MAPEAMENTO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE UBATUBA/SP G.S ...

MAPEAMENTO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DO MUNIC?PIO DE UBATUBA/SP

G.S. Oliveira, G.A.M. Asciutti, M. Dantas-Ferreira

RESUMO

Este trabalho tem o presente objetivo de elaborar um Mapa de Fragilidade Ambiental do munic?pio de Ubatuba, S?o Paulo, conforme a metodologia proposta por Ross em 1994. Foram necess?rios os layers com informa??es do Mapa Pedol?gico do Estado de S?o Paulo (IAC,2002), a declividade foi gerada pelas imagens Topodata e o Uso e Ocupa??o do Solo do munic?pio gerado atrav?s da imagem de sat?lite Landsat8, datada de 19 de janeiro de 2015. Os mapas foram convertidos para o formato Raster, onde os layers foram cruzados por ?lgebra de mapas no Software ArcMap 10.2 (ESRI) com aux?lio da ferramenta "Raster Calculator". Todos os dados obtidos foram classificados de 1 ? Muito Fraca a 5 ? Muito Forte, indicando as ?reas de maior fragilidade ambiental. Atrav?s do mapa e dos resultados obtidos constatou-se que 96,57% da ?rea total do munic?pio encontra-se em ?rea de fragilidade classificada como Alta (34,80%) e Muito Alta (61,77%). Isto ocorre devido ? combina??o dos altos valores de declividade das encostas da Serra do Mar e do solo arenoso encontrado na plan?cie costeira. Outro fator a ser levado em considera??o, ? a alta pluviosidade encontrada no munic?pio, aliada ao relevo e pedologia pode potencializar a susceptibilidade de ocorr?ncia de processos erosivos extremos ocasionando deslizamentos de terras por desagrega??o das part?culas de solo, transporte de constru??es em ?reas com alta fragilidade, altera??o na paisagem c?nica, uma vez que o ambiente ? preocupa??o de todos. Portanto, com o aux?lio do programa SIG para an?lise espacial recomenda-se que a ocupa??o humana no munic?pio de Ubatuba deve ser bem regulamentada, planejada e controlada para evitar a ocupa??o de ?reas de riscos ambientais.

Palavra-chave: Ubatuba, fragilidade, ambiental, pedologia, eros?o, risco, mapeamento, geoprocessamento.

1 INTRODU??O

A ocupa??o antr?pica desordenada e sem planejamento ambiental e territorial frequentemente ? tema de grandes discuss?es, pois os desastres causados pela natureza aumenta consideravelmente e as vezes de forma imprevis?vel. Neste sentido torna-se indispens?vel estudar a susceptibilidade do ambiente frente a expans?o das constru??es em ?rea urbana.

Segundo Oliveira, et al. (2015) o uso de t?cnicas de geoprocessamento aliadas ao sistema de informa??es geogr?ficas (SIG) comprovam ser extremamente vi?veis para determinar o potencial natural da ocorr?ncia de processos geol?gicos e visualiza??o espacial de ?reas exposta a riscos ambientais, permitindo a ado??o de pr?ticas conservacionistas para planejar de forma sustent?vel a urbaniza??o e constru??es.

De acordo com Ross (1994) "a fragilidade dos ambientes, dada uma interven??o antr?pica, depende de suas caracter?sticas gen?ticas". ? que todo ambiente se encontra naturalmente

em um estado de equil?brio din?mico e as altera??es diferentes componentes da natureza podem quebrar esse equil?brio. Portanto, este trabalho tem como objetivo mapear espacialmente a fragilidade ambiental natural do munic?pio de Ubatuba/SP, conforme a metodologia proposta por Ross em 1994, correlacionando o meio f?sico encontrado e o uso e ocupa??o do solo. J? que o munic?pio tem 80% do seu territ?rio como ?rea de conserva??o. 1.1 Caracteriza??o da ?rea de Estudo O munic?pio de Ubatuba/SP localiza-se no litoral norte do Estado de S?o Paulo, fazendo limite com os munic?pios de Cunha e S?o Luiz do Paraitinga ao norte, Caraguatatuba e Natividade da Serra a oeste e Parati/RJ a leste. Est? distante aproximadamente 250km da capital S?o Paulo/SP. A Fig. 1 apresenta o croqui de localiza??o da ?rea de estudo.

Fig. 1: Mapa de localiza??o do Munic?pio de Ubatuba/SP De acordo com o censo do IBGE de 2010 (IBGE, 2013) Ubatuba ocupa ?rea de 723,883 km2, com popula??o estimada em 2015 de 86.392 habitantes, densidade demogr?fica de 108,87 habitantes/km2 e ?ndice de desenvolvimento humano municipal IDHM de 0,751. A intensifica??o da ocupa??o humana no Litoral Norte do Estado de S?o Paulo ocorreu a partir da d?cada de 1950, principalmente ap?s a inaugura??o da Rodovia BR-101 em 1970. Atualmente, h? uma perspectiva elevada do aumento da ocupa??o devido aos projetos de grande magnitude que est?o sendo implantados na regi?o, voltados ? explora??o de g?s e petr?leo (GALLO JR., 2014). Devido ?s caracter?sticas do meio f?sico, como substrato rochoso predominantemente de rochas ?gneas e metam?rficas nas zonas serranas e sedimentares nas Plan?cies, associada a declividades altas, extensos comprimentos de rampas e alta pluviosidade da regi?o da Serra do Mar, tornam o munic?pio de Ubatuba naturalmente uma zona de alta suscetibilidade a

escorregamentos (JORGE, 2004). Em regi?es de maior densidade populacional como a regi?o da praia da Enseada existe uma muito alta (42%) e alta (16%) de susceptibilidade a ocorr?ncia de escorregamento segundo a pesquisa desenvolvida na regi?o por TOMINAGA (2007).

1.2 Uso e ocupa??o do Solo O Munic?pio de Ubatuba apresenta 62.055,12ha de seu territ?rio recoberto por vegeta??o nativa (IF, 2010), predominantemente pertencente ? fisionomia Floresta Ombr?fila Densa do Bioma Mata Atl?ntica (SMA, 2012). Por sua import?ncia ecol?gica, Ubatuba est? inserido em quatro unidades de conserva??o integral, sendo: Floresta Nacional da Serra da Bocaina, Parque Estadual da Serra do Mar, Parque Estadual da Ilha Anchieta, Esta??o Ecol?gica Tupinamb?s, e de uma demarca??o de Terras Ind?genas da Boa Vista e da ?rea natural tombada, representadas no mapa abaixo. (Fig. 2). (SMA,2000).

Fig. 2: Mapa das Unidades de Conserva??o Inseridas no Munic?pio de Ubatuba/SP (SMA,2000)

A agricultura ? pouco representativa no munic?pio, ocupando cerca de 1.703,7 hectares, onde as principais culturas s?o a Banana (425,9ha), Pastagens (289,5ha), Mandioca (207,7ha) e Cacau (122,0ha), conforme o Projeto LUPA (CATi, 2007). Em Ubatuba as ?reas mais urbanizadas est?o assentadas sobre os terra?os marinhos, mas come?am a avan?ar em dire??o aos fundos de vale e ao Parque Estadual Serra do Mar, come?ando a gerar problemas ambientais. Por?m segundo o zoneamento ambiental elaborado por (JORGE, 2004) os maiores problemas ambientais s?o registrados em zonas de maior densidade populacional.

1.5 Clima Conforme o Mapa de Clima do Brasil (IBGE, 2002), o munic?pio apresenta tr?s subdivis?es do Clima Tropical Brasil Central, sendo as ?reas costeiras classificadas como "quente super ?mido" e "subquente super ?mido", j? nos pontos de maior altitude, "mesot?rmico brando super ?mido". Isto significa que na parcela litor?nea, pr?ximo ao n?vel do mar, as temperaturas m?dias mantem-se acima dos 15oC, j? nas parcelas de maior altitude varia entre 10 e 15oC. De acordo com os dados pluviom?tricos hist?ricos registrados no ponto E2-052, localizado em Ubatuba (SIGRH, 2016), a quantidade m?dia de chuvas varia de aproximadamente 300mm ? 120mm durante o ano, sendo os meses de junho a agosto os mais secos. Devidos esses altos ?ndices pluviom?tricos o munic?pio torna-se naturalmente muito suscet?vel a processos geol?gicos. Na Fig. 3 abaixo consta o gr?fico das m?dias mensais de pluviometria compreendidos entre os anos de 1945 a 2015.

Fig. 3: Hietograma das m?dias hist?ricas dos dados de pluviometria em Ubatuba/SP (SIGRH, 2016)

1.3 Pedologia Conforme o Mapa Pedol?gico desenvolvido pelo IAC em 2002, na ?rea de estudo ocorrem duas classifica??es principais de tipos de solo, os Cambissolos, nos pontos de maior declividade da Serra do Mar e os Espodossolos, localizados nas plan?cies pr?ximas ? costa. Os Cambissolos ocorrem geralmente em terrenos forte ondulados a montanhosos, n?o apresentando horizonte A h?mico e de uso restrito decorrente a sua pequena profundidade, ocorr?ncia de pedras e pelo relevo com declividade acentuada. Os Espodossolos s?o solos geralmente ?cidos, de textura predominantemente arenosa, origin?rios de materiais arenoquartzosos, sob condi??es de clima tropical e subtropical, em relevo plano, suave ondulado ou ondulado. Este tipo de solo n?o apresenta aptid?o agr?cola, sendo indicados para ?reas de conserva??o ambiental (EMBRAPA, 2016). A Fig. 4 apresenta um exemplo de ?rea com predomin?ncia de Espodossolos.

Fig. 4: Vista geral de ?rea e vegeta??o com predomin?ncia de Espodossolos (EMBRAPA, 2016)

1.4 Geomorfologia

Na ?rea de estudo, a geomorfologia ? caracterizada pelas unidades: Prov?ncia Costeira e Zona de Baixadas Litor?neas. A Prov?ncia Costeira funciona como um rebordo do Planalto Atl?ntico delimitado por escarpas abruptas com forma quase linear da Serra do Mar, onde s?o apresentadas cotas que variam de 1200m at? a cota zero (MAZZOCATO, 1998). A Serra do Mar inclusa na prov?ncia costeira apresenta um front?o serrano que limita as plan?cies formando uma extensa escarpa erosiva com perfis mais ou menos retil?neos de grandes declives e altitudes de at? 1000m (Cruz, 1974).

As plan?cies costeiras s?o descont?nuas formadas por colmatagem fl?vio-marinha recente que se desenvolvem nas reentr?ncias dos sop?s das escarpas de falhas de recuo. Pequenos maci?os e morros litor?neos isolados podem atingir diretamente o oceano dominando costas altas e jovens (AB'Saber, 1954). A Plan?cie Fl?vio-Marinha faz parte da baixada litor?nea com uma altitude entre 4 e 12m, sendo sujeita a inunda??es peri?dicas em fun??o do regime pluviom?trico. A Plan?cie Marinha faz parte das baixadas litor?neas com altitudes entre 1 e 8 m e sofre influ?ncia das mar?s, eros?o costeira e da din?mica marinha. Estas duas plan?cies s?o amea?adas por agentes ex?genos (IG, 1996).

O relevo elevado aliado ? proximidade do oceano ? respons?vel pelo favorecimento da ocorr?ncia de chuvas orogr?ficas na regi?o, ocasionando o aumentando da umidade do ar, do escoamento superficial e do fluxo fluvial e, consequentemente, os escorregamentos e movimentos de massas nas encostas ?ngremes (ROCHA, 2011). As Fig. 5 e 6 abaixo apresentam imagens que ilustram as caracter?sticas da geomorfologia da ?rea de estudo.

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