A destruição criativa da evolução tecnológica nos demite?

[Pages:17]A destrui??o criativa da evolu??o tecnol?gica nos demite?

Jorge Magalh?es faz uma an?lise sobre a rela??o sociedade e tecnologia Com informa??es do Observat?rio C, T & I Por Jorge Magalh?es ? Isso sempre foi feito assim! N?o adianta, n?o vou mudar! Sempre deu certo! Por que, agora, tenho de fazer diferente?

Especialista em gest?o tecnol?gica e intelig?ncia competitiva, o pesquisador Jorge Magalh?es ? coordenador do Mestrado Profissional em Gest?o, Pesquisa e Desenvolvimento na Ind?stria Farmac?utica de Farmanguinhos Quantos de n?s j? n?o usou uma destas frases ou algo parecido? Usando ou n?o, a verdade "nua e crua" ? que sobrevivemos ou

nos demitimos. Adentramos no s?culo 21, com 40% da humanidade conectada ? internet ("Big data", 15:19:59; McKinsey Global Institute, 2011), onde os sistemas tradicionais de gerenciamento de banco de dados relacionais n?o podem lidar com as grandes massas de dados di?rias produzidas no mundo (Magalh?es & Quoniam, 2013; Quoniam & Lucien, 2010).

Vivemos o boom da globaliza??o econ?mica e informacional, ou seja, das tecnologias da informa??o, da revolu??o digital... ser? que uma dessas situa??es nos parece familiar:

1. estava longe de casa e retornou para buscar o celular esquecido;

2. algu?m dirigindo ou parado no sem?foro lendo ou digitando no celular;

3. g r u p o d e p e s s o a s e m r e u n i ? o p r e s e n c i a l o u n u m restaurante e, de repente, todos calados de cabe?a baixa;

4. corrigindo teses, relat?rios ou tomando decis?es fundamentais longe do "trabalho" f?sico, mas via um aparelho eletr?nico e estando dentro de um ve?culo, bar, pra?a etc.;

5. nem lembra que tem telefone fixo; 6. estava em casa no tablete ou desktop durante a semana e

escutou: ? n?o se trabalha mais n?o? Ou o contr?rio, a mesma cena num s?bado ou domingo: ? vai morrer trabalhando! 7. seu filho n?o sabe o que ? fazer "sinal" para um taxi, o que ? datilografia, ir ao banco... e de repente: nos damos conta que fomos demitidos tecnologicamente!

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domic?lios (PNAD) de 2014, o acesso ? internet por meio do telefone celular ultrapassou os computadores no Brasil. Entre 2013 e 2014, o percentual dos domic?lios que acessaram a internet por computador recuou de 88,4% para 76,6%, enquanto os que acessavam por celular saltou de 53,6% para 80,4%. Em rela??o ao acesso por tablete, no

mesmo per?odo, o acesso cresceu 50,4%. Acrescenta-se ainda, que o acesso ? internet por usu?rios com idade de dez anos ou mais de idade saltou de 4,2% para 10,5%, em aparelhos diferentes de microcomputadores.

Realmente, esse fato no Brasil, reflete a tend?ncia global do terceiro mil?nio. A expectativa nas gera??es anteriores, era de que as evolu??es tecnol?gicas seriam mais nos equipamentos, por?m o que se viu ? a tecnologia integrada com o ser humano em seu cotidiano; a internet das coisas, Web 2.0 e intelig?ncia artificial.

O dinamismo para a inova??o tecnol?gica perpassa pela intera??o da Ci?ncia e Tecnologia (C&T). Esta intera??o ? envolvida pela destrui??o criativa cunhada pelo pai da inova??o, Joseph Alois Schumpeter, na d?cada de 50 (Schumpeter, 1942).

Numa r?pida digress?o, durante a guerra fria, na d?cada de 60, os cartunistas Hanna & Barbera lan?aram o desenho animado "Os Jetsons", exibindo carros voadores, rob?s executando afazeres dom?sticos e cidades flutuantes. As cenas refletiam um horizonte ut?pico para a maioria da humanidade, ? ?poca, hoje, por?m, podemos considera-los como vision?rios da ci?ncia e tecnologia meio s?culo antes. Em setembro de 1956, a IBM lan?ou o primeiro computador com Hard Disk (HD), o 305 RAMAC e este pesava 1 tonelada com capacidade de 5 MB. Hoje, reclamamos quando ganhamos um pendrive de 4GB pesando 5 gramas.

A Lei de Moore (1965), previa que o n?mero de componentes em um chip para computador dobraria a cada ano e, esta lei se manteve por mais de 40 anos. Os pre?os caem quase ? metade e a capacidade dobrava. Nessa trajet?ria tecnol?gica, as formas e modelos de pesquisa mudaram drasticamente. Uma semana de manchetes do "New York Times", cont?m mais informa??es do que um ser humano pudesse adquirir em toda sua vida no s?culo XVII. A capacidade de gerar conhecimento do antigo s?culo para

o que vivemos, perpassou iniciativas isoladas as grandes redes, cons?rcios de C&T. Dos g?nios Galileo, Newton, Darwin & Einstein, por exemplo, at? o presente s?culo com o grupo de cientistas envolvidos no sequenciamento do genoma humano e do maior acumulador de part?culas do mundo, o Large Hadron Collider (LHC) do Conseil Europ?en pour la Recherche Nucl?aire (CERN) ? Organiza??o Europeia para a Pesquisa Nuclear, onde suas publica??es t?m mais de mil autores.

O cen?rio atual nos remete a empregos voltados para tarefas ou projetos de dura??o definida, envolvendo estudos multic?ntricos, com atividades multidisciplinares e profissionais com vis?o hol?stica e que n?o se demitam tecnologicamente. H? que se considerar, a famosa frase do Mestre Paulo Freire, "N?o h? saberes maiores ou menores, o que h? s?o saberes diferentes". Neste contexto, Chiavenato (2004), nos lembra que estamos vivendo a era da informa??o, com mudan?as r?pidas, imprevistas e inesperadas na sociedade. O mundo se tornou uma aldeia global, onde a informa??o cruza o planeta em mil?simos de segundos devido o Big Data gerado nesta era informacional e do desafio do conhecimento. O profissional deste s?culo reflete agenda de atividades/trabalho em qualquer dia e hor?rio, pois o mundo ? "plano", e parece n?o mais subsistir o "velho" modelo fechado de horas semanais.

As ?ltimas d?cadas foram marcadas pelo advento da Web 2.0, onde a internet deixou de ser uma plataforma puramente est?tica e passou a desempenhar um papel din?mico e interativo (O'REILLY e BATTELLE, 2009), permitindo que os usu?rios troquem uma grande quantidade de informa??es instantaneamente. At? o final de 2016, a quantidade de informa??es criadas e replicadas a partir de sensores de todos os tipos, postagens em redes sociais, upload de fotos e v?deos, registros de transa??es comerciais, sinais de GPS, rastros de navega??o entre outros alcan?ar? a ordem de zettabytes ? 1 bilh?o de Gigabytes (CISCO SYSTEMS, 2014). O infogr?fico din?mico The

Internet in Real Time ( ), mostra que cerca de 1 milh?o de Gigabytes de dados s?o gerados a cada 1 minuto na internet totalizando um lucro de 142 mil d?lares por minuto aos gigantes deste meio (Apple, Google, Microsoft, Facebook, Netflix, Pandora, Linkedin, etc.).

Este Big Data refere-se ? terceira gera??o da era da informa??o (Magalhaes & Quoniam, 2015; Raghupathi & Raghupathi, 2014). Inicialmente, este volume exponencial de dados abordava os crit?rios dos 3Vs: Volume, Variedade e Velocidade (Laney, 2001), mais adiante, foram acrescidos mais 2 Vs: os atributos de Veracidade e Valor. Alguns autores ainda atribuem os ?ltimos 3 Vs, como Veracidade, Versatilidade e Viabilidade, onde a combina??o de todos os "Vs" geram o "V" de Valor (Aleixo & Duarte, 2015).

O volume ? uma refer?ncia ? quantidade de informa??es que s?o disponibilizadas diariamente na Web, enquanto as diferentes fontes caracterizam o termo variedade. J? a veracidade e a velocidade est?o relacionadas ao tratamento desses dados para que sejam proveitosos e ao processamento em tempo real e fidedignos, respectivamente (Breternitiz & Silva, 2013). O valor ? o atributo em que o bom tratamento de Big Data poder? gerar acesso ? informa??o essencial e economia aos cofres da organiza??o em quest?o.

Segundo Minelli et al (2013), o Big Data se divide em tempestade perfeita de dados, tempestade perfeita de converg?ncia e tempestade perfeita de computa??o, e esta ?ltima ? resultante de 4 fen?menos: lei de Moore, computa??o m?vel, redes sociais e computa??o em nuvem (cloud computing). Este acervo de dados deve ser tratado para apresentar informa??o pesquisada de forma seletiva e objetiva para aumentar a intelig?ncia dos neg?cios, al?m de permitir uma melhoria no processo de tomada de decis?o (Minelli, Chambers, & Dhiraj, 2013).

A velocidade e o volume de disposi??o de dados no mundo

virtual t?m mostrado a grandiosidade do Big Data, bem como a capacidade de utilizar os resultados dessas informa??es para a ?rea da intelig?ncia competitiva. Ou seja, produzir mais em menos tempo, superar o concorrente e economizar tempo. O resultado dos tratamentos de dados tem se mostrado um diferencial para as tomadas de decis?es.

Nesta avalanche informacional que d? sinais tamb?m de uma era do conhecimento, vivemos um momento de transi??o da Era Industrial para a Era do Conhecimento (Duarte, 2009). O grande problema ? que n?o percebemos as mudan?as ou aceitamos as mudan?as que ocorrem em nossa trajet?ria pessoal aliada ? trajet?ria tecnol?gica que estamos inseridos neste mundo, quer seja no ambiente social ou profissional; da? quando nos damos conta, dependendo do prisma que olhamos: fomos demitidos tecnologicamente!

Segundo um estudo The Network Skills in Latin America da IDC, encomendado pela Cisco, faltar?o 449 mil profissionais em Tecnologia da Informa??o na Am?rica Latina at? o fim da d?cada. Somente em 2015, o Brasil teve um d?ficit de 195 mil profissionais capacitados e empregados. A CISCO declara que este profissional de tecnologia de rede emergente, precisa ser qualificado em v?deo, nuvem, mobilidade, datacenter & virtualiza??o, Big Data, seguran?a cibern?tica, Internet das coisas (IoT) e desenvolvimento de software, al?m das habilidades b?sicas. Isso nos remete a um tempo em que saber falar "ingl?s" era um diferencial no curr?culo, hoje, ? condi??o sine qua non; assim, quando nos perguntam se sabemos outro idioma, est? intr?nseco que voc? j? fala o portugu?s e o ingl?s. O mesmo se aplica ?s profiss?es do s?culo 21, onde requer uma vis?o hol?stica das outras ?reas, porque sen?o: seremos demitidos tecnologicamente!

Embora tenhamos de ter habilidades multidisciplinares neste s?culo, ? bem verdade que ? fundamental o papel do especialista em quest?es espec?ficas de cada ?rea, por isso a complementariedade dos trabalhos em rede para o

compartilhamento do conhecimento (open science) a bem da evolu??o tecnol?gica atrav?s da destrui??o criativa de Shumpeter. Merton (1961), j? dizia:

"discoveries and inventions become virtually inevitable (1) as prerequisite kinds of knowledge accumulate in mans's cultural store; (2) as the attention of a suficiente number of investigators is focused on a problem ? by emerging social needs, or by developments internal to the particular Science, or by both." Robert K. merton (1961)

Nesta altura, podemos cunhar a frase de nosso l?der, tamb?m futurista, Peter Drucker: "N?o haver? pa?ses pobres ? s? pa?ses ignorantes. E o mesmo ser? verdade para os indiv?duos, as empresas, as ind?strias e todos os tipos de organiza??es."

Neste s?culo, o maior desafio a ser vencido, parece ser aliar a gest?o de pessoas ? gest?o do conhecimento gerado nesta era informacional, onde cargos e fun??es neste ambiente, s?o redefinidos constantemente numa destrui??o criativa em equipes multifuncionais nas atividades do cotidiano; sejam provis?rias ou espec?ficas. Essa integra??o e interliga??o j? s?o realidades em ambientes virtuais e sem fronteiras, existindo um mundo plano de trabalho. Este modelo altera nossa forma tradicional de pensar, for?ando-nos a nos reinventar diariamente na destrui??o criativa de nossas habilidades, atitudes, aspira??es e percep??es, a fim de n?o sermos demitidos tecnologicamente e podermos auxiliar na trajet?ria de inova??o para a evolu??o tecnol?gica.

Diante deste cen?rio, pensando na ?rea da Sa?de, o relat?rio "The real-world use of big data", realizado pela IBM, da Universidade de Oxford, diz que a an?lise de Big Data permite que as organiza??es sejam at? 23 vezes mais propensas a superarem seus concorrentes de mercado do que aquelas que n?o analisam. No entanto, alguns setores produtivos s?o mais adapt?veis ?s estrat?gias de Big Data do que outros, como os

setores de sa?de, financeiro, de telecomunica??es, governamental e o energ?tico.

Considerando que a Sa?de ? um bem p?blico global (Buse & Waxman, 2001; Haines et al., 2009; Hartz, 2012; Vance, Howe, & Dellavalle, 2009) e que o processo da globaliza??o da evolu??o tecnol?gica ? o motor da evolu??o do termo Sa?de Global, ? mister pensar novas dimens?es espaciais, temporais e cognitivas, para modificar nossa percep??o das dist?ncias e barreiras das fronteiras do conhecimento e dos contatos globais e, assim, permitir um melhor engajamento com o "outro" no mundo (Bozorgmehr, 2010).

Considerando, ainda, no af? de n?o sermos demitidos tecnologicamente e na busca da destrui??o criativa de Schumpeter, para contribui??o da evolu??o tecnol?gica, pode-se encontrar v?rios grupos que tentam avan?ar na busca de modelos n?o triviais para tratar o Big Data em Sa?de do presente s?culo.

Sem presun??o de esgotar o assunto, mas no ?nico sentido de exemplificar uma das a??es de lidar com a avalanche de dados num mundo feroz tecnologicamente, de forma multidisciplinar e em tempos de luta pelo "open Science", o projeto de software livre de fonte aberta, "crawler" Patent2Net ( ), fornece servi?os online e gratuitos para tratar mais de 90 milh?es de documentos de patentes, cujo conte?do de conhecimento tecnol?gico representa cerca de 90 pa?ses. Esse "rastreador" de patentes, permite identificar, extrair e tratar as informa??es tecnol?gicas do Big Data em Sa?de. Portanto, usando o descritor "dengue", obteve-se v?rios resultados, nos quais, alguns est?o sintetizados no infogr?fico abaixo. Nele, foram recuperados 1427 documentos de patentes, atrav?s dos quais, com o cruzamento dos dados, foram poss?veis extrair informa??es essenciais para os tomadores de decis?o, tais como pa?ses depositantes, tecnologias existentes e suas respectivas intera??es, redes estabelecidas, tend?ncias tecnol?gicas,

................
................

In order to avoid copyright disputes, this page is only a partial summary.

Google Online Preview   Download