JOGOS ADAPTADOS PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL

 JOGOS ADAPTADOS PARA EDUCA??O ESPECIAL

RESUMO

Autora:Rosa Cruz Canavarolo1 Orientadora: Gizeli Aparecida Ribeiro de Alencar2

Enquanto recurso pedag?gico de apoio ? aprendizagem, os jogos s?o considerados por excel?ncia integradores, pois as limita??es f?sicas, cognitivas, lingu?sticas e perceptivas da crian?a com defici?ncia tendem a se tornarem uma barreira para o aprendizado. Sendo assim, acreditamos que desenvolver e disponibilizar jogos adaptados ? uma maneira concreta de minimizar as barreiras causadas pela defici?ncia e possibilitar a inser??o dessa crian?a em ambientes ricos para a aprendizagem, proporcionados por sua cultura. Assim sendo, este artigo tem por objetivo "analisar a concep??o que os professores que atuam em escola especializada t?m sobre jogos e como s?o utilizados no processo ensino/aprendizagem dos educandos com defici?ncia"; "conceituar jogos e sua correla??o com o processo de desenvolvimento" e; confeccionar, junto aos professores, jogos adaptados para atender as especificidades dos educandos com defici?ncia. Para tanto, nos fundamentamos em autores tais como: Elkonin (2009), Kishimoto (2011), Bomtempo e Hussein (1996), Broug?re (1995), Benjamin (2009), Vygotsky (1989), dentre outros. Os resultados evidenciaram que As concep??es dos sujeitos de pesquisa, antes da interven??o j? denotavam o reconhecimento dos jogos e das respectivas adapta??es como um dos recursos, dentre tantos outros, que contribuem para o processo de desenvolvimento do aluno, contudo, eram concep??es diminutas. As falas, durante a interven??o, nos levam a crer que mesmo tendo clareza dos benef?cios os sujeitos n?o efetivam adapta??es nos jogos, se restringindo a utilizar jogos industrializados, na maioria dos casos. Confeccionar os jogos com respaldo em fundamenta??o te?rica corroborou para que os sujeitos pensassem a realidade de sala de aula e das especificidades de seus alunos o que culminou com novas reflex?es sobre novas possibilidades de adapta??es.

Palavras- claves: Jogos Adaptados; Educa??o Especial; Ensino e Aprendizagem.

1 Professora e Especialista da Rede P?blica de Ensino do Estado do Paran?, em Educa??o

Especial na Escola "Vamos Caminhar Juntos. E-mail: rosacruz@seed..br 2 Professora Doutora na Universidade Estadual de Maring? (UEM). E-

mail:gizelialencar@

1 INTRODU??O

A pessoa com defici?ncia geralmente apresenta atrasos em seu desenvolvimento cognitivo e necessita de est?mulos para desenvolver suas habilidades cognitivas, motoras e sensoriais. Assim, acreditamos que se faz necess?rio a utiliza??o de materiais pedag?gicos concretos e estrat?gias metodol?gicas para que os educandos se apropriem dos conhecimentos historicamente constru?dos.

As dificuldades de aprendizagem de acordo com Bossa (2000, p 17) s?o classificadas de acordo com "as possibilidades de aprender e o desejo de aprender" As primeiras se correlacionam ?s condi??es f?sicas e ps?quicas da crian?a, enquanto a segunda, ? "[...] energia necess?ria ao bom funcionamento cognitivo".

No que diz respeito aos alunos com necessidades especiais uma das dificuldades encontradas diz respeito a n?o homogeneidade de uma mesma defici?ncia, pois cada crian?a apresenta dificuldades espec?ficas com interven??o distintas o que exige adapta??es e encaminhamentos tamb?m distintos.

Em se tratando do ambiente escolar, principalmente quando os alunos t?m defici?ncia, ? necess?rio que o professor compreenda e tenha clareza de que os jogos did?ticos e/ou educativos auxiliam no desenvolvimento social, psicol?gico e cognitivo e n?o somente como recrea??o.

Enquanto recurso pedag?gico de apoio ? aprendizagem, os jogos s?o considerados por excel?ncia integradores, pois as limita??es f?sicas, cognitivas, lingu?sticas e perceptivas da crian?a com defici?ncia tendem a se tornarem uma barreira para o aprendizado. Sendo assim, acreditamos que desenvolver e disponibilizar jogos adaptados ? uma maneira concreta de minimizar as barreiras causadas pela defici?ncia e possibilitar a inser??o dessa crian?a em ambientes ricos para a aprendizagem, proporcionados por sua cultura.

Autores como Guerra (1996) e Garganta (2000) pontuam que um dos m?todos mais eficientes na motiva??o dos alunos s?o os jogos adaptados, os quais contribuem para melhoria de aprendizagem, quando trabalhados de forma correta com os conte?dos cient?ficos ministrados, o que torna aprendizado mais din?micos, pois os alunos t?m a possibilidade de resolverem problemas, desenvolvendo o racioc?nio por meio de est?mulos e desafios.

Cremos que o fato de uma crian?a ter defici?ncia, n?o denota que o "outro" detenha o "poder" de lhe "completar" ou "assistir" na limita??o que apresenta e sim que a crian?a pode participar, sempre que poss?vel, na escolha daquilo que lhe for "assistir".

A decis?o de escolher um recurso tem dois lados, ou seja, deve auxiliar tanto o aluno quanto o professor. H? que se considerar, portanto, que essa delibera??o pode ser totalmente diferente em se tratando de dois alunos com a mesma defici?ncia, ou seja, para um a decis?o sobre o uso de um recurso/jogo pedag?gico pode recair sobre o ato de escrever, por exemplo e para outro, sobre o ato de ler.

A brincadeira e os jogos s?o imprescind?veis no desenvolvimento global da crian?a. tornando- se atividade de suma import?ncia no processo de ensino e na aprendizagem dos conte?dos cient?ficos, principalmente das crian?as que possuem defici?ncias e por conseguinte necessidades educativas especiais.

Assim sendo, indaga??es se fazem presentes: Os professores de Educa??o Especial utilizam jogos para ensinar os educandos? Qual a concep??o desses professores sobre o papel dos jogos no processo de desenvolvimento do educando com defici?ncia?

Mediante o exposto, o presente artigo tem como objetivo "analisar a concep??o que os professores que atuam em escola especializada t?m sobre jogos e como s?o utilizados no processo ensino/aprendizagem dos educandos com defici?ncia"; "conceituar jogos e sua correla??o com o processo de desenvolvimento" e; confeccionar, junto aos professores, jogos adaptados para atender as especificidades dos educandos com defici?ncia.

Para tanto, fundamentamo-nos em pesquisas bibliogr?ficas, a partir de publica??es sobre o assunto em documentos impressos e em sites, tais como livros, artigos e teses, no intuito de investigar e analisar estudos j? realizados sobre o tema apresentado, e na pesquisa de campo, por meio de entrevistas semi-estruturadas e interven??o culminado com confec??o de jogos adaptados.

As discuss?es te?ricas e implementa??o da pesquisa foi realizada na Escola "Vamos Caminhar Juntos", Educa??o Infantil e Ensino Fundamental na Modalidade Educa??o Especial" e as entrevistas foram realizadas com as professoras que atuam na escola. O encaminhamento did?tico do estudo est? organizado em cinco subitens. O primeiro exposto nessa parte inicial de forma introdut?ria, O segundo apresenta a fundamenta??o te?rica sobre jogos e na sua correla??o l?dica e

formativa buscando em diversos autores a base para as reflex?es. O terceiro descreve o percurso metodol?gico. No quarto subitem apresentamos os resultados desse estudo seguindo das considera??es finais.

Desta forma, ? essencial que o professor utilize estrat?gias de ensino que fa?am com que os alunos aprendam de forma significativa, mas para que isto seja poss?vel ? necess?rio o uso de recurso pedag?gico adaptado como ferramenta importante no processo de ensino/ aprendizagem de alunos com defici?ncia, deve ser utilizado de forma consciente e criativa, direcionando-os ?s necessidades de cada aluno, ampliando suas possibilidades no espa?o escolar. Para que a elabora??o do recurso pedag?gico adaptado atenda ?s necessidades dos educandos, ? imprescind?vel a parceria dos professores ajudando a confeccionar recurso pedag?gico adaptado para o processo de aprendizagem.

2 CONCEP??O DE JOGOS NA LITERATURA Como prenunciado na Declara??o Universal dos Direitos das Crian?as (ONU,

2013) estas dever?o deleitarem- se plenamente do jogo e das divers?es, as quais devem estar orientadas para finalidades perseguidas pela educa??o, em que sociedade e autoridade p?blicas dever?o deleitarem-se plenamente do jogo e das divers?es, as quais devem estar orientadas para finalidades perseguidas pela educa??o, em que sociedade e autoridades p?blicas dever?o se esfor?ar para promover o cumprimento desse direito.

O professor de acordo com Basto (2005) ? um respons?vel pelas adapta??es necess?rias ? aprendizagem, pois ? ele quem tem mais contato com o aluno e sua a??o deve considerar tr?s aspectos, sem deixar de levar em conta que cada aluno ? ?nico:

o objeto de estudo, envolvendo o conte?do a ser trabalhado com o aluno; (2) os processos de media??o, com ?nfase nos procedimentos que o professor deve usar para fazer o conte?do chegar at? o aluno o desejo de aprender conte?do chegar at? o aluno e (3) o perfil desejado do professor, visto idealmente como sedutor, capaz de despertar no aluno o desejo de aprender (BASTOS, 2005.p. 211)

Assim sendo o jogo segundo Elkonin (2009) pode ser empregado com diversos significados, de divertir, as acep??es empregadas podem ter sentido direto (fundamental) e por exemplo, a frase" jogar na bolsa" tem sentido figurado e jogar bridge tem sentido direto.

Kishimoto (2011), tamb?m comunga desta concep??o e afirma que definir a palavra jogo n?o ? tarefa simples.

Quando se pronuncia a palavra jogo cada um pode entend?-la de modo diferente. Pode estar falando de jogos pol?ticos, de adultos, crian?as, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar est?rias, brincar de "mam?e e filhinha", futebol, domin?, quebra-cabe?a, construir barquinho, brincar na areia e uma infinidade de outros. (KISHIMOTO, 2011, p.15).

De acordo com o contexto acima explicitado o jogo pode estar correlacionado com situa??es imagin?rias, regras padronizadas, representa??o mental, habilidade manual, dentre outras. Sup?e, dessa forma, uma rela??o ?ntima com a crian?a, pois estimula a representa??o, a express?o de imagens que d?o aspectos de realidade, podendo incorporar, um imagin?rio preexistente.

Autores como Bomtempo e Hussein (1996), Broug?re (1995), Kishimoto (1994), afirmam que as dificuldades em se definir termos n?o se restringem apenas ao "jogo", mas tamb?m aos termos "brinquedo" e "brincadeira", os quais variam conforme os estudiosos, as ?pocas e culturas em que s?o estudados.

Benjamin (2009), por exemplo, destaca que a brincadeira ? algo transformador, que expressa sentimentos e emo??es. Quando a crian?a brinca ? como se ela mergulhasse e permanecesse ali at? a gota final. Esse envolvimento ? algo enriquecedor para o seu desenvolvimento e aprendizagem.

Alencar et all (2008) referindo-se a Henriot pontua que o termo jogo, enquanto fen?meno l?dico possui v?rios significados em diferentes l?nguas e culturas. O jogo, por exemplo, na perspectiva antropol?gica, n?o s?o a??es observ?veis, mas a uma ideia, um conceito, que deve ser analisado por quem o emprega.

Broug?re (1998) compartilha dessa ideia e sugere cinco caracter?sticas para identifica??o da situa??o l?dica.

1? ? a brincadeira ? atividade que sup?e comunica??o meta cognitiva; 2? - o jogo est? inserido num sistema de regras, independente de quem brinca; 3? ? o jogo ? espa?o de decis?o; 4? - o jogo apresenta dissocia??o de consequ?ncias produzidas durante e pelo jogo; 5? ? espa?o de incerteza, em que finalidade e resultados s?o desconhecidos, incertos.

No que diz respeito ? concep??o de brincadeira, Broug?re (1995) afirma que esta ? concebida de acordo com a interpreta??o que a crian?a faz dos significados presentes no brinquedo.

Wallon (1981) desenvolveu teorias pedag?gicas que contribu?ram muito para a Educa??o, e dedicou-se ao estudo do desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor. Para ele o aspecto cognitivo est? ligado ao desenvolvimento do racioc?nio simb?lico e da linguagem. A afetividade ? uma forma de intera??o com o meio. O desenvolvimento motor ? um dos primeiros aspectos funcionais a se desenvolver e ? de fundamental import?ncia para a estrutura??o do pensamento. O autor pontua que por meio do jogo as crian?as buscam reproduzir a vida do adulto e descobrem o seu corpo no corpo do outro, buscando reciprocidade, principalmente por meio de seus pais.

Os jogos infantis, assim sendo, s?o classificados por Wallon (1981), em quatro categorias: jogos funcionais, jogos de fic??o, jogos de aquisi??o e jogos de fabrica??o.

Os jogos funcionais s?o os que buscam a explora??o dos movimentos corporais (movimentar os bra?os, tocar objetos, reproduzir sons, dentre outros, ou seja, a crian?a ao sentir prazer, passa a repeti-los in?meras vezes).

J? os jogos de fic??o, s?o os que envolvem o faz-de-conta. Aqui ? a imagina??o que impera. O jogo desenvolvido/praticado pela crian?a ? o da representa??o. Ela joga de representar de casinha, de professora, de m?dica, etc.

Os jogos de aquisi??o, por sua vez, envolvem a capacidade de escutar, de olhar, de compreender e de imitar. Dando in?cio a reprodu??o das can??es de ninar.

Nos jogos de fabrica??o, os jogos consistem em agrupamentos de objetos, improvisa??o e cria??o de novos brinquedos.

Com base nessas classifica??es, Wallon (1981), afirma que as crian?as por meio dos jogos formam o car?ter emocional, as rela??es sociais, fatores fundamentais para o desenvolvimento.

Rizzi; Haydt, (1986), pontuam que os autores Clapar?de e Groos adotam como crit?rio classificat?rio a fun??o, e dividem em duas grandes categorias, que comportam v?rias subdivis?es:

1- Jogos de experimenta??o ou jogos de fun??es gerais e Jogos de fun??es gerais:

1.1 Jogos sensoriais (assobio, gritos, etc.);

1.2 Jogos motores (bolas, corridas e outros); 1.3 Jogos afetivos (amor e sexo); 1.4 Jogos intelectuais (imagina??o e curiosidade) 1.5 Exerc?cios de vontade (sustentar uma posi??o dif?cil o tempo poss?vel). 2). Jogos de fun??es especiais: jogos de luta, jogos de persegui??o, jogos de cortesia, jogos de imita??o, jogos sociais e jogos familiares. Rizzi, (1986), coloca que a ideia de aplicar o jogo ? educa??o expandiu, a partir do movimento Escola Nova e da ado??o dos chamados "m?todos ativos", mas esta ideia, n?o e nova e nem recente, pois em 1632, Comenius terminou de escrever sua obra Did?tica Magna, na qual apresentava sua concep??o de educa??o. Ele pregava a utiliza??o de um m?todo" de acordo com a natureza" e recomendava a pr?tica de jogos, devido ao seu valor formativo. Friedman (1996), por sua vez, classifica os jogos como: Sociol?gico; Educacional; Psicol?gico; Antropol?gico e Folcl?rico. No aspecto sociol?gico considera-se a influencia do contexto social e dos diferentes grupos que brincam. No educacional o foco recai sobre a contribui??o do jogo para o desenvolvimento e aprendizagem. No psicol?gico o jogo ? utilizado com vistas ? compreens?o do funcionamento da psique, das emo??es e da personalidade. O antropol?gico, por sua vez, reflete a forma como cada sociedade, costumes e diferentes culturas v? o jogo. E, por fim, o folcl?rico em que o jogo ? analisado enquanto express?o da cultura infantil repassado de gera??o para gera??o. Para Friedman (1996), o jogo ?, portanto, fundamental na forma??o do ser humano e apresenta cinco dimens?es, de grande import?ncia, como elemento educacional tais como: 1. O desenvolvimento da linguagem: a linguagem ? uma forma de se comunicar e se expressar, um meio, portanto de interagir socialmente; 2. O desenvolvimento cognitivo: o jogo d? acesso a um maior n?mero de informa??es; 3. O desenvolvimento afetivo: o jogo d? oportunidade ? crian?a expressar seus afetos e emo??es; 4. O desenvolvimento fisco-motor: a intera??o da crian?a com a??es motoras, visuais, t?teis e auditivas sobre os objetos do seu meio ? essencial para o desenvolvimento integral;

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