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DESENHOS ANIMADOS E O ENSINO DE QU?MICA: POSSIBILIDADES DE RECURSOS AUDIOVISUAIS

Cartoons and chemistry education: audiovisual resources possibilities

Eduardo Luiz Dias Cavalcanti

eldcquimica@.br Universidade de Bras?lia (UNB)

J?lia Neves Prates Serrano

julyneves02@ Universidade de Bras?lia (UNB)

RESUMO

A televis?o, num passado n?o muito distante, foi muito importante para todos por ser um dos poucos ve?culos de informa??o, a partir dela foi poss?vel transmitir conte?dos, not?cias e informa??es rapidamente, como n?o eram visto tempos atr?s. Com a evolu??o da tecnologia foi poss?vel ver a transforma??o da popula??o para uma em que a televis?o foi e ainda ? um dos principais meios de comunica??o e lazer. O desenho animado, que ? um programa bem recorrente em diversas redes de televis?o, tanto em canais abertos como fechados e at? mesmo em servi?os de streaming, faz parte, nos dias de hoje, do cotidiano da crian?a que faz desse momento uma forma de lazer e divers?o. Por?m, os desenhos mais recentes n?o querem apenas a divers?o e sim tamb?m uma forma de educa??o. Eles trazem diversos conte?dos que v?o de ci?ncias ? etiqueta e ajuda na socializa??o da crian?a. A partir de assuntos em comum uma crian?a ? capaz de se relacionar com outras, por meio de conversas sobre o desenho que assistiu, brincadeiras envolvendo o desenho preferido, entre outras. Com isso, os desenhos animados passam de vil?es da hist?ria para auxiliares na aprendizagem, que podem ser utilizados como ferramentas de ensino em escolas e diversas faixas et?rias. Assim, esse trabalho tem como objetivo estudar a influ?ncia dos desenhos animados na aprendizagem dos alunos sobre conceitos de qu?mica, mais especificamente o desenho Show da Luna, e ser? um estudo qualitativo de um Estudo de Caso, para tal, foram trabalhados dois epis?dios, discutindo com os alunos conceitos como densidade, massa e peso, foi passado um question?rio com perguntas sobre o conte?do dentro de tais epis?dios para que os estudantes pudessem mostrar se entenderam tais conceitos ou se ainda havia confus?o sobre os mesmos.

Palavras-chaves: Ensino de qu?mica. Televis?o. Desenho Animado.

ABSTRACT

Television, in the not too distant past, was very important for everyone because it was one of the few information vehicles, from which it was possible to transmit content, news and information quickly, as was not seen a long time ago. With the evolution of technology, it was possible to see the transformation of the population into one where television was and still is one of the main means of communication and leisure. The cartoon, which is a very recurring program on several television networks, both on open and closed channels and even on streaming services, is nowadays part of the daily life of children who make this moment a form of leisure and fun. However, the latest designs do not only want fun, but also a form of education. They bring various contents ranging from science to etiquette and help in socializing the child. Based on common issues, a child is able to relate to others, through conversations about the drawing he watched, games involving the preferred drawing, among others. With that, the cartoons go from villains of history to assist in learning, which can be used as teaching tools in schools and different age groups. This work aims to study the influence of cartoons on students' learning about chemistry concepts, more specifically the Show da Luna drawing, and it will be a qualitative study of a Case Study. For this purpose, two episodes were worked on, discussing with the students. Students concepts such as density, mass and weight, a questionnaire was given with questions about the content within such episodes so that students could show whether they understood such concepts or whether there was still confusion about them.

Keywords: Chemistry Teaching, Television, Cartoon

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INTRODU??O

A televis?o ? um dos meios de comunica??o mais antigos do mundo. No Brasil, ela apareceu na d?cada de 50 e desde ent?o vem sendo o meio de comunica??o que mais chama a aten??o, tanto dos estudiosos quanto dos telespectadores (SILVA JUNIOR E TREVISOL, 2009). Em meio a tantas transforma??es da sociedade, com o passar do tempo, veio junto a inova??o da tecnologia com o surgimento de diversos programas de televis?o, filmes, inclusive de desenhos animados. De acordo com Silva Junior e Trevisol (2009), nos anos 90, as crian?as se identificavam mais com a televis?o e faziam dela uma forma de jogo simb?lico, ou seja, faziam da televis?o uma forma de brincadeira. Os programas mais assistidos eram os desenhos animados, que al?m de estimular a vis?o, audi??o e reflexivos sobre as mensagens passadas, tamb?m envolviam diferentes contextos o que ajudavam na forma??o cr?tica do telespectador.

O ensino nos dias atuais e vem sofrendo uma s?rie de mudan?as para se adaptar ? realidade dos alunos. Em tempos passados os professores tinham um padr?o de aula e os alunos tinham que acompanhar essa did?tica (o que ocorre tamb?m atualmente). Recentemente o uso de estrat?gias e metodologias est?o mais presentes em sala de aula, os professores est?o cada vez mais atentos e preocupados com o mundo dos jovens e isso deve-se ao fato de o ensino e aprendizagem estarem acompanhando essa evolu??o e modifica??o (PIMENTA,1996). Para isso, algumas ferramentas s?o utilizadas para auxiliar no ensino, dentre elas: v?deos, jogos, m?sicas, desenhos, que a partir de estudos est?o se mostrando ?teis e favor?veis a aprendizagem dos alunos. Tais atividades s?o chamadas de atividades l?dicas e tem como finalidade atrelar o l?dico ao pedag?gico (Santana e Wartha 2006). Em muitos casos as atividades l?dicas a serem usadas em sala de aula, s?o vistas de forma negativa, como uma interfer?ncia no desenvolvimento pessoal e intelectual do aluno.

V?rios desenhos s?o de origem americana que costumam ter caracter?sticas especificas, como caricaturas, com cores chamativas, olhos grandes, cabe?a em maior propor??o em rela??o ao resto do corpo (MESQUITA, 2006). Para Mesquita (2006), os desenhos dos anos 2000 s?o mais modernos envolvendo inform?tica, jogos e tem como ferramenta o humor e intelig?ncia que relaciona com a vida dos jovens. Al?m da divers?o, o desenho tem um forte car?ter de mercado de consumo, tornando o espectador um cidad?ocliente, onde as crian?as e jovens s?o os mais f?ceis de chamar a aten??o.

O estudo sobre desenho animado se tornou atrativo para a ?rea da educa??o por trabalhar a parte l?dica do estudante. Dessa maneira, esse trabalho tem como objetivo analisar de que forma o desenho animado "Show da Luna" pode influenciar no aprendizado de Qu?mica e ou Ci?ncias dos alunos, a partir da exibi??o de epis?dios que abordem assuntos pertinentes ?s s?ries escolares em que ser? realizada a pesquisa.

De acordo com Mesquita e Soares (2008), a televis?o e outros meios de comunica??o retrata uma imagem distorcida dos cientistas, sobre o ponto de vista da ci?ncia. Trabalhar tal imagem torna-se importante e de acordo com Almeida, Castro e Cavalcanti (2014), essa possibilidade pode ser trabalhada por meio de linguagem ?udio visual como, por exemplo, v?deos produzidos por professores. Almeida, Castro e Cavalcanti (2014) mostra uma vis?o diferente por parte dos alunos pesquisados, sobre a import?ncia da ci?ncia e do cientista, a partir de v?deos exibidos em sala de aula.

No ensino de Qu?mica, o uso de atividades que explorem o l?dico vem se mostrando como uma alternativa, uma vez que os conte?dos de Qu?mica n?o s?o, muitas vezes, palp?veis e de f?cil percep??o e sim abstratos e que se deve utilizar muito a imagina??o, o que dificulta a compreens?o do aluno (ALMEIDA, CASTRO e CAVALCANTI 2014). Com esse recurso o professor passa a ser um mediador a partir da estrat?gia adotada e n?o apenas do recurso utilizado, passa a avaliar, observar e complementar o conhecimento adquirido pelos alunos, al?m de que ele deve ser capaz de adaptar os conte?dos e acompanhar esse crescimento da tecnologia e por fim o professor deve ter experi?ncia em sala de aula para que o ensino seja de qualidade (PIMENTA, 1996).

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No ?mbito social, a televis?o ainda tem um papel importante, tanto para divers?o quanto para informa??o, por meio de telejornais, filmes, desenhos ou at? mesmo servindo como tela para a utiliza??o de outros meios de comunica??o ou entretenimento como, assistir v?deos no YouTube nas smarts tvs ou assistir Netflix, entre outros. E por ter essa import?ncia e relev?ncia para o mundo atual, ela vem sendo uma possibilidade de utiliza??o como tecnologia (recurso tecnol?gico presente em salas de aulas) aparecendo atualmente em salas de reuni?es, sala de aulas, em defesas remotas na p?s-gradua??o, entre outras atividades.

A utiliza??o de tvs, smart tv e projetores para se trabalhar com v?deos devem ter o cuidado, pelo professor, ao selecionar certas atividades para serem utilizadas em sala de aula, visto que os alunos as vezes relacionam esse tipo de atividade com lazer, descanso e podem considerar a escola ou a sala de aula como lugar n?o s?rio, o que muda o objetivo da aula (MOR?N, 1995).

Existem v?rias maneiras de utilizar os recursos audiovisuais abordando algumas fun??es de interesse do professor, como o v?deo-aula (refor?o, investigativa), v?deomotivador, v?deo- apoio. O v?deo-aula de refor?o deve ser aplicado ap?s a explica??o do professor, como forma de fixa??o; o v?deo-aula investigativo seria passar um question?rio, pequena introdu??o relacionado ao conte?do a ser exibido, de forma que ap?s o recurso a aula possa ser retomada como sequ?ncia; o v?deo-motivador trabalharia com a aprendizagem posterior a exibi??o do recurso e por fim v?deo-apoio trabalha mais o visual, com imagens em movimento (ARROIO E GIORDAN, 2006).

Dentre todos os recursos audiovisuais presentes, os desenhos animados est?o em grande destaque na vida das pessoas, com grandes sagas desenvolvidas para adolescentes e adultos at? desenhos para faixa et?ria menor, com cunho pedag?gico e desenvolvidos por profissionais n?o s? das artes e designer, como tamb?m por pedagogos e psic?logos. Por exercer uma forte influ?ncia no p?blico principalmente infanto-juvenil, produtoras se especializaram em desenvolver materiais de car?ter educativo como, por exemplo, Show da Luna, Bob, o construtor, Cocoric? entre outros. De acordo com Mesquita (2006), eles podem ser divididos em duas vertentes, uma sendo os desenhos que usam os conceitos relativos a ci?ncias com o intuito de ensinar o telespectador e outro, os que n?o t?m liga??o com a educa??o, mesmo aparecendo alguns conceitos cient?ficos, s?o criativos e com fun??o unicamente de divertimento. Mesmo sendo desenvolvidos para faixa et?ria menor alguns desenhos s?o vistos por grande parte da popula??o, permeando uma cultura geek, presentes n?o s? mais no desenho animado, mas em roupas e acess?rios consumido por crian?as, jovens e at? adultos.

O desenho animado nem sempre tem o car?ter negativo para as crian?as, muitos deles s?o at? melhores do que alguns livros de leitura, para determinada instru??o, por exemplo, pois, ao assistir o desenho, a crian?a tem contato com um universo de cores, de m?sica, entona??o de voz e outros artif?cios pensados para que aquilo permane?a na lembran?a de quem assiste. Existem desenhos animados que despertam o lado criativo da crian?a a partir do momento que eles utilizam aspectos do desenho como forma de brincadeira com os colegas, por exemplo, brincar de super-her?i (Superman, Homem-Aranha, Hulk) que t?m que salvar a cidade, que al?m da criatividade, ajuda na socializa??o da crian?a com outras (MESQUITA, 2006). A televis?o contribui para a dissemina??o desses desenhos, ajuda na intera??o como outras crian?as, no falar, no cantar e dan?ar. Salientamos que o desenho pode ser assistido por outros meios como smartphones e tablets e que tamb?m os servi?os de streaming est?o ganhando muitos adeptos preferidos aos canais abertos e fechados de uma televis?o dom?stica. No entanto, mesmo com tais possibilidades de entretenimento a tv ainda ocupa lugar de destaque em nossas vidas.

A partir do momento que o professor se utiliza uma metodologia ativa como o recurso audiovisual, suas aulas podem mudar de aulas passivas, na qual h? transmiss?o do conhecimento para uma aula mais mediada, onde por meio do v?deo o professor pode mediar algumas discuss?es com seus alunos. Al?m de que ele deve pensar em um recurso que haja intera??o entre a proposta cultural da sociedade e a proposta cultural da sala de aula e trabalhar nessa intera??o para que haja uma contextualiza??o (ARROIO E GIORDAN, 2006), como por exemplo, se estiver trabalhando o assunto liga??es qu?micas no ensino m?dio,

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deve-se utilizar o v?deo ou qualquer outro recurso que relacione a qu?mica com a vida cotidiana deles dos estudantes.

METODOLOGIA

O trabalho tem como car?ter a pesquisa qualitativa que de acordo com Bogdan e Biklen (1994, apud Cavalcanti, 2011), ? uma pesquisa que tem o ambiente natural, a escola, como fonte de dados e que o pesquisador tem papel importante por considerar que os objetivos de pesquisa s?o compreendidos de forma abrangente e que est?o em constante mudan?a, al?m de, o qualitativo ter um teor descritivo incluindo entrevistas, fotografias, produ??o de v?deos amadores importantes em pesquisas com essas caracter?sticas. De acordo com Trivi?os (1987):

O ambiente, o contexto onde os indiv?duos realizam suas a??es e desenvolvem seu modo de vida, t?m import?ncia essencial na compreens?o mais clara de suas atividades, seja o campo de pesquisa uma sala de aula ou um grupo de pessoas n?o necessariamente em um ambiente educacional (TRIVI?OS, 1987, p. 63, apud CAVALVANTI, 2011).

Primeiramente, foram analisados alguns epis?dios do desenho "Show da Luna" para certificar quais epis?dios se adequavam ao conte?do pretendido pelos pesquisadores e escolheu-se os epis?dios para trabalhar em sala de aula. Foram selecionados dois epis?dios que tratam do mesmo conte?do de maneira diferente, s?o eles: Afunda ou flutua? e Subindo. Ent?o, foi feita uma an?lise detalhada e cr?tica de cada epis?dio, tendo em vista se os conceitos abordados est?o de acordo com os conceitos cient?ficos abordados em sala de aula pelo professor. A partir dessa an?lise, foi identificado no epis?dio "Subindo" um erro conceitual e, por isso, usou-se os dois epis?dios em conjunto para observar se os alunos s?o capazes de identificar esse erro presente no desenho, uma vez que ambos abordam o mesmo tema. Tamb?m, foram observados na pesquisa se o recurso pode ser utilizado como estrat?gia para constru??o do conhecimento, considerando a contextualiza??o, se esta ? coerente com o cotidiano deles, se a forma como o conte?do abordado no desenho se aproxima do conte?do da sala de aula.

Sendo assim, os epis?dios selecionados foram apresentados para duas turmas de 1? ano do Ensino M?dio de uma escola p?blica do Distrito Federal totalizando 61 estudantes. Foi pedido que os estudantes participantes da pesquisa respondessem um question?rio contendo tr?s quest?es, logo ap?s assistirem os epis?dios. Ap?s as respostas dos estudantes o professor selecionou algumas e discutiu com os alunos o conte?do de Densidade, Massa e Volume. Posteriormente foram analisadas todas as respostas a fim de entender como e se o desenho contribuiu para o entendimento dos conceitos, bem como analisar erros conceituais relacionados ? confus?o entre peso e densidade, a qual ser? apresentada a seguir.

RESULTADOS E DISCUSS?O

O primeiro epis?dio assistido conta a hist?ria da Luna, seu irm?o J?piter e seu animal de estima??o, Claudio, que durante uma brincadeira colocaram diversas frutas dentro de uma piscina, dentre elas uma melancia, uma ma?a, uma laranja e uma uva, a partir da? eles se perguntam o motivo de algumas frutas afundarem na ?gua, como foi o caso da uva e outras flutuarem, a melancia, por exemplo. J? o segundo epis?dio conta a hist?ria de bal?es de ar quente, onde a Luna, J?piter e alguns amigos est?o andando de bicicleta e durante o passeio eles notam que no c?u tem um bal?o. Quando a Luna e o J?piter voltaram para casa ficaramse perguntando como aquele bal?o voava. A sequ?ncia de transmiss?o dos epis?dios foi

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"Afunda ou flutua?"(epis?dio das frutas), o qual n?o h? erros conceituais, e em seguida o epis?dio "Subindo", este, por sua vez, existe erro.

Como as perguntas do question?rio s?o poucas e s?o sobre o conte?do de qu?mica envolvidos no desenho, para facilitar a compreens?o, decidimos colocar as perguntas na ?ntegra nos resultados e a partir delas tecer as discuss?es. Na figura 1, ? mostrada a primeira pergunta do question?rio realizado com os estudantes.

Figura 1 - Primeira quest?o do question?rio

Fonte: question?rio elaborado pelos autores

Nessa quest?o, a maioria dos alunos respondeu corretamente, sendo escolhida a alternativa Densidade, com exce??o de dois alunos, os quais escolheram outra alternativa. Esse epis?dio em quest?o estava bastante claro que as frutas afundavam ou flutuavam por causa da densidade, pois na pr?pria m?sica cantada no desenho tem uma parte especifica da letra que fala: " ... um objeto para afundar ou flutuar, esque?a seu tamanho e peso, embora pare?a estranho nada disso vai importar, o que importa ? a densidade e o que conta ? a densidade...", logo, pode-se inferir sobre as resposta desses dois alunos, ou eles n?o estavam prestando tanta aten??o no desenho, umas vez que no epis?dio fala diretamente que o importante ? a densidade, ou eles realmente tiveram uma concep??o alternativa sobre esse assunto.

Foram discutidos com os estudantes de duas turmas (A e B) na qual, na primeira todos os estudantes acertaram a quest?o, j? na turma B dois estudantes erraram a quest?o, como discutido anteriormente. Do total de 61 alunos somente 3,3% erraram a pergunta, mostrando que a contextualiza??o realizada no desenho ? acess?vel aos estudantes possibilitando seu entendimento.

A segunda pergunta do question?rio, mostrada na Figura 2, estava voltada para o segundo epis?dio assistido, "Subindo", onde a quest?o ? semelhante a primeira, mudando apenas os itens de escolha.

Figura 2 - Segunda quest?o do question?rio

Fonte: question?rio elaborado pelos autores

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Esse epis?dio tem como conceito central, tamb?m, densidade, por?m, em uma abordagem bastante diferente. O desenho trata de bal?es de ar quente com uma m?sica "... ? que fora do bal?o o ar ? frio e pesado; j? a parte dentro do bal?o ? leve e quente; t?o leve e t?o quente que levanta a gente...", a partir desse trecho pode-se observar uma contradi??o com o outro epis?dio, pois no primeiro diz que n?o h? rela??o entre peso, j? neste epis?dio diz que os bal?es sobem devido ao ar quente dentro deles ser mais leve que o ar de fora.

A maioria dos alunos n?o percebeu que algo estava errado mesmo tendo assistido o epis?dio anterior sobre densidade, inclusive mostrando que independia de a fruta ser pesada ou n?o. Foi percept?vel o n?o entendimento de acordo com as respostas deles para essa segunda quest?o, apenas quatro alunos (1 estudantes da turma A e 3 da turma B) responderam corretamente que o conte?do abordado era o mesmo do primeiro epis?dio, densidade. O restante, em sua grande maioria, marcou a op??o temperatura, o que pode ser explicado pelo fato de no pr?prio desenho, durante a explica??o, comentar sobre as temperaturas, dizendo que dentro o ar ? quente, se referindo ao ar no interior do bal?o, e fora o ar ? frio, se referindo ao ar no exterior do bal?o e a partir disso criou-se uma vis?o err?nea de que o bal?o sobe a depender exclusivamente da temperatura. Para essa quest?o temos somente 6,6% de acerto, mostrando uma vis?o equivocada de 93,4% dos estudantes, ou seja, a maioria das duas turmas n?o entendeu o conceito de densidade ou mesmo assistindo o desenho anterior n?o assimilaram o conceito corretamente e ao assistirem o segundo desenho, no qual enfatiza a quest?o da temperatura e do ar ser mais pesado, s?o induzidos a responderem erroneamente.

A terceira quest?o foi discursiva, ou seja, os alunos deveriam escrever sobre os conte?dos vistos nos dois epis?dios. A ideia era tentar perceber se realmente eles n?o tinham entendido o conceito abordado no desenho ou se o entretenimento do desenho ? capaz de induzir os estudantes a darem uma resposta equivocada. A quest?o correlacionava os dois epis?dios, e a partir das respostas dos alunos, percebe-se que os mesmos ficaram confusos sobre o tema abordado nos dois epis?dios, a seguir destacamos duas respostas (Figura 3).

Figura 3 ? Respostas dos estudantes sobre os dois epis?dios

Fonte: question?rio elaborado pelos autores

O fato de o ar quente levantar o bal?o por possuir temperatura elevada n?o est? completamente errado, pois o ar quente ? menos denso justamente por ele ter maior temperatura e consequentemente aumentar o volume ocupado por esse "ar", mas por ser abordado de forma que n?o mencione a densidade desses ares o torna errado, al?m de levar em conta o peso desse ar, dizendo que ? mais leve que o ar fora do bal?o.

Somente 1 estudante da turma B conseguiu perceber que os dois desenhos se tratavam do mesmo conte?do. Depois de assistido os desenhos e respondido o question?rio o professor perguntou a eles sobre as diferen?as entre os epis?dios para confrontar os conceitos apresentados nos desenhos e provocar assim, uma reflex?o nos alunos para perceberem que o epis?dio "subindo" tratava de um conceito equivocado.

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CONCLUS?O

Notamos que os desenhos animados t?m uma grande aceita??o por parte dos estudantes, ao anunciar que ir?amos trabalhar com desenhos nas aulas, todos ficaram bem animados, mostrando que a estrat?gia l?dica utilizada tem um apelo interessante.

Mostra que apesar dos desenhos animados estarem presentes no dia a dia dos estudantes, vistos na televis?o, celular ou computador, os mesmos podem tratar de assuntos cient?ficos errados e causar problemas na vida escolar desse estudante que assimila tal conceito errado.

Apresenta uma metodologia diferente (uso de desenhos animados) para o professor discutir um conte?do ou conceitos dentre de uma unidade did?tica em que ele pode verificar os erros conceituais dos seus estudantes de uma maneira diferente de provas e exames, mostra tamb?m que essa estrat?gia tem uma boa aceita??o e os estudantes n?o possuem problemas em se expor e participar da atividade.

Diferentemente de uma prova, na qual o estudante acerta ou erra, e, se erra raramente tem a chance de rever seus erros, com essa atividade os estudantes tiveram a oportunidade de rever seus erros. Mesmo sendo a maioria dos estudantes que n?o entenderam o conceito do epis?dio 2 e a rela??o com o primeiro a discuss?o do professor ajudou-os a entender porque os dois epis?dios tratavam do mesmo conceito.

Por fim, os desenhos animados est?o cada vez mais elaborados e profissionais multidisciplinares integram equipes que produzem tais desenhos, com consultorias de professionais da educa??o, sa?de, psic?logos entre outros, no entanto ainda percebemos erros conceituais em alguns epis?dios o que pode ser prejudiciais para quem assiste.

REFER?NCIAS

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