Exercícios de Figuras de Linguagem
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Portugu?s
Professor: Eduardo Valladares
Exerc?cios de Figuras de Linguagem
1. (ENEM 2009)
Met?fora
Gilberto Gil Uma lata existe para conter algo, Mas quando o poeta diz: "Lata" Pode estar querendo dizer o incont?vel Uma meta existe para ser um alvo, Mas quando o poeta diz: "Meta" Pode estar querendo dizer o inating?vel Por isso n?o se meta a exigir do poeta Que determine o conte?do em sua lata Na lata do poeta tudonada cabe, Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incab?vel Deixe a meta do poeta n?o discuta, Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente met?fora. (Dispon?vel em: . Acesso em: 5 fev. 2009. )
A met?fora ? a figura de linguagem identificada pela compara??o subjetiva, pela semelhan?a ou analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O trecho em que se identifica a met?fora ?:
a) "Uma lata existe para conter algo". b) "Mas quando o poeta diz: 'Lata'". c) "Uma meta existe para ser um alvo". d) "Por isso n?o se meta a exigir do poeta". e) "Que determine o conte?do em sua lata".
2. (UNICAMP 2009) Leia o seguinte cap?tulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis:
Cap?tulo XL Uma ?gua
Ficando s?, refleti algum tempo, e tive uma fantasia. J? conheceis as minhas fantasias. Contei-vos a da visita imperial; disse-vos a desta casa do Engenho Novo, reproduzindo a de Matacavalos... A imagina??o foi a companheira de toda a minha exist?ncia, viva, r?pida, inquieta, alguma vez t?mida e amiga de empacar, as mais delas capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo. Creio haver lido em T?cito que as ?guas iberas concebiam pelo
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vento; se n?o foi nele, foi noutro autor antigo, que entendeu guardar essa crendice nos seus livros. Neste particular, a minha imagina??o era uma grande ?gua ibera; a menor brisa lhe dava um potro, que sa?a logo cavalo de Alexandre; mas deixemos de met?foras atrevidas e impr?prias dos meus quinze anos. Digamos o caso simplesmente. A fantasia daquela hora foi confessar a minha m?e os meus amores para lhe dizer que n?o tinha voca??o eclesi?stica. A conversa sobre voca??o tornava-me agora toda inteira, e, ao passo que me assustava, abriame uma porta de sa?da. ?Sim, ? isto, pensei; vou dizer a mam?e que n?o tenho voca??o, e confesso o nosso namoro; se ela duvidar, conto-lhe o que se passou outro dia, o penteado e o resto...? (Dom Casmurro, em Machado de Assis, Obra Completa em quatro volumes. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2008: p. 975.)
a) Explique a met?fora empregada pelo narrador, neste cap?tulo, para caracterizar sua imagina??o.
b) De que maneira a imagina??o de Bentinho, assim caracterizada, se relaciona com a tem?tica amorosa neste cap?tulo? E no romance?
3. Vestindo ?gua, s? sa?do o cimo do pesco?o, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar tamb?m de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-?a! Chu-?a... -- ruge o rio, como chuva deitada no ch?o. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o p?tio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este po?o doido, que barulha como um fogo, e faz medo, n?o ? novo: tudo ? ruim e uma s? coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confus?o. ? s? fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem af?, ? voga surda, amigo da ?gua, bem com o escuro, filho do fundo, poupando for?as para o fim. Nada mais, nada de gra?a; nem um arranco, fora de hora. Assim. (Jo?o Guimar?es Rosa. O burrinho pedr?s, Sagarana.)
Como exemplos da expressividade sonora presente neste excerto, podemos citar a onomatop?ia, em "Chu-?a! Chu-?a...", e a fus?o de onomatop?ia com alitera??o, em
a) "vestindo ?gua". b) "ruge o rio". c) "po?o doido". d) "filho do fundo". e) "fora de hora".
4. (FUVEST 2009 ? 1? Fase) Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda ?ntima n?o vos seria revelado por mim se n?o julgasse, e raz?es n?o tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado ? partilhado por todos v?s.N?s somos irm?os, n?s nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, n?o porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a pol?cia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. ? este mesmo o sentimento imperturb?vel e indissol?vel, o ?nico que, como a pr?pria vida, resiste ?s idades e ?s ?pocas. Tudo se transforma, tudo varia ? o amor, o ?dio, o ego?smo. Hoje ? mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os s?culos passam, deslizam,
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levando as coisas f?teis e os acontecimentos not?veis. S? persiste e fica, legado das gera??es cada vez maior, o amor da rua.
(Jo?o do Rio. A alma encantadora das ruas.)
Em "nas cidades, nas aldeias, nos povoados" (linha 6), "hoje ? mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia" (linhas 12 e 13) e "levando as coisas f?teis e os acontecimentos not?veis" (linhas 13 e 14), ocorrem, respectivamente, os seguintes recursos expressivos:
a) eufemismo, ant?tese, meton?mia. b) hip?rbole, grada??o, eufemismo. c) met?fora, hip?rbole, invers?o. d) grada??o, invers?o, ant?tese. e) meton?mia, hip?rbole, met?fora.
5.
Texto I:
Discreta e formos?ssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
Enquanto com gentil descortesia O ar, que fresco Ad?nis te namora, Te espalha a rica tran?a voadora, Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo trota a toda ligeireza, E imprime em toda a flor a sua pisada.
Oh n?o aguardes, que a madura idade Te converta em flor, essa beleza Em terra, em cinza, em p?, em sombra, em [nada
(Greg?rio de Matos. Obra Po?tica.)
Texto II:
QUALQUER TEMPO
Qualquer tempo ? tempo. A hora mesma da morte ? hora de nascer.
Nenhum tempo ? tempo bastante para a ci?ncia de ver, rever.
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Tempo, contratempo anulam-se, mas o sonho resta, de viver. (Carlos Drummond de Andrade. Boitempo & A falta que ama.)
No verso "Em terra, em cinza, em p?, em sombra, em nada", pode-se perceber: a) o emprego da cita??o, pela apropria??o da express?o b?blica "do p? viemos e ao p?
voltaremos", com o fim de ressaltar a perman?ncia da beleza de Maria em oposi??o ao p? passageiro. b) o uso da met?fora, atrav?s do emprego dos substantivos "terra", "cinza", "p?", que simbolizam elementos do cemit?rio, culminando com o pronome "nada", que se refere ? aus?ncia de sentimentos do poeta. c) o uso da grada??o, pela disposi??o de voc?bulos em sequ?ncia, na qual se nota uma dire??o de sentido, enfatizando a transforma??o que o tempo opera na beleza. d) o emprego da enumera??o, pela revis?o de todas as maneiras, circunst?ncias e partes da beleza de Maria, refor?ando os aspectos positivos e permanentes desta beleza. e) o emprego do contraste entre a beleza de Maria e a fei?ra do cemit?rio, cheio de cinza, p? e sombra, que n?o servem para nada.
6. A met?fora ? uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma compara??o impl?cita. O cartum de Sizenando constr?i uma met?fora, que pode ser observada na compara??o entre: a) o sentimento de desilus?o e a floresta b) a propaganda dos bancos e os artistas c) a ironia do cartunista e a fala do personagem d) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo
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Soneto
[Moraliza o poeta nos ocidentes do sol a inconst?ncia dos bens do mundo]
Nasce o Sol, e n?o dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em cont?nuas tristezas a alegria.
Por?m se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz ?, por que n?o dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura n?o se d? const?ncia, E na alegria sinta-se tristeza.
Come?a o mundo enfim pela ignor?ncia, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconst?ncia. (MATOS, Greg?rio. Obras completas de Greg?rio de Matos. Salvador: Jana?na, 1969, 7
volumes.)
7. De forma recorrente, o Barroco lan?a m?o de figuras de sintaxe como recurso expressivo.
a) Considerando o terceiro e o quarto versos da primeira estrofe do soneto explicite as duas figuras de sintaxe que, nesses versos, est?o relacionadas aos termos oracionais classificados, tradicionalmente, como essenciais ou b?sicos.
b) Classifique, quanto ? fun??o sint?tica, os constituintes do ?ltimo verso da primeira estrofe.
8. Os poemas
Os poemas s?o p?ssaros que chegam n?o se sabe de onde e pousam no livro que l?s. Quando fechas o livro, eles al?am voo como de um al?ap?o. Eles n?o t?m pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de m?os e partem. E olhas, ent?o, essas tuas m?os vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles j? estava em ti...
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Professor: Eduardo Valladares (QUINTANA, M?RIO. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005.) O texto ? todo constru?do por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura ? denominada de: a) elipse b) met?fora c) meton?mia d) personifica??o 9.(FUVEST 2007 ? 2? Fase) Sal?o repleto de luzes, orquestra ao fundo, brilho de cristais por todo lado. O crupi?* distribui fichas sobre o pano verde, cercado de mulheres em longos vestidos e homens de black-tie**. A roleta em movimento paralisa o tempo, todos ret?m a respira??o. Em breve estar?o definidos a sorte de alguns e o azar de muitos. Foi mais ou menos assim, como um lance de roleta, que a era de ouro dos cassinos -- maravilhosa para uns, totalmente reprov?vel para outros -- se encerrou no Brasil. Para surpresa da na??o, logo depois de assumir o governo, em 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra p?s fim, com uma simples penada, a um dos neg?cios mais lucrativos da ?poca: a explora??o de jogos de azar, tornando-os proibidos em todo o pa?s. (...) Vocabul?rio: Jane Santucci, "O dia em que as roletas pararam", Nossa Hist?ria. * crupi?: empregado de uma casa de jogos ** black-tie: smoking, traje de gala a) No texto acima, a autora utiliza v?rios recursos descritivos. Aponte um desses recursos. Justifique sua escolha. b) A que fato relatado no texto se aplica a compara??o "como num lance de roleta"?
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Gabarito
1. E
2. a) Nesse cap?tulo, o narrador compara sua imagina??o ?s ?guas iberas. A met?fora empregada pelo narrador indica que sua imagina??o corre livre e solta. ? tamb?m f?rtil e ambiciosa, porque diante da "menor brisa lhe dava um potro, que sa?a logo cavalo de Alexandre". Desse modo, a met?fora utilizada sugere que a natureza imaginativa do narrador permite que supostos ind?cios se transformem rapidamente em verdades. b) A met?fora da ?gua ibera remete ? natureza fantasiosa do narrador, Bento Santiago, que, no cap?tulo citado, recorre ? imagina??o para escapar da carreira eclesi?stica. Como justificativa para a falta de voca??o religiosa, imagina confessar ? m?e, a devota D. Gl?ria, seu relacionamento amoroso ?s escondidas com Capitu. No romance, a imagina??o fecunda de Bento Santiago justifica a hip?tese de adult?rio, fazendo crescer o ci?me, que sustenta a acusa??o e condena??o de Capitu sem provas concretas.
3. B
4. D
5. C
6. A
7. a) As duas figuras de constru??o sint?tica s?o as seguintes: hip?rbato (invers?o da ordem can?nica dos termos sint?ticos "em tristes sombras" e "a formosura", no terceiro verso, e dos termos "em cont?nuas tristezas" e "a alegria", no quarto verso); elipse/zeugma (omiss?o do verbo "morre" no quarto verso). b) O constituinte "Em cont?nuas tristezas" exerce fun??o de adjunto adverbial, e o constituinte "a alegria", fun??o de sujeito.
8. B
9) a) Dentre os recursos descritivos utilizados pela autora no excerto fornecido, destaca-se, por exemplo, a enumera??o de frases nominais no primeiro per?odo: "Sal?o repleto de luzes, orquestra ao fundo, brilho de cristais por todo lado." A linguagem adotada aproxima-se da t?cnica cinematogr?fica. O texto apresenta ao leitor a atmosfera tensa de expectativa por meio de flashes r?pidos que valorizam os aspectos visuais da cena: "sal?o repleto de luzes", "brilho de cristais", "pano verde", "mulheres em longos vestidos e homens de black-tie."
b) Ao aplicar a compara??o "como um lance de roleta" para fazer refer?ncia ao encerramento da "era de ouro dos cassinos" a autora deixa clara sua op??o por associar a arbitrariedade da decis?o do presidente Eurico Gaspar Dutra a uma jogada imprevis?vel do universo dos jogos de azar. Assim como "num lance de roleta", "uma simples penada" do general determinou o fim de "um dos neg?cios mais lucrativos da ?poca."
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