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Rosita: A grande estrela não perde brilho

HÁ nove anos, precisamente a 1 de Março de 2000, o país e o mundo testemunhavam um acontecimento raro e que daria perfil único a uma criança: era o nascimento na copa de uma árvore daquela que viria a ser a menina mais mediática do país. Estamos a falar da Rosita. Todos queriam vê-la e ou ouvir estórias curiosas relacionadas com o seu nascimento.

Maputo, Segunda-Feira, 2 de Março de 2009:: Notícias

 

Do nada virou uma autêntica vedeta.  A mediatização não veio por acaso: é que, pouco tempo depois da sua vinda ao mundo, em circunstâncias invulgares, um helicóptero de ajuda humanitária sobrevoava a área e assim acontecia o resgate. A Imprensa nacional e internacional fez correr muita tinta sobre o assunto.

A sua imagem correu o mundo inteiro e ela tornou-se no símbolo das cheias em Moçambique, no ano 2000. Todos queriam vê-la e ouvir da sua mãe os episódios do seu nascimento. Teve inclusive o privilégio de ser recebida por altas figuras dentre elas o ex-estadista moçambicano, Joaquim Alberto Chissano. Viajou por várias cidades norte-americanas de onde trouxe muitas e boas lembranças.

Nos Estados Unidos da América a pequena chegou a desfrutar, como foi noticiado na altura, de honras de Chefe de Estado, com o direito à limousine, escolta e sirenes pelas ruas por onde passou em cidades como Detroit, para além de “suits” presidenciais, cujo custo não era menos de 500 dólares por noite. Para além dos EUA a pequena escalou a Grã-Bretanha. Já no solo moçambicano algo de diferente e muito bom: uma habitação para a pequena que, por ser menor, só podia viver com os seus pais até a maturidade. Conta bancária para o sustento da menina até à fase de escolaridade foi aberta e para lá era canalizada a ajuda. Houve ofertas de gado bovino para criação, mas porque a gestão não foi das melhores os quadrúpedes não vingaram.

Nos anos que se seguiram ao facto não faltaram visitas de curiosos que, vindo de outros cantos do mundo a-propósito ou com outras agendas, escalavam o pacato bairro de Chimundo, arredores da cidade de Chibuto, para ver e saber dela.

De entre as várias benesses, o Governo deu à criança uma habitação tipo-3 com o respectivo mobiliário, água canalizada, energia eléctrica, um casal de bovinos e igual número de caprinos, uma junta de bois e a respectiva charrua, cinco hectares de terra arável para agricultura, para além de duas contas bancárias abertas para ajudar a criança e a respectiva família.

Entretanto, Salvador Mavuianga, pai da pequena Rosita, perdeu já o poder parental, na sequência de um processo movido contra si pelo Ministério Público, por alegados desmandos na gestão do património da criança.

Consta do património vendido pelo pai e que os proventos não reverteram a favor da família, duas juntas de bois, dois caprinos, peças de mobiliário, gerador de energia eléctrica e o estaleiro atribuído à família para a geração de rendimentos que possibilitassem um crescimento são da petiz.

Rosita de boa saúde frequenta a 4ª classe

"Como souberam do aniversário dela?".

Foi assim que Carolina Chibúri, ou Sofia como é mais conhecida a mãe da Rosita, reagiu à nossa chamada telefónica. De saúde ela está bem, salvo uma e outra vez que tem tido problemas de malária.  Os  estudos dela vão muito bem, tem tido boas notas e actualmente  frequenta a quarta classe.

Em casa já faz alguns trabalhos como, por exemplo, varrer e limpar a casa, cozinhar arroz, preparar chá, arrancar verduras na machamba e processá-las para a mãe  cozinhar ao regressar do serviço. “Come um pouco de tudo, excepto xima. Não gosta nem um pouco. É amiga de arroz”. Na escola tem duas amigas e cá na zona gosta de brincar com bebés das vizinhas.

A curiosidade da menina fez interromper a conversa telefónica que mantínhamos com a mãe. Pediu para falar e contar as suas brincadeiras preferidas. “Gosto de jogar a neca, brinco de bonecas com a minha amiga e gosto muito de estudar. Gosto de Português e Matemática, mas muito de Português e tenho bons valores”.

Falando  ainda sobre o dia-a-dia da menina,  Carolina Chibúri disse-nos que continua a receber apoio do delegado do Instituto Nacional de Acção Social - Chibuto,  em material escolar e não tem razões de queixa.

Confirma que muito do património que a menina ganhou passou para a história e a casa, neste momento, está com sérios problemas de infiltração. “Quando chove o problema é mais visível”. Ela continua a trabalhar na Administração de Chibuto e convive com o seu esposo  graças à decisão do Tribunal.

“Se não fosse o Tribunal já nem estaríamos juntos por causa do desvio dos bens da menina. Estou feliz por se lembrarem da minha filha. Festa de aniversário não fez parte dos meus planos, o que recebi do meu salário até já gastei. Nunca me esqueci do aniversário dela em cada primeiro de Março”, disse com uma certa satisfação.

De Maputo guarda ainda boas recordações, lamentando o facto de não poder ver algumas das pessoas com as quais conviveu há sensivelmente nove anos. Mandou através de nós cumprimentos ao senhor Agostinho Pessane a quem trata por Ti Pessane. Pergunta se temo-lo visto ou não.

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