BOLETIM DO GRUPO DE LISBOA )) - Francisco Queiroz

[Pages:17]'?MERO DEDICADO A AM?UA RODRIGUt;S

BOLETIM DO GRUPO

(~IGOS DE LISBOA ))

II S?RIE - N.o 13 - JULHO/DEZEMBRO 2000

CANTEIROS DE LISBOA: CONSTRUTORES DO CEMIT?RIO ROM?NTICO

J. Francisco F. Queiroz

Q S?CUIO XIX foi o s?culo das artes e da ind?stria. E ? nos cemit?rios portugueses que encontramos das melhores obras de artes aplicadas dessa ?poca, n?o s? em ferro ou em cer?mica, mas sobretudo em cantaria.

Os preconceitos da v?ria bibliografia que se refere ? arte do s?culo XIX levaram ? grande enfatiza??o dos arquitectos e engenheiros em detrimento dos construtores. E, no s?culo XIX, existiram construtores de grande qualidade e capacidade, com forma??o em ornato e em t?cnicas art?sticas aplicadas, que podiam realizar belos monumentos funer?rios sem a interven??o de qualquer arquitecto ou engenheiro. Estes ?ltimos intervinham sobretudo nas obras mais eruditas, n?o necessariamente as mais virtuosas ao n?vel da qualidade da constru??o e do ornato.

Na sequ?ncia do nosso anterior artigo publicado no n.? 11 de "Olisipo" (A influ?ncia dos cemit?rios de Lisboa na arte funer?ria oitocentista em Portuga~, optamos por escrever mais este contributo precisamente porque os antigos canteiros de Lisboa continuam injustamente esquecidos na nossa Hist?ria da Arte'. Este, por?m, ter? de ser um breve contributo, face ? quase inexist?ncia de bi-

bliografia sistematizada sobre o terna'.

OS PRIMEIROS CONSTRUTORES DO CEMIT?RIO ROM?NTICO

Para a ?poca de constru??o dos pri- : meiros monumentos nos cemit?rios lis-

boetas ? ainda dif?cil ter uma ideia bem definida de quais as oficinas especializadas neste tipo de trabalho em Lisboa , j? que os monumentos dessa ?poca n?o possuem ep?grafes dos construtores. Por outro lado, n?o existem tamb?m projectos para a constru??o desses monumentos . Por?m, sabemos que desde a d?cada de 1840 existiam algumas oficinas em Lisboa que se dedicavam com cada vez maior regularidade ? constru??o de t?mulos.

Tomemos como primeiro exemplo o escultor Fidele Baldi, cuja oficina construiu alguns dos monumentos mais antigos no Cemit?rio dos Prazeres. Foi , ali?s, o autor do monumento ao c?lebre jurisconsulto Jos? Ferreira Borges , bem como de outros monumentos, dos mais antigos erigidos no Cemit?rio da Lapa, no Porto (fig. 1). A oficina Baldi continuou com a sua vi?va e, de certo modo , com os Sales. O canteiro Francisco Sales, por exemplo , tem actividade referenciada em 1845 3. Por?m, foi Germano Jos? de Sales quem mais se distinguiu na ?rea das cantarias art?sticas , ? frente de uma oficina que iria sobreviver mesmo para l? da morte do pr?prio mestre, em 22 de Setembro de 1902.

J? na Exposi??o Universal de 1851, Germano Sales apresentou v?rios m?rmores nacionais , tendo sido premiado. Obteve tamb?m outros pr?mios em exposi??es internacionais posteriores. As principais oficinas e escrit?rio da firma Sales situavam-se na Rua do Arsenal , 134 a 136. Por?m , existiram tamb?m depend?ncias na esquina da Travessa do

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tamb?m produzido trabalhos de ornato para importantes t?mulos dos cemit?rios de Lisboa , nomeadamente para o fabuloso mausol?u Palmela . Podemos encontrar igualmente obras da oficina Sales nos cemit?rios da Lapa, Santar?m Conchada (Coimbra) , Ovar, Set?bal, Co~ vilh?, Beja, Braga, Tavira, Castelo Branco , Fund?o (do Conde de Idanha-a-Nova) , e v?rios outros , para al?m de in?meras obras nos cemit?rios de Lisboa (fig. 2). Germano Jos? de Sales foi tam-

Fig. 1: Detalhe do monumento a Jos? Ferreira Borges. cujo busto foi passado ao m?rmore por Fioete Baldi (Cemit?rio da Lapa. 1839)

Cotovelo, 1 a 7 e na Cal?ada do Ferragial , 1 a 5. Numa ?poca mais tardia ? tamb?m apontada outra oficina na Avenida 24 de Julho.

Sabemos que , em 1888 , Germano Jos? de Sales possu?a lavras em Montes Claros , Borba , Sta . Cruz do Tojal , Arr?bida , Cascais , Mem Martins e P?ro Pinheiro . Na d?cada de 1890 , o complexo oficinal de lavra, serragem e aparelhamento de m?rmores passou a ser tamb?m dirigido em conjunto com os filhos de Germano Sales . S?o nesta ?poca referenciados dep?sitos em Pa?o de Arcos e em P?ro Pinheiro.

A oficina Sales realizou grandes obras de cantaria em Portugal (como o monumento a D. Pedro IV, no Rossio), tendo

Fig. 2: Detalhe de um anjo, que coroa o jazigo-

-capela n." 414 do Alto de S. Jo?o. constru?do pela oficina Sales

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b?m fornecedor de pedra para outros canteiros nacionais sem acesso directo ?s pedreiras de m?rmore , sobretudo os do norte do pa?s.

No in?cio do s?culo XX, as oficinas Sales passaram para a sociedade A. Ribeiro & Silva, a qual ainda chegou a construir monumentos funer?rios , embora nunca tivesse verdadeiramente florescido.

Mas o canteiro mais marcante na primeira fase da constru??o de monumentos funer?rios nos cemit?rios de Lisboa fo i Ant?nio Morei ra Rato (1818-1903) , que veio a dar origem a uma verdadeira concentra??o empresarial familiar na ?rea da pedra (fig. 3).

A sua oficina dever? ter iniciado a actividade por volta de 1840, na Rua do

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I. Fig. 3 : Detalhe do projecto para o jazigo de

fam ?l ia de Ant?nio Moreira Rato (in ?cios do s?culo XX).

Corpo Santo ' . S?o posteriormente referenciadas oficinas suas no P?tio das Duas Campainhas e na Travessa da Assun??o , 105, bem como um escrit?rio na Rua Nova do Carvalho, 21 e 23. Na d?cada de 1860 j? teria a oficina na Avenida 24 de Julho , 298 a 3045 , que se manteve nas d?cadas seguintes como a oficina principal , embora tamb?m nos surja a refer?ncia posterior a uma oficina sua na Rua do Crucifixo , 84 . Em finais da d?cada de 1870 , Ant?nio Moreira Rato dirigia j? a oficina em conjunto com os seus filhos .

Ant?nio Moreira Rato foi um dos mais activos canteiros de Lisboa e um dos maiores exploradores de pedreiras nos arredores da cap ital. Em 1888, dada a t?o grande quantidade de objectos apresentados na Exposi??o das Ind?strias Fabris desse ano , a oficina publicou mesmo um cat?logo especial. Em 1889, a oficina de serragem de m?rmores empregava um motor de 8cv e 4 serras , de 25 l?minas cada uma. Serrava lioz, m?rmores de Sintra e , em alguns casos , tamb?m serrava m?rmores vindos de It?lia.

A of icina de Ant?n io Moreira Rato construiu (e reconstruiu) alguns dos mais importantes monumentos do Portugal rom?ntico , quer em cemit?rios, quer fora deles . Referenciem-se as obras do Pal?cio da Ajuda , do Pal?cio de Bel?m , a Esta??o de Santa Apol?nia, o chafariz d? Passeio P?blico de Beja (1884), as est?tuas dos ap?stolos no portal principal do Mosteiro da Batalha , entre muitos outros exemplos", Em termos de cemit?rios, encontramos obras desta oficina em Set?bal , em Leiria (capela dos Viscondes de S. Sebasti?o) , em Beja (dos Viscondes da Boa Vista) e em muitos outros cemit?rios , para al?m dos de Lisboa .

A oficina de Ant?nio Moreira Rato participou com sucesso em v?rias exposi??es nacionais e internacionais. A notar as recompensas obtidas nas exposi??es de Paris dos anos de 1878 (medalha de bronze), 1879 (de prata) e 1900 (de ouro)'.

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A IDADE DE OURO DAS OFICINAS LISBOETAS DE CANTARIA

o panorama das oficinas de cantaria

de m?rmore ampliou-se muito em finais da d?cada de 1850, gra?as sobretudo ? generaliza??o da arte funer?ria e da necess idade de constru??o do cem it?rio rom?nt ico. ? nesta ?poca que surgem bastantes oficinas de relevo em Lisboa. Referenciemos as mais importantes.

Comecemos pela oficina de Augusto Alves Loureiro, que j? existia no in?cio da d?cada de 1850. Localizou-se na Rua do Trombeta, 4, embora na d?cada de 1880 tenha ainda passado pela Cal?ada do Moinho de Vento, 37, antes de encerrar ainda nessa d?cada. Augusto Alves Loureiro foi um canteiro h?bil, que ganhou alguma fama na prov?ncia por ter constru?do o pedestal do mausol?u do Conde das Antas (fig. 4). Encontramos monumentos constru?dos pela sua oficina nos v?rios cemit?rios de Lisboa e ainda nos cemit?rios de Set?bal, Lapa (capela do Bar?o de Santos), Santar?m, Penafiel e outros.

Da mesma gera??o era o canteiro Manuel Lu?s Caetano , um dos mais capazes canteiros da sua ?poca , autor de v?rios dos mais not?veis monumentos rom?nticos erigidos nos Prazeres e no Alto de S. Jo?o . Teve oficina na Rua do Arco do Limoeiro , 32-34 , no Largo do Caldas, 4, na Rua de S. Jo?o da Pra?a, 110-112 e no Largo de S. Martinho. A oficina cont inuou com administra??o da sua vi?va e filhos , a partir de finais da d?cada de 1870 , no Largo de Sto. Ant?nio ? S?, 19. Posteriormente desmembrou-se , tendo o seu filho Ant?n io Luiz Caetano continuado a actividade por mais algum tempo . Da oficina Caetano encontramos monumentos nos cemit?rios de Castelo Branco , Conchada , Viseu, Tomar, Faro, etc.

A oficina de S?rgio Augusto de Barros fo i fundada em 1862 e tornou-se uma das mais activas de Lisboa. Manteve-se sempre no mesmo local, na Rua do Ferragial de Cima, 16 a 188? Na d?cada de 1890 e at? aos primeiros anos do s?culo XX, a oficina passou ? firma Vi?va de

Fig. 4: Detalhe do excelente trabalho de cantaria no pedestal do mausol?u do Conde das Antas (Cemit?rio dos Prazeres, 1856)

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S?rgio Augusto de Barros e, logo depois, ? firma S?rgio Augusto de Barros & C? (Vi?va). O Inqu?rito Industrial de 1890 refere esta ?ltima forma, indicando tamb?m uma oficina na Rua Direita de Pa?o de Arcos, em Oeiras. A sociedade possu?a ainda duas oficinas de serragem de m?rmores. Uma em Goil?o (Oeiras) , com 4 serras de 25 l?minas cada e uma roda hidr?ulica e outra em Barcarena. Possu?a tamb?m lavra de pedra em Figueirinha (Oeiras), funcionando 150 dias por. ano, com 5 oper?rios. S?o muitos os monumentos desta oficina em v?rios cemit?rios nacionais: Castelo Branco, Beja (do Visconde da Corte), Faro ou Figueira da Foz, entre outros.

A oficina de Severiano Jo?o de Abreu foi fundada em 1855 e situou-se sempre na Cal?ada do Combro, 86 a 94 (aos Paulistas). Em 1888 nela trabalhavam 6 oper?rios e 4 aprendizes. Apesar de n?o ter sido uma oficina muito grande, construiu imensos monumentos nos cemit?rios de Lisboa (fig . 5). Encontramos tamb?m monumentos desta oficina nos cemit?rios de Set?bal, Arcos de Valdevez, Lous?, Castelo Branco, Santar?m, \I. N. Famalic?o (do Bar?o de Joane), Conchada, Viseu e outros. Severiano Jo?o de Abreu faleceu em 23 de Dezembro de 1893, tendo sido sepultado num interessante t?mulo logo ? entrada dos Prazeres, que ostenta os seus s?mbolos profissionais (jazi?o n.? 1548).

Tamb ?m nesta ?poca estiveram em grande actividade as oficinas de Joaquim Antun es dos Santos (que abordaremos adiante), de Fortunato J. da Silva (na Rua Nova da Palma, 118) e de Jo?o J. Carlos .

Da mesma ?poca ser?o tamb?m as oficinas de Jos? Ces?rio de Sales e de Jos? Moreira Rato, que seriam provavelmente anteriores canteiros das referenciadas oficinas de Germano Jos? de Sales e de Ant?nio Moreira Rato, respectivamente.

Conhecemos poucas obras da oficina de Jos? Ces?rio de Sales em cemit?rios nacionais. Contudo, a oficina de Jos?

Fig. 5: detalhe de uma coroa f?nebre sa?da da oficina de Severiano J. de Abreu (Cemit?rio do Alto de S. Jo?o, 1876).

Moreira Rato construiu bastantes monumentos funer?rios em cemit?rios de Lisboa, Santar?m, Alcoba?a, Set?bal, Beja, Tomar, Faro, Viseu , Figueira da Foz , Tavira, Olh?o, etc. A oficina de Jos? Moreira Rato situou-se na Travessa do Corpo Santo, 28 a 33 e tamb?m na Rua Nova do Carvalho, 1 a 5. Por volta de 1885 passou a ter uma outra oficina na Avenida 24 de Julho (fig. 6).

AS EP?GRAFES E A ACTIVIDADE DAS OFICINAS NOS FINAIS DO S?CULO XIX

Em geral, a ep?grafe dos construtores era uma forma de publicidade. Esta s? seria necess?ria numa altura em que, por um lado, come?assem a surgir insistentemente encomendas e, por outro , come?assem a surgir outras oficinas concorrentes. Assim se compreende que, numa primeira fase, estas ep?grafes

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Fig. 6: Projecto da oficina de Jos? Moreira Rato para um jazigo-capela estereotipado (Cemit?rio dos Prazeres. 1902).

fossem raras e bastante curtas. Muitas apenas continham um apelido ou uma morada . Nos cemit?rios de Lisboa , alguns dos primeiros monumentos epigrafados referem apenas o local onde

? foram constru?dos : feito na rua (...), n.

(...). A generaliza??o das ep?grafes deu-se precisamente na d?cada de 1860 . Nos cemit?rios do Porto sucedeu uma situa??o semelhante, embora s? os monumentos em m?rmore viessem geralmente a levar uma ep?grafe do construtor.

A publicidade gerada pelas ep?grafes deveria ser bastante eficaz . Encontramos , frequentemente , cemit?rios de prov?ncia em que um canteiro menos conhecido em Lisboa ou no Porto monopoliza grande parte das constru??es a?

erigidas. Este facto pode justificar-se apenas pela feliz circunst?ncia de a? ter constru?do um primeiro monumento e os futuros interessados em construir monumentos semelhantes certamente iriam em Lisboa ou no Porto , contactar o canteiro em causa. Assim se explica tamb?m porque, em certas zonas dos maiores cemit?rios nacionais (especialmente nos Prazeres) , existam ruas em que quase todos os monumentos constru?dos s?o repartidos por 3 ou 4 oficinas que podem nem ter constru?do nenhum outro monumento em todo o restante cemit?rio! Nestes cemit?rios maiores, a actividade de constru??o e assentamento dos monumentos seria s,uficientemente frequente para que os titulares de terrenos rec?m adquiridos pudessem observar oper?rios de uma determinada oficina a assentar um monumento mesmo ao lado do seu terreno para jazigo . Compreende-se que facilmente estas pessoas optassem por encomendar, tamb?m elas , os seus monumentos a estas oficinas .

Em finais do s?culo XIX , as ep?grafes come?am a incluir bastante informa??o e surgem mesmo os prime iros grandes an?ncios permanentes de of icinas de cantaria em jornais e alm anaques. As oficinas de Lisboa que nesta ?poca mais se destacaram foram , para al?m de algumas j? referenciadas e aind a em actividade, as que passamos a descrever.

A oficina de Cristiano Augusto Teixeira da Silva , estabelecida desde , pelo menos, finais da d?cada de 1870 , situava-se na Travessa da Queimada, 36 a 48. Em 1895 possu?a , al?m da oficina j? referida , uma outra na Travessa de S. Pedro, 25 . As oficinas Cristiano chegaram ao in?cio do s?culo XX , j? em parceria com os filhos, tendo um deles (Alberto A. 1. da Silva), continuado a actividade no mesmo local. Esta oficina construiu monumentos nos cemit?rios de Santar?m , Coimbra, Cucuj?es, Caldas da Rainha , Bragan?a , Tomar, Faro, Olh?o , Lagos, Castelo Branco, G?is, e Portalegre, entre outros. Cristiano foi cer-

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tamente um dos mais activos canteiros lisboetas.

Pedro Antunes dos Santos teve oficina a partir, pelo menos , da d?cada de 1880, na Rua do Crucifixo, 69 e 71 . Contudo, em 1890, a mesma oficina era dirigida j? pela sua vi?va. Para al?m de monumentos nos cemit?rios de Lisboa, este canteiro conseguiu construir muitas obras no Cemit?rio de Portalegre . Mas existem monumentos da sua autoria em outros cemit?rios , como o das Caldas da Rainha, por exemplo.

Outro canteiro bastante activo nesta ?poca foi Marcol ino Ces?rio Santos, com oficina na Rua do Cais de Santar?m , n.? 26 e 28, a qual manteve-se a laborar ainda ap?s a Rep?blica . Construiu monumentos funer?rios para os cemit?rios de Lisboa, Santar?m, G?is , Set?bal, Beja e Nisa, entre outros.

Tamb?m se deve fazer particular refer?ncia ? Associa??o dos Canteiros de Lisboa (ou Cooperativa dos Canteiros , fundada em 1887), bem como ? of icina de mais um More ira Rato: Manuel Moreira Rato . Este ?ltimo ? refe renciado pelo menos desde 1880 , na Rua de S. Paulo, 4 a 12 , 1? andar. A ?poca ?urea da oficina de Manuel Moreira Rato dever? ter sido entre as d?cadas de 1880 a 1890, embora se conhe?a uma obra da sua oficina que data de 1876, no Cem it?rio da Figueira da Foz . Manuel Moreira Rato tamb?m construiu monumentos para os cemit?r ios de Lisboa, Castelo Branco, Beja , Cov ilh? , Chaves, etc. Quanto ? Cooperativa dos Canteiros, a sua oficina ter? come?ado na Rua de S. Bento , passando depois ? Rua Nova do Almada , 21. A partir do in?cio do s?culo XX situou-se na Rua V?tor Cordon , 8, com dep?sito na Rua 24 de Julho. A Cooperativa de Canteiros atingiu alguma qualidade de trabalho , tendo sido pre miada com Medalha de Bronze na Exposi??o Universal de Paris , em 1900. Construiu monumentos para os cemit?rios de Lisboa, Castelo Branco, Caminha , Fund?o, Beja , Olh?o, etc.

Por ?ltimo , a refer?ncia a mais duas importantes oficinas de cantaria lisboetas, fortemente activas em finais do s?culo XIX: a de Jos? Joaquim Castelo e a de Jos? Guilherme Correia & C?. Ambas colocaram monumentos funer?rios em v?rios cemit?rios portugueses, de norte a sul (fig. 7). A oficina Correia foi, ali?s, a construtora do gigantesco mausol?u dos Condes do Ameai (no Cemit?rio da Conchada - Coimbra).

A ORIGEM DOS MATERIAIS P?TREOS

Apesar de ser hoje correntemente utilizado na nossa arte funer?ria , o m?rmore dito de Estremoz n?o teve uma entrada f?cil nos circu itos de constru??o de arte funer?ria oitocentista. Foram outros os materiais p?treos do cemit?rio rom?ntico portugu?s.

Para termos uma ideia mais clara sobre esta quest?o , devemos mencionar Pedro Bartolomeu D?jant. Este marmorista e eban ista franc?s, exilado em Portugal por via dos acontecimentos pol ?ticos de 1815, considerava-se pioneiro na introdu??o de uma verdadeira ind?stria dos m?rmores em Portugal. Segundo informa??es dadas pelo pr?prio ?

Commiss?o R?gia para a Exposi??o

Universal de 1855, quando D?jant chegou a Portugal, a ind?stria de m?rmores estava praticamente abandonada e s? algumas pedreiras dos arredores de Lisboa eram exploradas. Dever-se-ia a D?jant o in?cio da explora??o dos m?rmores alentejanos e de outras reqi?es ". Em 1849 , D?jant apresentou-se na Exposi??o da Ind?str ia que se realizou em Lisboa , com marmores e pedras lithoqrepbices". Nessa ?poca, tinha Fabrica

de Serra??o de pedra e deposito de

Marmores do Reino , na Rua da Boa Vista n.? 4? GI7. Segundo o pr?prio , em 1854, a sua oficina de serragem de madeira e m?rmore possu?a cerca de 100 oper?rios, um n?mero muito importante para a ?poca.

Por?m, Pedro B. D?jant notabilizou-se sobretudo como marceneiro da Casa

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