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O impacto das novas tecnologias na sociedade: conceitos e caracter?sticas da

Sociedade da Informa??o e da Sociedade Digital1

Karen Kohn2, Cl?udia Herte de Moraes3 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/Cesnors)

Resumo

Este artigo de inicia??o cient?fica aborda as diferentes facetas da Sociedade da Informa??o, traduzindo pesquisa bibliogr?fica que visa construir bases te?ricas para o entendimento dos fen?menos constitu?dos na sociedade contempor?nea. Exp?e as principais problem?ticas envolvidas, como a ascen??o de um modelo de sociedade tecnol?gica onde a import?ncia crescente de seus dispositivos influencia diretamente a constru??o da cultura, tal como vivenciamos hoje. Focaliza a Sociedade Digital e a internet, discutindo a esfera p?blica virtual e seu componente de participa??o pol?tica, as pr?ticas sociais e as quest?es econ?micas, bem como o problema da exclus?o digital. ? poss?vel concluir que existem in?meras teses ainda a serem testadas, e que, atualmente, se vivencia uma verdadeira transi??o de paradigmas, trasmuta??es inerentes ? inclus?o dos bits em grande escala no cotidiano de todos.

Palavras-chave Sociedade da Informa??o; Tecnologias da Comunica??o; Internet.

1. Introdu??o Caminhamos hoje por mais uma das transi??es sociais que transformam a

sociedade ao longo dos tempos. Para compreender este processo, ? preciso n?o s? entender as mudan?as da pr?pria sociedade, sejam estas no seu modo de agir, pensar e se relacionar, mas tamb?m a evolu??o dos dispositivos que propuseram e/ou fizeram parte dessas modifica??es. Entende-se, ent?o, que as transforma??es sociais est?o diretamente ligadas ?s transforma??es tecnol?gicas da qual a sociedade se apropria para se desenvolver e se manter.

Novas concep??es surgiram, novas pr?ticas, ocupa??es, tudo mudou em t?o pouco tempo. Fala-se em Sociedade Midi?tica, em Era Digital, Era do Computador; a sociedade passou a ser denominada n?o por aquilo que ? ou pelos seus feitos, mas a partir dos instrumentos que passou a utilizar para evoluir.

1 Trabalho apresentado no III Intercom J?nior ? Jornada de Inicia??o Cient?fica em Comunica??o, na sub?rea Cibercultura e tecnologias da comunica??o. 2 Acad?mica do segundo semestre do Curso de Jornalismo do Centro de Educa??o Superior Norte do RS/UFSM (Cesnors/UFSM). E-mail: karenkohn_erechim@.br 3 Professora assistente do curso de Jornalismo da UFSM/Cesnors, campus de Frederico Westphalen. Jornalista e mestre em Ci?ncias da Comunica??o. E-mail: chmoraes@smail.ufsm.br

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Nessa atual configura??o, outros aspectos passaram a ter relev?ncia na sociedade: valorizou-se o conhecimento; a riqueza dos pa?ses passou a ser medida pelo acesso ? tecnologia e sua capacidade de desenvolvimento na ?rea; a informa??o e as pr?ticas relacionadas a ela se tornaram o principal setor da economia. Estes tr?s principais fatores levam hoje ? instaura??o de um simbolismo da tecnologia como bem maior, a ser perseguido e incorporado em novas pr?ticas sociais.

A partir destes "sintomas", ? relevante investigar alguns conceitos importantes que envolvem o processo de reconfigura??o social, baseado nas novas tecnologias e nas pr?ticas que desencadearam a ascens?o de setores que se tornaram primordiais: tecnol?gico, comunicacional, midi?tico, informacional, digital. S?o termos que permeiam e que alavancam os novos feitios sociais e que partem do pressuposto de interdepend?ncia entre diferentes sistemas.

2. Sociedade da Informa??o: conceitos iniciais A informa??o ? a transmiss?o de mensagens que possuem um significado

comum entre o emissor (quem produz a mensagem) e um sujeito (quem recebe a mensagem), por meio de um suporte tecnol?gico que faz a media??o dessa mensagem. Toda informa??o ? dotada de consci?ncia, objetivo e finalidade ao ser transmitida do emissor para o interlocutor.

Segundo McGarry (1999 apud Galar?a) a informa??o ? um termo-fato, um refor?o do conhecido, mat?ria-prima do conhecimento, permuta conforme o exterior, ? definida de acordo com os efeitos do receptor, ? algo que reduz a incerteza. Mais amplamente, pode-se afirmar que a informa??o ?, hoje, para a sociedade contempor?nea, a base do conhecimento, das rela??es, da vida econ?mica, pol?tica e social.

Webster (1995 apud Galar?a) conceitua dizendo que a informa??o ? algo que possui um sujeito, sendo um entendimento ou instru??o sobre coisa ou algu?m significativa ao receptor, completa: ? a transforma??o da vis?o inicial sobre um aspecto ou assunto. Dessa forma fica evidente que a informa??o, na sociedade atual, ? o mecanismo mais importante na qual se relacionam e se concretizam as comunidades.

A Sociedade da Informa??o estrutura-se, em primeiro lugar, a partir de um contexto de aceita??o global, na qual o desenvolvimento tecnol?gico reconfigurou o modo de ser, agir, se relacionar e existir dos indiv?duos e, principalmente, prop?s os modelos comunicacionais vigentes. N?o se pode separar a informa??o da tecnologia,

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algo que vem sendo remodelado e institucionalizado com os avan?os na ?rea do conhecimento e das t?cnicas.

A Sociedade da Informa??o, de acordo com Webster, ? representada por uma sociedade na qual a informa??o ? utilizada intensamente como elemento da vida econ?mica, social, cultural e pol?tica, dependendo de um suporte tecnol?gico para se propagar, demonstrando que esse processo se tornou um fen?meno social, instaurado dentro da sociedade.

Para que a informa??o se propague, como j? foi dito, ? necess?rio um meio tecnol?gico. ? por esse motivo que a sociedade caminha ao encontro da tecnologiza??o, para um processo de virtualiza??o onde tudo passa a acontecer e se fazer dentro de um universo virtual.

Para Castells (1999), a habilidade ou inabilidade de uma sociedade dominar a tecnologia ou incorporar-se ?s transforma??es das sociedades, fazer uso e decidir seu potencial tecnol?gico, remodela a sociedade em ritmo acelerado e tra?a a hist?ria e o destino social dessas sociedades; remetendo que essas modifica??es n?o ocorrem de forma igual e total em todos os lugares, ao mesmo tempo e instant?nea a toda realidade, mas sim ? um processo temporal e para alguns, demorado.

A produ??o e a difus?o da informa??o se deram, primeiramente, pela tradi??o da cultura oral, armazenada nos manuscritos e repassada por leituras coletivas em comunidades ou grupos restritos. Com o desenvolvimento dos transportes e do com?rcio, no s?culo XV, essas informa??es deixaram um pouco de sua restri??o para chegar a outras comunidades mais distantes. Foi nessa ?poca, tamb?m, que houve uma busca cada vez maior pelo conhecimento e, no s?culo XVII, foram criadas as primeiras universidades.

Um dos principais marcos da propaga??o das informa??es, especialmente para o ramo das comunica??es, foi o desenvolvimento da prensa gr?fica, a partir de Gutenberg por volta de 1450, dando in?cio ? comunica??o de informa??es a um n?mero maior de pessoas. A imprensa, com seu desenvolvimento espetacular nos s?culos seguintes, ? considerada a primeira m?dia de massa propriamente dita, criando um h?bito de leitura e um interesse maior na busca pela informa??o. Nos s?culos XIX e XX, houve a ascens?o da ind?stria do jornal, que aprimorou a atividade de coleta e de distribui??o da not?cia e fez surgir profissionais do ramo e internacionalizou a informa??o.

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A partir da?, cada vez mais os dispositivos tecnol?gicos passaram a influenciar a forma de produzir e transmitir informa??es. Em 1840 surge o tel?grafo, que permitiu que a informa??o transitasse n?o apenas por meios materiais f?sicos. Na d?cada de 1920, houve a explos?o das r?dios (nos Estados Unidos) que, primeiramente, eram usadas para fins internos na comunica??o de guerra, e que passaram a ser disponibilizados a uma cobertura nacional, tornando-se, ? ?poca, o meio mais importante de difus?o da informa??o, dando in?cio ?s atividades publicit?rias, aos notici?rios e programas de entretenimento.

Entre as d?cadas de 1940 e 1950, o desenvolvimento da televis?o (nos Estados Unidos e Europa, especialmente Inglaterra), demonstrou o potencial de impacto na sociedade moderna, revolucionando os sistemas de informa??o com a imagem em movimento, presente antes em salas escuras de cinema, agora refletindo em locais privados.

Nessa mesma ?poca come?ava a se desenvolver o computador, na qual as informa??es eram programadas e para efetuar algumas opera??es independentes, ainda que ocupassem uma sala e pesassem dezenas de toneladas. O Personal Computer (PC) foi desenvolvido para responder a uma interroga??o: as pessoas usariam um computador em casa? Muitos duvidavam, entre estes, a pr?pria ind?stria da computa??o. Por?m, o desenvolvimento da inform?tica com a entrada do PC ? acelerado e, pouco tempo depois, em 1984, ? lan?ado o modelo compacto Macintosh 128, que passou a influenciar o formato dos PCs at? hoje e suas interfaces de programas operacionais.

Ao lado deste desenvolvimento tecnol?gico, com a amplia??o de funcionalidades por um lado e a diminui??o de tamanho, peso e custos por outro, o computador pessoal passa a ser determinante para que a tecnologia chegue ao ponto de estar, atualmente, totalmente entranhada em nosso cotidiano.

Nos prim?rdios da tecnologia humana, passou-se da atividade agr?ria para a industrializa??o das cidades, por conseguinte, esse processo mudou a estrutura social de forma t?o ampla que foi denominada Revolu??o. Do mesmo modo, as transforma??es ocorridas com o desenvolvimento tecnol?gico podem ser consideradas uma revolu??o contempor?nea da ascens?o digital e da informa??o.

Ao longo do tempo, a informa??o deixou ser um processo local para se apresentar em ?mbito global. Reconfigurou o tempo e o espa?o, acelerando as pr?ticas e encurtando as dist?ncias. Tornou poss?vel um novo tipo de sociabilidade, na qual a presen?a f?sica j? n?o ? essencial para que haja uma rela??o, sendo poss?vel interagir

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com quem quiser, a hora que quiser e ser participativo dentro da sociedade por meio de um espa?o virtual.

3. Sociedade Digital: a ascens?o da Internet A sociedade transita hoje no que se convencionou denominar Era Digital. Os

computadores ocupam espa?o importante e essencial no atual modelo de sociabilidade que configura todos os setores da sociedade, com?rcio, pol?tica, servi?os, entretenimento, informa??o, relacionamentos. Os resultados desse processo s?o evidentes, sendo que essas transforma??es mudaram o cen?rio social na busca pela melhoria e pela facilita??o da vida e das pr?ticas dos indiv?duos.

As tecnologias digitais possibilitaram uma nova dimens?o dos produtos, da transmiss?o, arquivo e acesso ? informa??o alterando o cen?rio econ?mico, pol?tico e social. Por?m, a dimens?o mais importante do computador n?o ? ele em si mesmo, mas a capacidade de interliga??o, de forma??o de rede. Assim, com o surgimento da internet no final dos anos 1960, as id?ias de liberdade, imaterialidade passam a revolucionar a leitura e a comunica??o em rede, possibilitando arquivar, copiar, desmembrar, recompor, deslocar e construir textos, exibi-los e ter acesso a todo tipo de informa??o, de qualquer variedade, a todo instante.

O desenvolvimento de novas tecnologias no setor da inform?tica suplantou um mercado cada vez mais competitivo e especializado, resultante da globaliza??o, acelera??o e instantaneidade dos processos produtivos e padr?es de mercado vigentes.

O uso da rede integrada de computadores entre as pessoas e empresas, tornou-se algo indispens?vel nos dias atuais. ? poss?vel ter acesso a uma vasta rede de informa??es em tempo real e tamb?m trocar e cruzar dados a qualquer momento. Com o uso do computador, os servi?os foram agilizados e facilitados, houve uma redu??o da m?o-de-obra em ocupa??es que substitu?ram o trabalho humano, mas que abriu portas para novas ocupa??es especializadas no ramo da inform?tica (programadores, webdesigners, administradores de rede) e das comunica??es (marketeiros e jornalistas virtuais).

Diferente das analogias anteriores baseadas sobre os suportes (imprensa, tv, r?dio, etc), L?vy (1993) aponta novas fun??es para a forma??o da rede digital, que ele chama de p?los funcionais: produ??o ou composi??o de dados, de programas ou de representa??es visuais (t?cnicas digitais); sele??o, recep??o e tratamento dos dados, dos

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sons ou das imagens (terminais de recep??o inteligentes); transmiss?o (a rede digital de servi?os integrados) e armazenamento (banco de dados, de imagens).

Qualquer informa??o pode ser obtida instantaneamente e de qualquer parte do mundo, a visibilidade dos fatos se tornou maior e mais r?pida, na qual os dados s?o atualizados a todo segundo. L?vy (1993) exp?e que a interface digital alarga o campo do vis?vel, evidenciando a emergente evolu??o que diversificou, facilitou e transmitiu as informa??es de forma instant?nea e ampla.

A internet fez o cidad?o potencialmente interagente e agente comunicador. Ele n?o s? passou a ter um acesso maior a informa??o como pode participar dela diretamente, opinando e interagindo ao mesmo tempo em que a recebe.

Uma das quest?es colocadas em rela??o ? Internet ? a forma??o de um espa?o p?blico virtual. Para alguns cr?ticos como Nunes (1997), a Internet n?o capacita a objetiva??o e a consolida??o da vontade geral, percebe-se, assim, que essa proposi??o se refere ao fato de que essa esfera ainda encontra-se em transi??o, transformando significados nos campos sociais. O autor postula que essa esfera segue as l?gicas dos meios empresa-Estado-usu?rio, inviabilizando o espa?o p?blico.

Para estudiosos mais otimistas, a Internet s? revolucionou positivamente a sociedade, facilitando a vida em geral. Tornou-se espa?o para comunica??o, pol?tica, economia e democracia, local para a realiza??o do homem (tomando de empr?stimo a cl?ssica defini??o de esfera p?blica, de J?rgen Habermas, 1984) e participa??o e intera??o c?vica (Maia, 2002), onde tamb?m ? poss?vel ter divers?o, lazer, ?cio, contatos pessoais, profissionais, exerc?cio de liberdade de express?o.

De acordo com a teoria do Agir Comunicativo de Habermas, a m?dia tem a potencialidade de transpor a a??o face a face criando redes de comunica??o simult?neas com conte?dos advindos de diferentes setores sociais. Maia acrescenta que, al?m disso, disponibiliza a mensagem em amplas escalas espa?o-temporais, fazendo com que o p?blico n?o s? participe desse espa?o como tamb?m preserve um campo de rela??es. Para Habermas, muito al?m do corpo f?sico s?o indispens?veis as a??es, intera??es, troca de id?ias e experi?ncias, sendo que o ciberespa?o ? permeado por pr?ticas sociais e a materialidade das rela??es humanas codifica-se na linguagem, evidenciando a import?ncia que esta ferramenta d? ao publico o poder de intera??o que dispensa o contato presencial.

V?-se tamb?m que houve uma descentraliza??o do processo de produ??o e divulga??o de informa??o, na qual qualquer um pode fazer isso e passa a ter acesso

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?quilo que procura. Mas, a capacidade desses meios que mais se destaca ? que eles proporcionam um encurtamento de dist?ncias, elimina??o de barreiras nacionais e algumas ideol?gicas, a desterritorializa??o e a utiliza??o de uma linguagem universal - a dos computadores. Estas s?o propostas que surgiram defendendo o uso potencial dos dispositivos tecnol?gicos.

Poster e Shapiro (1999) apontam a tecnologia como campo de intera??o entre t?cnicas e rela??es sociais que reconfigura a analogia entre tecnologia e cultura. Brittos (2002) acrescenta que as tecnologias geram impacto econ?mico, pol?tico e sociais. As novas configura??es trazem, portanto, benef?cios e preju?zos j? que facilitam por um lado e por outro demandam a necessidade de um conhecimento maior para acess?-las, al?m de afastar os indiv?duos do contato f?sico, trazer diferen?as sociais ? tona e evidenciar que o poder est? cada vez mais nas m?os de poucos.

Saco (2002) caracteriza o mundo digital como uma esfera informal, de pessoas privadas, de uso exclusivo e de acesso restrito, onde s? entram em vantagem as grandes empresas, que det?m a produ??o e a propaga??o das informa??es e que influenciam a esfera social. ? um ramo que gera fortuna para uma elite que se beneficia das pseudorela??es sociais.

Marcondes (2007) defende que a esfera p?blica virtual, dedicada ? comunica??o p?blica, na qual todos estejam aptos e tenham recursos cr?ticos, econ?micos, educacionais e tecnol?gicos para participar, ? uma utopia, um idealismo. Ainda prop?e: uma sociedade focada no capital n?o alcan?ar? uma esfera igualit?ria, universal e n?o coercitiva, contrariando a proposta de autores que anteriormente defendiam que o espa?o virtual traria uma maior participa??o e interatividade entre os indiv?duos.

Rheingold (2000) afirma que o ciberespa?o ? um lugar conceitual, na qual palavras, rela??es humanas, dados e poder s?o manifesta??es para aqueles que usam a tecnologia da comunica??o mediada por computador. Neste caso, evidencia-se que nem toda informa??o ? provida de veracidade e de fontes seguras e que nem todos t?m acesso a esse meio.

? poss?vel afirmar, diante deste quadro te?rico, que a valoriza??o da tecnologia deve ser realizada de forma contextualizada, sendo o debate sobre a sociedade digital complexo. Castells (1999) afirma que as novas tecnologias da informa??o n?o s?o simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. Este desenvolvimento se d?, pois, na sociedade.

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4. Efeitos colaterais: o consumidor e o exclu?do De acordo com pesquisas realizadas pelo CGI (Comit? Gestor da Internet no

Brasil), o n?mero de brasileiros que possuem Internet ainda ? pequeno, sendo que 16,6% t?m computador em casa, 13,8% utilizam diariamente e apenas 9,6% acessam a Internet regularmente, evidenciando que o pa?s ainda est? em fase de transi??o tecnol?gica e adaptando-se a esse processo. ? por isso que n?o se pode potencializar totalmente esse meio em prol da sociedade se ele n?o abrange a todos da mesma forma. O Brasil ? um pa?s no qual a desigualdade social assola a popula??o e as dificuldades para se posicionar frente a essas mudan?as bruscas s?o enormes. As disparidades sociais v?o se agravando e a parcela menos favorecida se torna renegada pela globaliza??o. ? por isso que a institucionaliza??o de uma sociedade que se diz avan?ada n?o se d? a todos do mesmo modo, n?o se pode implantar na popula??o algo que ela n?o pode suplantar ou extrair benef?cio disso.

A esfera virtual pode sim se tornar ferramenta democr?tica, mas s? a partir do momento que ela puder ser compreendida e direcionada a esse fim.

De acordo com Loader (1997), o ciberespa?o ? um local de dom?nio p?blico gerado por computador, sem fronteiras ou atributos f?sicos, local que possibilita novas express?es de governo, ind?stria, institui??es e pr?ticas, sendo que as redes tecnol?gicas reconfiguraram intera??es e pr?ticas de trabalho.

Hoje, muitas das pr?ticas j? se d?o no ?mbito tecnol?gico digital, tornou-se j? t?o habitual que se entrela?ou ? vida cotidiana e j? faz parte dela quase que imperceptivelmente. Numa olhada mais atenta, percebe-se que os computadores rodeiam a vida das pessoas, est?o nos mercados, bancos, lojas, empresas, no processo eleitoral e censit?rio, enfim, atrelaram-se ?s atividades habituais da sociedade.

Al?m de difundir a informa??o, os dispositivos tecnol?gicos propiciam um modo de praticar e manter redes sociais. Por rede social se entende, conforme conceitua Recuero (2007, apud diversos autores), um conjunto de dois elementos, sendo o primeiro, pessoas, institui??es ou grupos; e o segundo, suas conex?es; e a Internet ? o meio que permite a constitui??o dessa rede intermediada pela ferramenta ou dispositivo que ? o computador.

A rede ?, portanto, formadora de la?os sociais. Faz parte do contexto de comunica??o das organiza??es. Surgiram ent?o, novos padr?es de organiza??o e de p?blico que requeriram formas de comunica??o pluridimensionais, ou seja, surtiram na inter-rela??o estabelecida por duplo canal, na qual o emissor estabelece um contato e o

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