A História do Cinema no Município de Balneário Camboriú/SC

Intercom ? Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica??o

XI Congresso de Ci?ncias da Comunica??o na Regi?o Sul ? Novo Hamburgo ? RS 17 a 19 de maio de 2010

A Hist?ria do Cinema no Munic?pio de Balne?rio Cambori?/SC1

Juliana LINSMEIER2 UNIVALI, Universidade do Vale do Itaja?, SC

Rafael Jose BONA3 FURB, Universidade Regional de Blumenau, SC UNIVALI, Universidade do Vale do Itaja?, SC

RESUMO

Este artigo tem o objetivo de apresentar fragmentos de uma pesquisa sobre a hist?ria do cinema na cidade de Balne?rio Cambori? em Santa Catarina. Durante a pesquisa de campo foram estudados e tratados documentos, depoimentos e fotografias relacionadas ao cinema do munic?pio. A import?ncia desta pesquisa se justifica pelo fato de n?o haver bibliografia sobre o assunto. Nas pesquisas de revis?o bibliogr?fica foram encontrados poucos trabalhos que se referem ao cinema catarinense e ela se torna importante por ser precursora nesta regi?o. Parte das informa??es aqui apresentadas s?o fundamentadas em Delatorre (2009), da fam?lia dos pioneiros do cinema na cidade. Este estudo n?o pretende esgotar o assunto, mas sim, incentivar mais estudos voltados para o cinema na regi?o litor?nea do estado de Santa Catarina.

Palavras-chave: Cinema Catarinense; Hist?ria; Balne?rio Cambori?; Comunica??o Regional.

1. Introdu??o

Durante muitos anos o cinema, em v?rias partes do mundo, era um dos poucos meios de entretimento das pessoas. Muitos romances, hist?rias e casamentos surgiram do aconchego das salas dos cinemas. Com a chegada da televis?o em muitos lares, o cinema passou a enfrentar problemas pela queda de p?blico. Em todo o Brasil, assim como em Santa Catarina, muitos cinemas foram fechados ou destru?dos com o passar do tempo. A televis?o e o v?deo cassete deram espa?o para uma nova forma de se assistir filmes.

1 Trabalho apresentado no IJ 7 ? Comunica??o, Espa?o e Cidadania do XI Congresso de Ci?ncias da Comunica??o na Regi?o Sul realizado de 17 a 19 de maio de 2010. 2 Acad?mica do Curso de Publicidade e Propaganda da UNIVALI (Universidade do Vale do Itaja?). Bolsista do Artigo 170 UNIVALI/Governo do Estado de Santa Catarina ? 2009/2010. 3 Mestre em Educa??o (FURB), Especialista em Cinema (UTP) e Fotografia (UNIVALI), Graduado em Publicidade e Propaganda (FURB). Docente do curso de gradua??o em Comunica??o Social: Publicidade e Propaganda da UNIVALI, FURB e ASSEVIM. E-mail: bonafilm@.br

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Essa realidade j? foi retratada no filme italiano Cinema Paradiso (1988) de Giuseppe Tornatore. O filme mostra a ascens?o e a queda do cinema de uma cidade interiorana; conta a hist?ria de pessoas que l? viveram e se emocionaram com o Cinema Paradiso. No final da pel?cula a personagem principal volta a entrar no Cinema, j? abandonado e em decad?ncia, no qual s?o mostrados cartazes de filmes er?ticos (mostrando os ?ltimos que foram exibidos no local). Ou seja, demonstrando a chegada dos filmes com apelos er?ticos para atrair mais p?blico. Algo que mexeu na cultura cinematogr?fica tamb?m no Brasil nos anos 1970, com a entrada da pornochanchada. O cinema da cidade de Balne?rio Cambori? n?o deixou de ser diferente, haja vista que muitas informa??es foram perdidas com o tempo. A presente pesquisa pretende registrar a hist?ria do cinema4 na cidade Balne?rio Cambori? por meio de entrevistas, fotografias, an?lise de documentos com informa??es que sejam relevantes para come?ar a construir uma hist?ria esquecida no tempo. Pelo fato de o Vale do Itaja? ser o ber?o do cinema catarinense (KORMANN, 1996) parte das informa??es sobre Hist?ria e Cinema no estado diz respeito ? cidade de Blumenau. N?o h? muita informa??o sobre as cidades litor?neas.

2. Metodologia da pesquisa

Esta pesquisa se classifica como documental e bibliogr?fica, que, de acordo com Medeiros (2006) fez levantamentos de documentos e dados importantes sobre o tema. Fez-se uso tamb?m de entrevistas que se levou a ter uma observa??o direta intensiva. Esta pesquisa se dividiu em tr?s etapas. A primeira etapa, portanto, se deu com a pesquisa bibliogr?fica e documental, que definidas por Medeiros (2006) se trataram do recolhimento de dados sobre as origens do cinema em Santa Catarina. As obras mais relevantes foram observadas, analisadas e fichadas para que se pudesse tecer um texto sobre o assunto que facilitou como guia at? chegar ao objeto de estudo. A segunda etapa foi a pesquisa de campo na qual se fez visita aos ?rg?os ligados ? cultura de Balne?rio Cambori?, visita aos antigos e atuais cinemas da cidade nos quais foram recolhidos documentos, entrevistas e textos relacionados ao tema para que em seguida se entrasse na etapa final do trabalho. A terceira etapa se concentrou em fazer uma an?lise dos

4 Nesta pesquisa, quando se ao "cinema" quer-se dizer ?s salas de exibi??o e aos filmes feitos em pel?cula.

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dados coletados e foram verificados quais os mais significativos para compor o texto do trabalho.

2.1 O cinema em Santa Catarina

As exibi??es cinematogr?ficas no Estado deram in?cio em meados do s?culo XX, com proje??es de cinemat?grafos itinerantes, tanto em Florian?polis como no Vale do Itaja?. Santa Catarina acompanhava a pleno vapor as estr?ias que percorriam o Brasil (PIRES, DEPIZZOLATI e ARA?JO, 1987). N?o h? uma verdade absoluta sobre qual foi a cidade que realizou as primeiras exibi??es e produ??es de cinema em Santa Catarina. As produ??es pioneiras no Estado continham basicamente cenas documentais, com vistas do Vale do Itaja? e cidades pr?ximas. Outra produ??o foi datada em 1914, referente ao document?rio As for?as Expedicion?rias no Sul. Sabe-se tamb?m que h? filmagens sobre a Guerra do Contestado (PIRES, DEPIZZOLATI e ARA?JO, 1987). Ap?s o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), um grupo de jovens deu in?cio ao movimento "Grupo Sul" e trouxe ? Florian?polis uma diversidade cultural no meio liter?rio e art?stico. Em fins da d?cada de 1940 fundaram o primeiro Clube de Cinema do Estado, onde faziam interc?mbio de filmes com outros cineclubes do Brasil, al?m de exibirem os maiores filmes do cinema mundial. A presid?ncia foi ocupada primordialmente por Armando Carreir?o, que posteriormente produziu o primeiro filme de fic??o de Santa Catarina, com dire??o de Nilton Nascimento, chamado O Pre?o da Ilus?o. O longa-metragem norteou entre a representa??o realista e a apresenta??o da fantasia quando p?s em contraponto duas hist?rias distintas, a de uma garota candidata ? rainha do ver?o e a de um grupo de meninos que saiu ?s ruas a fim de tentar fazer um boi-de-mam?o, ambos atr?s de um sonho, dentro da cultura convencional florianopolitana. O filme estreou em 18 de Setembro de 1958, um ano depois das filmagens. Apenas tr?s c?pias foram feitas, mas hoje s? existe a pel?cula dos sete minutos finais do filme, onde aparecem cenas da antiga Florian?polis e ? encontrada na Cinemateca Brasileira (SP)5.

5 Informa??es extra?das do document?rio Modernos do Sul. 3

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O blumenauense Sylvio Back foi diretor de Cruz e Sousa, o poeta do Desterro, produzido na capital em 1998. A pel?cula apresenta uma biografia de Jo?o da Cruz e Souza (1861-1898), considerado o maior poeta negro da l?ngua portuguesa. Outro longa-metragem em 35mm ? o document?rio Seo Chico ? Um Retrato (2004), de Jos? Rafael Mamigonian. Um registro sobre a vida do campon?s catarinense Francisco Thomaz dos Santos, assassinado em 1996, ano em que as filmagens deram in?cio, a princ?pio se tornaria um curta-metragem, mas Jos? Rafael Mamigonian guardou o material e em 2004 lan?ou o filme6.

3. O cinema em Balne?rio Cambori?

Balne?rio Cambori? ? um munic?pio catarinense com aproximadamente 94.344 mil habitantes e bastante conhecido por sua cultura tur?stica (IBGE, 2009). Consta no s?tio IBGE, que o ano de 1758 marca o in?cio do seu povoamento, quando fam?lias de Porto Belo se deslocaram para o territ?rio ent?o conhecido como Nossa Senhora do Bonsucesso e, posteriormente Barra. Visto que o solo era f?rtil e as condi??es clim?ticas privilegiadas, outras fam?lias de origem europ?ia que j? haviam ocupado as redondezas aos poucos foram se estabelecendo no local. Antes mesmo da emancipa??o pol?tica administrativa de Balne?rio Cambori?, datada no dia 08 de abril de 1964, Eduardo Delatorre (Figura 01) firmou resid?ncia no ano de 1958. Seus feitos dedicados ao cinema na localidade exprimem a hist?ria do pr?prio munic?pio. Eduardo Delatorre nasceu em 10 de abril de 1924, filho de Francisco Delatorre Filho e de Matilde Volpi Delatorre, em Viadutos (RS). Casado em 04 de outubro de 1944 com Nair Galafassi Delatorre, com quem teve seus quatro filhos: Fernando Humberto Delatorre, Ricardo Amilcar Delatorre, Arlene Delatorre e Alexandre Delatorre. Em 1949, tendo se mudado com sua fam?lia para a cidade de Tangar?, Delatorre prestou servi?os como vereador e escriv?o da paz. L? viveram at? 1958, ano em que se deslocaram para Balne?rio Cambori? e permaneceram como residentes. Delatorre marcou ?poca na hist?ria de Balne?rio Cambori? com sua expressiva manifesta??o para que essa fosse desmembrada do munic?pio de Cambori?, conquista adquirida em 1964. O jovem contador foi tamb?m o pioneiro da constru??o civil ao erguer o primeiro pr?dio

6 Informa??es extra?das do S?tio .br Acessos intermedi?rios em 2009.

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de apartamentos que levou o nome de sua filha: Edif?cio Arlene. Decorrente a isso, a constru??o de outro edif?cio, de nome Atl?ntico, considerado at? ent?o, o edif?cio de maior altura da cidade. Nos anos seguintes, Eduardo Delatorre foi tamb?m empreendedor do Hotel Ilha da Madeira (DELATORRE, 2009).

Figura 01: Imagem do pioneiro de cinema Eduardo Delatorre. Fonte: Fernando Humberto Delatorre. (2009) Aos 43 anos, Eduardo Delatorre concebeu a primeira casa cinematogr?fica de Balne?rio Cambori?, nomeada Cinerama Delatorre (Figura 02) e situada na Avenida Brasil n?mero 1695; sua inaugura??o se deu em 05 de setembro de 1967.

Figura 02: Fachada do Cinerama Delatorre. Fonte: Fernando Humberto Delatorre. (2009)

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