depois de uma tentativa in?til de resist?ncia desatou a correr, a chorar e a gritar: -- Ai... ai... acuda, Sr. compadre... Sr. compadre!... Por?m o compadre ensaboava nesse momento a cara de um fregu?s, e n?o podia larg?-lo. Portanto a Maria pagou caro e por junto todas as contas. Encolheu-se a choramingar em um canto. O menino assistira a toda essa cena com imperturb?vel sangue-frio: enquanto a Maria apanhava e o Leonardo esbravejava, ele ocupava-se tranquilamente em rasgar as folhas dos autos que este tinha largado ao entrar, e em fazer delas uma grande cole??o de cartuchos. Quando, esmorecida a raiva, o Leonardo p?de ver alguma coisa mais do que seu ci?me, reparou ent?o na obra merit?ria em que se ocupava o pequeno. Enfurece-se de novo: suspendeu o menino pelas orelhas, f?-lo dar no ar uma meia-volta, ergue o p? direito, assenta-lhe em cheio sobre os gl?teos atirando-o sentado a quatro bra?as de dist?ncia. -- ?s filho de uma pisadela e de um belisc?o; mereces que um pontap? te acabe a casta. O menino suportou tudo com coragem de m?rtir, apenas abriu ligeiramente a boca quando foi levantado pelas orelhas: mal caiu, ergueu-se, embarafustou pela porta fora, e em tr?s pulos estava dentro da loja do padrinho, e atracando-se-lhe ?s pernas. O padrinho erguia nesse momento por cima da cabe?a do fregu?s a bacia de barbear que lhe tirara dos queixos: com o choque que sofreu a bacia inclinou-se, e o fregu?s recebeu um batismo de ?gua de sab?o.

Este conte?do pertence ao Descomplica. ? vedada a c?pia ou a reprodu??o n?o autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

Material de apoio do Extensivo

Portugu?s

Professor: Eduardo Valladares

-- Ora, mestre, esta n?o est? m?!... -- Senhor, balbuciou este... a culpa ? deste endiabrado... O que ? que tens, menino? O pequeno nada disse; dirigiu apenas os olhos espantados para defronte, apontando com a m?o tr?mula nessa dire??o. O compadre olhou tamb?m, aplicou a aten??o, e ouviu ent?o os solu?os de Maria. -- Ham! resmungou; j? sei o que h? de ser... eu bem dizia... ora a? est?!... E desculpando-se com o fregu?s saiu da loja e foi acudir ao que se passava. Por estas palavras v?-se que ele suspeitara alguma coisa; e saiba o leitor que suspeitara a verdade.

(ALMEIDA, Manuel Ant?nio de. Mem?rias de um sargento de mil?cias. Rio de Janeiro: Edi??es de Ouro, s/d, p. 37-39.)

2. (PUC 2010 ? Grupo 2 ? Quest?o 3) a) "Mem?rias de um sargento de mil?cias" ? uma narrativa de costumes que retrata com humor e cr?tica a vida das camadas populares no Rio de Janeiro no in?cio do s?culo XIX. Diferente de outras obras rom?nticas, percebe-se, no romance, o emprego de uma linguagem muito pr?xima da oralidade. Comente com suas pr?prias palavras a afirmativa acima, retirando elementos do texto que comprovam a sua resposta. b) Diga por que se pode considerar ir?nica a express?o obra merit?ria nas linhas 29-30. c) Retire do texto 2 um adjunto adverbial de lugar pelo qual ficamos sabendo de uma circunst?ncia relativa ao in?cio do relacionamento entre Maria e Leonardo.

3. (UNICAMP 2008 ? 2? fase - Quest?o 4) Os versos seguintes fazem parte do poema "Um chamado Jo?o" de Carlos Drummond de Andrade em homenagem p?stuma a Jo?o Guimar?es Rosa.

Um chamado Jo?o

Jo?o era fabulista? fabuloso? f?bula? Sert?o m?stico disparando no ex?lio da linguagem comum?

Projetava na gravatinha a quinta face das coisas inenarr?vel narrada? Um estranho chamado Jo?o para disfar?ar, para far?ar o que n?o ousamos compreender?

(...)

M?gico sem apetrechos, civilmente m?gico, apelador de prec?pites prod?gios acudindo

Este conte?do pertence ao Descomplica. ? vedada a c?pia ou a reprodu??o n?o autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

Material de apoio do Extensivo

a chamado geral?

Portugu?s

Professor: Eduardo Valladares

(...)

Ficamos sem saber o que era Jo?o e se Jo?o existiu deve pegar.

(Carlos Drummond de Andrade, em Correio da Manh?, 22/11/1967, publicado em Rosa, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.)

a) No t?tulo, `chamado' sintetiza dois sentidos com que a palavra aparece no poema. Explique esses dois sentidos, indicando como est?o presentes nas passagens em que `chamado' se encontra. b) Na primeira estrofe do poema, `f?bula' ? derivada em `fabulista' e `fabuloso'. Mostre de que modo a forma??o morfol?gica e a fun??o sint?tica das tr?s palavras contribuem para a forma??o da imagem de Guimar?es Rosa.

Este conte?do pertence ao Descomplica. ? vedada a c?pia ou a reprodu??o n?o autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

Gabarito

Material de apoio do Extensivo

Portugu?s

Professor: Eduardo Valladares

1. a) O Texto 1 associa o esquecimento a fatores de natureza neurofisiol?gica: processos de mem?ria seletiva relacionados ao modo como o c?rebro armazena e recupera informa??es. O Texto 2, por sua vez, vincula o esquecimento a fatores de ordem psicol?gica: for?as ps?quicas ligadas ? necessidade de evitar lembran?as particularmente aflitivas e desagrad?veis.

b) A menor atividade do c?rtex pr?-frontal foi relacionada a um melhor desempenho dos pesquisados na tarefa experimental envolvendo associa??es de palavras.

c) O termo oracional que exerce a mesma fun??o sint?tica da express?o destacada ? "capaz de exercer uma influ?ncia exageradamente purificadora sobre o jogo de suas for?as ps?quicas". (A fun??o sint?tica nos dois casos ? predicativo).

2. a) O emprego de uma linguagem muito pr?xima da oralidade valoriza e real?a a busca pelo romance de um tom popular e informal. O uso dos di?logos, de express?es coloquiais e da movimenta??o das personagens no texto acentua aspectos importantes de uma narrativa de costumes.

b) A ironia est? no uso de uma express?o solene e elogiosa em refer?ncia a uma travessura de crian?a desprovida de qualquer m?rito.

c) O adjunto adverbial a bordo indica que Maria e Leonardo estiveram em uma embarca??o no in?cio de seu relacionamento.

3. a) `chamado', presente no t?tulo do poema, encontra-se tamb?m presente na segunda estrofe em `um estranho chamado Jo?o' e na terceira estrofe em `[acudindo] a chamado geral'. Percebemos, no t?tulo, um trabalho de s?ntese dos dois sentidos de `chamado' presentes nessas duas estrofes do poema. Na passagem `um estranho chamado Jo?o', `chamado' significa "denominado". N?o se cobrar?, mas cabe explicitar que se trata de um partic?pio, com fun??o adjetiva, que atribui ao `(homem) estranho' a qualidade de ser denominado como `Jo?o'. Deve-se notar a? que Jo?o ? um nome pr?prio muito comum, muito usual, que se presta a exemplifica??es do tipo "um Jo?o qualquer". Por isso, tratar `Jo?o' como um termo que designa, nomeia, qualifica o homem, ressalta a singularidade desse espec?fico Jo?o (Guimar?es Rosa). Na passagem `[acudindo] a chamado geral', `chamado' significa "evoca??o", "convoca??o", "pedido". Igualmente n?o se cobrar?, mas ? importante notar que se trata de um substantivo, ou melhor, do mesmo partic?pio, substantivado na l?ngua portuguesa. No t?tulo, `chamado' pode ser entendido na s?ntese dos sentidos acima descritos: pode-se ler, nesse enunciado, ora `um (homem) chamado Jo?o', isto ?, um homem denominado como Jo?o; ora, ainda, uma "evoca??o denominada Jo?o", caracterizada como t?pica de Jo?o. Nesta leitura, Jo?o ? quem caracteriza o chamado, sendo assim, Jo?o passa a ser uma qualidade, em fun??o da for?a de sua obra. Sobretudo a um leitor familiarizado com o estilo de Guimar?es Rosa, ? l?cito desenvolver mais profundamente este sentido: em ?ltima an?lise, a formula??o permite-nos dizer que Jo?o ? o pr?prio chamado.

b) Em termos morfol?gicos, no primeiro verso, `f?bula' acrescido do sufixo ?ista, gera `fabulista' ("algu?m que escreve f?bulas"); no segundo verso, acrescido de ?oso, gera `fabuloso' ("imaginoso", "cheio de f?bula", ou seja, "que tem a qualidade de ser incr?vel", "extraordin?rio"). O jogo com a forma??o morfol?gica das palavras contribui para a constru??o da imagem de Guimar?es Rosa no poema, visto que sugere uma imita??o do estilo do poeta homenageado. Em termos sint?ticos, as tr?s palavras acabam por atribuir uma qualidade ao sujeito, visto que funcionam como seu predicativo. Nos versos 2 e 3 da primeira estrofe, essa fun??o sint?tica ?

Este conte?do pertence ao Descomplica. ? vedada a c?pia ou a reprodu??o n?o autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

Material de apoio do Extensivo

Portugu?s

Professor: Eduardo Valladares predicativo do sujeito ? se reconhece pela percep??o da elipse do verbo "era", presente no primeiro verso. Desse modo, o sentido de `fabulista' designa o profissional, destacando a atividade de escritor, ao passo que o de `fabuloso' remete, de modo mais geral, a uma caracter?stica pessoal desse escritor, a de ser incr?vel. J? a constru??o `(era) f?bula?' identifica o escritor com sua pr?pria obra. Forma-se assim uma imagem do poeta como t?o extraordin?rio, que supera o incr?vel (`fabuloso') e se confunde com o mito (`f?bula').

Este conte?do pertence ao Descomplica. ? vedada a c?pia ou a reprodu??o n?o autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download