HERMA DE EMÍLIO DE MENEZES



EMÍLIO DE MENEZES

Biografia

Emílio de Menezes nasceu em Curitiba, a 4 de julho de 1866, filho de Emílio Nunes de Menezes e de D. Maria Emília Lopes Correia de Menezes.

Iniciou seus estudos (em 1872) com o mestre-escola professor João Batista Brandão Proença, e posteriormente (1876) matriculou-se no Instituto Paranaense (depois Ginásio Paranaense), onde teve como colegas Emiliano Perneta, Sebastião Paraná, Pamphilo de Assumpção, dentre outros.

Paralelamente aos estudos, trabalhou na farmácia do cunhado “Requiãozinho”, inclusive manipulando raízes, drogas e pílulas e preparando xaropes. Nasceu aí seu amor pela Botânica, refletida futuramente na sua arte poética, e a escolha pelo curso de Farmácia, pelo qual se forma.

Em 1885, participa das atividades do Clube Abolicionista Paranaense, brilhando nas reuniões da entidade, principalmente a ocorrida no dia 25 de março, quando recita o “Navio Negreiro” de Castro Alves.

Nesse mesmo ano, publica seus primeiros versos no jornal Dezenove de Dezembro, data também de sua primeira sátira.

Já considerado um “moço da moda”, confecciona seus ternos na Tesoura da Moda, de João Leandro, ou na alfaiataria de Jorge Theinel. Lenços, gravatas e camisas, compra-os no Bazar de Modas. Seu barbeiro é Pierre Fauré, cuja loja possui loções importadas.

Devido a problemas de saúde, transfere-se, em 1886, para Castro, onde permanece alguns meses. De lá, envia colaborações para o periódico A Vida Literária, de Jaime Balão.

Em 1887, de volta a Curitiba, veste-se de modo extravagante. Suas maneiras incomuns e sua irreverência chocam a todos, indispondo-o facilmente com as pessoas.

Transfere-se então para Paranaguá, com a intenção de seguir para o Rio de Janeiro. Lá consegue cartas de apresentação endereçadas a pessoas destacadas da então Capital Federal, entre elas uma de Nestor Victor ao Comendador Coruja (seu futuro sogro) e a de Luís de Oliveira, irmão de Bernardo Oliveira, dirigida à mãe dos mesmos. Quinze dias depois, viaja ao Rio de Janeiro.

Durante os três primeiros meses, hospeda-se na Engenhoca, em Niterói, na casa da mãe dos irmãos Oliveira.

Transfere-se então para a residência do Comendador Coruja, conseguindo conquistar uma de suas filhas, Maria Carlota, de quem fica noivo.

Em 1888, o Comendador lhe consegue um emprego no Banco do Brasil. Paralelamente, torna-se popular nos meios literários e começa a colaborar na Gazeta de Notícias. Em 21 de abril, casa-se com Maricota.

No ano de 1889, nasce seu filho Plauto Sebastião, morto prematuramente. Participa do movimento pela Proclamação da República e, ainda elegante e esbelto, comparece às reuniões dos cafés da Rua do Ouvidor. A vida boêmia é causa de constantes desentendimentos familiares.

Com o advento da República, em 1890, Emílio consegue um emprego federal, na Inspetoria Geral de Terras e Colonizações, em Paranaguá, onde fica até o fim desse ano.

Com o “Encilhamento” da época do Marechal Deodoro, Emílio de Menezes enriquece. É descrito como “Príncipe da Grã-Ventura”, com triunfantes bigodes, rosa vermelha na lapela e bengalão. O “Brumel embengalado” ganha fama de brigão e passa as tardes nos cafés, principalmente o Pascoal. Nessa época, desquita-se extrajudicialmente, fixa residência na Rua da Luz e compra um palacete em Petrópolis e carros de luxo com belas parelhas de cavalos. As recepções em suas casas ficam famosas.

São desse período os textos que integrarão Marcha Fúnebre, publicados inicialmente na revista O Álbum.

Com a queda de Deodoro, entra em declínio financeiro.

Em 1893, publica, pela Lombaerts, seu primeiro livro a plaquette Marcha Fúnebre. Começa a colaborar em O País e na Gazeta de Notícias, publicando contos neste último.

Com a inauguração da confeitaria Colombo, em 1894, torna-se seu freqüentador assíduo, possuindo até mesa cativa, conhecida como “Gabinete do Corvo”, “O Urubu”, “Poço” e “A Baía”. Para esse gabinete passa a ser dirigida sua correspondência.

Conhece, nesse mesmo ano, D. Rafaelina de Barros, mulher sensível e culta, que será seu grande amor e a quem dedica versos apaixonados.

Em 1896, anunciada a criação da Academia Brasileira de Letras, Emílio de Menezes publica uma sátira contra a nova entidade.

Consolida sua união com D. Rafaelina, em 1898, e compõe para ela, em seu aniversário, um soneto com uma dedicatória comovente.

Gozando de fama, no ano de 1899, publica textos em várias revistas do Rio de Janeiro e de São Paulo: Jornal do Comércio, Gazeta de Notícias, Cidade do Rio e Revista Ilustrada.

O reconhecimento da obra de Emílio de Menezes pelos paranaenses é registrado, em 1900, pelos números especiais das revistas O Sapo, Breviário e Azul, que publicam páginas ilustradas com foto do poeta.

Em 1901, sai seu livro Poemas de Morte, em grande edição. Essa obra é muito bem recebida pela crítica.

Em 1906, comovido pelo afundamento do couraçado Aquidabã, que matou 212 pessoas, publica, inicialmente em O Malho e depois em plaquette Dies Irae, A Tragédia do Aquidabã.

Surge a revista Fon-Fon, em 1907, na qual colabora intensamente, compondo inclusive o soneto de abertura.

Em 1909, edita Poesias, no qual reúne toda a obra já publicada e, já muito doente, viaja a Curitiba, onde entra em contato com a intelectualidade local, especialmente com Dario Velloso e Emiliano Perneta.

Candidata-se, em 1911, a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. É derrotado, em 1912, por Osvaldo Cruz, que não era escritor.

Em 1913, concorre mais uma vez a uma vaga na ABL. Eleito, em 1914, protela várias vezes sua posse por motivos de saúde ou porque alega não permitir censura ao seu discurso.

Ainda em 1914, publica na revista paulista A Cigarra e aproxima-se dos modernistas em início de carreira, principalmente Oswald de Andrade.

No ano de 1917, colabora na revista paulista O Pirralho, que dedica-lhe um número especial. Seus textos são publicados também em A Vida Moderna, D. Quixote e A Cigarra. Em Últimas Rimas, inclui a tradução de “O Corvo”, de Edgar Allan Poe.

Por motivo de saúde, é empossado informalmente, de acordo com sua vontade, na Academia Brasileira de Letras, em 24 de abril de 1918.

Morre, ao lado de D. Rafaelina, em 6 de julho de 1918.

Texto: Cassiana Lícia de Lacerda

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