Nutritional quality of snacs for preschoolers recommended ...

Nutritional quality of snacks for preschoolers recommended on the internet

Qualidade nutricional dos lanches escolares recomendados pela internet

J Hum Growth Dev. 2017; 27(1): 64-70 ORIGINAL ARTICLE

para pr?-

Nutritional quality of snacks for preschoolers recommended on the internet

Vanessa Fernandes Amadei Santos1, Felipe Silva Neves1, Larissa Loures Mendes1,2 ,Mirella Lima Binoti1

DOI:

Resumo

Introdu??o: Preocupa??es a respeito da alimenta??o adequada na inf?ncia t?m recebido destaque pela m?dia. Acompanha-se uma eleva??o recorrente do n?mero de p?ginas da internet, inclusive em redes sociais, canalizadas ? presta??o de informa??es sobre sa?de.

Objetivo: Analisar a qualidade nutricional de receitas culin?rias para lanches apresentados em p?ginas da internet, direcionados aos pr?-escolares e descritos como saud?veis.

M?todo: Estudo transversal efetuado em 2015. Foi realizada uma busca por p?ginas brasileiras dirigidas ao p?blico leigo que continham lanches para crian?as entre 2 a 6 anos de idade. Foram selecionados os 20 primeiros URL localizados pelo instrumento de busca e separada a quantia de 10% das receitas. Foi verificado se os lanches cumpriam os passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar. Posteriormente, foram confeccionados r?tulos nutricionais das prepara??es que atendiam aos tr?s passos pr?-estabelecidos.

Resultados: 85% das p?ginas eram sites, 5% eram blogs e as restantes foram apontadas como sites/ blogs. Constatou-se que todas eram leg?veis/compreens?veis e 40% exibiam a identifica??o do autor. Das 35 prepara??es inicialmente observadas, 31,4% cumpriam os tr?s passos para uma alimenta??o saud?vel. Na an?lise qualitativa, sete foram consideradas hipocal?ricas; somente um dos lanches se aproximou do teor proposto para carboidrato; dois apresentavam excesso proteico. De forma geral, as receitas tinham baixas quantidades de: lip?deo, c?lcio, ferro, s?dio e fibra.

Conclus?o: Menos da metade dos endere?os consultados registrava o autor. Al?m disso, as receitas culin?rias estavam predominantemente equivocadas, pois a maioria apresentava inadequa??es quanto aos teores de macronutrientes e de micronutrientes.

Palavras-chave: crian?a, h?bitos alimentares, nutri??o, internet.

INTRODU??O

Na atualidade, as doen?as cr?nicas n?o transmiss?veis exibem preval?ncias alarmantes em diversos pa?ses, incluindo aqueles subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, de baixo/m?dio estrato socioecon?mico, tal como o Brasil1.

O excesso de peso ? compreendendo sobrepeso e obesidade ? destaca-se por exibir propor??es epid?micas na faixa et?ria infanto-juvenil, acometendo crian?as e adolescentes de maneira precoce. Essas altera??es, mesmo sendo discretas, proporcionam um perfil de sa?de desfavor?vel, ocasionando mortalidade prematura e morbidades na fase adulta1.

Dentre os fatores de risco correlacionados, a dieta inadequada ? composta por alimentos ultraprocessados, com teores excedentes de gordura e de carboidrato de alto ?ndice glic?mico ? aliada ? pouca pr?tica de atividade f?sica, representam os primeiros desencadeadores contempor?neos para o ganho do peso1,2.

Nessa perspectiva, preocupa??es a respeito da alimenta??o adequada na inf?ncia t?m recebido destaque pela m?dia3. Acompanha-se uma eleva??o recorrente do n?mero de p?ginas da internet, inclusive em redes sociais, canalizadas ? presta??o de informa??es sobre sa?de. Por?m, a confiabilidade duvidosa exibida por uma grande parcela das recomenda??es dispon?veis na rede virtual se sobrep?e aos seus aspectos possivelmente ben?ficos3,4.

1 Departamento de Nutri??o, Instituto de Ci?ncias Biol?gicas, Universidade Federal de Juiz de Fora - Juiz de Fora, MG, Brasil. 2 Departamento de Nutri??o, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Belo Horizonte, MG, Brasil.

Corresponding author: Mirella Lima Binoti - E-mail: . * Ambos os autores contribu?ram igualmente para a concep??o e a reda??o deste estudo.

Suggested citation: Santos VFA, Neves FS, Mendes LL, Binoti ML. Nutritional quality of snacks for preschoolers recommended on the internet. J Hum Growth Dev. 2017; 27(1): 64-70 DOI: Manuscript submitted 2016, accepted for publication in Sep 2016.

J Hum Growth Dev. 27(1): 64-70. Doi:

J Hum Growth Dev. 2017; 27(1): 64-70

Alguns estudos enfatizam que a classe acad?mica n?o deve se omitir diante dessa realidade, incitando pesquisas que conduzam a avalia??o das informa??es acessadas por leigos em m?dias digitais, pois a preserva??o da sa?de populacional deve ser encarada sob diversas perspectivas3-6.

Portanto, sabendo da pertin?ncia a respeito das condutas nutricionais na inf?ncia e considerando a potencialidade da internet para disseminar conhecimentos deturpados e/ou equ?vocos, o presente estudo se prop?e a identificar a qualidade de receitas culin?rias de lanches apresentados on-line, direcionados aos pr?-escolares e descritos como saud?veis.

M?TODO

Estudo transversal de car?ter descritivo, efetuado em 2015. Primeiramente, foi realizada uma busca pela internet, mediante a ferramenta Google? (. .br), por p?ginas brasileiras direcionadas ao p?blico leigo que continham receitas culin?rias de lanches infantis para crian?as entre 2 a 6 anos de idade.

Acentua-se que o termo "p?gina" designa o endere?o eletr?nico URL (Uniform Resource Locators) visualizado em computadores, tablets e/ou smartphones.

A sistematiza??o do levantamento de dados foi definida por interm?dio destes procedimentos:

(a) Descritores: "receitas infantis" e "receitas saud?veis para crian?as.

(b) Crit?rio de inclus?o: p?ginas brasileiras que atendiam ao objetivo proposta

(c) Crit?rios de exclus?o: p?ginas duplicadas ou que n?o tratavam da faixa et?ria pr?-escolar; receitas culin?rias para outras refei??es (desjejum, almo?o, jantar ou cola??o); publica??es de cunho acad?mico; demais endere?os eletr?nicos que n?o compatibilizavam com o tema abordado.

(d) Busca: conduzida por um examinador, sem delimitar datas, em conformidade com o m?todo previamente definido.

Foram eleitos os 20 primeiros URL localizados pelo instrumento de busca e separada a quantia de 10% do n?mero de lanches, na mesma sequ?ncia em que estavam dispon?veis. Nesta etapa, foram selecionadas a primeira ou a segunda receita culin?ria de cada p?gina escolhida, variando conforme os crit?rios de exclus?o.

Com o aux?lio do software Excel (Microsoft Office Excel?, WA, EUA), estruturou-se a an?lise de frequ?ncia dos URL por meio das vari?veis descritas nos itens subsequentes:

(a) Site: cont?m uma home page para destacar as abas de acesso; apresenta seu conte?do de maneira formal; a intera??o com o leitor ? estabelecida por e-mail ou formul?rio eletr?nico padronizado; geralmente ? atualizado com pouca frequ?ncia7.

(b) Blog: possui acesso simplificado, com postagens ordenadas cronologicamente e dispostas em categorias; apresenta seu conte?do de ma-

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neira informal; a intera??o com o leitor ? estabelecida por coment?rios; ? atualizado frequentemente7. (c) Site/blog: exibe propriedades comuns tanto ao site, quanto ao blog; concede postagens em rede social7. (d) Possui autor: sinaliza o nome e as credenciais do(s) respons?vel(eis) pela formula??o do conte?do (forma??o acad?mica e atua??o profissional). (e) Leg?vel/compreens?vel: apresenta reda??o clara, redigida sem erros de ortografia, com letras e cores neutras que n?o desviam a aten??o do leitor; as gravuras condizem com os textos a ele relacionados; ? organizado de maneira clara e l?gica, permitindo que o usu?rio navegue se??o a se??o, ou de um link para outro, sem quaisquer conflitos8. Posteriormente, empregou-se uma segunda distribui??o de frequ?ncia visando assinalar as adequa??es dos lanches quanto ao cumprimento dos respectivos crit?rios do "Guia Alimentar para Crian?as Menores de Dois Anos"9: passo 6 ? "Oferecer ? crian?a diferentes alimentos ao dia. Uma alimenta??o variada ? uma alimenta??o colorida"; passo 7 ? "Estimular o consumo di?rio de frutas, verduras e legumes nas refei??es"; passo 8 ? "Evitar a??car, caf?, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com modera??o". Al?m disso, ?s prepara??es que atendiam simultaneamente aos tr?s passos pr?-estabelecidos, foram confeccionados r?tulos nutricionais de acordo com estas refer?ncias: RDC 35910, RDC 36011, "Tabela Brasileira de Composi??o de Alimentos"12 e "Tabela para Avalia??o de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras"13. Os valores di?rios (VD) empregados na montagem dos r?tulos foram baseados nas recomenda??es m?dias atribu?das ? faixa et?ria entre 2 a 6 anos de idade. Os requerimentos de macronutrientes, micronutrientes e fibra (transcritos na Tabela 1) foram estabelecidos seguindo as indica??es do Instituto de Medicina14. Considerou-se um consumo de 1300 Kcal ao dia. Para os lanches, foram estipulados 20% da energia total, sendo equivalente a 260 Kcal. As quantidades de carboidrato, prote?na, lip?dio, vitamina A, c?lcio, ferro e s?dio dos lanches, bem como o teor de fibra, deveriam atingir 20% do conte?do preconizado15.

RESULTADOS

Na etapa inicial de confer?ncia dos dados, foi poss?vel detectar que as p?ginas pesquisadas pertenciam ?s respectivas categorias: 85% (n = 17) eram sites, 5% (n = 1) eram blogs e as restantes (10%, n = 2) foram apontadas como sites/blogs. Adicionalmente, constatou-se que as 20 URL apresentavam-se leg?veis/compreens?veis e 40% (n = 8) exibiam a identifica??o do autor.

A Figura 1 ilustra a quantidade de lanches infantis por endere?o eletr?nico. Ao todo, as p?ginas selecionadas disponibilizavam 350 receitas culin?rias.

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Figura 1: Quantidade de receitas culin?rias para lanches infantis, recomendadas ?s crian?as entre 2 a 6 anos de idade, obtidas de p?ginas brasileiras da internet.

Tabela 1: Recomenda??es di?rias de macronutrientes, micronutrientes e fibra para crian?as entre 2 a 6 anos de idade

M acronutrientes, micronu trientes e fibra%

Valores di?rios Quantidade

Energia

Carboidrato Prote?na Lip?dio Vitamina A C?lcio Ferro S?dio Fibra

55,0 16,0 35,0

-

178,7 g 52,0 g 50,5 g 350,0 ?g 650,0 mg 13,5 mg 1,1 g 22,0 g

715,0 Kcal 208,0 Kcal 455,0 Kcal

-

Fonte: Instituto de Medicina (adaptado).14 Nota: Kcal ? quilocalorias.

A Tabela 2 exp?e a distribui??o de frequ?ncia das 35 prepara??es analisadas, no tocante ao cumprimento dos passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar. Nessa perspectiva, foi verificado que: 22,9% (n = 8) n?o atendiam a nenhum dos quesitos; 28,6% (n = 10) cumpriam apenas um; 17,1% (n = 6) obedeciam dois, enquanto 31,4% (n = 11) respeitavam os tr?s passos.

As quantidades e porcentagens de adequa??o de macronutrientes, micronutrientes e fibra dos lanches que atendiam aos tr?s passos para uma alimenta??o saud?vel encontram-se registradas na Tabela 3. Ressalta-se que duas prepara??es foram exclu?das desta avalia??o porque continham ingredientes n?o localizados nas tabelas de composi-

??o de alimentos. Assim, a amostra submetida aos c?lculos nutricionais foi composta por nove receitas culin?rias.

As prepara??es I, II, IV, V, VI, VIII e IX foram consideradas hipocal?ricas em rela??o ao VD. Somente o lanche III se aproximou do teor proposto para carboidrato (34,2 g, adequa??o de 19,1%). Os lanches III e VII apresentavam excesso proteico (18,4 g, adequa??o de 35,4%; 21,7 g, adequa??o de 41,7%, respectivamente); I, III, VI e VII revelavam altas ofertas de vitamina A.

De forma geral, as receitas culin?rias tinham baixas quantidades de: lip?dio, c?lcio, ferro, s?dio e fibra. Entretanto, a prepara??o III foi caracterizada com elevado teor de s?dio (0,3 g, adequa??o de 27,3%).

Tabela 2: Frequ?ncia de receitas culin?rias para lanches infantis em rela??o ao cumprimento dos passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar

Cumprimento dos passos

Frequ?ncias

n

%

Nenhum passo 1 passo 2 passos 3 passos

8

22,9

10

28,6

6

17,1

11

31,4

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Tabela 3: Quantidade e percentual de adequa??o de macronutrientes, micronutrientes e fibra das receitas culin?rias para lanches infantis, destinadas ?s crian?as entre 2 a 6 anos de idade, obtidas de p?ginas brasileiras na internet

Vari?veis

Receita I

Receita II

Receita III

Lanches infantis

Receita Receita Receita

IV

V

VI

Receita VII

Receita VII

Receita IX

Valor cal?rico total

Energia (Kcal)

120,1

69,6

239,2

69,8

158,6

99,2

386,4

98,6

105,4

Adequa??o (%)

9,2

5,3

18,4

5,4

12,2

7,6

29,7

7,6

8,1

Carboidrato

Quantidade (g)

6,9

10,7

34,2

12,1

23,6

15,5

61,0

13,7

16,2

Energia (Kcal)

27,6

42,8

136,8

48,4

94,4

62,0

244,0

54,8

64,8

Adequa??o (%)

3,9

6,0

19,1

6,8

13,2

8,7

34,1

7,7

9,1

Prote?na

Quantidade (g)

11,2

2,2

18,4

2,2

8,4

2,1

21,7

3,3

9,7

Energia (Kcal)

44,8

8,8

73,6

8,8

33,6

8,4

86,8

13,2

38,8

Adequa??o (%)

21,5

4,2

35,4

4,2

16,1

4,0

41,7

6,3

18,6

Lip?dio

Quantidade (g)

5,3

2,0

3,2

1,4

3,4

3,2

6,2

3,4

0,2

Energia (Kcal)

47,7

18,0

28,8

12,6

30,6

28,8

55,8

30,6

1,8

Adequa??o (%)

10,5

4,0

6,3

2,8

6,7

6,3

12,3

6,7

0,4

Vitamina A

Quantidade (?g)

315,4

1,0

237,6

103,0

9,5

127,9

108,3

64,7

2,5

Adequa??o (%)

90,1

0,3

67,9

29,4

2,7

36,5

30,9

18,5

0,7

C?lcio

Quantidade (mg)

29,8

78,0

149,6

72,7

144,3

38,0

154,4

36,1

5,1

Adequa??o (%)

4,6

12,0

23,0

11,2

22,2

5,8

23,7

5,5

0,8

Ferro

Quantidade (mg)

2,0

0,4

2,3

0,4

1,1

0,9

3,2

0,5

0,3

Adequa??o (%)

14,9

3,0

17,0

3,0

8,1

6,7

23,7

3,7

2,2

S?dio

Quantidade (g)

0,006

0,03

0,3

0,02

0,06

0,04

0,17

0,04

0

Adequa??o (%)

0,54

2,7

27,3

1,8

5,4

3,6

15,4

3,6

0

Fibra

Quantidade (g)

1,4

0,7

2,4

1,0

1,0

0,4

3,1

0,2

1,1

Adequa??o (%)

6,4

3,2

10,9

4,5

4,5

1,8

14,1

0,9

5,0

Nota: Kcal ? quilocalorias.

DISCUSS?O

Neste estudo, estabelecer um crit?rio metodol?gico visando mensurar a qualidade nutricional das informa??es acerca de receitas culin?rias presentes na internet foi uma tarefa complexa, tendo em vista a exist?ncia de um volume crescente de endere?os eletr?nicos que abordam essa tem?tica.

A disposi??o de uma variedade de plataformas ? como site, blog ou site/blog ? para vincular recomenda??es ao p?blico leigo tamb?m problematiza o levantamento de dados dispon?veis na rede virtual6. A maioria das p?ginas submetidas ?s avalia??es foram classificadas como site. Contudo, nos ?ltimos cinco anos a multifuncionalidade da rede social ? por possibilitar o acesso simult?neo ao c?rculo social, a not?cias e, ainda, a esclarecimentos sobre sa?de, por exemplo ? t?m fortalecido a sua populariza??o.

Somado a isso, ? de grande relev?ncia que a fonte consultada seja leg?vel/compreens?vel. O Departamento de Governo Eletr?nico do Brasil sugere que os materiais mais favor?veis ? leitura devem ser organizados de maneira s?bria, com escrita correta e linguagem familiar ao leitor, formatados em cores claras e dispostos em layouts simplificados. Isso favorece a compreens?o do que ? lido e evita que o usu?rio desvie a aten??o para o desenho das letras ou para as peculiaridades da coluna do texto8. Nesse aspecto, as URL da presente pesquisa estavam adequadas.

No que diz respeito ao registro do autor, ? essencial que quaisquer informa??es contenham a indica??o do

respons?vel, independentemente do meio em que estejam publicadas5. Tal quesito permite que o p?blico examine a exist?ncia de forma??o t?cnica necess?ria para o exerc?cio da fun??o do elaborador do conte?do. Menos da metade dos endere?os consultados satisfazia esta exig?ncia, fato que implica um resultado insatisfat?rio. Destaca-se que a revela??o do autor ? indispens?vel at? nos portais on-line sob a responsabilidade de institui??es governamentais ou organiza??es sem interesse comercial, circunst?ncia que confirma a corrente observa??o.

A internet impulsionou uma s?rie de transforma??es nas perspectivas relacionadas ? comunica??o e ? aquisi??o de conhecimentos na ?rea de sa?de. Por?m, a an?lise da qualidade da informa??o disseminada ainda apresenta limita??es3-5. Os instrumentos confeccionados para esse fim s?o escassos; aqueles dispon?veis s?o apresentados exclusivamente na l?ngua inglesa e carecem de reavalia??es e readapta??es, pois as mudan?as tecnol?gicas impactam em transforma??es no pr?prio ambiente da web5,6.

Em 2001, a Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) dos Estados Unidos promulgou o documento "Criteria for assessing the quality of health information on the internet", no qual est?o registrados alguns preceitos para mensurar a qualidade das informa??es sobre sa?de postadas na rede virtual16.

Posteriormente, em 2005, a Comiss?o da Comunidade Europeia anunciou a declara??o "Recommendations to promote health literacy by the means of the internet",

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com o prop?sito de esclarecer as autoridades nacionais e regionais dos Estados membros, al?m das institui??es e dos conselhos de profissionais de sa?de quanto ? publica??o de conte?dos on-line que atendessem aos determinantes de qualidade17.

? necess?rio mencionar que a Health On The Net Fundation (HON), sediada na Su??a, concede um selo de certifica??o ?s p?ginas que estejam em concord?ncia com os princ?pios de seu c?digo de conduta18. Muitos a consideram um padr?o de refer?ncia no tocante ao credenciamento de informa??es de sa?de. As URL que cont?m o selo HON s?o fiscalizadas anualmente e os leitores possuem acesso a v?deos instrumentais que os auxiliam na identifica??o de refer?ncias confi?veis.

No Brasil, foi verificada apenas uma iniciativa oficial diante dessa ?tica. O Conselho Regional de Medicina de S?o Paulo (CREMESP) confeccionou, em 2001, o "Guia de ?tica para sites de medicina e sa?de na internet" 19. Como consequ?ncia, passou a exigir que os profissionais e as institui??es de sa?de nele inscritas obedecessem ?s normas indicadas para idealiza??o, registro, manuten??o e atua??o profissional em p?ginas ou portais virtuais sobre medicina e sa?de.

A literatura registra um n?mero limitado de publica??es cient?ficas que visaram estudar a confiabilidade das p?ginas brasileiras. Tamb?m n?o foram encontrados trabalhos que tratassem, especificamente, de m?dias eletr?nicas com recomenda??es de lanches descritos como saud?veis e indicados para pr?-escolares, o que restringiu a discuss?o. Por esse motivo, nossos resultados foram comparados com algumas pesquisas que abordaram o tema do consumo alimentar na inf?ncia.

Enfatiza-se que uma rotina saud?vel desde crian?a ? com alimenta??o balanceada e atividade f?sica ? ? naturalmente compreendida como protetora. A ingest?o de uma dieta desequilibrada em nutrientes pode interferir no ganho de peso e resultar em obesidade1,2.

Estudos afirmam que o consumo alimentar de crian?as brasileiras necessita de maior aten??o. O direito humano ? alimenta??o encontra-se previsto na Constitui??o Brasileira, sendo que a Pol?tica Nacional de Alimenta??o e Nutri??o tornou a promo??o da alimenta??o adequada uma diretriz, visando restabelecer a qualidade de vida e minimizar os agravos ? sa?de20,21.

Alves et al.22, ao analisarem a ingest?o alimentar semanal de pr?-escolares avaliados na Pesquisa Nacional de Demografia e Sa?de de 2006, constataram um consumo insuficiente de vegetais folhosos e de legumes. Em contrapartida, foi observada uma ingest?o frequente de prepara??es n?o saud?veis, como frituras, doces, refrigerantes e sucos artificiais.

Leal et al.23 obtiveram resultados semelhantes em uma amostra probabil?stica de crian?as residentes em Pelotas (RS). Somente 45,7% dos participantes atingiam a recomenda??o preconizada pelo ?ndice de Alimenta??o Saud?vel para vegetais e legumes; 100% ingeriam excessivamente alimentos pertencentes ? categoria de ?leos e gorduras; 99,6% consumiam mais de uma por??o de alimentos do grupo de a??cares, balas, chocolates e salgadinhos.

? vista disso, nossos achados s?o alarmantes, uma vez que apenas 31,4% do total de receitas culin?rias pr?-

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-avaliadas obedeceram aos passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar. ? espantoso deparar-se com recomenda??es intituladas saud?veis, mas que sequer atenderam as recomenda??es nutricionais b?sicas, especialmente por serem dirigidas a uma faixa et?ria biologicamente mais vulner?vel.

A ingest?o insuficiente de vegetais e legumes compromete os aportes de micronutrientes e de fibra. Esta ?ltima promove a saciedade, favorece o trofismo intestinal e a sua mastiga??o previne a forma??o de placas bacterianas e c?ries22,23.

O consumo frequente de refrigerantes, sucos artificiais e outras bebidas a?ucaradas est?o associados ? diminui??o da ingest?o de sucos naturais e ? eleva??o cal?rica da dieta, contribuindo para o ganho de peso e suas consequ?ncias1. No mesmo sentido, o consumo frequente de frituras, doces e biscoitos, promove um acr?scimo na densidade energ?tica das refei??es23.

Quanto ?s inadequa??es de c?lcio e ferro nas receitas culin?rias estudadas: o c?lcio constitui um substrato fundamental para a transmiss?o dos impulsos nervosos, contra??o muscular, coagula??o sangu?nea e secre??o de horm?nios; sua defici?ncia tem rela??o direta com d?ficit de estatura e doen?as ?sseas24; a car?ncia de ferro pode refletir em anemia ferropriva que, por sua vez, acarreta graves preju?zos para o desenvolvimento cognitivo e motor das crian?as, comprometendo, portanto, o desempenho escolar25.

Desse modo, torna-se relevante que pesquisadores e profissionais de sa?de estejam engajados na promo??o da alimenta??o saud?vel, principalmente na inf?ncia, por se tratar de uma fase em que o comportamento alimentar ? constru?do, favorecendo a aquisi??o de costumes apropriados que podem ser duradouros. A atua??o do Nutricionista como respons?vel t?cnico para auxiliar na formula??o de informa??es dirigidas ao p?blico leigo minimizar? incorre??es. A m?dia deve ser utilizada para favorecer a transmiss?o de conhecimento, no entanto, de maneira apropriada4.

A presente pesquisa possui vantagens, como: na abordagem sobre a credibilidade das informa??es de sa?de dispon?veis na rede virtual, estudos com p?ginas brasileiras s?o escassos; al?m do mais, fomos pioneiros pelo fato de termos investigado a qualidade nutricional dos lanches de internet recomendados aos pr?-escolares. No entanto, algumas limita??es devem ser consideradas: primeiro, n?o aplicamos um question?rio validado para analisarmos a qualidade da informa??o sobre sa?de, tal como o Discern Questionnaire, o que certamente teria nos possibilitado maiores esclarecimentos26,27; segundo, diante do aumento di?rio do n?mero de p?ginas da internet e, conforme apontado por Giglio et al.6, perante aos atuais mecanismos de busca da ferramenta Google?, o p?blico poder? ter acesso a resultados distintos, mas acreditamos que alguns dos 20 endere?os eletr?nicos inclu?dos neste estudo tamb?m sejam localizados pela maioria dos usu?rios.

Em conclus?o, observa-se que menos da metade das p?ginas consultadas exibia o registro do autor. Ademais, as receitas culin?rias estavam predominantemente equivocadas: apenas 31,4% cumpriam os passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar; na an?lise qualitativa, a maioria apresentava inadequa??es quanto aos teores de macronutrientes e de micronutrientes.

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