Gastronomia Portuguesa no Brasil – um Roteiro de Turismo ...
ID-93
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A Gastronomia Portuguesa no Brasil ¨C um Roteiro de
Turismo Cultural
UIARA MARTINS * [ uiara19@ ]
MARIA MANUEL BAPTISTA ** [ mbaptista@ua.pt ]
Resumo | A presente investiga??o trata de identificar a partir de duas culturas, a portuguesa e a brasileira, o que elas
t¨ºm em comum, partindo inicialmente do foco da alimenta??o e fazendo posteriormente uma liga??o com a actividade
tur¨ªstica. No contexto actual estas culturas j¨¢ n?o comunicam atrav¨¦s da rela??o colonizador-colonizado, destacando-se hoje novas formas de comunica??o, entre elas a actividade tur¨ªstica. Reconhecendo a heran?a portuguesa deixada
na hist¨®ria da alimenta??o brasileira, e transformando este factor num produto tur¨ªstico, prop?e-se a cria??o da Rota
Gastron¨®mica dos Portugueses, na base de ideias geradas por uma pesquisa qualitativa usando a t¨¦cnica de grupo focal
junto de turistas Portugueses no Brasil e an¨¢lise de conte¨²do.
Palavras-chave | Gastronomia, Turismo Cultural, Comunica??o Intercultural, Rotas Gastron¨®micas.
Abstract | The current work aims to identify, based on two different cultures, Brazilian and Portuguese, the similarities
between them. Firstly, it shall be focused the alimentation, and secondly, a link of the gastronomy with the touristic
activity. Recently, these cultures haven¡¯t had a relation colonizer-colonized anymore, and new kinds of communication
are now highlighted, with the touristic activity among them. Recognizing the Portuguese inheritance to the history of
alimentation in Brazil, and transforming this factor in a touristic product, the purpose of this work was the creation of a
Gastronomic Itinerary for Portuguese people. This was achieved by the conduction of a qualitative research utilizing focus
group technique developed with Portuguese Tourists which have been in Brazil, followed by content analysis.
Keywords | Gastronomy, Cultural Tourism, Intercultural Communication, Gastronomic Itinerary.
* Mestre em Gest?o e Planeamento em Turismo pela Universidade de Aveiro e Doutoranda em Cultura no Departamento de L¨ªnguas e Culturas da
Universidade de Aveiro.
** Doutorada em Cultura pela Universidade de Aveiro e Professora Auxiliar no Departamento de L¨ªnguas e Culturas da Universidade de Aveiro?.
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1. Introdu??o
O turismo cultural permite a troca de valores,
novas experi¨ºncias com o modo de vida do outro,
dentre muitos outros factores. O uso da cultura no
turismo pode ser desenvolvido em v¨¢rias dimens?es
e vertentes diversas. Contudo, neste estudo dar-se-¨¢
destaque ao elemento cultural gastron¨®mico.
Entende-se que a alimenta??o, no que toca a
uma viagem tur¨ªstica, ¨¦ um factor essencial, pois faz
parte de uma necessidade b¨¢sica humana, para al¨¦m
de permitir a compreens?o e melhor conhecimento
da cultura do destino visitado. Por¨¦m, nem sempre
a gastronomia local ¨¦ tratada como um elemento
capaz de aproximar e de facilitar a comunica??o
entre turistas e popula??o local. Este trabalho
procura precisamente contribuir para uma altera??o
desse estado de coisas.
A investiga??o trata especificamente de duas
culturas, da portuguesa e da brasileira, tendo
estas, uma longa rela??o hist¨®rica, desenvolvida
desde o processo de coloniza??o, e at¨¦ os dias de
hoje pela actividade tur¨ªstica, dentre outros. No
que toca a alimenta??o, pode-se encontrar muito
da heran?a portuguesa na cozinha brasileira.
Procurando contribuir, para este reconhecimento, o
estudo faz uma an¨¢lise geral destas duas cozinhas,
tendo em vista transformar esta hist¨®rica rela??o
em um produto de turismo cultural gastron¨®mico
direccionado especialmente ao turista portugu¨ºs.
2. Alimenta??o e turismo cultural
A alimenta??o diferencia-se em cada cultura,
condicionada por v¨¢rios aspectos, como o clima, o
solo, os produtos agr¨ªcolas, etc. Para al¨¦m disto, ¨¦
poss¨ªvel, atrav¨¦s da cozinha, reconhecer culturas,
religi?es, acontecimentos, ¨¦pocas, etc. (Reinhardt,
2002).
O uso da gastronomia como produto tur¨ªstico
¨¦ uma tend¨ºncia recente, e, assim como outros
produtos culturais, tem surgido para ¡°saciar a
sede¡± dos turistas que j¨¢ n?o apreciam com tanta
intensidade e de forma exclusiva o segmento de
sol e praia. Neste contexto, a gastronomia pode ser
desenvolvida como um produto principal, ou como
complementar, de um destino tur¨ªstico.
? nesta perspectiva que o turismo cultural e a
gastronomia, se cruzam, e ¨¦ nesta intercess?o que
quisemos situar este estudo, centrando-nos em dois
pa¨ªses, Portugal e Brasil, os quais possuem uma
rela??o hist¨®rico-cultural muito intensa, deixada
pela coloniza??o, para al¨¦m das rela??es intensas
contempor?neas.
Portugal ¨¦ o terceiro pa¨ªs mais emissor de
turistas para o Brasil (EMBRATUR, 2008). Contudo, a
concentra??o destes turistas, d¨¢-se em duas regi?es
em especial, a Regi?o Nordeste e a Regi?o Sudeste.
O foco deste trabalho consiste em compreender
e aprofundar a rela??o turismo e gastronomia entre
Brasil e Portugal, tomando como an¨¢lise a hist¨®ria
da alimenta??o de cada uma destas culturas, tendo
em conta a rela??o colonizador e colonizado.
3. A gastronomia portuguesa no Brasil
O portugu¨ºs foi quem mais contribui para a
forma??o da culin¨¢ria t¨ªpica brasileira. Assim, como
afirma Freire (1941), ¡°sem o portugu¨ºs n?o haveria
cozinha brasileira¡±. Cascudo (2004) ainda destaca
que ¡°o portugu¨ºs prestara duas contribui??es
supremas no dom¨ªnio do paladar: valorizara o sal
e revelara o a?¨²car aos africanos e amerabas do
Brasil¡±.
Trazendo um patrim¨®nio hist¨®rico da influ¨ºncia
Moura, e das rela??es que j¨¢ tinham com o Oriente
e a ?frica, a cozinha lusa trouxe para a col¨®nia uma
culin¨¢ria rica em temperos, sabores e produtos at¨¦
ent?o desconhecidos pelos que l¨¢ habitavam (Lima.
2005).
Na tentativa de reproduzir a cultura alimentar
europeia, os lusos trouxeram diversos produtos e
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animais que n?o existiam no Brasil. Por¨¦m, tamb¨¦m
adaptou os alimentos ofertados pelos tr¨®picos.
Dentre eles a principal substitui??o foi a do trigo
pela mandioca, que constitu¨ªa a principal base da
alimenta??o ind¨ªgena (Chagas, 2006).
Ainda a expans?o mar¨ªtimo-comercial proporcionou a Portugal levar para o Brasil v¨¢rios produtos
africanos e orientais, que se adaptaram muito bem
ao solo (Cascudo, 2004).
Para al¨¦m dos alimentos, o portugu¨ºs levou
¡°conhecimentos e pr¨¢ticas de cozinha e de produtos
que conhecera em outras culturas. Trouxeram
tamb¨¦m modos de temperar, preparar, confeccionar
e conservar alimentos¡± (Hamilton, 2005:65).
A matrona portuguesa aprimorou muitos pratos
ind¨ªgenas, criou doces, conservas com frutas e ra¨ªzes
da terra, vinho e licor de caju, castanha de caju no
lugar da am¨ºndoa, etc. (Dutra, 2005).
? na do?aria onde se desenvolve muito das
t¨¦cnicas da cozinha lusa. A planta??o da cana-dea?¨²car no s¨¦culo XVII foi factor respons¨¢vel pela
cria??o de muitos doces: ¡°¨¦ com o a?¨²car que se vai
notar a grande influ¨ºncia da cozinha portuguesa na
forma??o da culin¨¢ria brasileira (Miranda, 2005).
4. Culin¨¢ria t¨ªpica brasileira
O Brasil ¨¦ formado por cinco regi?es, Nordeste,
Norte, Sul, Centro-oeste e Sudeste (Goes, 2008).
A heran?a alimentar deixada em cada uma destas
regi?es se expressa de forma bastante diversificada,
proporcionando assim uma riqu¨ªssima culin¨¢ria.
Cada regi?o brasileira possui uma variada
culin¨¢ria: ¡°um pa¨ªs com as dimens?es continentais
como o Brasil, apresenta significativa diversidade
regional, derivada n?o apenas de seus aspectos
f¨ªsicos, mas tamb¨¦m de variadas condi??es hist¨®ricas
e de apropria??o e coloniza??o do territ¨®rio (Chagas,
2006).
Neste artigo, Far-se-¨¢ a seguir uma breve
apresenta??o sobre a culin¨¢ria t¨ªpica das duas
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regi?es em an¨¢lise na pesquisa: o Nordeste e o
Sudeste Brasileiro. O Nordeste ¨¦ composto por
nove estados, sendo eles: Alagoas, Bahia, Cear¨¢,
Maranh?o, Para¨ªba, Pernambuco, Piau¨ª, Sergipe e
Rio Grande do Norte. Nesta regi?o, a culin¨¢ria dos
estados ¨¦ menos diferenciada, excepto na Bahia
que apresenta uma culin¨¢ria rica em cor e fortes
sabores.
No Nordeste ¡°diferem-se marcadamente as
regi?es do sert?o e do litoral. A cozinha do sertanejo
nordestino ¨¦ considerada a mais isenta de influ¨ºncia
¨ªndia e negra, ou seja, a que mais se assemelha ¨¤
cozinha colonial portuguesa¡± (Flagiari, 2005:21). O
card¨¢pio do litoral nordestino ¨¦ marcado pelo uso de
peixes, camar?es frescos, feitos com coco, com pir?o,
em caldeiradas, peixadas, moqueca, dentre muitos
outros pratos (Bosisio, 2002).
Enquanto na culin¨¢ria baiana o destaque se
d¨¢ pelo uso do azeite-de-dend¨º e pelo abuso da
pimenta, os outros Estados usam, basicamente, na
sua dieta alimentar, o milho e a mandioca (Alzugaray
e Alzugaray, 1983).
Foi ainda nesta regi?o onde se desenvolveu grande
parte da do?aria brasileira, devido ¨¤ abund?ncia de
a?¨²car no per¨ªodo colonial, pois grande parte dos
engenhos se situavam no Nordeste.
A Regi?o Sudeste ¨¦ formada pelos Estados do
Esp¨ªrito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e S?o
Paulo. A cozinha que mais se destaca nesta regi?o
¨¦ a mineira, enquanto Estados cosmopolitas como
Rio de Janeiro e S?o Paulo n?o apresentam uma
culin¨¢ria arraigada ou com uma identidade muito
vincada (Fagliari, 2005).
No que se refere ao Rio de Janeiro n?o se pode
esquecer que ¨¦ a ¡°Feijoada¡± o prato t¨ªpico deste
Estado, tendo sido considerada s¨ªmbolo nacional.
Ainda ¨¦ poss¨ªvel encontrar, na cozinha carioca, fil¨¦
com fritas acompanhado com feij?o e arroz, caldo
verde, bacalhau a Gomes de S¨¢, entre muitos outros
pratos de diversas origens (Goes, 2008).
Na cozinha paulistana o prato que se destaca
¨¦ o cuscuz paulista. Com a mistura de tantas ra?as
em um s¨® lugar, S?o Paulo ¨¦ conhecido como um
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p¨®lo gastron¨®mico, onde se pode encontrar de tudo:
bacalhau e cozido dos portugueses, quibes e esfilhas
dos ¨¢rabes, polenta, macarr?o e pizza dos italianos,
sushi japon¨ºs, comida mineira e baiana, churrasco
ga¨²cho, virado paulista, cuscuz, churrasco, leitoa na
manilha (Goes, 2008).
5. Rotas tur¨ªsticas no Brasil e em Portugal
no ?mbito da gastronomia
As Rotas Gastron¨®micas em sua ess¨ºncia,
procuram envolver a hist¨®ria com culin¨¢ria t¨ªpica
local ou ainda tratar de um produto relevante
para o local. Em Portugal e no Brasil, pa¨ªses em
an¨¢lise nesta investiga??o, j¨¢ foram desenvolvidos
v¨¢rios tipos de Rotas Gastron¨®micas. Considerouse importante fazer um levantamento atrav¨¦s de
motores de busca na Internet, que proporcionou
encontrarmos uma diversidade de Rotas existentes
nos dois pa¨ªses.
As Rotas Gastron¨®micas em Portugal encontramse mais direccionadas para apreciar a rela??o da
paisagem com a gastronomia, ou ainda enfocando a
culin¨¢ria produzida por gera??es anteriores. Grande
parte das rotas gastron¨®micas portuguesas s?o
determinadas por datas espec¨ªficas, ou seja, n?o
s?o produto dispon¨ªvel por todo o ano, mas sazonal.
Em terras lusas percebe-se que grande parte das
Rotas de Turismo Gastron¨®mico se concentram na
produ??o de vinho.
No Brasil, encontra-se grande diversidade de
Rotas Gastron¨®micas, principalmente na regi?o Sul.
Neste Pa¨ªs, as Rotas Gastron¨®micas desenvolvidas,
est?o directamente ligadas a factos hist¨®ricos como:
o Brasil-Col¨®nia, ou ¨¤ influ¨ºncia de imigrantes, como
¨¦ o caso da Rota Estrada do Imigrante, que consiste
em resgatar a traject¨®ria do percurso realizado pelos
primeiros colonizadores da serra ga¨²cha, por volta
de 1870. Outra caracter¨ªstica encontrada ¨¦ que as
Rotas desenvolvidas, para cidades litor?neas, n?o
deixam de acrescentar o cen¨¢rio do mar, como ¨¦
o caso da Rota do Sol e da Moqueca no Estado do
Esp¨ªrito Santo.
Assim, os dois pa¨ªses desenvolvem o produto
¡°Rota Tur¨ªstica Gastron¨®mica¡± com algumas
diferen?as, tal como foi sublinhado. No final deste
levantamento entendemos que criar uma Rota que
envolva turismo, hist¨®ria e gastronomia, pode ser
um produto diferencial para o p¨²blico portugu¨ºs,
pois este n?o usufrui de um leque de Rotas
deste g¨¦nero. Por outro lado, o conceito de Rota
Gastron¨®mica com caracter¨ªsticas hist¨®rico-culturais,
n?o ¨¦ estranho aos brasileiros, pelo que n?o nos
parece que sua implementa??o se deparasse com
demasiadas dificuldades.
6. Metodologia e investiga??o
Este artigo ¨¦ parte de uma tese de Mestrado em
Gest?o e Planeamento em Turismo apresentada na
Universidade de Aveiro em Julho de 2009, assim n?o
podemos apresentar aqui toda a dimens?o dada ¨¤
metodologia usada neste estudo.
Definiu-se como m¨¦todo de recolha de dados, o
uso da t¨¦cnica de grupo focal. O grupo focal ¨¦ uma
entrevista baseada em uma discuss?o, que produz
um tipo particular de dados qualitativos gerados
pela interac??o de grupo (Berg, 2001).
O uso do Grupo Focal para esta investiga??o
justifica-se por termos como objectivo revelar
experi¨ºncias, opini?es e ideias relacionadas com
a experi¨ºncia com a gastronomia brasileira. Neste
contexto pretende-se que estes venham a constituir-se como dados importantes para a elabora??o da
¡°Rota Dos Portugueses¡±, em articula??o com a
revis?o bibliogr¨¢fica.
Na verdade, n?o ¨¦ prop¨®sito do grupo focal, criar
dados generaliz¨¢veis a todo o universo estudado.
Contudo, para o objectivo que propomos nesta
investiga??o, amostragens aleat¨®rias n?o s?o
necess¨¢rias. Por outro lado, ¨¦ importante empregar
estrat¨¦gias reflectidas e sistem¨¢ticas durante a
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decis?o da composi??o do grupo: os elementos
do grupo a constituir, devem ser escolhidos com
suportes te¨®ricos, para reflectir aqueles segmentos
da popula??o que ir?o fornecer as informa??es de
maior significado e pertinentes aos objectivos do
projecto (Berg, 2001).
Quanto ao n¨²mero de grupos, decidiu-se que se
faria o estudo em dois grupos, n¨²mero m¨ªnimo para
uso da t¨¦cnica de grupo focal (Krueger, 2000). Como
o nosso objectivo foi criar um produto de turismo
gastron¨®mico no Brasil, destacando a presen?a
da culin¨¢ria t¨ªpica portuguesa, decidiu-se recrutar
turistas portugueses que j¨¢ visitaram no Brasil, os
Estados da Bahia, Cear¨¢, Pernambuco, Rio Grande
do Norte, Rio De Janeiro e S?o Paulo, e constituindo
principais destinos destes turistas (EMBRATUR,
2008).
Antes de se fazer o recrutamento dos sujeitos,
definimos as vari¨¢veis cr¨ªticas ou cruciais para que se
gere o resultado desejado. Nesse sentido, decidiram-se como vari¨¢veis determinantes para a composi??o
do grupo o sexo (feminino e masculino), a idade (de
25 a 50 anos) e procurou-se diversidades ao n¨ªvel
das habilita??es acad¨¦micas, profiss?es e frequ¨ºncia
de viagem.
Para a condu??o de um grupo focal, ¨¦ necess¨¢ria
a participa??o de alguns colaboradores. Para
esta investiga??o pudemos assumir a fun??o
de moderador, operador de grava??o de ¨¢udio,
transcritor e digitador. Assim, ap¨®s a realiza??o
das entrevistas com os dois grupos, escolhemos o
m¨¦todo de an¨¢lise de conte¨²do para fazermos a
an¨¢lise dos dados.
A an¨¢lise de conte¨²do ¨¦ uma das formas de se
analisar dados resultantes de pesquisas qualitativas
nas Ci¨ºncias Sociais e Humanas. Para este tipo de
an¨¢lise, n?o se encontra um modelo a ser seguido e,
portanto, as regras s?o definidas pelo investigador,
de acordo com os objectivos determinados no
decorrer da pesquisa (Maykut e Morehouse, 1994).
O que se pode definir para uso geral nas an¨¢lises de
conte¨²do, s?o as etapas a serem seguidas: a pr¨¦-
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-an¨¢lise, a explora??o do material e o tratamento
dos resultados (Ferreira, 2006).
Inici¨¢mos a an¨¢lise de conte¨²do pela transcri??o
dos dados. O momento seguinte constituiu a leitura
das entrevistas, a qual fizemos da seguinte forma:
inicialmente, identificamos no texto as tem¨¢ticas
discutidas em cada momento. Ap¨®s identificar todas
as tem¨¢ticas abordadas, definiram-se as categorias
subjacentes aos discursos dos indiv¨ªduos, as quais
posteriormente serviram de base para a codifica??o
de toda a discuss?o (Guerra, 2008).
O passo seguinte desta an¨¢lise foi criar uma
sinopse das interven??es consideradas mais
importantes para a investiga??o. Por¨¦m, antes de
se criar a sinopse levou-se em conta que os dois
grupos formados, embora internamente de sujeitos
heterog¨¦neos, revelaram-se equivalentes, no que
respeita ¨¤s vari¨¢veis consideradas e as opini?es
globalmente expressas. Portanto, tal facto permitiu
que consider¨¢ssemos para efeito da an¨¢lise, os dois
grupos, como um s¨® (Guerra, 2008).
Assim a sinopse foi formada pelas interven??es
das duas reuni?es. De acordo com o quadro
sugerido por Guerra (2008), apresentamos a sinopse
desenvolvida com conte¨²dos de discuss?o para
cada uma das oito vari¨¢veis. Na primeira coluna,
apresentam-se as tem¨¢ticas abordadas durante
a discuss?o, na segunda coluna, apresentam-se
as categorias ou problem¨¢ticas que foram criadas
a partir da codifica??o dos dados obtidos nas
reuni?es.
Os sujeitos desta investiga??o mostram-se
interessados em participar de um produto como a
Rota Gastron¨®mica dos Portugueses, e t¨ºm apre?o
por pratos constitu¨ªdos de mariscos, por¨¦m, s?o
bastante exigentes no que toca ¨¤ qualidade de
confec??o dos alimentos.
Nesta categoria os sujeitos revelam que o
n¨²mero de dias de estada ¨¦ determinante para
participar de uma Rota Gastron¨®mica. No que toca
o ponto de confec??o dos alimentos, s?o bastante
exigentes e apresentam maior apet¨ºncia por pratos
a base de carnes vermelhas.
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